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MULHERES POBRES E CHEFES DE FAMÍLIA ANA LUCIA ... - UFRJ

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habilidades especiais para a execução do trabalho doméstico reforça o conceito<br />

de que a qualificação somente é exigida para o trabalho assalariado, realizado<br />

fora de casa. Assim, a mulher não reivindica o status de trabalho para as<br />

atividades domésticas. Obviamente que não é levado em conta aqui a<br />

aprendizagem a que foi, direta ou indiretamente submetida, durante toda a sua<br />

vida, desde criança, para que pudesse se tornar uma dona de casa. A<br />

naturalização deste processo acaba por fazer com que o trabalho da mulher no lar<br />

seja visto como improdutivo. Há, portanto, uma desigualdade quanto ao valor e<br />

significado atribuídos pela sociedade ao trabalho executado fora do lar e ao<br />

trabalho doméstico.<br />

Desta forma, como a produção de bens e serviços realizados no espaço do<br />

lar está voltada para o consumo próprio e, portanto, tem caráter, particular e<br />

familiar, essas atividades não são reconhecidas como trabalho produtivo.<br />

Entretanto, embora considerado secundário, é o trabalho doméstico que garante a<br />

manutenção e a sobrevivência da mão-de-obra e, portanto, a própria continuidade<br />

da espécie. Em realidade, na sociedade, de modo geral, se efetua uma quantidade<br />

maior de trabalho do que se contabiliza, se reconhece oficialmente e se remunera,<br />

principalmente no caso das mulheres. Conforme destaca Bruschini (2000),<br />

20<br />

As mulheres estando ou não no mercado, todas elas são donas de<br />

casa e realizam tarefas que, mesmo sendo indispensáveis para a<br />

sobrevivência e o bem-estar de todos os indivíduos, são<br />

desvalorizadas e desconsideradas nas estatísticas, que as classifica<br />

como “inativas, cuidam de afazeres domésticos”. Se fossem<br />

consideradas ativas, as taxas globais de atividade feminina seriam<br />

superiores a 95% e, no caso das esposas, atingiriam a cifra de 100%.<br />

Mesmo assim, esses percentuais não expressam a real contribuição<br />

das mulheres para a sociedade, posto que as ativas também cuidam<br />

dos afazeres domésticos, mas sua dupla jornada não é captada pelos<br />

dados (p.19).

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