HISTÓRIA E POLÍTICA: ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS - Início
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forma como a propriedade, o trabalho e a apropriação do excedente encontra-se estruturado<br />
na sociedade – e nele expressaria uma hegemonia de uma classe social.<br />
Michel Foucault contribuiu com a criação da Ciência Política na medida em que<br />
ultrapassou o que se refere à macro-estrutura e às classes sociais na abordagem da Política.<br />
Incorpora à análise política as relações sociais em nível das micro estruturas sociais, porque<br />
nelas também encontram-se estruturas de poder e porque há interdependência e<br />
intercomunicação entre as macro e as micro-estruturas de poder.<br />
A Ciência Política foi profundamente influenciada, a partir do final do século XIX,<br />
pela busca por parte das ciências sociais em geral de um conhecimento científico com a<br />
mesma “veracidade” e “exatidão” das ciências naturais. Agregou-se a esta perspectiva o<br />
sentido instrumental do estudo e da pesquisa, isto é, almejava-se respostas às necessidades<br />
concretas colocadas na esfera do poder (no sentido Estado-governo e Estado-nação).<br />
Esta concepção de Ciência Política desenvolveu-se como sendo a Ciência Política.<br />
Dos Estados Unidos estendeu-se pelo mundo, apoiada no desenvolvimento e aprimoramento<br />
dos métodos de pesquisa das ciências sociais, com grande ênfase na quantificação e na<br />
criação de instrumentos de medição de opiniões, tendo em vista identificar comportamentos<br />
e expectativas políticas dos “eleitores”. Nos Estados Unidos esta concepção de Ciência<br />
Política materializou-se nas vertentes de análises: a) Legalista, preocupada em ocupar-se<br />
das estruturas legais e constitucionais, das instituições e dos direitos e deveres dos cidadãos;<br />
b) Reformadora, preocupada em ocupar-se dos problemas governamentais e legislativos e<br />
de influenciar os governos e legislativos para a criação de institutos de pesquisa institucional<br />
(institutos de pesquisa governamental e legislativos) dirigidos por estes poderes; c)<br />
Filosófica, preocupada em ocupar-se dos estudos de Teoria Política (idéias, valores e<br />
doutrinas políticas); d) Científica, preocupada em ocupar-se da pesquisa por meio da<br />
observação empírica sistemática (Sorauf apud Pedroso, 1968, p. 22).<br />
Esta concepção de Ciência Política reproduziu características como a fragmentação<br />
do objeto (hiperfactualismo), a instrumentalização da pesquisa, o vínculo direto com o poder<br />
e a limitação dos estudos e pesquisas aos Estados Unidos. A crítica às características desta<br />
concepção de Ciência Política ocorreu entre 1950 e 1965, no justo momento em que a<br />
Ciência Política deixou de ser basicamente norte americana.<br />
Atualmente, encontra-se ainda muito presente a concepção de Ciência Política que<br />
fragmenta o objeto, de forma a restringir-se à observação empírica e a recusar-se teorias<br />
explicativas gerais. Encontra-se também ainda presente a preocupação em explicar como as<br />
coisas são, de forma a valorizar a estabilidade e coesão social e a subestimar as tensões,<br />
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