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MULHERES POBRES E CHEFES DE FAMÍLIA ANA LUCIA ... - UFRJ

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também, de proteção social dos indivíduos que estão sob sua tutela. Nela são<br />

produzidos e reproduzidos os valores da sociedade.<br />

A família conjugal moderna, modelo mais freqüentemente encontrado nas<br />

sociedades ocidentais, surgiu, segundo Pôster (1979), no final da Idade Média, na<br />

transição para a modernidade, e sua configuração definitiva se dá por volta do<br />

século XVIII no âmbito da burguesia européia. Na família burguesa o homem,<br />

mediante seu trabalho, deve desempenhar o papel de provedor econômico,<br />

tornando-se a autoridade maior do grupo. A esposa deve restringir a sua atuação à<br />

manutenção da casa sendo de sua total responsabilidade tudo o que acontece<br />

neste espaço. Além disso, segundo Soares (2001),<br />

14<br />

A atenção da esposa estava voltada, além do marido, principalmente,<br />

a criação dos filhos. Estes, no mundo familiar burguês, adquiriram<br />

importância única. A mãe deveria zelar por eles com o máximo de<br />

atenção a fim de que, transpondo a questão da sobrevivência,<br />

pudesse moralizá-los para que alcançassem um lugar de respeito na<br />

sociedade burguesa (p.60).<br />

Este modelo burguês de família tem sido considerado, freqüentemente,<br />

ainda hoje, como padrão universal e único, tanto pelo senso comum como em<br />

trabalhos científicos. O que se considera predominantemente como trabalho nesta<br />

sociedade capitalista liberal encontra-se vinculado apenas à dimensão produtiva, ou<br />

seja, incluem-se nesta categoria unicamente as atividades em que se produz<br />

mercadorias e bens que podem ser comercializados e que podem gerar ganhos<br />

monetários, deixando-se de lado todas as atividades que não se encaixam nesta<br />

perspectiva como, por exemplo, as tarefas desenvolvidas na esfera privada,<br />

voltadas para a sobrevivência e manutenção familiar. Além disso, o trabalho deve<br />

estar geralmente associado a uma profissão e ser “dignificado por um salário ou<br />

remuneração” (LASCH, 1999, p.115). Portanto, como as atividades femininas, na

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