DEUS - Charles Guimarães Filho

AGRICULTURA
Após hora e meia de caminhada estão chegando numa
agricultura nada familiar e sim empresarial, num portão verde
luxuoso com um grande letreiro escrito “Não há vaga”.
FORTUNA: Essa é a verdadeira Wal-Mart brasileira, ou melhor,
o seu grandioso agronegócio que começou chamado de Zeca-
Pechincha passou para Zeca-Mercado e hoje é designado por
Joseph-Mart. Andemos rápido para essa opulência que é toda sua.
ZECA (pensando): Se no meu tempo era uma relação comercial
e industrial envolvendo cadeia produtiva agrícola e pecuária,
imagino por esse rico portão como não está rica hoje com os
biocombustíveis, por outro lado, imagino também o tamanho com
questões ambientais e sociais.
Ao tocarem a campainha são recebidos por um amarelão lutador
de sumô de rosto que acabou de sair da Segunda Guerra
Mundial. O mendigo Fortuna vai conversar com o guarda,
enquanto Zeca ia ficar apreensivo pela possibilidade de
repetição, ia porque ...
FORTUNA (gritando): Tomara que o governo encampe essa
porcaria, essa singela produção para o mercado global de
alimento, têxtil, madeira e biocombustível.
ZECA (pensando): Puxa! De grandiosa e opulenta a minha exagricultura
empresarial virou singela e porcaria, isso não é bem
assim. O agronegócio no Brasil representa em torno de um terço
do PIB brasileiro, razão pela qual é considerado o setor mais
importante da economia nacional. Mesmo que entre as maiores
empresas de agronegócios na nossa terra como a Ambev,
Carrefour, Wal-Mart, Cargill, Unilever e Kibon não sejam
brasileiras, a nossa é, o que não é nada desprezível em
faturamento.
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