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MULHERES POBRES E CHEFES DE FAMÍLIA ANA LUCIA ... - UFRJ

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usca de um salário para complementar o orçamento doméstico ou para sobreviver.<br />

Como ressalta Massi (1992), sua entrada no mundo público está muito mais ligada<br />

ao desejo de ser reconhecida, respeitada e valorizada profissionalmente, sem se<br />

importar, em muitos casos, com a remuneração que receberá por este trabalho. Em<br />

suas palavras,<br />

28<br />

Nos extratos médios, as mulheres parecem estar embuídas,<br />

ideologicamente, de que é necessário trabalhar fora, pois, qualquer<br />

que seja a remuneração, ela passa a simbolizar algum trabalho, e,<br />

portanto, um trabalho produtivo. Daí a sensação de estar exercendo a<br />

cidadania, de estar participando do mundo; a remuneração sugere à<br />

mulher uma inserção no espaço público, sendo igualmente regida<br />

pelas mesmas normas sociais, às quais o homem deve se submeter<br />

(MASSI, 1992, p.40).<br />

No entanto, o trabalho remunerado nem sempre é visto da mesma maneira<br />

por mulheres de diferentes camadas sociais, ou seja, como algo desejado e que<br />

cumpre o propósito de satisfazer um anseio próprio e individual, como muitas vezes<br />

ocorre no caso da classe média. Ao contrário, no caso das mulheres das camadas<br />

de baixa renda da população – ainda que não unicamente neste grupo de mulheres<br />

-, o trabalho pode assumir características bastante diversas das que tem nas<br />

classes dominantes. A entrada no mercado de trabalho é vivida, muito<br />

freqüentemente, por estas mulheres como uma imposição decorrente das precárias<br />

condições econômicas de sua família, o que demanda a busca de remuneração<br />

adicional para a sua sobrevivência e, principalmente, da família. Além disso,<br />

devemos lembrar, como apontamos anteriormente, que a participação da mulher<br />

pobre no mercado de trabalho é antiga. Elas sempre trabalharam para melhorar o<br />

orçamento familiar e este engajamento se deu muito mais por uma questão de<br />

subsistência do que por um desejo de realização pessoal ou de obtenção de maior<br />

independência. Ou seja, o trabalho, nesta situação, não parece estar vinculado<br />

diretamente à busca de maior liberdade pessoal, embora acabe, de certa forma, por

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