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MULHERES POBRES E CHEFES DE FAMÍLIA ANA LUCIA ... - UFRJ

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existentes na nossa sociedade. Certamente, estas experiências alteraram a visão<br />

que tínhamos do que é pobreza, pois, conforme Sarti (1996), no contato durante a<br />

realização de uma pesquisa, com essa população,<br />

não apenas se desvenda aos olhos do pesquisador uma realidade<br />

externa que não se conhecia, mas também ocorre uma profunda<br />

transformação no olhar do pesquisador que, neste caso, se deslocou<br />

da família para o fundamento da ordem social na perspectiva dos<br />

pobres, sem que o material etnográfico tivesse se modificado<br />

substancialmente (p.3).<br />

As idéias e o objeto de estudo deste trabalho surgem como decorrência do<br />

desenvolvimento de uma pesquisa realizada para a Secretaria de Assistência<br />

Social do Estado (IPEA, 2000) que tinha como objetivo a elaboração de uma<br />

metodologia para a focalização de políticas públicas sociais no país. Para este<br />

estudo foram escolhidas 20 creches do Programa Rio-Creches da Prefeitura do<br />

município do Rio de Janeiro. A escolha deste tipo de programa social nos fez entrar<br />

em contato com um universo enorme de famílias das camadas mais pobres da<br />

população do município, muitas delas em situação de risco social 2 . Nesta<br />

oportunidade, e de maneira informal, foi possível observar que muitas destas<br />

famílias eram chefiadas por mulheres, isto é, contavam com a presença apenas da<br />

mãe e viviam numa situação sócio-econômica que nos pareceu ainda mais precária<br />

do que a das outras famílias visitadas. Por outro lado, embora diversas mulheres<br />

tivessem contado histórias de abandono, miséria, injustiça social e muitas<br />

dificuldades, elas não pareciam revoltadas, mas apenas tristes e, até certo ponto,<br />

resignadas com seus “destinos”.<br />

2 Por situação de risco social entende-se aqui aquelas famílias cuja renda percapita é inferior a 0,5<br />

salário mínimo, ou seja, a família encontra-se abaixo da “linha de pobreza” (RIBEIRO, SABÓIA,<br />

CASTELLO BRANCO & BREGMAN, 1998).<br />

2

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