DEUS - Charles Guimarães Filho

DOMAR: Ih! ih! ih! ih!, ri! ri! ri! Opção dele. Eu não, eu sou
“homemrengo”.
FORTUNA (falando para si): Essa doida só vive rindo, é uma
maluca beleza. Também pudera se formou em Serra Leoa onde se
tem o pior índice de analfabetismo, mais da população não sabe
ler. Vai ver que ela também é analfabeta. (falando para ela): O
que veio fazer aqui no Brasil?
DOMAR: He! he! he! eh! eh! rê! rê! Estou fazendo doutorado
em educação lá no Haiti e a minha tese versa sobre “Inclusão de
portador de deficiência mental no desenvolvimento do
capitalismo neoliberal”.
FORTUNA: Sim, mas o que isso tem a ver conosco?
DOMAR: Ah! Ah! Ah! Tem tudo a ver, afinal aqui é o país com
maior número de portadores com tal deficiência. Como neste país
tem clima ensolarado, água e comida para os de dentro e para
exportação, então é um lugar apropriado para débil mental. E cá
entre nós, (piscando o olho): aqui se pode aspirar ir muito longe.
FORTUNA: Que esculacho é esse? Daqui a pouco vai dizer que
débil mental no Brasil pode aspirar a ser um político, um
governante, um presidente da República.
DOMAR (indignada): E por que não? Isso é preconceito, pode
ser processado, viu? Todos têm direito a ambicionar a
prosperidade ou não?
FORTUNA: Prosperidade tem como antônimos a pobreza e a
involução, ou seja, tem como sinônimos a riqueza e o progresso.
E uma maneira padronizada de avaliação da prosperidade de uma
população é realizada pelo Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) que é uma medida comparativa de riqueza (economia no
sentido de renda através do PIB per capita) e progresso (saúde,
por meio da longevidade, e educação, com taxa de alfabetização e
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