DEUS - Charles Guimarães Filho
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BRONCO (dando bronca): Mas, que merda. De uma vez por<br />
todas, seu atrevido, eu me chamo Dom Cortês, não sou seu pai e<br />
saiba que não estou aqui para levar tapinha nas costas e nem<br />
ouvir piadinha de mendigo. Onde já se viu dizer que essa porra é<br />
o Zeca?<br />
FORTUNA: Mas, Dom Cortês, esse esperma é o Zeca. Ele só<br />
está um pouco meio caidinho. (chamando atenção do seu não<br />
parente): Oh Zeca diz que você é o Zeca, dê uma prova, fala<br />
alguma coisa que vocês passaram juntos.<br />
BRONCO: Fui. Telefona, agenda para falar comigo. (intrigado):<br />
Por que isso não fala?<br />
FORTUNA: Pura timidez. Há de convir não ser uma tarefa nada<br />
fácil ficar a vontade diante da presença do eminente presidente da<br />
Real Academia da Cultura Material.<br />
BRONCO (todo garboso): Bom, isso é verdade, entendo<br />
perfeitamente o que está dizendo. Às vezes tenho que<br />
cumprimentar essa arraia-miúda ignara e baixar o nível da<br />
conversa para que essa bagaceira de pobre coitado possa absorver<br />
o que estou falando.<br />
FORTUNA: Eu como morador de rua, membro da ralé, sou<br />
testemunha deste seu feito. No entanto, esse seu esforço,<br />
infelizmente, é infrutífero e digo o porquê. Isso se deve ...<br />
BRONCO: ... a plebe estar dominada pelo pecado da cachaça e o<br />
vício da preguiça.<br />
FORTUNA: E como libertar? Gostaria de saber, já que hoje<br />
naquela igreja fiquei sem nenhuma resposta, passei um sufoco<br />
que não foi nada fácil.<br />
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