A luta contra o farisaísmo hipócrita - Assembleia de Deus do Cruzeiro
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orar (tameion) "era empregada para <strong>de</strong>signar a sala-<strong>de</strong>pósito on<strong>de</strong> podiam guardar-se os<br />
tesouros". A implicação po<strong>de</strong> ser, então, que "já existem tesouros à sua espera" quan<strong>do</strong> for<br />
orar. Naturalmente, as recompensas secretas da oração são tantas, que não se po<strong>de</strong>riam<br />
enumerar. Nas palavras <strong>do</strong> apóstolo Paulo, quan<strong>do</strong> clamamos "Aba, Pai", o Espírito Santo<br />
dá testemunho ao nosso espírito <strong>de</strong> que realmente somos filhos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, e recebemos forte<br />
certeza <strong>de</strong> sua paternida<strong>de</strong> e amor (Rm 5:5; 8:16.). Ele nos ilumina com a luz <strong>do</strong> seu rosto e<br />
nos dá a paz (Nm 6:26). Ele refrigera a nossa alma, satisfaz a nossa fome, mitiga a nossa<br />
se<strong>de</strong>. Sabemos que não somos mais órfãos, porque o Pai nos a<strong>do</strong>tou; não somos mais filhos<br />
pródigos, porque fomos per<strong>do</strong>a<strong>do</strong>s; não estamos mais perdi<strong>do</strong>s, porque voltamos para casa.<br />
A ênfase <strong>de</strong> nosso Senhor sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> segre<strong>do</strong> não <strong>de</strong>ve ser levada a extremos.<br />
Interpretá-lo com literalismo rígi<strong>do</strong> seria incorrer no próprio <strong>farisaísmo</strong> <strong>contra</strong> o qual ele<br />
está nos advertin<strong>do</strong>. Se todas as nossas orações fossem mantidas em segre<strong>do</strong>, teríamos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sistir <strong>de</strong> ir à igreja, <strong>de</strong> orar em família e nas reuniões <strong>de</strong> oração. Sua referência aqui é à<br />
oração particular. As palavras gregas estão no singular, como indica a ERAB: "Tu, porém,<br />
quan<strong>do</strong> orares, entra no teu quarto, e, fechada a porta, orarás a teu Pai." Jesus ainda não<br />
falara sobre a oração pública. Quan<strong>do</strong> o faz, diz-nos para orarmos no plural, "Nosso Pai", e<br />
ninguém po<strong>de</strong> fazer esta oração sozinho, em segre<strong>do</strong>.<br />
Em lugar <strong>de</strong> ficarmos preocupa<strong>do</strong>s com a técnica <strong>do</strong> sigilo, precisamos lembrar-nos <strong>de</strong> que<br />
o propósito da ênfase <strong>de</strong> Jesus sobre o "segre<strong>do</strong>" na oração é purificar nossas motivações.<br />
Assim como <strong>de</strong>vemos dar nossas ofertas com amor genuíno pelas pessoas, também<br />
<strong>de</strong>vemos orar com genuíno amor a <strong>Deus</strong>. Jamais <strong>de</strong>veríamos usar tais exercícios como um<br />
pie<strong>do</strong>so disfarce para o narcisismo.<br />
3. O jejum <strong>do</strong> cristão (vs. 16-18)<br />
Quan<strong>do</strong> jejuar<strong>de</strong>s, não vos mostreis contrista<strong>do</strong>s como os <strong>hipócrita</strong>s; porque <strong>de</strong>sfiguram o<br />
rosto com o fim <strong>de</strong> parecer aos homens que jejuam. Em verda<strong>de</strong> vos digo que eles já<br />
receberam a recompensa, 17 Tu porém, quan<strong>do</strong> jejuares, unge a cabeça e lava o rosto; 18 com o<br />
fim <strong>de</strong> não parecer aos homens que jejuas, e, sim, ao teu Pai em secreto; e teu Pai, que vê em<br />
secreto, te recompensará.<br />
Os fariseus jejuavam "duas vezes por semana” (Lc 18:12.), às segundas e às quintas-feiras.<br />
João Batista e seus discípulos também jejuavam regularmente, até mesmo "com<br />
frequência", mas os discípulos <strong>de</strong> Jesus não jejuavam (Mt 9:14; Lc 5:33.). Por que então,<br />
nestes versículos <strong>do</strong> Sermão <strong>do</strong> Monte, Jesus não só esperava que seus segui<strong>do</strong>res<br />
jejuassem, mas também <strong>de</strong>u instruções sobre como fazê-lo? Eis aqui uma passagem<br />
comumente ignorada. Suspeito que alguns <strong>de</strong> nós vivemos nossa vida cristã como se estes<br />
versículos tivessem si<strong>do</strong> arranca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> nossas Bíblias. A maioria <strong>do</strong>s cristãos <strong>de</strong>staca a<br />
necessida<strong>de</strong> da oração diária e da contribuição sacrificial, mas poucos insistem no jejum. O<br />
Cristianismo evangélico, em particular, cuja ênfase característica está na religião interior,<br />
<strong>do</strong> coração e <strong>do</strong> espírito, tem dificulda<strong>de</strong> em ren<strong>de</strong>r-se a uma prática física exterior como o<br />
jejum. Não é um hábito <strong>do</strong> Velho Testamento, perguntamos, or<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por Moisés para o<br />
Dia da Expiação, e exigi<strong>do</strong> após o retorno <strong>do</strong> exílio da Babilônia em outros dias <strong>do</strong> ano,<br />
mas agora revoga<strong>do</strong> por Cristo? Não vieram perguntar a Jesus: "Por que os discípulos <strong>de</strong><br />
João e os discípulos <strong>do</strong>s fariseus jejuam, mas os teus discípulos não jejuam?" E o jejum<br />
não é uma prática católico-romana, a ponto <strong>de</strong> a igreja medieval elaborar um calendário<br />
sofistica<strong>do</strong> <strong>de</strong> "dias <strong>de</strong> festa" e "dias <strong>de</strong> jejum"? Não está também associa<strong>do</strong> a um ponto <strong>de</strong><br />
vista supersticioso da missa e da "comunhão em jejum"?<br />
Po<strong>de</strong>mos dizer "sim" a todas estas perguntas. Mas é fácil sermos seletivos em nosso<br />
conhecimento e uso das Escrituras e da história da Igreja. Eis alguns outros fatos que<br />
<strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar: o próprio Jesus, nosso Senhor e Mestre, jejuou por quarenta dias e