DEUS - Charles Guimarães Filho

CULTURA
São 09h15min. Ao irem se distanciando da Igreja eles vão até a
porta do cinema e de maneira inexplicável o Fortuna adormece
profundamente por alguns minutos a ponto de roncar
vivenciando encantamentos. Ao acordar ele começa a ficar com
um semblante muito estranho ao ver à aproximação de um
homem de idade semelhante ao do “santo” a seu lado. Ele é
conhecido por BRONCO e está vestido com um terno surrado de
calça e paletó diferente, chapéu de vaqueiro e um monte de
revistas antigas de moda, fofoca e tendências exibindo corpos
que a mídia diz serem belos e esculturais.
FORTUNA: Já sei, vai perguntar o que aconteceu? Quem é
aquele homem? (pausa): Certamente, se ninguém lhe reconhece,
a recíproca deve ser também verdadeira. Vou lhe dar uma
palhinha: atualmente, ele é considerado o homem mais culto da
cidade, é o presidente da Real Academia da Cultura Material.
Vou lhe dar mais uma palhinha: diante de mim, como ele está
agora, ele é considerado ... Abença meu pai.
BRONCO (dando bronca): Bosta de bastardo, eu já lhe disse que
não sou seu pai.
ZECA (pensando): Não é possível, esse é o meu amigo Bronco!
Presidente da Academia Cultural ele que era tido como iletrado,
analfabeto, desinformado, inculto, desculto, além de grosseiro,
mal-educado, estúpido, rude, bruto. Será que ele mudou?
BRONCO: Mas, o esmoleiro, quem é esse perplexo, apanhado
em flagrante burrice?
FORTUNA (tapinha nas costas): Caro senhor presidente Bronco
não está reconhecendo? Esse é o Zeca! Aquele que lhe deixou um
bom dinheiro, e que só assim o “paizão” pôde se tornar a
autoridade máxima da Real Academia da Cultura Material.
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