A imprensa tardia no Brasil: razões e conveniências - Unesp
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No momento da fuga de Lisboa, dois prelos <strong>no</strong>vinhos em folha e 26 volumes de<br />
material tipográfico foram embarcados a bordo da nau Meduza, sob as ordens de D. Antônio<br />
de Araújo Azevedo, o futuro Conde da Barca. Foi este maquinário, instalado na cidade do Rio<br />
de Janeiro, que gerou os primeiros documentos impressos em terra brasileira. (BAHIA, 1990,<br />
p. 9)<br />
A família real portuguesa veio acompanhada de cerca de dez mil pessoas, uma<br />
população significativa, que transformou o cotidia<strong>no</strong> da cidade do Rio de Janeiro. D. João VI,<br />
o príncipe regente, com seu aparato administrativo burocrático, comandando seu império do<br />
<strong>Brasil</strong>, reconheceu a necessidade de produzir impressos para dinamizar a administração local<br />
e as relações internacionais diplomáticas e econômicas e em 13 de maio de 1808, assi<strong>no</strong>u o<br />
decreto que permitiu a instalação da <strong>imprensa</strong> em solo brasileiro.<br />
Nasceu então a <strong>imprensa</strong> nacional, com 300 a<strong>no</strong>s de atraso e ainda sob forte vigilância<br />
do Gover<strong>no</strong> Régio. Portugal nunca se interessou em liberar a <strong>imprensa</strong> durante o <strong>Brasil</strong><br />
colônia, exerceu forte censura e aniquilou qualquer ameaça de implantação. Ademais, a<br />
colônia já mostrava expressivos indícios de inquietude, com revoluções nacionalistas ou<br />
levantes contra a exploração portuguesa, atitudes estas que faziam a Coroa temer a liberdade<br />
de <strong>imprensa</strong>. O comportamento censor do gover<strong>no</strong> português não mudou após a instalação da<br />
tipografia em solo nacional. Em 1808, a <strong>imprensa</strong> régia nasceu sob forte censura, atada a uma<br />
comissão estabelecida por D. João VI. Esta comissão, inicialmente formada por um grupo de<br />
homens de confiança da corte, ganhou a missão de controlar todos os escritos com potencial<br />
de publicação e, se necessário, eliminá-los, garantindo a integridade e a moral de todos, da<br />
corte e da igreja, que poderiam ser afetados.<br />
As <strong>razões</strong> do atraso<br />
Na obra, “Teoria do Jornalismo”, Melo afirmou que as <strong>razões</strong> do atraso são ainda<br />
motivo de polêmica entre os historiadores, prevalecendo a interpretação de que o grande<br />
causador do fenôme<strong>no</strong> do retardamento foi de caráter político. 3 (2006, p. 77)<br />
3 Segundo Melo, com pequenas variações de perspectivas, esses autores identificam-se por um tipo de<br />
análise que enfatiza os aspectos políticos da questão. Filiam-se a essa corrente, entre os mais antigos, Alfredo de<br />
Carvalho, Moreira de Azevedo, Cunha Barbosa, e, entre os mais recentes, Alexandre Passos, Juarez Bahia e<br />
Barboza Mello. (1973, p.93)<br />
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