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HISTÓRIA E POLÍTICA: ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS - Início

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As repúblicas urbanas, pressionadas pela ameaça militar dos novos Estados nacionais<br />

em formação e marcadas por guerras intestinas consecutivas, recorrem à militarização<br />

mercenária ou assistida pela aristocracia feudal do hinterlând rural-feudal. Por meio de<br />

pressões veladas, golpes políticos ou guerras, os condotieres 2 , na maioria das vezes oriundos<br />

das regiões setentrionais e centrais da Itália, assumem o poder das cidades mercantis. Eles se<br />

beneficiam dos conflitos intensificados entre os núcleos burgueses vinculados às novas<br />

atividades e os núcleos feudais tradicionais. Outra raiz de conflito é a crescente influência da<br />

pequena e alta burguesia organizada, respectivamente, por meio das coporações de ofício e<br />

das guildas, também disputando o poder. O resultado é a concentração do poder nas mãos de<br />

grupos dominantes poderosos, feudais e/ou burgueses, apoiando-se no populus - organizados<br />

a partir das “Artes”. Assim, sucumbe a comuna republicana, e tem lugar a comuna senhorial.<br />

Os Sforza e os Visconti, por exemplo, são famílias surgidas entorno de um condotiere que,<br />

afogando a república, instala no seu lugar um regime principesco.<br />

O confisco dos poderes das comunas conduzidos por senhores-tiranos e o fim dos<br />

governos das Artes determina a formação de verdadeiras dinastias. Os regimes principescos<br />

são, na verdade, a representação política dos interesses das oligarquias, cuja base social se<br />

originava dos grupos mercantis e dos senhores feudais do hinterlând. Comerciantes<br />

ambiciosos como os Medici de Florença, ou condotieres vinculados ao hinterlând, como os<br />

Sforza em Millão, açambarcam o poder, mas não sem resistência popular. A Conjuração dos<br />

Passi em 1478 na cidade de Florença testemunha esta resistência.<br />

Em termos fundamentais o poder já não depende das antigas comunas feudalburguesas<br />

ou populares, senão formalmente e mesmo assim declinante. Esta instituições -<br />

velhos órgãos (cônsules, podestades, etc), as formas de deliberação (conselhos), os órgãos<br />

técnicos (econômico, administrador, etc) - não mais asseguram autonomia política da<br />

cidade, mas apenas administrativa. O príncipe reserva para si mesmo o poder de defesa, de<br />

administração financeira, de jurisdição superior sobre a cidade e, quase sempre, a nomeação<br />

do podestade e a sobreposição de um órgão principesco superior. O príncipe submete a<br />

cidade e a comuna.<br />

Estes senhores-tiranos mantém-se solidamente à frente das cidades mercantis. No<br />

final do século XV a Itália aparece fragmentada e dispersa com príncipes à frente de Estados<br />

2 Constantemente em guerra, as cidades mercantis da Itália deixam de armar milícias burguesas e contratam companhias de<br />

mercenários. São brabantinos, alemães, catalães, entre outros, comandados por capitães ou condotiere. Estes estabelecem<br />

um contrato - a condotta -, regido à maneira de um ato comercial, responsável por ligar a comuna ao capitão responsável<br />

pelos homens. Com o tempo, estes condotieres tornam-se homens públicos homenageados, a exemplo da confecção das<br />

estátuas de Gattamelata por Donatello (em Pádua) e de Colleone por Verrochio (em Veneza), conforme nos relata Heers<br />

(1977, p. 223 e 224).<br />

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