VJ setembro 61.p65 - Visão Judaica
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2<br />
editorial<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Publicação mensal independente da<br />
EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />
JUDAICA LTDA.<br />
Redação, Administração e Publicidade<br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
Curitiba PR Brasil<br />
Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />
Dir. de Operações e Marketing<br />
SHEILLA FIGLARZ<br />
Dir. Administrativa e Financeira<br />
HANA KLEINER<br />
Diretor de Redação<br />
SZYJA B. LORBER<br />
Publicidade<br />
DEBORAH FIGLARZ<br />
Arte e Diagramação<br />
ALEXANDRE VICTORINO<br />
SONIA OLESKOVICZ<br />
Webmaster<br />
RAFFAEL FIGLARZ<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Aaron Granot, Abi Goldreich, Alberto<br />
Mazor, Antonio Carlos Coelho, Arlene<br />
Kushner, Aristide Brodeschi, Barbara<br />
Crook, Breno Lerner, David Bedein, Don<br />
Feder, Heitor De Paola, Itamar Marcus,<br />
Morris Abadi, Nahum Sirotsky, Paulina<br />
Gamus, Ratna Pelle, Sérgio Feldman,<br />
Shimon Peres, Sonia Velasco Grávalos,<br />
Ted Feder, Tzipora Rimon, Yossi<br />
Groisseoign e Walid Phares<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />
o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou<br />
comentários publicados, sejam de terceiros<br />
(mencionando a fonte) ou próprios e assinados<br />
pelos autores. O fato de publicá-los não indica<br />
que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />
dos conceitos ou dos temas.<br />
Contém termos sagrados, por isso trate<br />
com respeito esta publicação.<br />
www.visaojudaica.com.br<br />
Este jornal é um veículo independente<br />
da Comunidade Israelita do Paraná<br />
Um pouco de otimismo rumo aos 60 anos<br />
ntramos no novo ano de<br />
5768 com uma série de êxitos<br />
operacionais em Israel<br />
na luta contra o terrorismo.<br />
Poucas vezes são reveladas<br />
pela imprensa mundial as expectativas<br />
realistas acerca da situação<br />
da segurança de Israel e do povo<br />
judeu. Comecemos pelo terrorista<br />
suicida do Hamas, capturado há três<br />
semanas, que tinha como objetivo<br />
cometer um novo atentado na cidade<br />
de Beer-Sheva. Depois, foi evitado<br />
outro atentado em Tel Aviv, quando<br />
um “menino” de 15 anos foi detido<br />
carregando explosivos em sua<br />
mochila, enquanto tentava passar<br />
pelos postos de inspeção do Exército<br />
na Judéia e na Samária. Dias atrás<br />
foi capturado um dos seqüestradores<br />
do soldado Guilad Shalit.<br />
As tentativas do Hamas e da<br />
Jihad Islâmica de<br />
penetrar diariamente<br />
em território<br />
israelense,<br />
Nossa capa<br />
Datas importantes<br />
a partir da Faixa de Gaza, para a sorte<br />
de Israel, têm culminado em vitórias<br />
tácticas do Tzahal. Temos que<br />
aplaudir aqueles jovens postados nas<br />
fronteiras, e que trabalham dia e<br />
noite para evitar a entrada de terroristas<br />
a pé, de bicicleta, pelos túneis,<br />
ou em caminhões carregados de<br />
explosivos, ou ainda de barco e outras<br />
formas. O resultado é que até<br />
agosto de 2007 um total de 221 terroristas<br />
tiveram frustradas suas más<br />
intenções de cometer atentados,<br />
matar e mutilar gente em kibutzim ou<br />
nas cidades israelenses.<br />
Mas Israel continua sua luta diária<br />
também contra o terrorismo no<br />
Norte do país. Recentemente, segundo<br />
informes da imprensa internacional<br />
houve uma operação aérea<br />
e terrestre no Norte da Síria. O<br />
objetivo segundo as versões jornalísticas<br />
era destruir caravanas de<br />
munição iraniana em solo sírio para<br />
a organização terrorista Hezbolá, ou<br />
um bem sucedido ataque visando<br />
1º dia de Sucot<br />
2º dia de Sucot<br />
Shabat / 1º dia de Chol Hamoed<br />
2º ao 4º dias de Chol Hamoed<br />
Hoshaná Rabá<br />
Shemini Atêseret<br />
Simchat Torá<br />
Shabat / Bereshit<br />
Shabat / Nôach<br />
danificar equipamento com tecnologia<br />
nuclear norte-coreano que<br />
teria sido adquirida pelo ditador<br />
Assad filho. De fato, os únicos dois<br />
países que condenaram a ação aparente<br />
de Israel foram a Coréia do<br />
Norte e o regime islamo-fascista<br />
iraniano. As autoridades israelenses<br />
se fecharam em copas e não falam<br />
sobre o assunto. Ou seja: onde<br />
há fumaça, há fogo.<br />
Porém, em meio ao otimismo,<br />
o terror ainda continua causando<br />
danos como ocorre no sul do país.<br />
Todos os meses, o Hamas (ainda<br />
que a Jihad Islâmica e outros grupelhos<br />
menores assumam os lançamentos,<br />
sabe-se que o responsável<br />
é o próprio Hamas), atira<br />
cerca de 120 mísseis Kassam contra<br />
a cidade de Sderot, de 30 mil<br />
habitantes, e contra dezenas de<br />
kibutzim fronteriços de Gaza. Mas<br />
medidas defensivas já estão sendo<br />
tomadas e uma delas, recém<br />
informada pelas autoridades é o<br />
A capa reproduz a obra de arte cujo título é “Simchat Torá”, elaborada com a técnica<br />
aquarela e dimensões de 50 x 35 cm, criação de Aristide Brodeschi. O autor nasceu em<br />
Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já desenvolveu<br />
trabalhos em várias técnicas, dentre elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações<br />
por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras estão espalhadas por vários países<br />
e tem no judaísmo, uma das principais fontes de inspiração. É o autor das capas do jornal<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. (Para conhecer mais sobre ele, visite o site www.brodeschi.com.br).<br />
27 27 de de <strong>setembro</strong><br />
<strong>setembro</strong><br />
<strong>setembro</strong><br />
28 28 de de <strong>setembro</strong><br />
<strong>setembro</strong><br />
29 29 de de <strong>setembro</strong><br />
<strong>setembro</strong><br />
<strong>setembro</strong><br />
30/9 30/9 a a 2/10<br />
2/10<br />
3 3 de de outubro<br />
outubro<br />
4 4 de de outubro<br />
outubro<br />
5 5 de de outubro outubro<br />
outubro<br />
6 6 de de outubro<br />
outubro<br />
13 13 de de outubro<br />
outubro<br />
Falecimentos<br />
Ibrahim Belaciano — dia 30/6 — 14 de Tamuz<br />
de 5767, no Rio de Janeiro. Sepultado no<br />
Cemitério israelita do Caju, no Rio.<br />
Esther Rachewski Aronson — dia 10/9 — 27<br />
de Elul de 5767, em Curitiba. Sepultada no Cemitério<br />
Israelita do Umbará.<br />
Hany Heller, dia 19/9 — 7 de Tishrei de 5768.<br />
Curitibana de nascimento, era filha de Gitcia e<br />
Henrique Wahrhaftig, e faleceu em São Paulo,<br />
onde residia. Foi sepultada no dia 20/9 no Cemitério<br />
Israelita do Butantã.<br />
Humor judaico<br />
Sem Sem opções opções<br />
opções<br />
Era hora da refeição noturna durante um<br />
vôo da empresa de aviação israelense El Al.<br />
‘O senhor gostaria de jantar?’, pergunta a<br />
aeromoça para Moishe, sentado à sua frente.<br />
— ‘Quais são minhas opções?’ responde Moishe,<br />
indagando a comissária de bordo.<br />
— ‘Sim, ou não’, responde ela.<br />
desenvolvimento de um sistema<br />
defensivo ativo contra mísseis que<br />
utiliza raio laser anti-míssil.<br />
Enquanto Israel tenta negociar<br />
com palestinos moderados os radicais<br />
empurram o povo palestino<br />
para a desgraça. A Jihad Islâmica e<br />
o Comitê de Resistência Popular assumiram<br />
um ataque de Kassam,<br />
numa aparente tentativa de remover<br />
a responsabilidade do Hamas<br />
pelo que acontece no território que<br />
controla, ferindo 69 soldados há<br />
poucos dias, no campo de treinamento<br />
de Zikkim, a 1 km da fronteira<br />
de Gaza. Felizmente nenhum<br />
deles morreu, embora vários tenham<br />
se ferido com gravidade. Como Israel<br />
não está mais na Faixa de Gaza,<br />
a propaganda do retrógrado Hamas<br />
continua falando da libertação total<br />
da Palestina da “ocupação sionista”.<br />
Enquanto isso, Israel hoje<br />
conta com 7,2 milhões de habitantes<br />
e no ano que vem completa 60<br />
anos de independência.<br />
A Redação<br />
Acendimento das<br />
velas em Curitiba<br />
<strong>setembro</strong>/outubro 2007<br />
Véspera de Shabat<br />
DATA HORA<br />
27/9 1 18h49<br />
38/9 17h55<br />
3/10 2 17h57<br />
4/10 3 18h52<br />
5/10 17h58<br />
12/10 18h01<br />
19/10 18h05<br />
1 Sucot<br />
2 Shemini Atsêret<br />
3 Simchat Torá
Outubro de 1917<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Esperanças e ilusões de uma geração<br />
Sérgio Feldman *<br />
á noventa anos estava em<br />
vias de eclodir a Revolução<br />
de Outubro. Que, aliás,<br />
ocorreu em novembro, visto<br />
na Rússia Czarista ainda<br />
vigorar o calendário Juliano.<br />
Um sonho de redenção da humanidade<br />
e uma ilusão de que o final da<br />
opressão dos judeus da Europa Oriental<br />
estaria em vias de ocorrer. Grandioso<br />
e trágico momento.<br />
O czar, que era o símbolo vivo do<br />
autoritarismo tirânico do povo russo<br />
e a um tempo, também, encarnação<br />
da opressão sem travas, dos judeus<br />
do vasto Império dos Romanov,<br />
estava sendo derrubado e se previa<br />
a aurora de uma nova era. A utopia<br />
socialista se consolidava como uma<br />
realidade próxima: os oprimidos estavam<br />
tomando o poder e iam criar<br />
uma república aonde reinaria a justiça<br />
social e a liberdade para todos.<br />
Gerações de judeus haviam sofrido<br />
sob o tacão cruel dos czares: pogroms,<br />
restrições de locomoção, numerus<br />
clausus nas universidades,<br />
convocação forçada ao exército por<br />
30 anos com intenção de converter<br />
os judeus (cantonismo), e muitas<br />
políticas severas e cruéis durante<br />
todo o século XIX e nas duas primeiras<br />
décadas do século XX. O apoio à<br />
Revolução, ou pelo menos a simpatia<br />
à mesma, era uma reação<br />
justa e adequada: o<br />
que poderia ser pior ou<br />
igual à crueldade e a violência<br />
dos czares? Um sonho<br />
de Redenção pousou<br />
no íntimo de muitos corações<br />
judaicos: estava<br />
vindo o tempo de justiça<br />
social e de paz previsto<br />
pelos Profetas, mas de<br />
uma maneira “laica” através<br />
do socialismo de Lênin<br />
e seus bolcheviques.<br />
A utopia da Redenção por<br />
vias laicas era comum entre os judeus<br />
europeus que acreditavam em<br />
solução política da questão judaica:<br />
seja pela democracia, ou pelo socialismo,<br />
muitos haviam laicizado seu<br />
sonho messiânico. A militância judaica<br />
no socialismo europeu era<br />
muito grande, bem maior que sua<br />
proporção na sociedade de maneira<br />
percentual. A adesão ao sonho de<br />
Redenção via URSS, ou na vertente<br />
oposta, via sionismo socialista eram<br />
duas maneiras antagônicas, mas que<br />
espelhavam modelos políticos esquerdistas<br />
que almejavam a solução da<br />
questão judaica.<br />
O início deste processo foi difícil,<br />
mas ainda assim repleto de esperança.<br />
A pobreza após a Primeira<br />
Selo postal da antiga<br />
URSS emitido com a<br />
denominação Birobidijan<br />
No alto do edifício da entrada principal da estação de trens que ainda existe em Birobidjan<br />
o letreiro escrito em russo e e em iídiche indica o nome do lugar<br />
Guerra e nos anos da Revolução, e<br />
intervenções de “brancos” (reacionários)<br />
e de ocidentais, deixaram<br />
a recém-criada União das Repúblicas<br />
Socialistas Soviéticas em estado<br />
de penúria. Lenta a gradualmente,<br />
a URSS se reergue e direciona<br />
seus olhos para seus cidadãos judeus.<br />
Projetos são executados: jornais<br />
e livros são editados em iídiche.<br />
O teatro judaico tem estímulo<br />
e a cultura judaica se eleva a um<br />
patamar elevado.<br />
Morre Lênin e em seu lugar assume<br />
Stalin, que supera o sucessor provável<br />
que seria Trotsky. Stalin concebe<br />
uma estratégia para<br />
“divergir” e neutralizar o<br />
projeto sionista. Um estado<br />
judaico em território<br />
soviético que seria criado<br />
no extremo leste do<br />
território soviético, na<br />
fronteira com a China, a<br />
qual ele temia, e que queria<br />
neutralizar. Um local<br />
ermo, de péssimas condi-<br />
ções e de acesso difícil.<br />
Ainda assim, um entusiasmo<br />
se acendeu entre os<br />
judeus esquerdistas de<br />
todo o mundo: a redenção estava em<br />
vias de ser executada na pátria do<br />
socialismo. Era o projeto de Birobidjan,<br />
que criaria uma República Soviética<br />
judaica nos confins asiáticos<br />
da URSS. Coletas de dinheiro foram<br />
feitas, voluntários mal-informados<br />
e idealistas se ofereceram<br />
para colonizar e criar a pátria judaica<br />
nos extremos da Sibéria. O<br />
projeto era de difícil execução e<br />
há quem acredite nas más intenções<br />
de Stalin: pouca chance de dar<br />
certo devido à falta de estrutura e<br />
as más condições do lugar. O fracasso<br />
só foi constatado nos anos<br />
sessenta. Na Segunda Guerra Mundial<br />
o local serviu de refúgio a muitos<br />
judeus que fugiam do nazismo.<br />
O pior ainda ocorreria: a paranóia<br />
de Stalin fez muitas vítimas<br />
entre políticos e militares. Como<br />
entre a Velha Guarda dos “bolcheviques”<br />
havia muitos judeus, Stalin<br />
os defenestrou, entre muitos<br />
outros acusados, de traição, espionagem<br />
e sionismo.<br />
Os processos stalinistas não<br />
eram direcionados apenas contra<br />
judeus: muitas vítimas da sanha<br />
vingativa de sua doentia paranóia<br />
eram revolucionários fiéis e idealistas<br />
dedicados à causa do socialismo.<br />
Stalin teve responsabilidade<br />
na morte de muitos milhares de pessoas:<br />
não há consenso, mas se admite<br />
que devam ter perecido sob o<br />
“Gulag” stalinista cerca de 500 mil<br />
judeus. Há cifras divergentes que<br />
calculam em um milhão de vítimas<br />
judaicas, mas estas são contestadas<br />
por autores esquerdistas e questionadas<br />
por outros.<br />
Nos anos 40 e 50 do século passado,<br />
muitos debates dividiam as<br />
comunidades judaicas do Brasil: os<br />
clubes e associações esquerdistas<br />
defendiam a URSS e a política stalinista<br />
diante da maioria dos componentes<br />
das kehilot que acusavam<br />
Stalin de crimes políticos contra os<br />
judeus e até de ser uma versão “à<br />
esquerda” do genocídio nazista.<br />
Exageros a parte, a postura de Stalin<br />
era contraditória: apoiou a criação<br />
do Estado de Israel (1947/1948)<br />
e oprimiu os judeus soviéticos neste<br />
período de maneira cruel e, por<br />
vezes, sanguinária. A morte de Stalin<br />
não fez cessar o mal-estar judaico<br />
em relação ao fato que o “sonho<br />
de Redenção” se esvaia. A rua judaica<br />
seguia em polvorosa: nem o<br />
Congresso do PCUS, que condenou<br />
Stalin e seus crimes, realizado em<br />
meados da década de 50, acabou a<br />
polêmica. Os judeus esquerdistas<br />
acreditavam que se tratasse de propaganda<br />
da guerra fria, manipula-<br />
da pelos EUA. Só aceitaram os fatos<br />
muitos anos mais tarde.<br />
A luta pela imigração dos judeus<br />
soviéticos a Israel teve momentos<br />
de tenacidade e de heroísmo.<br />
Iniciada nos anos setenta do<br />
século passado, culminou com a Perestroika<br />
de Gorbachev, que praticamente<br />
abriu as portas da URSS<br />
aos judeus de todo tipo: legiões<br />
de judeus assimilados por três gerações,<br />
aos quais foram agregados<br />
não-judeus oportunistas que imigravam<br />
para Israel e de lá à Europa<br />
e aos EUA em busca de melhores<br />
condições. Esta imigração, que teve<br />
altos e baixos, mas que fortaleceu<br />
Israel no sentido demográfico,<br />
criou um fato consumado: graças<br />
aos judeus russos se pode afirmar<br />
que tem-se em Israel, uma densidade<br />
populacional que consolida a<br />
presença judaica no Oriente Médio.<br />
No que tange à Revolução bolchevique,<br />
e o sonho de Birobidjan,<br />
fica uma triste e delicada lição: cada<br />
um deve cuidar de seu próprio des-<br />
Mapa da então Região Autônoma de Birobidjan, perto da península de<br />
Kamtchtka e junto à fronteira da China<br />
tino. Israel pode não ser perfeito, e<br />
nem ter resolvido a “questão judaica”,<br />
mas se consolidou como uma democracia<br />
responsável, moderna e pluralista.<br />
Conflitos com os palestinos<br />
e os países árabes, e com o Irã, geram<br />
preocupação. Já a estabilidade<br />
das instituições e do sistema democrático<br />
israelense são motivo de<br />
satisfação, mesmo tendo que<br />
ser aprimorados e revistos a<br />
todo tempo. Se a Redenção<br />
não ocorreu no Estado sionista,<br />
pelo menos gerou<br />
certa estabilidade e um Estado<br />
que pode servir de referência<br />
em muitos âmbitos,<br />
desde a tecnologia, até a exportação<br />
de métodos educacionais:<br />
“Ki miTzion tetze Torá udvar<br />
HaShem meIrushalaim” (Que de Sion<br />
sairá a Torá e a palavra de D-us de<br />
Jerusalém”). O sonho não acabou e<br />
tampouco se consumou de maneira<br />
plena, mas mesmo sujeito a críticas<br />
e reflexões, está claro que não se<br />
consumará em Birobidjan.<br />
3<br />
Sérgio Feldman<br />
* Sérgio Feldman é<br />
doutor em História pela<br />
UFPR e professor de<br />
História Antiga e Medieval<br />
na Universidade Federal do<br />
Espírito Santo, em Vitória, e<br />
ex-professor adjunto de<br />
História Antiga do Curso<br />
de História da Universidade<br />
Tuiuti<br />
do Paraná.
4<br />
Don Feder<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Don Feder *<br />
orque devemos estar todos<br />
unidos a respeito deste<br />
tema? Estes são extratos de<br />
uma conferência brindada<br />
por Don Feder.<br />
Você tem um problema. É um<br />
problema compartilhado pelos judeus<br />
em Hebron, sérvios em Kosovo, católicos<br />
no Líbano e americanos caminhando<br />
pelas ruas de Nova York.<br />
Considere todos estes incidentes que<br />
estão conectados mais além do que<br />
alguém possa supor:<br />
* Na Indonésia, três escolares<br />
cristãs foram decapitadas.<br />
* No Iraque, um sacerdote sírio<br />
ortodoxo foi seqüestrado, torturado<br />
e assassinado.<br />
* Na Somália, uma monja foi assassinada<br />
com um disparo quando<br />
deixava o hospital onde trabalhava.<br />
* No Líbano, um ministro foi assassinado.<br />
* Na Grã Bretanha, as autoridades<br />
descobriram uma conspiração na<br />
qual britânicos fizeram um complô<br />
para colocar bombas em vôos transatlânticos<br />
novamente.<br />
* No Afeganistão, outra vez os<br />
suicidas terroristas estão agindo.<br />
* No Iraque, um grupo de devotos<br />
foi raptado em uma mesquita, encharcado<br />
com gasolina e todos queimados<br />
até a morte no que foi descrito como<br />
uma violência sectária.<br />
* Na França, um professor de filosofia<br />
do secundário esta se escondendo<br />
após receber ameaças<br />
sérias contra sua vida por um comentário<br />
que publicou em <strong>setembro</strong><br />
no jornal Le Fígaro<br />
* Cento e trinta e nove pessoas<br />
morreram em manifestações na Nigéria,<br />
Líbia, Paquistão e Afeganistão<br />
– depois da publicação das charges<br />
dinamarquesas.<br />
Morris Abadi *<br />
Vamos pensar em um casamento.<br />
Quais seriam os passos?<br />
Primeiro, temos uma fase em que<br />
o casal se conhece, troca idéias,<br />
se aproxima. Nesta fase, conhecemos<br />
as virtudes, os defeitos, os objetivos,<br />
as limitações. Podemos<br />
chamar esta fase de namoro. Depois,<br />
vem o compromisso. O namoro<br />
se torna mais sério, os objetivos<br />
mais definidos, o casal começa<br />
a se conhecer um pouco melhor.<br />
Isto é importante. Um pouco melhor.<br />
Não se conhece totalmente.<br />
Isto foi o noivado. Passada a fase<br />
do noivado, temos um período de<br />
intensa pressão. Intensos acontecimentos.<br />
A data do casamento foi<br />
marcada e os preparativos são<br />
A jihad global<br />
* A Europa está experimentando<br />
a pior onda de violência anti-semita<br />
depois da Kristallnacht.<br />
* Em Mumbay, na Índia, uma<br />
série de explosões mataram quase<br />
200 pessoas.<br />
* Em Gaza, terroristas recentemente<br />
celebraram o cessar fogo lançando<br />
mais foguetes no sul de Israel.<br />
* E o líder de mais um bilhão de<br />
católicos recebeu ameaças de morte<br />
por um discurso que fez, no qual se<br />
referiu a um balanço entre a fé e a<br />
razão, mencionando um imperador<br />
bizantino do século XIV.<br />
O que têm estes pontos em comum?<br />
Para mencionar Mark Steyn, em<br />
seu excelente trabalho América na<br />
Solidão: “É o fim do mundo como o<br />
conhecemos, começando com um eu<br />
finalizando com um grande slam (golpe<br />
forte, tradução literal).<br />
Não quero dizer que todos os<br />
muçulmanos são terroristas. Estou<br />
dizendo que quase todos os terroristas<br />
são muçulmanos e que o Islã é<br />
uma fé que é simpatizante do terrorismo.<br />
Desafio a que me nomeiem<br />
outra fé na qual sua entrada no céu<br />
está assegurada por matar aqueles de<br />
outra fé numa guerra santa.<br />
Não digo que os muçulmanos são<br />
gente má. A maioria é gente comum.<br />
O que digo é que há elementos do<br />
Islã que predispõem os aderentes a<br />
cometer crimes como os detalhados<br />
anteriormente.<br />
O que digo, e quero ser claro com<br />
isto, que uma fé adotada por 1 bilhão<br />
e 300 milhões de pessoas no<br />
mundo contém dentro das sementes<br />
do mal que vemos a nosso redor, sementes<br />
que requerem somente as condições<br />
adequadas para germinar.<br />
Tudo é referido no Corão, que considero<br />
como uma pré-escola de Minha<br />
Luta (de Adolf Hitler).<br />
exaustivos, grandes, importantes.<br />
Compromissos muito mais sérios e<br />
abrangentes são assumidos. E finalmente<br />
chega o dia do casamento.<br />
Que festa magnífica, que cerimônia<br />
tocante. E com o casamento,<br />
temos as festas em família, com<br />
os amigos, a lua de mel. Então, o<br />
casal volta para casa. Aí sim, começam<br />
os verdadeiros compromissos,<br />
a verdadeira construção.<br />
Mas, que conversa é esta de falar<br />
dos passos de um casamento? Qual<br />
o objetivo disto?<br />
As grandes festas do calendário<br />
judaico são equivalentes e muito<br />
parecidas com os passos de um casamento.<br />
Obviamente, assim como<br />
para que um casamento dê certo, as<br />
partes precisam assumir e honrar os<br />
seus compromissos, no judaísmo, as<br />
Damas e cavalheiros, estamos na<br />
penumbras de uma Guerra Mundial, tão<br />
mortal como a Guerra Fria e com um<br />
potencial de devastação como a II.<br />
(…) Faríamos um erro grosseiro<br />
se pensássemos no Islã só em termos<br />
de bombas humanas suicidas, ataques<br />
de franco-atiradores, ameaças<br />
de morte, conversões forçadas, mutilações<br />
genitais nas mulheres, assassinato,<br />
jihad e fatwa.<br />
Um dado muito importante é o<br />
que ocorre em maternidades desde<br />
Bruxelas a Bombaim. Das 10 nações<br />
com as menores taxas de nacionalidade,<br />
nove são européias cristãs.<br />
E os 10 países com a maior taxa de<br />
fertilidade? São do Islã. Vejamos o<br />
Níger (7,46 crianças por mulher),<br />
Mali (7,42), Somália (6,76), Afeganistão<br />
(6,69) e Iêmen (6,58). A<br />
mulher palestina que se suicidou<br />
com a idade de 64, sendo a suicida<br />
terrorista mais velha, era mãe de 9<br />
e tinha sido avó de 41.<br />
(…)<br />
Por exemplo, conforme artigo publicado<br />
pelo Washington Times, em 2015<br />
a metade dos soldados no exército russo<br />
será de muçulmanos. E em 2020 aproximadamente<br />
20% da população russa<br />
será muçulmana. O mesmo pode acontecer<br />
naqueles anos no Reino Unido, na<br />
França, Bélgica e Holanda.<br />
Atualmente os muçulmanos são<br />
10% da população na França. Mas<br />
comparando aos franceses menores<br />
de 20 anos, 30% são muçulmanos.<br />
(…) Se bem que há o suficiente<br />
de nós que vemos a necessidade de<br />
agir, cremos que pode ser tarde.<br />
Todos estamos concentrados em ver<br />
o que acontece no seu próprio terreno<br />
que esquece da visão macro. Os sionistas<br />
se preocupam e de maneira correta<br />
com o terrorismo dos palestinos.<br />
A angústia que experimentam os<br />
hindus na Cachemira pela violência<br />
O casamento<br />
coisas não são muito diferentes.<br />
O namoro? Trata-se do período<br />
anterior a Rosh Hashaná, quando fazemos<br />
Selichot (Suplicações). A noiva<br />
esta conversando com o noivo.<br />
Se expondo. Colocando seus defeitos,<br />
tentando conhecer melhor o<br />
noivo. E descobre-se que o noivo é<br />
de muito bom coração. Sim, é Am<br />
Israel conversando com D-us.<br />
Então, chega o dia do noivado.<br />
Rosh Hashaná. Data em que os compromissos<br />
começam a ser selados e a<br />
ficar mais sérios. Mas ainda o casal<br />
pode melhorar ainda mais. Pode se<br />
relacionar a assumir compromissos<br />
ainda mais sérios. São os Dias Temíveis,<br />
intermediários entre Rosh<br />
Hashaná e Iom Kipur.<br />
Finalmente, chega o dia do casamento.<br />
Logo depois de Iom Ki-<br />
apoiada pelo Paquistão, que matou<br />
mais de 50.000 pessoas nos últimos<br />
20 anos.<br />
Grupos como a Voz dos Mártires<br />
documentaram a perseguição de cristãos<br />
no mundo libanês, lamentando<br />
a presença de cristãos no governo<br />
do Líbano. Os cristãos coptas se<br />
queixam que o tratamento de seus<br />
devotos no Egito é persecutório. Por<br />
que tudo isto é parte de um mesmo<br />
assunto. O que acontece no Líbano<br />
afeta Cachemira. O que afeta na Judéia<br />
e na Samária afeta tanto o Líbano<br />
como Londres.<br />
Em retrospectiva é fácil de ver<br />
que um número de eventos na década<br />
de 30 foram passos que levaram<br />
à Segunda Guerra Mundial. É<br />
muito fácil ver a conexão dos<br />
eventos em retrospectiva. Mas, por<br />
exemplo, até antes de Perl Harbor,<br />
milhões de americanos não entendiam<br />
a guerra como tal e logo após<br />
o ataque de Perl Harbor viram a<br />
ameaça alemã. Como disse Winston<br />
Churchill ao presidente Franklin<br />
Delano Roosevelt: “Agora estamos<br />
juntos nisto”.<br />
Meus amigos, estamos neste<br />
assunto…Juntos. Judeus, católicos,<br />
cristãos maronitas, hindus, sérvios<br />
ortodoxos e cristãos na Indonésia.<br />
Até que não comecemos a nos dar<br />
conta, não teremos esperança de nos<br />
opor a uma jihad global.<br />
Quando os sionistas começarem<br />
a se preocupar com o destino dos<br />
sérvios en Kosovo, quando os hindus<br />
apoiarem as comunidades judaicas<br />
e quando os sérvios defenderem<br />
os hindus da Cachemira, poderemos<br />
começar a fazer progressos.<br />
* Don Feder, colunista do Boston<br />
Herald, atualmente é diretor de sua<br />
própria consultoria especializada<br />
em mídia.<br />
pur. Afinal, os noivos devem jejuar<br />
na véspera do casamento. E na seqüência<br />
do casamento, temos as<br />
celebrações de Sheva Berachot,<br />
equivalentes exatamente aos 7 dias<br />
de alegria e júbilo com refeições<br />
festivas dentro da Sucá.<br />
Então, acabam as festividades<br />
e a lua de mel. E o casal então volta<br />
para casa, coroado. Coroado<br />
com a Torá, equivalente à festa de<br />
Simchat Torá.<br />
E é agora que começam os compromissos<br />
e a construção de verdade.<br />
Que o casamento entre a noiva,<br />
Am Israel, e o noivo, D-us, seja feliz<br />
e duradouro.<br />
Shaná Tová Umetuká.<br />
* Morris Abadi é administrador de<br />
empresas em São Paulo.
Ratna Pelle *<br />
m ponto de vista popular<br />
entre liberais e progressistas<br />
é que a solução<br />
para o Conflito do<br />
Oriente Médio (leia-se a<br />
ocupação israelense do território<br />
palestino) é a chave para resolver<br />
todos os outros problemas no<br />
Oriente Médio. A América terá sucesso<br />
fazendo do Iraque um estado pacífico<br />
e democrático, os países árabes<br />
serão democráticos e prósperos,<br />
e os islamistas e a Al Qaeda se tornarão<br />
isolados com suas chamadas para<br />
a jihad e perderão sua fonte mais importante<br />
para o recrutamento. Da<br />
mesma forma, o Irã provavelmente<br />
abandonará sua busca pelas armas<br />
atômicas, e o Egito e Síria poderão<br />
gastar todo o dinheiro que eles aplicam<br />
atualmente em seus exércitos na<br />
educação e cuidados médicos.<br />
Não só progressistas mantêm esta<br />
visão em grandes proporções, os próprios<br />
estados árabes falam assim,<br />
também. Só recentemente o moderado<br />
rei Abdullah da Jordânia emitiu<br />
esta opinião, e pediu aos EUA<br />
que adotassem uma posição de mais<br />
‘imparcialidade’ (leia-se mais pró-árabe),<br />
e também a Liga Árabe gosta de<br />
rotular ‘o tema da Palestina’ como o<br />
problema-chave do Oriente Médio.<br />
Esta atitude não nos surpreende,<br />
mas deveria nos fazer pensar, que isto<br />
desobrigaria os líderes árabes dos<br />
problemas do Oriente Médio como a<br />
instabilidade, a popularidade do Islã<br />
radical, a situação miserável das<br />
mulheres e das minorias, o fraco desenvolvimento<br />
econômico, o alto<br />
desemprego e o crescimento da população.<br />
Eles sempre usaram Israel<br />
como uma conveniente distração<br />
para os seus próprios problemas internos,<br />
e tentaram suavizar sua imagem<br />
pobre com o falso elogio da<br />
‘questão Palestina’. Comentaristas de<br />
esquerda sabem disto é claro, pois<br />
sempre que algum político árabe diz<br />
algo feio ou agressivo sobre Israel ou<br />
os judeus, eles se alinham para explicar<br />
(leia-se perdoar) que o significado<br />
disto foi para consumo interno.<br />
Esta visão do papel do conflito<br />
no Oriente Médio também é compartilhada<br />
por algumas pessoas proeminentes<br />
dentro e em torno da Casa<br />
Branca, Democratas e Republicanos,<br />
e forma o coração do relatório do<br />
assim chamado Grupo de Estudos do<br />
Iraque, também conhecida como Comissão<br />
Baker-Hamilton, que foi publicado<br />
em dezembro de 2006. É irônico<br />
que um relatório feito para oferecer<br />
um caminho de saída do pântano<br />
iraquiano, termine no conflito<br />
Israel é o coração dos<br />
problemas do mundo árabe?<br />
israelense-palestino. Para os EUA é<br />
também atraente por não só deixar<br />
de focalizar nos seus próprios erros<br />
no Iraque, mas também por desviar<br />
atenção para outro país, ainda que<br />
seja um aliado. Até mesmo Condoleezza<br />
Rice compra esta visão e viaja<br />
entre Israel, os territórios palestinos<br />
e o Egito.<br />
Os resultados de uma recente pesquisa<br />
mundial que classifica Israel<br />
como o país com a influência mais<br />
perniciosa no mundo se ajusta bem<br />
a esta imagem. No conflito do Oriente<br />
Médio, Israel é visto principalmente<br />
responsável, como uma ameaça<br />
à paz mundial e o causador principal<br />
nas relações tensas entre os<br />
muçulmanos e o Ocidente.<br />
A ocupação dos territórios palestinos,<br />
afirmam, é tal qual uma<br />
grande humilhação para os árabes<br />
que não podem confiar no Ocidente<br />
e não podem interagir com ele numa<br />
base igualitária. Ecoa o passado<br />
colonial do Ocidente, sua arrogância,<br />
seu sentimento de superioridade.<br />
Mas não é só a ocupação, também<br />
a própria existência de Israel é<br />
humilhante, particularmente porque<br />
foi desde o princípio o objetivo<br />
declarado da Liga Árabe de impedir<br />
ou abolir o nascimento de Israel. A<br />
existência de Israel mostra a significativa<br />
diferença no desenvolvimento<br />
econômico, técnico e militar entre<br />
o mundo árabe e o Ocidente.<br />
Enquanto Israel, por um lado é uma<br />
distração conveniente para os problemas<br />
internos dos estados árabes,<br />
por outro lado dolorosamente realça<br />
a incompetência árabe e atraso<br />
em várias áreas.<br />
Não há dúvida alguma de que uma<br />
solução para o conflito israelensepalestino<br />
e um estado palestino viável<br />
teria um efeito positivo na região<br />
e (numa menor escala) também<br />
nas relações entre os muçulmanos e<br />
o Ocidente em geral. Mas não tenhamos<br />
expectativas idílicas. Um estado<br />
palestino não será uma democracia<br />
próspera em curto prazo, mas um<br />
míni-estado que lutará com uma alta<br />
taxa de natalidade alta, recursos<br />
naturais limitados e uma estrutura<br />
de clãs na qual rivalidades internas<br />
e a corrupção desempenham a principal<br />
papel. Os palestinos (e os árabes)<br />
não estarão aptos a ter todas<br />
as suas exigências satisfeitas, porque<br />
isso faria a existência de Israel<br />
como um estado judeu impossível.<br />
O acordo futuro será doloroso para<br />
ambos os lados. Dos dois lados haverá<br />
um significativo número de pessoas<br />
sentindo que eles tiveram que<br />
pagar um preço muito alto e que o<br />
outro lado ganhou muito mais com<br />
a negociação. Após um tratado de<br />
paz haverá provavelmente o perigo<br />
de que as tensões irão aumentar, que<br />
os extremistas sabotarão tudo, que<br />
o outro lado não manterá os acordos.<br />
Para a reconciliação entre (judeus)<br />
israelenses e árabes é preciso<br />
mais que um tratado de paz. Um<br />
ponto final deve ser posto no antisemitismo<br />
árabe, parar com as teorias<br />
conspiratórias, parar o boicote<br />
a Israel, parar o ressentimento<br />
do mundo árabe sobre a alegada<br />
superioridade judaica e o sucesso.<br />
Um tratado de paz pode contribuir<br />
para isso, mas não é uma panacéia.<br />
Pelo contrário: um tratado de paz<br />
só pode ter sucesso quando o mundo<br />
árabe estiver preparado para<br />
aceitar os acordos e estar predisposto<br />
à reconciliação ao invés da<br />
luta. E a briga para isso ainda é<br />
uma indecisão no mundo árabe.<br />
Há um outro problema com esta<br />
teoria: ela coloca todas as apostas<br />
num dos mais longos e persistentes<br />
conflitos do mundo. Os partidários<br />
mais apaixonados desta teoria pensam<br />
que este conflito pode ser solucionado<br />
em alguns anos e que negociações<br />
sobre ‘temas dos status finais’<br />
podem ser iniciadas imediatamente.<br />
Se Israel hesitar em aceitar<br />
concessões importantes, simplesmente<br />
aumente a pressão, eles dizem. Em<br />
2000 Israel aceitou concessões substanciais,<br />
apesar de muitas reclamações<br />
em contrário, mas isso não conduziu<br />
a um acordo de paz, porque<br />
Arafat estava pouco disposto a abrir<br />
mão do ‘direito de retorno’ dos refugiados<br />
palestinos, nem aceitar a divisão<br />
da cidade velha de Jerusalém<br />
e alguns ajustes de fronteira. Por<br />
outro lado, estava longe a certeza<br />
de que o público israelense teria<br />
aprovado as concessões de longo<br />
alcance de Barak num referendo, certamente<br />
não com a ‘ajuda’ de alguns<br />
oportunos ataques suicidas. Os opositores<br />
da paz em ambos os lados podem<br />
contar um com o outro.<br />
Seguramente há uma necessidade<br />
de colocar um pouco de pressão<br />
em ambos os lados para fazer concessões,<br />
mas até mais do que isso é<br />
necessário para um bom mecanismo<br />
de controle que garantiria a ambos<br />
os lados a manutenção de seus termos<br />
do acordo e que pudessem contar<br />
com o outro lado para fazer o<br />
mesmo: monitores internacionais ou<br />
árbitros pacificadores, por exemplo.<br />
Estes não são novos na região e os<br />
resultados nem sempre foram positivos.<br />
A Unifil não é capaz de nem<br />
impedir o rearmamento do Hezbolá,<br />
apesar das disposições da Resolução<br />
1701 do Conselho de Segurança da<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
ONU, com a qual Israel e o Líbano<br />
concordaram. Monitores europeus<br />
não evitaram o contrabando de armas<br />
em larga escala entre a Faixa<br />
de Gaza e Egito apesar da sua obrigação<br />
de monitorar isso. Israel fechou<br />
repetidamente a fronteira Karni<br />
limitando o cruzamento para<br />
bens, apesar da promessa de que<br />
seria aberta. Belas perspectivas<br />
como uma conexão com a Margem<br />
Ocidental, um porto e um aeroporto<br />
para Gaza não se materializaram,<br />
porque ninguém pode garantir a<br />
Israel que isso não conduziria a um<br />
aumento no contrabando de armas.<br />
O cessar-fogo em Gaza no final de<br />
novembro tem sido violado desde<br />
o primeiro dia através do lançamento<br />
de foguetes por grupos palestinos<br />
quase diariamente em Israel. Em<br />
janeiro o Hamas louvou um ‘bemsucedido’<br />
ataque suicida em Eilat.<br />
Negociações sobre o ‘status final’<br />
são insensatas numa situação<br />
de mútua desconfiança, incerteza<br />
sobre quem tolerará qual acordo, e<br />
especialmente as facções palestinas<br />
que se opõem a qualquer<br />
acordo e desejam<br />
explodi-lo lite-<br />
ralmente sem<br />
que a AutoridadePalestina<br />
possa estar<br />
disposta<br />
a lutar com<br />
elas. Além<br />
disso, as negociaçõessobre<br />
o ‘status<br />
final’ não são<br />
conduzidas num<br />
vácuo e não são destacadas<br />
da realidade diária<br />
das humilhações de palestinos nos<br />
postos de fiscalização, colonos agressivos,<br />
(principalmente) impedir ataques<br />
suicidas palestinos e o estímulo<br />
na mídia palestina. Um período interino<br />
no qual são focalizados problemas<br />
práticos no solo e confiança<br />
construída mantendo-se ‘pequenos<br />
acordos’, é uma condição prévia aos<br />
acordos finais em assuntos como<br />
fronteiras definidas, Jerusalém e o<br />
problema dos refugiados.<br />
Solucionar o conflito israelensepalestino<br />
é do interesse maior, mas<br />
pode demorar um tempo. Então não<br />
é sábio esperar por ele antes de<br />
tentar resolver outros problemas do<br />
mundo árabe. Democratização, direitos<br />
das mulheres e das minorias,<br />
melhor educação; isso é tudo que<br />
é importante e necessário, e pode<br />
conduzir às condições para fazer um<br />
acordo e reconciliação com Israel<br />
mais fácil aceitar.<br />
* Ratna Pelle é um acadêmico<br />
holandês que foi ativo em<br />
diversos movimentos de<br />
esquerda pela paz, meio<br />
ambiente e terceiro mundo. Ele<br />
observa que não é judeu nem<br />
palestino, não é israelense nem<br />
árabe. O texto original foi<br />
publicado em inglês no website<br />
www.zionism-israel.com/log/<br />
archives/00000360.html<br />
5
6<br />
Shimon Peres<br />
Tzipora Rimon<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Mensagem do presidente de Israel<br />
Shimon Peres<br />
este momento em que estamos<br />
no limiar do Ano Novo judaico<br />
e em que assumo a Presidência<br />
do Estado de Israel, desejo primeiramente<br />
compartilhar com vocês<br />
o meu mais profundo e sincero<br />
desejo de contínua prosperidade, segurança,<br />
riqueza intelectual e bemestar<br />
para o Povo Judeu, em todo o<br />
mundo, assim como para todos aqueles<br />
que buscam a paz e a tolerância.<br />
É tempo de união – tanto em casa<br />
quanto no exterior.<br />
Dentro do espectro maior dos dilemas<br />
e desafios que enfrentamos na<br />
Nova Era, o povo judeu está sendo<br />
convocado para tratar de problemas<br />
e questões que dizem respeito à nossa<br />
existência, ao nosso papel em iniciativas<br />
globais e ao delineamento<br />
de nossa própria identidade. Durante<br />
muitos anos, Israel foi visto<br />
como um “problema” mundial. Hoje,<br />
os desafios globais são tanto da<br />
agenda israelense quanto o são as<br />
demais questões que preocupam o<br />
mundo, como um todo.<br />
Faz-se necessário, portanto, que<br />
trabalhemos em conjunto para lidar<br />
com os atuais e os futuros desafios<br />
– não bastando simplesmente reagir<br />
aos mesmos, mas sonhar e criar... e<br />
conceber prioridades estratégicas de<br />
tanta profundidade quanto as que<br />
Tzipora Rimon<br />
No Rosh Hashaná, o Ano Novo<br />
Judaico 5768 e desejamos uns aos<br />
outros que o ano que se inicia seja<br />
repleto de prosperidade, felicidade<br />
e paz. Este ano comemoramos juntos,<br />
dois eventos de fundamental<br />
importância para a história do povo<br />
judeu e para o Estado de Israel: marcamos<br />
60 anos da resolução da Assembléia<br />
Geral da ONU, chefiada pelo<br />
estadista brasileiro Oswaldo Aranha,<br />
que decidiu no dia 29 de novembro<br />
de 1947, pela criação do Estado de<br />
Israel. Em maio próximo celebraremos<br />
o 60 0 Aniversário da Independência<br />
do Estado de Israel.<br />
Nestes dias presenciamos intensos<br />
contatos entre a liderança israelense<br />
e o novo governo palestino,<br />
visando a preparação do Encontro<br />
Internacional, que terá lugar em novembro<br />
nos Estados Unidos. O alvo<br />
é cristalizar princípios políticos e<br />
nosso povo soube conceber ao longo<br />
da História... Acreditando nas<br />
mesmas e as executando... Pois que<br />
somente através da consolidação de<br />
nossos esforços – os de Israel e os<br />
do povo judeu – conseguiremos realmente<br />
fazer algo de concreto para<br />
moldar o futuro e o bem-estar de<br />
nosso povo. Por vivermos em um<br />
mundo globalizado, a “realidade” inevitavelmente<br />
se torna um fenômeno<br />
dinâmico e constantemente em mudança,<br />
no qual as diferentes comunidades<br />
se defrontam com diferentes<br />
circunstâncias e desafios.<br />
O povo judeu não pode negligenciar<br />
a importância de reunir as<br />
vozes solitárias, em todo o mundo<br />
judeu, e harmonizá-las de modo a<br />
formar um todo, íntegro e significativo.<br />
Nossa responsabilidade, enquanto<br />
povo, é permitir que todas<br />
essas vozes sejam ouvidas. É necessário<br />
aprendermos, tanto em Israel<br />
quanto na Diáspora, a arte da sensibilidade<br />
e da sabedoria, que nos<br />
permitirão extrair o potencial embutido<br />
nessas vozes. Nosso objetivo,<br />
com tal processo, precisa continuar<br />
sendo a promoção de uma<br />
parceria intelectual e qualitativa,<br />
pelo bem de nosso povo. Buscar responsabilidades<br />
globais, dentro da<br />
estrutura do Tikun Olam, é parte inerente<br />
à herança judaica. A despeito<br />
de suas reduzidas dimensões de<br />
Mensagem de Ano Novo<br />
da Embaixadora de Israel no Brasil<br />
econômicos que possam ajudar as<br />
partes a se aproximarem de uma solução<br />
para o conflito. A divisão na<br />
sociedade palestina entre Fatah e<br />
Hamas, leva a uma nova oportunidade,<br />
que é o diálogo entre Israel e<br />
o novo governo palestino, paralelamente<br />
à pressão internacional sobre<br />
o Hamas, que continua mantendo<br />
uma política extremista de terror.<br />
Todos nós continuamos engajados<br />
na libertação dos soldados israelenses<br />
seqüestrados pelos grupos terroristas<br />
do Hezbolá e do Hamas. O<br />
mundo continua enfrentando o Irã<br />
e o seu programa nuclear, mas para<br />
Israel, a questão é mais profunda e<br />
existencial. Em relação à cooperação<br />
entre Israel e Brasil, vale a pena ressaltar<br />
que, desde a assinatura do<br />
acordo de cooperação em pesquisa<br />
e desenvolvimento industrial, em<br />
fevereiro passado, as delegações dos<br />
dois países já se reuniram para concretizar<br />
a atuação conjunta.<br />
território, Israel tem comprovado<br />
ser capaz de criar uma economia<br />
singular. De modo semelhante, tornou-se<br />
um pioneiro mundial na<br />
esfera do desenvolvimento científico.<br />
É crucial para Israel a busca<br />
continuada por encontrar e determinar<br />
seu próprio papel no âmbito<br />
mundial da ciência e da tecnologia,<br />
bem como por ser pioneiro na<br />
busca, sem fim, por soluções para<br />
os desafios globais no campo da<br />
educação, das telecomunicações,<br />
da agricultura, do aquecimento<br />
global e de muito, muito mais.<br />
O povo judeu, no mundo todo,<br />
tem sido e continua a ser a espinha<br />
dorsal de tais realizações. Juntos, o<br />
Estado de Israel e os judeus da diáspora<br />
têm o potencial inerente para<br />
contribuir para o avanço no caminho<br />
da paz e da prosperidade em<br />
âmbito global, em geral, e para a<br />
consolidação da existência judaica,<br />
em particular. Para que possamos<br />
transformar em realidade as aspirações<br />
acima descritas, as parcerias<br />
regionais precisam ser alimentadas,<br />
utilizando-se com sabedoria todos<br />
os recursos humanos e naturais disponíveis,<br />
como forma de promover<br />
o desenvolvimento econômico<br />
regional e a educação para a paz.<br />
Nenhuma oportunidade pode ser<br />
perdida e todas as pistas devem ser<br />
seguidas, de modo a promover a paz<br />
A Embaixada de Israel e seu Escritório<br />
Econômico em São Paulo,<br />
estão agindo para promover a significativa<br />
participação brasileira<br />
nos dois eventos econômicos internacionais<br />
que acontecerão em<br />
Israel: a “Conferência do Primeiro<br />
Ministro para Exportação e Cooperação<br />
Internacional”e a “WATEC<br />
2007 - Feira e Conferência sobre<br />
Tecnologias da Água e Controle<br />
Ambiental”. Em dezembro será realizada<br />
a 3ª rodada de consultas<br />
políticas entre os Ministérios das<br />
Relações Exteriores do Brasil e de<br />
Israel. Continuaremos também promovendo<br />
a cooperação nos campos<br />
da educação e cultura. Esses são<br />
alguns exemplos das atividades planejadas<br />
para o ano novo.<br />
Neste novo ano judaico que nasce,<br />
5768, a Embaixada de Israel deseja<br />
ampliar cada vez mais a atuação<br />
conjunta com a comunidade judaica<br />
do Brasil. Desejo à liderança ju-<br />
entre nós mesmos e com os nossos<br />
vizinhos. Ao mesmo tempo, precisamos<br />
empreender as medidas necessárias<br />
para garantir a segurança da<br />
vida judaica, onde quer que seja. O<br />
Estado de Israel valoriza profundamente<br />
a participação das comunidades<br />
judaicas de todo o mundo no<br />
processo de assegurar o nosso bemestar<br />
nacional. Atribuímos um valor<br />
muito especial à ininterrupta participação<br />
da juventude judaica de<br />
hoje, líderes de nosso futuro.<br />
Precisamos continuar a prezar,<br />
com orgulho, a herança e a ética<br />
de nossos antepassados, ao mesmo<br />
tempo em que nossos olhos devem,<br />
também, alcançar os nossos filhos<br />
– pois temos que pavimentar o caminho<br />
para que eles se integrem e<br />
cresçam dentro da Nova Era. De<br />
fato, estamos postados à beira do<br />
presente. Ainda nos deparamos com<br />
todo o tipo de desafios, dos quais<br />
o maior é não deixar que outras<br />
perspectivas galopantes nos deixem<br />
para trás. Esta é a nossa determinação.<br />
Esta é a nossa prece. Com o<br />
Ano Novo, apresento-lhes, uma vez<br />
mais, os meus mais calorosos votos<br />
pessoais a vocês, suas famílias e<br />
suas respectivas comunidades de<br />
um ano de paz e de bem-estar.<br />
*Shimon Peres é Presidente<br />
de Israel<br />
daica, aos rabinos e sinagogas, às<br />
escolas judaicas, às organizações e<br />
todas as famílias, Shaná Tová e um<br />
feliz e frutífero Ano Novo.<br />
* Tzipora Rimon é Embaixadora<br />
de Israel
m conexão com a festa de<br />
Shemini Atsêret (o Oitavo<br />
Dia de Assembléia),<br />
nossos Sábios nos contam<br />
uma bela parábola:<br />
Um rei certa vez promoveu uma<br />
grande festa e convidou príncipes e<br />
princesas a quem apreciava muito, para<br />
seu palácio. Tendo passado vários dias<br />
juntos, os hóspedes prepararam-se para<br />
ir embora. Porém o rei lhes disse:<br />
“Peço-lhe, fiquem mais um dia comigo,<br />
é difícil ficar longe de vocês!”<br />
Assim acontece conosco, nossos<br />
Sábios concluem a parábola. Passamos<br />
muitos dias felizes na sinagoga.<br />
D-us deseja nos ver por mais um<br />
dia na sinagoga, e por isso Ele nos<br />
concede uma festa adicional - She-<br />
mini Atsêret.<br />
Em algumas congregações é costume<br />
fazer Hacafot (danças com a<br />
Torá) na noite de Shemini Atsêret,<br />
assim como na noite de Simchat Torá.<br />
Ainda fazemos nossas refeições na<br />
sucá em Shemini Atsêret.<br />
Sucot é a Festa da Colheita quando<br />
a produção dos campos era colhida<br />
e o dízimo era separado, de<br />
acordo com o mandamento da Torá,<br />
e dado aos levitas e aos pobres. A<br />
leitura da Torá no Serviço Matinal de<br />
Shemini Atsêret fala do mandamento<br />
de dar o dízimo.<br />
O serviço de Mussaf, Prece<br />
Adicional, é assinalado pela prece especial<br />
com pedidos para que haja<br />
chuva (www.chabad.org.br).<br />
Sucot: A Festa das Cabanas<br />
De 26/9 (acendimento das velas ao anoitecer) a 28/9<br />
Um período<br />
alegre é iniciado<br />
com a festa de Sucot,<br />
compensando<br />
o solene período de<br />
Rosh Hashaná e<br />
Iom Kipur.<br />
Há mitsvot nas<br />
quais utilizamos apenas<br />
algumas partes<br />
de nosso corpo, por exemplo: a mitsvá<br />
de tefilin, filactérios, que envolve o<br />
braço e a cabeça; tefilá, prece, envolve<br />
a mente e o coração e assim por<br />
diante. Em Sucot, temos uma mitsvá<br />
(preceito) singular, que é a construção<br />
de uma sucá; a única mitsvá que literalmente<br />
envolve a pessoa de corpo<br />
inteiro, com suas vestes materiais.<br />
A sucá nos lembra das Nuvens de<br />
Glória que rodearam nosso povo durante<br />
sua peregrinação pelo deserto a caminho<br />
da Terra Prometida. Todos então<br />
viram a especial proteção Divina, que<br />
D-us lhes concedeu durante aqueles anos<br />
difíceis. Mas embora as Nuvens de Glória<br />
desaparecessem no quadragésimo<br />
ano, na véspera da entrada na Terra de<br />
Israel, nunca cessamos de acreditar que<br />
D-us nos dá Sua proteção, e esta é a<br />
razão de termos sobrevivido a todos<br />
nossos inimigos em todas as gerações.<br />
Para que o judeu não se esqueça<br />
de seu verdadeiro propósito na vida,<br />
D-us, em Sua infinita sabedoria e bondade,<br />
nos faz deixar nossas casas confortáveis<br />
nesta época, para habitar<br />
numa frágil sucá, cabana, por sete dias.<br />
A sucá nos lembra que confiamos<br />
em D-us para nossa proteção, pois a<br />
sucá não é nenhuma fortaleza, nem ao<br />
menos fornecendo um telhado sólido<br />
sobre nossa cabeça. Lembra-nos também<br />
de que a vida nesta terra é apenas<br />
temporária.<br />
Durante a festa de Sucot, os homens<br />
devem comer diariamente numa<br />
sucá (cabana) especialmente construída<br />
para este fim. Nestes sete dias,<br />
não é permitido comer fora da sucá<br />
Shemini Atsêret<br />
De 3/10 (acendimento das velas ao anoitecer) a 4/10<br />
qualquer refeição que contenha pão ou<br />
massa. Há aqueles que não costumam<br />
beber nem ao menos um copo de água<br />
fora da sucá.<br />
Nos primeiros dois dias e noites da<br />
festa, o kidush, prece sobre o vinho,<br />
antecede a refeição. Nas duas primeiras<br />
noites, é obrigatório comer na sucá<br />
ao menos uma fatia de pão (além do<br />
kidush), mesmo que esteja chovendo.<br />
Nos outros dias, se chover, é permitido<br />
fazer as refeições dentro de casa.<br />
Refletir sobre a sucá nos dá uma<br />
ampla visão do significado de fé em Dus<br />
e da extensão de Sua Divina Providência.<br />
Vamos para a sucá durante a<br />
Festa da Colheita depois de haver colhido<br />
o fruto dos campos.<br />
Se uma pessoa recebeu a bênção<br />
Divina e sua terra produziu com fartura,<br />
seus estoques e adegas estão repletos,<br />
alegria e confiança preenchem<br />
seu espírito - aí a Torá a leva a abandonar<br />
a casa e residir em uma frágil<br />
sucá, para ensiná-la que nem riquezas,<br />
nem posses, nem terras são proteções<br />
na vida; somente D-us é que<br />
sustenta, mesmo os que habitam em<br />
tendas e cabanas e oferece uma proteção<br />
de confiança.<br />
E se alguém está empobrecido e seu<br />
trabalho não conheceu a bênção Divina;<br />
se a terra não deu o seu produto,<br />
se o fruto da árvore não foi armazenado<br />
em celeiros e se está incerto e temeroso<br />
ao encarar o perigo da fome<br />
nos dias de inverno que se aproximam,<br />
também encontrará repouso para seu<br />
espírito na sucá.<br />
Lembrará como D-us hospedou-nos em<br />
Sucot no deserto; nos sustentou e nos<br />
abasteceu, não nos deixando faltar nada.<br />
A sucá o ensinará que a Divina Providência<br />
é segurança melhor do que<br />
qualquer bem material, pois não<br />
abandona os que verdadeiramente crêem<br />
em D-us. A sucá o ensinará a ser<br />
forte e corajoso, feliz e tranqüilo,<br />
mesmo na aflição e na dificuldade.<br />
(www.chabad.org.br),<br />
Em Simchat Torá (“Júbilo da<br />
Torá”) concluímos, e recomeçamos<br />
o ciclo anual de leitura da Torá.<br />
O evento é marcado com muita alegria,<br />
e hacafot, feita na véspera<br />
e na manhã de Simchat Torá, na<br />
qual dançamos com os Rolos de<br />
Torá ao redor da bimá. Durante a<br />
leitura da Torá, todos, incluindo<br />
crianças abaixo da idade de barmitsvá<br />
são chamados à Torá; assim<br />
a leitura é feita inúmeras vezes,<br />
para que todos recitem a bênção<br />
sobre a Torá neste dia.<br />
Leitura da Torá: Três rolos são<br />
tirados da Arca para leitura. No<br />
primeiro, a última porção da Torá<br />
- Vezot Haberachá - é lida e relida<br />
muitas vezes, até que todos tenham<br />
sido chamados à Torá. Então<br />
meninos que ainda não tem<br />
bar-mitsvá (não completaram treze<br />
anos) são chamados à Torá juntamente<br />
com um membro destacado<br />
da sinagoga. Em seguida a<br />
bênção “Hamalach hagoel” (O Anjo<br />
que redime) com a qual Yaacov<br />
(Jacó), abençoou os filhos de<br />
Yossef (José), é pronunciada em<br />
nome dos meninos.<br />
Para a porção de encerramento<br />
chama-se alguém de destaque que<br />
recebe a denominação de “Noivo da<br />
Torá”. Outro membro é então convocado<br />
para a primeira porção de<br />
Bereshit, que é lida no segundo<br />
Rolo da Torá e é denominado “Noivo<br />
de Bereshit”.<br />
Finalmente o Maftir, trecho dos<br />
profetas que acompanha a leitura da<br />
Torá é lido no terceiro Rolo da Torá.<br />
Dessa maneira, a leitura da Torá prossegue<br />
porção por porção durante o<br />
ano todo, durante todas as épocas,<br />
em um eterno ciclo que quando parece<br />
se encerrar, logo depois recomeça<br />
ininterruptamente.<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Simchat Torá<br />
De 4/10 (acendimento das velas ao anoitecer) a 5/10<br />
Isto mostra que não há fim na<br />
Torá, que deve ser lida e estudada<br />
constantemente, mais e mais, pois<br />
a Torá, como o próprio D-us que a<br />
deu para nós, é imorredoura. Cumprindo-a,<br />
nosso povo forma o terceiro<br />
elo na eterna união entre<br />
D-us, a Torá e Israel.<br />
7<br />
Gravura sobre Simchat Torá<br />
em que estão retratados os<br />
famosos Rabinos Yakov<br />
Yisrael Kanievski<br />
(conhecido como o Steipler<br />
Gaon), Yitzchak Kaduri,<br />
chacham Yosef Chaim<br />
(conhecido como Ben Ish<br />
Chai) e Yisrael<br />
Abuchatzeira (conhecido<br />
como Baba Sali) dansando<br />
com a Torá
8<br />
Walid Phares<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
O massacre de políticos no Líbano<br />
Walid Phares *<br />
om o assassinato do deputado<br />
libanês Gubran Tueni<br />
em dezembro de 2006, meses<br />
depois do assassinato<br />
dos líderes políticos George<br />
Hawi e Samir Qassir durante<br />
o verão, a estratégia do terror<br />
sírio-iraniano abriu a sangrenta<br />
temporada de caça ao Parlamento libanês<br />
eleito democraticamente.<br />
Walid Eido foi o último parlamentar<br />
libanês assassinado. Após a retirada<br />
das forças sírias regulares do<br />
Líbano em abril de 2005, Bashar Assad<br />
e seus aliados de Teerã traçaram<br />
uma contra-ofensiva para balançar a<br />
Revolução dos Cedros. Um dos principais<br />
componentes da estratégia era<br />
(e continua sendo) o uso de todos<br />
os ativos dos serviços de inteligência<br />
e segurança da Síria e do Irã no<br />
Líbano para “reduzir” a cifra de representantes<br />
que constituem a maioria<br />
anti-Síria no Parlamento. Tão simples<br />
como isso: assassinar quantos<br />
membros forem necessários para decantar<br />
a maioria quantitativa na Assembléia<br />
Legislativa. E quando acontecer<br />
isso, o governo de Seniora virá<br />
abaixo e se constituirá um gabinete<br />
encabeçado pelo Hezbolá. Além disso,<br />
se a guerra do terror matar outros<br />
8 legisladores, o resto do Parlamento<br />
pode eleger um novo Presidente da<br />
República, que colocaria o país sob<br />
a tutela do regime de Assad.<br />
Tão incrivelmente selvagem como<br />
possa parecer isto no Ocidente, o<br />
genocídio dos legisladores do Líbano<br />
a mãos do regime sírio e seus<br />
aliados é “muito usual” na cultura<br />
política baathzista (e certamente na<br />
jihadista). Durante os anos 80, Saddam<br />
Hussein executou um grande<br />
segmento da Assembléia Nacional de<br />
seu próprio Partido Baath (lê-se Baatz)<br />
com o objetivo de manter intacto<br />
seu regime. Ao longo da mesma<br />
década Hafez Assad erradicava<br />
sistematicamente sua oposição política,<br />
tanto dentro da Síria como<br />
por todo o Líbano de ocupação sí-<br />
ria, com o intuito de garantir seu<br />
controle sobre os dois países “irmãos”.<br />
De modo que ordenar desde o<br />
outono de 2004 o assassinato de<br />
seus opositores políticos por parte<br />
de Bashar para perpetuar seu domínio<br />
sobre o pequeno “império” baath<br />
não é um fato tão surpreendente:<br />
é o procedimento padrão de Damasco<br />
desde 1970.<br />
E para “alcançar” estes objetivos,<br />
a junta da Síria tem todo um leque<br />
de ferramentas e ativos deixados para<br />
trás no Líbano. Em primeiro lugar, a<br />
gigantesca rede do serviço de inteligência<br />
sírio profundamente enraizada<br />
ainda no pequeno país; em segundo<br />
lugar o poderoso Hezbolá financiado<br />
pelo Irã, com seu letal aparato<br />
de segurança; em terceiro lugar, os<br />
grupos controlados pela Síria dentro<br />
de diversos acampamentos palestinos<br />
procedentes de diversos contextos<br />
ideológicos, incluindo baathzistas,<br />
marxistas, e até islamitas como o Fatah<br />
al-Islam; em quarto lugar, os simpatizantes<br />
pró-Síria e do Hezbolá<br />
“dentro” do exército libanês, assim<br />
como as unidades regulares e os serviços<br />
de segurança sob o controle<br />
ainda do general Emile Lahoud; em<br />
quinto lugar, as milícias e organizações<br />
satélites controladas à distância<br />
pelo serviço de inteligência sírio,<br />
como o Partido Nacional-Socialista da<br />
Síria; e em sexto lugar, os agentes introduzidos<br />
dentro dos grupos políticos<br />
que gravitam ao redor de Damasco,<br />
como os de Suleiman Frangieh,<br />
Michel Aoun ou Talal Arslán. Em poucas<br />
palavras, o eixo sírio-iraniano<br />
dispõe de todo um aparato de agentes<br />
de segurança e inteligência do qual<br />
pode escolher a vontade os autores<br />
materiais mais apropriados para cada<br />
uma das “operações de derrubada”. O<br />
regime Assad dispõe de “seus próprios<br />
agentes” sunitas para matar os sunitas,<br />
dispõe de cristãos para matar os<br />
cristãos, de drusos para eliminar os<br />
drusos, e dispõe de todos os recursos<br />
do terror do Hezbolá para obstruir<br />
o governo do Líbano e finalmente<br />
derrocá-lo.<br />
A “redução” — tanto física como<br />
política — da maioria no Parlamento<br />
libanês se iniciou tão logo que<br />
foi eleita a Assembléia, na primavera<br />
de 2005. A oposição libanesa a Assad<br />
e ao Hezbolá obteve originariamente<br />
72 cadeiras das 128 existentes,<br />
uma maioria confortável para<br />
retomar a “libertação” do país da<br />
ocupação e do terrorismo. Em dezembro<br />
de 2006, um carro-bomba matava<br />
o deputado Jebran Tueni, reduzindo<br />
a maioria a 71. Ainda que rapidamente<br />
tenha sido substituído<br />
por seu pai Ghassán, a avançada idade<br />
do segundo e sua reticência em<br />
prosseguir no mesmo ativismo antiterror,<br />
isso supõe um ponto negativo<br />
na batalha geral. Em janeiro de<br />
2006 um deputado da maioria, Edmond<br />
Naim, faleceu de causas naturais.<br />
A revolução anti-Cedros força<br />
as coisas colocando Pierre Daccache,<br />
“neutro” em princípio, mas essencialmente<br />
próximo do Hezbolá e aliado<br />
de Michel Aoun. Naquele momento,<br />
a maioria tinha 71 assentos. Em dezembro<br />
de 2006, o deputado da maioria<br />
Pierre Gemayel é assassinado por<br />
agentes sírios. A cifra de deputados<br />
dedicados ao seu trabalho cai para<br />
70. Faz algumas semanas, as ameaças<br />
sírias procedentes do norte obrigam<br />
o deputado Alawi a abandonar<br />
a maioria, reduzindo a cifra a 69. O<br />
assassinato agora do sunita Walid<br />
Eido, feroz opositor do regime sírio,<br />
reduz a cifra de deputados a 68.<br />
Quatro assassinatos mais e a maioria<br />
parlamentar entrará em colapso, devolvendo<br />
o poder terrorista de Ahmedinijad<br />
e Assad às costas do Mediterrâneo<br />
Oriental.<br />
O que pode ser feito para deter o<br />
massacre de legisladores no Líbano<br />
e suas dramáticas conseqüências? O<br />
Conselho de Segurança da ONU, em<br />
virtude das resoluções 1559 e 1701,<br />
deveria intervir maciçamente, ordenando<br />
e supervisionando os seguintes<br />
passos:<br />
a) Colocar cada um dos 68 deputados<br />
restantes sob a proteção<br />
internacional direta. Uma força de<br />
segurança internacional especial<br />
seria despachada ao Líbano, reuniria<br />
os legisladores em perigo<br />
numa ou várias localizações protegidas,<br />
e mais tarde os escoltaria<br />
para que pudessem cumprir seus<br />
deveres constitucionais.<br />
b) Solicitar ao governo libanês<br />
de Seniora a convocação de eleições<br />
legislativas apropriadas nos distritos<br />
de Matn e Beirute com o objetivo<br />
de substituir os deputados assassinados<br />
Gemayel e Eido. Enviar observadores<br />
da ONU para supervisionar<br />
estas eleições.<br />
c) Solicitar ao Parlamento libanês<br />
a eleição de um novo Presidente<br />
durante o período constitucional<br />
que inicia em agosto, e escoltar os<br />
68 deputados em perigo (mais os<br />
dois recém-eleitos) até o local das<br />
eleições presidenciais e proporcionar<br />
segurança durante o processo<br />
de votação.<br />
Ao fazê-lo, o Conselho de Segurança<br />
da ONU estará implementando<br />
suas próprias resoluções, assistindo<br />
o processo democrático no Líbano, e<br />
combatendo o terrorismo com o poder<br />
do povo do Líbano. Quando um<br />
novo Presidente escolhido sair eleito<br />
democraticamente no Líbano, o caminho<br />
— ainda muito difícil e perigoso<br />
– até a democracia, se abrirá.<br />
* Walid Phares é professor de<br />
Estudos do Oriente Médio e<br />
especialista em islã político e da<br />
jihad, graduado em Direito e<br />
Ciências Políticas pelas<br />
Universidades Jesuíta e Libanesa,<br />
doutor em Relações Internacionais<br />
e Estudos Estratégicos pela<br />
Universidade de Miami. Lecionou<br />
na Saint Joseph University nos anos<br />
80 e exerceu o Direito em Beirute<br />
até 1990. Editou também<br />
publicações no Líbano e mais tarde<br />
emigrou para os Estados Unidos,<br />
onde dá aulas na Florida<br />
International University e na<br />
Florida Atlantic University.<br />
Publicou centenas de artigos e<br />
escreveu sete livros sobre o<br />
fundamentalismo islâmico, e foi<br />
consultado pelo Congresso<br />
americano em três ocasiões, pois<br />
trata-se da maior autoridade sobre<br />
o Oriente Médio nos EUA. De<br />
origem libanesa, dirige a Fundação<br />
por um Líbano Livre e é membro do<br />
Middle East Forum. Colabora com<br />
a CNBC e a MSNBC, e é colunista<br />
regular de várias publicações<br />
internacionais.<br />
Nota da Redação 1: O PT (Partido dos Trabalhadores) brasileiro firmou no início de<br />
junho um acordo “de cooperação” com o Baath sírio (Partido Nacional Socialista Árabe)<br />
para “coordenar pontos de vista”, “fortalecer a cooperação entre organizações populares” e<br />
“intercâmbio de experiências”. Não é a toa que no nome do Baath, se insira a expressão<br />
“nacional-socialista” pois foi decalcado do Partido Nazista de Hitler. O PT se diz de direita e<br />
abraça uma agremiação partidária extremante fascista de direita inspirada no nazismo! Até<br />
agora, as leis da Física não se aplicavam à política, especialmente a que diz que os pólos<br />
diferentes se atraem.<br />
Nota da Redação 2: O primeiro-ministro do Líbano, Fouad Siniora, pediu ao secretáriogeral<br />
da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que instaure uma investigação<br />
sobre o atentado que provocou a morte do legislador anti-Síria Antoine Ghanem, 64 anos,<br />
dia 19/9 no bairro cristão de Sin el Fil, ao leste de Beirute. O ataque deixou outros sete<br />
mortos, segundo a Associated Press, e mais de 50 feridos.
*Breno Lerner é<br />
editor e gourmand,<br />
especializado em<br />
culinária judaica.<br />
Escreve para<br />
revistas, sites e<br />
jornais. Dá<br />
regularmente<br />
cursos e<br />
workshops. Tem<br />
três livros<br />
publicados, dois<br />
deles sobre<br />
culinária judaica.<br />
Breno Lerner *<br />
Uma comunidade judaica pouco<br />
conhecida e muito antiga, praticamente<br />
a única da história a não conhecer<br />
o anti-semitismo.<br />
Você conhece pratos tradicionais<br />
da culinária judaica com os<br />
nomes de Macalcal, Chitarnee, Arrok,<br />
Mukumura? Não?<br />
Pois fique sabendo que são receitas<br />
com aproximadamente 2.000 anos<br />
de idade, provenientes dos judeus da<br />
Índia, uma comunidade riquíssima em<br />
história e tradição, que hoje não conta<br />
com mais do que 5.000 pessoas.<br />
Existiram 3 grandes grupos dos<br />
quais restam poucos representantes<br />
e, curiosamente, um novo grupo apareceu<br />
na década de 50 do século XX.<br />
Tudo começou com os cochins<br />
que, supõe-se, chegaram à Índia há<br />
2.500 anos atrás, provavelmente emigrados<br />
da Terra Santa, após a destruição<br />
do Primeiro Templo. Estabeleceram-se<br />
inicialmente na costa de Malabar,<br />
assimilaram a cultura local, inclusive<br />
a língua malaia, trajes e alimentos.<br />
Tornaram-se mercadores,<br />
principalmente de pimenta do reino,<br />
o que acabou por decretar uma forte<br />
perseguição a eles por parte dos portugueses,<br />
então invasores da região<br />
a partir de Goa. Sendo este o único<br />
caso de perseguição a judeus na Índia.<br />
Como sempre na história judaica,<br />
não bastasse seus problemas ex-<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Salaam Shalom, Ka Mandi 1<br />
ternos, ainda deram-se ao luxo de se<br />
dividir entre Paradesi, ou judeus<br />
brancos e os Desi, os judeus negros.<br />
Os Paradesi chegaram à Índia<br />
por volta do século XIII vindos da<br />
Espanha eram a minoria, mas dominavam<br />
o grupo Cochim. Os Desis<br />
eram os habitantes históricos que<br />
por sua miscigenação com os locais<br />
tinham pele mais escura e eram<br />
a maioria dos Cochins.<br />
Relatos de Marco Pólo (1239) e<br />
Benjamim de Tudela (1167) contam<br />
a existência de judeus na região.<br />
Já os Bene Israel, chegaram à<br />
Índia há 2.100 anos atrás, aparentemente<br />
como vítimas de um naufrágio.<br />
Alega sua tradição que 7<br />
homens e 7 mulheres, descendentes<br />
de uma das 10 tribos, sobreviveram<br />
a um naufrágio nas costas<br />
de Maharashtra, onde se estabeleceram.<br />
Curiosamente ficaram escondidos<br />
e ignorados pelo mundo<br />
todo até meados do século XVIII,<br />
quando os Cochins os descobriram<br />
pelo fato de observarem o Shabat,<br />
comerem apenas peixes sem escamas<br />
e rezarem o Shema, únicas palavras<br />
em hebraico que conheciam<br />
e repetiam sem saber o que significavam.<br />
Os Bagadadhi chegaram há 250<br />
anos atrás, vindos principalmente do<br />
Irã e do Iraque, estabeleceram-se<br />
como comerciantes nas cidades de<br />
Bombaim e Calcutá e chegaram a<br />
5.000 pessoas, sendo a comunidade<br />
com mais ricos e milionários<br />
dentre os judeus. A maioria emigrou<br />
para a Inglaterra e Canadá,<br />
hoje não passam de 200 pessoas.<br />
Na década de 50, apareceram<br />
os Bnai Menashe, duas tribos da<br />
região de Manipur, os Mizu e os<br />
Kuki, que alegam ser descendentes<br />
de Menasseh, filho de José.<br />
Explicam seus forte traços asiáticos<br />
por sua história, pois teriam<br />
saído de Jerusalém até a China<br />
e de lá para a Índia. Estão em<br />
um forte movimento de retorno<br />
ao judaísmo, movimento este<br />
que é aceito por alguns rabinos<br />
de Israel e rejeitados por outros.<br />
Vamos conhecer uma de suas<br />
receitas:<br />
Chitarnee<br />
Chitarnee<br />
Chitarnee Chitarnee<br />
Chitarnee (Galinha<br />
(Galinha<br />
agridoce)<br />
agridoce)<br />
Este prato é da região de Calcutá,<br />
pois lá não havia Shohet,<br />
apenas em Bombaim. Assim, o que<br />
era feito com carne em Bombaim,<br />
era feito com galinha em Calcutá.<br />
O shohet visitava a cidade apenas<br />
no Rosh Hashaná.<br />
1 kg de cebolas raladas;<br />
3 dentes de alho esmagados;<br />
1 ½ colher de chá de gengibre<br />
ralado;<br />
9<br />
1 colher de chá de curcuma;<br />
1 ½ colher de chá de coentro<br />
em pó;<br />
1 colher de chá de canela<br />
em pó;<br />
½ colher de chá de cardamomo<br />
moído;<br />
2 folhas de louro;<br />
6 filés de peito ou sobrecoxa<br />
de galinha cortados em<br />
cubos;<br />
½ kg de tomates sem pele e<br />
sementes picados;<br />
2 colheres de sopa de<br />
vinagre;<br />
2 colheres de sopa de<br />
açúcar;<br />
Sal e pimenta do reino à<br />
gosto.<br />
Em uma panela grande doure a<br />
cebola em 3 colheres de sopa de<br />
óleo. Mexa ocasionalmente até<br />
amolecerem e dourarem. Acrescente<br />
o alho, gengibre, todos os temperos<br />
e louro, cozinhe por mais 3<br />
minutos. Coloque então a galinha<br />
e cozinhe por 10 minutos, para<br />
dourar bem os pedaços. Acrescente<br />
os tomates, baixe o fogo e deixe<br />
cozinhar até evaporar todo o<br />
líquido (+/- 30 minutos). Coloque<br />
o açúcar e o vinagre, corrija o sal,<br />
se necessário, e cozinhe em fogo<br />
bem baixo por mais 10 minutos.<br />
Sirva com arroz branco.<br />
600 mísseis apontados para Israel<br />
Nahum Sirotsky *<br />
questão mais discutida nos<br />
últimos dias é a do mistério<br />
do vôo de jatos israelenses<br />
sobre a Síria. Os<br />
meios responsáveis de Israel<br />
nada dizem. A mídia local<br />
usa de referência o que diz a mídia<br />
internacional. Mas o governo de Israel<br />
se fechou. Curiosamente o ministro<br />
do Exterior da França escolheu a<br />
ocasião para declarar que “o mundo<br />
deve se preparar para o pior” e o pior<br />
é guerra com o Irã. Aliás, há um mês,<br />
num importante discurso, o presidente<br />
francês disse que um mais forte empenho<br />
diplomático das grandes potências<br />
“é a única alternativa a uma<br />
Bomba iraniana ou ao bombardeio do<br />
Irã”. As dúvidas sobre o que o Irã pretende<br />
com seu esforço no campo nuclear<br />
não desaparecem. Suspeita-se<br />
que é construir a Bomba que, uma<br />
vez montada e testada, se este for o<br />
objetivo dos iranianos, será tarde<br />
demais para a diplomacia e tornará<br />
uma guerra nuclear inevitável.<br />
Os Estados Unidos e Europa insistem<br />
que vão persistir no caminho<br />
da diplomacia e meios não militares.<br />
Querem ver de perto o que acontece<br />
no Irã que diz que tem propósitos<br />
pacíficos e quer adquirir a tecnologia<br />
para centrais atômicas de produção<br />
de energia elétrica, porém,<br />
até mesmo os russos, os fornecedores<br />
dos equipamentos necessários ao<br />
Irã e, ao que se sabe também do combustível,<br />
não se revelam muito confiantes.<br />
Um Irã atômico muda o equilíbrio<br />
mundial do poder. Assume o<br />
comando dos países petrolíferos do<br />
Oriente Médio dos quais tanto depende<br />
o funcionamento da economia<br />
mundial. E é sabido que urânio<br />
enriquecido para ser combustível<br />
já está pronto na Rússia para ser<br />
encaminhado. Seria enriquecido<br />
apenas para movimentar os reatores.<br />
Urânio para a Bomba tem de<br />
sofrer um processo especial. O Irã<br />
até agora não mostrou tudo o que<br />
se quer ver. E tem de ser de perto,<br />
pois nem satélites artificiais conseguem<br />
provas suficientes.<br />
Mas, o que houve na Síria que<br />
deixou Damasco irritada e prometendo<br />
uma troca aos israelenses?<br />
Nada mais verdadeiro do que<br />
aquele ditado de onde tem fumaça<br />
tem fogo.<br />
“Assar Iran” é um site iraniano<br />
com vínculos com o governo persa.<br />
E anunciou na segunda, 17, que<br />
600 mísseis Shibab-3, de produção<br />
dos iranianos, já estão apontados<br />
para alvos israelenses para<br />
serem disparados caso o país seja<br />
1. Paz no nosso tempo<br />
atacado. Também estão no alvo<br />
posições americanas no Iraque.<br />
Tudo preparado também para defender<br />
a Síria com a qual o Irã<br />
tem acordos de cooperação militar.<br />
“Assar” deixa claro que estes<br />
600 são apenas uma primeira<br />
onda. Todos com obuses de explosivos<br />
convencionais. Não há<br />
meios capazes de destruírem todos<br />
que sejam postos a caminho.<br />
E Israel é apenas do tamanho de<br />
muitas fazendas do Mato Grosso.<br />
Tentem encontrar no mapa sem<br />
uma lente de aumento...<br />
* Nahum Sirotsky é jornalista,<br />
correspondente da RBS e do<br />
Último Segundo/IG em Israel.<br />
A publicação exclusiva desta<br />
coluna tem a autorização<br />
do autor.
10<br />
Arlene Kushner<br />
David Bedein<br />
Os eternos vínculos judaicos com Hebron<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Arlene Kushner e David Bedein *<br />
ebron, localizada a aproximadamente<br />
10 km ao sul de<br />
Jerusalém, nas colinas da<br />
Judéia, tem uma profunda<br />
conexão com o judaísmo. Depois<br />
de Jerusalém, é a cidade mais<br />
sagrada para o povo judeu. Hoje,<br />
cerca de mil judeus vivem em quatro<br />
pequenos bairros da cidade:<br />
Avraham Avinu, Beit Hadassah, Beit<br />
Romano e Rumeida. Há comunidades<br />
também em assentamentos permanentes<br />
nessas áreas. A população<br />
judaica compreende 100 famílias<br />
e 250 estudantes da Yeshivá<br />
(escola talmúdica) Shavei Hevron,<br />
em Beit Romano.<br />
Os bairros judaicos de Hebron<br />
ficam próximos de Machpelah, a<br />
Tumba dos Patriarcas. É uma caverna<br />
monumental e tem um enorme<br />
significado religioso para os judeus;<br />
e está hoje sob o controle<br />
israelense. Porém, apenas 20% do<br />
local é acessível aos judeus e visitantes,<br />
pois uma mesquita foi<br />
construída sobre a caverna.<br />
Bem ao leste de Hebron, numa distância<br />
que se pode percorrer a pé,<br />
está o moderno município judaico<br />
de Kiryat Arba, fundado em 1971,<br />
com 6.500 residentes e provido de<br />
toda uma gama de serviços urbanos<br />
como: escolas, comércio, indústrias<br />
e postos de saúde.<br />
Há uma conexão histórica desde<br />
o início dos tempos bíblicos. Hebron<br />
é referido como Mamre e, às vezes<br />
como Kiryat Arba. É mencionada 78<br />
vezes na Bíblia judaica. Os elos judaicos<br />
com esta antiga cidade começaram<br />
com Abrahão. Depois de<br />
entrar em Caanã, há 3.700 anos atrás,<br />
Abrahão seguiu para Hebron, onde<br />
soube da Terra Prometida por D-us a<br />
seus descendentes.<br />
Quando sua esposa, Sara, morreu,<br />
ele comprou uma túmulo familiar<br />
numa caverna e cercou o campo de<br />
Ephron por 400 moedas de prata.<br />
Esta caverna (na verdade uma caverna<br />
dupla) é chamada de Machpelah.<br />
É lá que todas as matriarcas, com exceção<br />
de Raquel, e todos os patriarcas<br />
estão enterrados.<br />
Rei David, bizantinos,<br />
cruzados e mamelucos<br />
Três mil anos atrás, David foi ungido<br />
rei de Israel em Hebron e lá reinou<br />
por sete anos, até estabelecer Jerusalém<br />
como sua capital. Após a destruição<br />
do Primeiro Templo, muitos, mas<br />
não todos os judeus foram exilados.<br />
Yehuda haMacabi (o Macabeu) lutou lá<br />
no século 2 a.e.c. e Hebron voltou a<br />
ser uma cidade judaica. Mais tarde, o<br />
rei Herodes construiu uma monumental<br />
estrutura no topo das cavernas, que<br />
ainda hoje permanece de pé.<br />
A história do apego à cidade onde está a sepultura das matriarcas e dos patriarcas<br />
Depois da destruição do Segundo<br />
Templo, judeus continuaram a viver em<br />
Hebron e rezar em Machpelach. Escavações<br />
arqueológicas recentes em torno<br />
da cidade indicam a presença judaica<br />
por vários séculos após a destruição<br />
do Templo em Jerusalém. Toda vez que<br />
houve um exílio forçado, uma pequena<br />
parte da fé judaica permanecia, e sempre<br />
a comunidade se restabelecia em<br />
Hebron. Era o constante renascimento<br />
da vida judaica.<br />
No século 6 os bizantinos transformaram<br />
Machpelach numa basílica, mas<br />
ainda assim os judeus continuaram vivendo<br />
lá, e há evidencias de que a comunidade<br />
judaica foi mantida durante<br />
as conquistas arábicas.<br />
Durante o período das Cruzadas, nos<br />
séculos 12 e 13, os judeus foram novamente<br />
exilados, mas retornaram para<br />
estabelecer a comunidade sob o governo<br />
dos muçulmanos-mamelucos do século<br />
13 ao 16. Há setecentos anos atrás<br />
os mamelucos decretaram que os judeus<br />
estavam proibidos de freqüentar<br />
Machpelach, que então funcionava como<br />
mesquita. O decreto determinava que<br />
os judeus ficassem restritos às orações<br />
apenas até a sete passos da entrada<br />
do local. Este decreto vigorou até 1967.<br />
Até aquele ano, ainda assim, os judeus<br />
permaneceram lá e rezavam no sétimo<br />
passo da entrada.<br />
Sefaradim: Sinagoga de<br />
Avraham Avinu<br />
No final do século 15 e início do<br />
século 16, os judeus sefaradim que foram<br />
expulsos da Espanha e de Portugal<br />
tomaram o caminho para Hebron. Naquele<br />
momento histórico os otomanos<br />
haviam assumido o controle da região.<br />
Após comprarem grandes quantidades<br />
de terras, os sefaradim estabeleceram<br />
uma comunidade que foi marcada por<br />
pogroms1 nos 400 anos seguintes. Em<br />
1540, o sefaradi Malkiel Ashkenazi, refugiado<br />
da expulsão espanhola de 1492,<br />
tornou-se rabino de Hebron e um especialista<br />
em jurisdição judaica. Ele comprou<br />
uma propriedade para exercer esta<br />
atividade, que logo se tornou o centro<br />
da vida judaica, — o coração da quarta-parte<br />
judaica e ali estabeleceu, na<br />
magnífica construção, a sinagoga de<br />
Avraham Avinu.<br />
No fim do século 16 e início do 17<br />
conhecidos cabalistas de Safed, mudaram-se<br />
para Hebron, trazendo com eles<br />
seus ensinamentos. Entre eles estavam<br />
o rabino Eliyahu Davidash, conhecido<br />
como Rashit Hochma e o rabino Avraham<br />
Azulai como o Hessed Avraham, assim<br />
como o rabino Ovadiah Mi-Bartnura.<br />
Ashkenazim: hassídicos<br />
de Lubavitch<br />
Tempos difíceis marcaram outra vez<br />
o final do século 17 e início do 18, com<br />
derramamento de sangue, decretos de<br />
expulsão e miséria. Um momento considerável<br />
para a comunidade foi a che-<br />
A bíblica Hebron<br />
gada dos hassídicos ashkenazim de Lubavitch,<br />
entre os séculos 18 e 19. Esse<br />
grupo manteve proximidade com a comunidade<br />
sefaradi e a auxiliou no fortalecimento<br />
de suas instituições.<br />
O personagem mais importante do<br />
movimento Lubavitch nesse período foi<br />
a Rebbetzin Menucha Rachel Slonim,<br />
a avó do Alter Rebbe, rabino Shneur<br />
Zalman de Liadi e filha do Mitteler<br />
Rebbe (Rabino Dov Ber). Diz-se que<br />
seu pai a enviou a Hebron, depois que<br />
se recuperou de uma doença. E dele<br />
recebeu a benção de “andar entre as<br />
gotas de chuva”. Sua filha era venerada.<br />
Árabes e judeus pediam suas<br />
bençãos e seu túmulo, em Hebron, ainda<br />
é visitado por muitos.<br />
A comunidade passou a prosperar<br />
no século 19 com a ajuda filantrópica<br />
de sir Moses Montefiore e com as escolas<br />
religiosas que fortaleciam o lado espiritual<br />
da comunidade.<br />
No início dos anos 1800, os judeus<br />
adquiriram, por compra e negociações,<br />
mais de 800 dunam 2 de terra. O Lubavitch<br />
começou a comprar edificações em<br />
Hebron em 1821 e a sinagoga deste movimento<br />
foi construída perto da de<br />
Avrahan Avinu. Em 1834, entretanto,<br />
houve um pogrom na cidade, judeus<br />
foram mortos, mulheres estupradas e<br />
propriedades saqueadas e detruídas.<br />
Em 1879, Chaim Israel Romano,<br />
um rico judeu turco, aventurando-se<br />
na antiga região judaica, construiu<br />
uma elegante e espaçosa casa, conhecida<br />
como Beit Romano, que foi<br />
utilizada como residência de sua família<br />
e local para receber judeus turcos.<br />
Essa residência possuía uma sinagoga<br />
chamada Istambuli.<br />
Em 1901, o famoso rabino Hezkiah<br />
Medini, mudou-se para Hebron, abriu<br />
uma yeshivá em Beit Romano e terminou<br />
sua famosa enciclopédia, a “Sdei Hemed”.<br />
Em 1912, o quinto Lubavicher Rebbe<br />
(O Rashba) comprou a Beit Romano e<br />
lá estabeleceu a yeshivá Torat Emet.<br />
Em 1893 havia um prédio chamado<br />
Hesed l’Avraham que proveu assistência<br />
para judeus e árabes necessitados. Fora<br />
estabelecido por judeus ricos do Norte<br />
da África. Em 1909 essa construção foi<br />
ampliada e nela foi estabelecida uma<br />
clínica de saúde. Por causa da Hadassa,<br />
a organização sionista feminina, que<br />
contribuía com os salários dos médicos<br />
e da equipe, o prédio passou a ser chamado<br />
de Beit Hadassa.<br />
1ª Guerra Mundial, mandato<br />
britânico e os motins de 1929<br />
A Primeira Guerra Mundial trouxe<br />
tempos difíceis para Hebron e gerou um<br />
grande declínio à comunidade judaica.<br />
Quando os britânicos receberam a área<br />
no final da guerra, a comunidade novamente<br />
passou a florescer. A ajuda para<br />
a educação era enviada pelas organizações<br />
sionistas. Em 1925, a já renovada<br />
yeshivá de Slobodka, uma das mais<br />
importantes yeshivot do mundo, mudouse<br />
da Lituânia para Hebron. Beit Romano<br />
fora apreendida pelos britânicos para<br />
fins administrativos e da polícia.<br />
A destruição voltou à comunidade judaica<br />
de Hebron em 1929 com os motins<br />
árabes. Antes desses motins, as relações<br />
entre árabes e judeus naquela área<br />
nunca foram calmas, mas havia uma coexistência<br />
pacífica entre os povos. A violência<br />
foi instigada por Haj Amin al-Husseini,<br />
o mufti de Jerusalém, que depois<br />
apoiou fortemente o regime nazista, e<br />
viveu num bunker de Hitler no final da<br />
2ª Guerra Mundial. O objetivo do mufti<br />
era bastante simples: a eliminação da<br />
comunidade judaica de Hebron. E com<br />
este intuito, ele espalhou o falso boato<br />
de que os judeus tentaram incendiar a<br />
mesquita de Al Aksa no monte do Templo,<br />
em Jerusalém.<br />
Os motins árabes de 1929 seguiramse<br />
aos longos discursos inflamados instigando<br />
o assassinato em massa de idosos,<br />
mulheres e crianças. Os árabes,<br />
de armas em punho iam de casa em<br />
casa gritando “Matem os judeus!”. Foram<br />
mortas 67 pessoas e centenas foram<br />
mutiladas e feridas.<br />
O líder sefardi de Hebron, rabino<br />
Hanoch Hasson, foi assassinado com
toda sua família. Ben Zion Gershon, o<br />
farmacêutico da clínica de Beit Hadassa,<br />
que muitas vezes prestou assistência<br />
aos árabes, foi torturado e<br />
morto, sua esposa teve as mãos cortadas<br />
e foi deixada para morrer em<br />
agonia. Sinagogas foram queimadas<br />
assim como rolos da Torá.<br />
Este foi o primeiro grande ato do<br />
terror islâmico na história moderna, 20<br />
anos antes da criação do Estado de Israel<br />
e quase 40 anos da Guerra dos Seis<br />
Dias, de junho de 1967, que libertou<br />
Jerusalém.<br />
Os britânicos fizeram muito pouco<br />
para conter os ataques, porém, três dias<br />
depois decidiram evacuar os sobreviventes,<br />
que foram colocados em caminhões<br />
e trazidos de volta a Jerusalém. Deixando<br />
para trás todas as posses e propriedades.<br />
Em 1931, 35 famílias voltaram para<br />
reconstruir a comunidade judaica de Hebron.<br />
Entre estes estava o idoso rabino<br />
Yaahov Iosef Slonim, que perdera grande<br />
parte de sua família nos motins de<br />
1929. Em 1936 houve um novo motim<br />
árabe. Os governantes britânicos não<br />
defenderam a comunidade e novamente<br />
os transportaram para fora de Hebron.<br />
Assim, a mais antiga comunidade<br />
judaica foi temporariamente vencida.<br />
Pela primeira vez, em mais de três mil<br />
anos, não houve presença judaica em<br />
Hebron. Até 1968.<br />
Em 1948, durante a guerra da Independência<br />
israelense, os jordanianos<br />
mantiveram o controle de Hebron até a<br />
Judéia por dezenove anos. Eles proibiam<br />
os judeus de morar ou trabalhar no local,<br />
freqüentar a sinagoga de Avraham<br />
Avinu ou mudar de lá o cemitério.<br />
O Esforço do retorno<br />
Israel tomou o controle da Judéia e<br />
da Samaria durante a Guerra dos Seis<br />
Dias, em 1967, depois que os árabes<br />
atacaram, declarando seu objetivo da<br />
destruição total do Estado de Israel. Hebron,<br />
apesar de despovoada de judeus,<br />
passava novamente às mãos judaicas.<br />
Em abril de 1968, o rabino Moshe Levigner<br />
com seu grupo de seguidores e<br />
judeus religiosos pioneiros, decidiram<br />
que já era tempo de restabelecer a comunidade<br />
em Hebron. Começaram alugando,<br />
por tempo indefinido, o Park<br />
Hotel de Hebron de seus donos árabes.<br />
Quando se iniciaram as celebrações de<br />
Pêssach, 86 pessoas foram juntas ao<br />
hotel para o sêder. Dois dias mais tarde,<br />
o rabino Levigner chamou a imprensa<br />
e declarou sua intenção de permanecer<br />
no hotel e restabelecer a antiga comunidade<br />
judaica da região.<br />
O fato contou com a cooperação silenciosa<br />
da comunidade árabe de Hebron,<br />
assim como o do governo de Levi<br />
Eshkol, que não era um entusiasta do se<br />
passava, mas não se atreveu a mais uma<br />
vez exilar os judeus da cidade dos seus<br />
patriarcas e matriarcas. Moshe Dayan,<br />
então ministro da Defesa, decidiu mover<br />
o grupo dos novos residentes de Hebron<br />
para um lugar próximo e mais seguro,<br />
que se tornou o complexo militar<br />
para toda a área da Judéia. Lá, viveram<br />
por dois anos e meio, aguardando a construção<br />
do primeiro bairro em Kiryat Arba,<br />
uma nova área que estava para ser agregada<br />
à antiga Hebron.<br />
A cidade permaneceu relativamente<br />
quieta durante esse tempo, apenas<br />
com alguns ataques árabes aos grupos<br />
de colonos e ao Exército de Israel; porém,<br />
o direito dos judeus de rezarem<br />
na caverna da Machpelah ainda estava<br />
em discussão. Apesar do plano ter sido<br />
bem sucedido, a situação permanecia<br />
complicada, pois ainda havia um longo<br />
caminho até a cidade velha de Hebron.<br />
Em 1979, um grupo corajoso de dez<br />
mulheres e suas quarenta crianças se<br />
dirigiram à antiga clínica de Beit Hadassa,<br />
no meio da noite. Suas presenças<br />
foram descobertas pela manhã e<br />
isso foi causa de furor. O então primeiro-ministro<br />
Menachem Begin, não tentou<br />
tirá-las de lá à força, ao invés disso,<br />
cercou o prédio e ordenou que nada<br />
seria permitido entrar — nem mesmo<br />
água e comida. Então, o rabino Levigner<br />
lembrou-o de que nem mesmo ao<br />
inimigo (citando o caso do exército egípcio<br />
na guerra de Iom Kipur, que estava<br />
sitiado) negou-se alimentação. Durante<br />
dois meses, os que estavam lá dentro<br />
sobreviveram em estado de sítio:<br />
Ninguém estava autorizado a entrar e<br />
os que saíam não podiam retornar. Depois<br />
de um incidente com uma das crianças,<br />
que teve uma emergência médica<br />
e não pode voltar à sua mãe, o gabinete<br />
israelense autorizou as mulheres e<br />
crianças a entrarem e saírem. E assim<br />
viveram por um ano.<br />
Todas as sextas-feiras à noite, residentes<br />
de Kriat Arba vinham a Beit Ha-<br />
A caverna de Machpelach, onde estão as matriarcas e<br />
os patricarcas, está sob esta construção, em Hebron<br />
dassa para cantar, dançar e dizer kidush<br />
para as mulheres. Numa destas<br />
sextas-feiras, em maio de 1980, em Lag<br />
Baomer, terroristas árabes atacaram,<br />
matando seis e ferindo vinte pessoas.<br />
Depois disso, o governo israelense deu<br />
permissão para que os judeus recolonizassem<br />
Hebron. O Beit Hadassa foi reformado<br />
e foi permitida construção de<br />
residências nos arredores.<br />
Com o passar do tempo, outros prédios<br />
foram reformados e se tornaram<br />
locais de moradia para judeus. A partir<br />
de 1980, o comitê municipal de Hebron,<br />
acertou com o governo que iria assumir<br />
responsabilidades da comunidade judaica<br />
e o Ministério da Habitação criou a<br />
Associação para a Renovação da Comunidade<br />
judaica de Hebron para apresentar<br />
projetos.<br />
Conseqüências dos<br />
Acordos de Oslo<br />
Segundo a Declaração de Princípios<br />
(Acordos de Oslo) de 1993, pactos foram<br />
assinados e terras foram entregues<br />
à Autoridade Palestina. O primeiro acordo<br />
de Gaza-Jericó, em 1994 estabeleceu<br />
as primeiras retiradas militares. Em<br />
<strong>setembro</strong> de 1995, o acordo de Oslo II,<br />
que estabeleceu a retirada de mais tropas<br />
das maiores áreas de população palestina,<br />
já estava concluído.<br />
O passo seguinte, que era voltado a<br />
Hebron, foi firmado pelo então primeiro-ministro<br />
Binyamin Netanyahu e Yasser<br />
Arafat em 1997. Requeria que 80%<br />
do Exército israelense se retirasse de<br />
Hebron até 1998, com a divisão da cidade<br />
em H-1, sob total controle da Autoridade<br />
Palestina (e a autoridade municipal<br />
de Hebron) e H-2, sob controle israelense.<br />
H2 é uma área contínua que vai<br />
do Leste ao Sudeste da cidade, incorporando<br />
as antigas vizinhanças judaicas de<br />
Hebron, bem como Machpelah.<br />
O Exército israelense ficou com toda<br />
a responsabilidade pela segurança da<br />
comunidade judaica de Hebron, que até<br />
aquele ponto eram em torno de 500<br />
pessoas. A polícia, sob o comando do<br />
Exército, assumiu a responsabilidade de<br />
cuidar de possíveis violações israelenses<br />
à lei em Hebron, sejam elas leis<br />
civis ou militares.<br />
Também ao exército foi dada a responsabilidade<br />
sobre a segurança da caverna<br />
da Machpelach, que utiliza a polícia<br />
sob sua jurisdição dentro do local.<br />
Um procedimento foi implantado para<br />
separar totalmente judeus e muçulmanos<br />
que rezam na caverna: um calendário<br />
que providenciava dez dias<br />
religiosos exclusivos para cada grupo.<br />
Assim, foi assim criado o Protocolo<br />
de Distribuição, para unir as patrulhas<br />
israelenses e palestinas de algumas<br />
áreas, como a área H-<br />
1, sob o controle palestino: Abu<br />
Sneinah, Harat A-Sheikh e a na<br />
nova estrada 35. Esta cooperação<br />
foi encerrada em 2000 com<br />
o início da violência da segunda<br />
Intifada.<br />
Os residentes de Hebron<br />
alertaram sobre o perigo iminente<br />
nas áreas controladas<br />
pelos palestinos. Começaram<br />
as ocorrências de tiros sobre a<br />
área judaica. Infelizmente tais<br />
avisos não foram atendidos a<br />
tempo. Em 26 de março de 2001, Shalhevet<br />
Pass, um bebê de 10 meses de<br />
idade foi fatalmente atingido com um<br />
tiro na cabeça, por um atirador posicionado<br />
numa colina em Abu Sneiah. Shalhevet<br />
e seus pais, Yitzhak, que foi ferido<br />
nas pernas, e Oriah Pass estavam<br />
na entrada do bairro judaico Avrahan<br />
Avinu. O bebê foi enterrado no antigo<br />
cemitério judaico de Hebron.<br />
Desde a operação “Escudo Protetor”,<br />
na primavera de 2002, o Exercito<br />
de Israel voltou a patrulhar as áreas<br />
palestinas de Hebron e estabeleceu<br />
postos permanentes de observação em<br />
Abu Sneinah, Harat A-Sheikh e na<br />
nova estrada 35. Apesar da impressão<br />
de que centenas de soldados de Israel<br />
estão nos postos, atualmente, há apenas<br />
cem homens do Exército. Alguns<br />
guardam a comunidade judaica enquanto<br />
outros monitoram os árabes contra<br />
possíveis ataques.<br />
Oslo II, em 1995, providenciou uma<br />
Presença Internacional Temporária (PIT)<br />
em resposta ao assassinato de muçulmanos<br />
que rezavam na caverna da Machpelah<br />
por Baruch Goldstein, em 1994.<br />
Acordos foram feitos com a Noruega para<br />
estabelecer esta missão. Em 1997, um<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
segundo acordo, que coincidiu com a retirada<br />
parcial de Israel de Hebron foi estabelecido<br />
com Noruega, Itália, Dinamarca,<br />
Suécia, Suíça e Turquia, que contribuíram<br />
com soldados para as forças internacionais,<br />
sob a coordenação da Noruega.<br />
As forças internacionais transpareciam<br />
uma forte inclinação pró-árabe.<br />
Enquanto a população palestina estava<br />
em júbilo com a retirada israelense<br />
da maior parte de Hebron, a população<br />
judaica estava profundamente unida.<br />
Hebron tem sido retratada como uma<br />
“cidade árabe” que, por compaixão,<br />
comporta uma pequena e irritante minoria<br />
de judeus, que são definidos como<br />
“colonos radicais” e invasores pela maioria<br />
árabe. O fato de que Hebron tem<br />
uma longa e profunda conexão com os<br />
judeus é ignorado ou denegrido. Isso<br />
cria um perigoso precedente, com uma<br />
significativa possibilidade de que toda<br />
Hebron possa vir a ser chamada de árabe<br />
e esquecidos os direitos dos judeus.<br />
O grito dos judeus por sua antiga quarta-parte<br />
e a caverna da Machpelah tem<br />
sido cada vez mais abafado.<br />
Por que permanecem<br />
em Hebron?<br />
O porta-voz da comunidade de Hebron,<br />
David Wilder escreve sobre visitantes<br />
que falam com o prefeito árabe<br />
da cidade, Mustafa Natsche e lhe perguntam:<br />
“Há permissão para os judeus<br />
rezarem na caverna da Machpelah?”. E<br />
sua resposta é a seguinte: “Não, é uma<br />
mesquita e apenas muçulmanos podem<br />
rezar na mesquita”.<br />
Assim, fica claro que sem a presença<br />
judaica em Hebron, o segundo local mais<br />
sagrado para o judaísmo, o lugar seria<br />
fechado aos judeus. Abandonar o local é<br />
impensável. E o que é pior, abandonar<br />
um local sagrado, pode ser um precedente<br />
de um futuro abandono de outros<br />
locais sagrados. Se sim para a caverna<br />
da Machpelah, por que não o Monte do<br />
templo, onde está o Muro Ocidental? Se<br />
Hebron, com todos os seus elos de ligação<br />
com o judaísmo for transferido aos<br />
muçulmanos, seria um primeiro passo<br />
para render Jerusalém Oriental, que tem<br />
uma grande população árabe, a despeito<br />
das antigas conexões com a tradição judaica.<br />
Nas palavras do presidente Noam<br />
Arnon, da comunidade judaica de Hebron:<br />
“Sem Hebron, que contém as mais profundas<br />
ligações históricas dos judeus com<br />
a terra de Israel, não haveria bases para<br />
se manter o Estado. Hebron é vital para<br />
a existência de Israel”.<br />
11<br />
Notas:<br />
1. Progrom — do<br />
russo ïîãðîì, é um ataque<br />
violento a pessoas, com<br />
a destruição simultânea<br />
do seu ambiente - casas,<br />
negócios, centros religiosos.<br />
Historicamente, o<br />
termo tem sido usado<br />
para denominar atos de<br />
violência em massa, espontâneos<br />
ou premeditados,<br />
contra judeus e outras<br />
minorias étnicas.<br />
2. Dunam — do turco<br />
dönüm e do otomano<br />
dönmek que significa volta<br />
é uma unidade de superfície.<br />
Um dunam era<br />
a quantidade de terra que<br />
um homem podia arar<br />
num dia. A medida variava<br />
consideravelmente<br />
de um lugar a outros.<br />
Ainda é utilizada em vários<br />
países que fizeram<br />
parte do Império Otomano.<br />
Em Israel, Jordânia,<br />
Líbano e Turquia equivale<br />
a 1.000 m 2.<br />
* Arlene Kushne é<br />
jornalista<br />
pesquisadora que<br />
trabalha em Jerusalém<br />
para o Center for Near<br />
East Policy Research<br />
(Centro de Pesquisa<br />
Política do Oriente<br />
Médio) produzindo<br />
relatórios regulares<br />
sobre a situação<br />
política e a segurança<br />
de Israel. Seu trabalho<br />
pode ser visto em<br />
www.arlenefromisrael.info.<br />
* David Bedein é chefe<br />
do escritório da Israel<br />
Resource News<br />
Agency, no Centro<br />
Internacional de<br />
Imprensa Beit Agron,<br />
em Jerusalém, Israel<br />
(www.ibtn.co.il)<br />
Compilação e tradução<br />
para o português de<br />
George G. Feldmann<br />
Brummer<br />
Hebron fica a<br />
poucos<br />
quilômetros ao<br />
sul de Jerusalém
12<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
eWave<br />
Empresa israelense em Curitiba usa<br />
a tecnologia para apressar o futuro<br />
esde fevereiro de 2006,<br />
logo após o carnaval, a<br />
eWave do Brasil opera em<br />
Curitiba. Trata-se da primeira<br />
empresa genuinamente<br />
israelense a se instalar na Capital<br />
do Estado, segundo o diretor-geral<br />
da empresa, Nimrod Riftin é uma subsidiária<br />
da eWave Software & Integration<br />
Solutions, de Israel, que<br />
decidiu vir para cá e ficar mais próxima<br />
de seus potenciais consumidores.<br />
A primeira oportunidade de negócios<br />
ocorreu em abril do ano passado,<br />
quando firmou contrato com a<br />
GVT, operadora brasileira de<br />
telecomunicações via telefonia fixa<br />
convencional, atuando também em<br />
comunicação telefônica de longa<br />
distância, banda larga para internet<br />
e provedor gratuito.<br />
Riftin explica que a eWave iniciou<br />
atendendo em Curitiba com<br />
apenas 12 profissionais, mas a empresa<br />
em seguida optou por fixarse<br />
aqui por causa do trabalho para<br />
a GVT. Por isso, trouxe a família para<br />
morar em Curitiba. Com o crescimento<br />
das atividades a eWave abriu<br />
três escritórios: o mais importante<br />
fica no Parque do Software, na Cidade<br />
Industrial de Curitiba (CIC);<br />
o mais central na Rua Portugal<br />
1113, no São Francisco, e o terceiro,<br />
em São Paulo, no bairro de<br />
Pinheiros. No Parque do Software,<br />
funciona junto o Development Center,<br />
onde são desenvolvidos os softwares<br />
inclusive para Israel e para<br />
Nimrod Riftin, diretor-geral da eWave<br />
do Brasil<br />
os estados Unidos.<br />
Além de Israel e do Brasil, a eWave<br />
também atua muitos outros países<br />
europeus como a Dinamarca, a<br />
Holanda, a Alemanha, bem como na<br />
África do Sul, em Gana e na Austrália,<br />
e tem como clientes importantes,<br />
A GVT, TecBan (operadora dos<br />
terminais Banco 24 Horas), Deutsche<br />
Bank, DHL, o jornal The Jerusalem<br />
Post, Comverse, Maccabi Healthcare<br />
Service, Blue Center, Radvision,<br />
Wizo, a operadora israelense de comunicações<br />
Barak e outros.<br />
Segundo Nimrod Riftin, dos 12<br />
profissionais iniciais, hoje o número<br />
dobrou e está em 25, em todo o<br />
Brasil, mas a expectativa é que o<br />
pessoal em meados de 2008 atinja<br />
de 200 a 250 pessoas atuando na<br />
eWave do Brasil.<br />
A empresa caracteriza-se por ser<br />
expert em TI (Tecnologia da Informação),<br />
uma integradora de soluções<br />
na área de serviços nos setores bancários,<br />
médico-hospitalar e de alta<br />
tecnologia, para grandes corporações,<br />
mas também para médias, além<br />
de atender a instituições governamentais.<br />
A empresa oferece projetos<br />
que vão desde o planejamento até a<br />
manutenção em três grandes áreas:<br />
desenvolvimento e implementação de<br />
sistemas de informação na internet;<br />
nova metodologia do Service Oriented<br />
Architecture - SOA (em<br />
português, Arquitetura Orientada a<br />
Serviços) para integração entre sistemas<br />
especialmente bancários e de<br />
telecomunicações como a da GVT;<br />
aplicações web; e consultoria e design<br />
que incluem planejamento e<br />
definições de requerimentos de sistema<br />
de desenho de interface para o<br />
usuário, gráficos, análise e gerenciamento.<br />
Riftin observa que nos sistemas<br />
tradicionais, se “você tem mais<br />
controle, terá mais agilidade, e esse<br />
método possibilita crescimento rápido.<br />
Os sistemas e serviços da eWave<br />
são baseados em softwares da IBM,<br />
Microsoft, Sun Microsystems, IBM,<br />
Oracle e BEA, parceiros no Brasil, além<br />
das tecnologias Java e MIcrosoft.net.<br />
A eWave foi fundada em 1999<br />
em Israel pelos jovens, Rafi Gabay e<br />
Oren Shuster, atualmente dois dos<br />
mais proeminentes nomes no cenário<br />
da internet israelense e que são<br />
co-presidentes da companhia, e que<br />
começou a crescer depois que foram<br />
desenvolvidos seus primeiros<br />
softwares e logo estava participando<br />
da Bolsa Nasdaq. Atualmente<br />
possui um quadro com mais de 170<br />
funcionários altamente capacitados<br />
que têm como diretrizes integridade,<br />
profissionalismo, criatividade e<br />
alta qualidade.<br />
A eWave tem, por exemplo, soluções<br />
inovadoras na área de<br />
telemedicina, como o Central Patient<br />
Regional Management, para administração<br />
hospitalar, fichário médico,<br />
serviços de saúde, e com um sistema<br />
eficiente através do TeleMaster, uma<br />
plataforma segura de telediagnóstico<br />
que possibilita a analise e o tratamento<br />
em situações nas quais médicos<br />
e pacientes não estão no mesmo<br />
lugar, que transmite dados à distância,<br />
pelo computador, como exames<br />
de holter (registro eletrocardiográfico),<br />
e outros resultados, nos<br />
quais especialistas podem dar opiniões,<br />
salvando assim vidas.<br />
Composto de três módulos principais<br />
- coletor de dados médicos:<br />
transmissão, gerenciamento e workflow<br />
do processo de diagnóstico; e<br />
armazenamento e distribuição segura<br />
do diagnóstico -, esta tecnologia<br />
suporta tanto a centralização física<br />
do diagnóstico, quanto a distribuição<br />
virtual para vários profissionais,<br />
em qualquer lugar. Uma das principais<br />
vantagens deste sistema é que<br />
permite o acesso a grande número<br />
de especialistas e usuários, simultaneamente<br />
ou não, de acordo com as<br />
necessidades de cada caso.<br />
Nimord Riftin vê nesse sistema<br />
para utilização na medicina, um grande<br />
benefício não só para pacientes<br />
como para médicos, laboratórios como<br />
também para o setor público, provedor<br />
dos serviços de saúde governamentais.<br />
Mas as soluções para tecnologia<br />
bancária e de telecomunicações<br />
também são inovadoras, destaca o<br />
diretor-geral da empresa no Brasil.<br />
.
Aaron Granot *<br />
urante a Segunda Guerra<br />
Mundial, o pai de Simon<br />
Zokhorovich era<br />
um general no Exército<br />
Vermelho antes de sua<br />
intempestiva morte. Como<br />
órfão de um general soviético, o<br />
então jovem Zokhorovich foi adotado<br />
pelo exército que o enviou a<br />
um abrigo onde foi treinado para<br />
alcançar o grau dos seus camaradas<br />
e tornar-se um oficial.<br />
Durante anos, Zokhorovich foi<br />
sendo promovido para o alto da<br />
cadeia de comando, até chegar ao<br />
staff da Academia do Exército russo.<br />
Atualmente, o coronel Zokhorovich<br />
atua como o decano da academia<br />
militar.<br />
O primeiro rabino do<br />
exército russo<br />
Sua experiência não foi compartilhada<br />
por muitos dos seus correligionários<br />
que viviam por trás da Cortina<br />
de Ferro, com certeza, mas<br />
Zokhorovich foi bastante privilegiado<br />
por ser filho de um general que<br />
morreu enquanto servia seu país.<br />
Particularmente, ele também não era<br />
religioso, para início de conversa.<br />
E é justamente isso que faz de<br />
sua parceria com um rabino para be-<br />
neficiar soldados judeus algo ainda<br />
mais interessante.<br />
“Nunca escondi que era judeu,”<br />
declara Zokhorovich, que já serviu em<br />
todas as frentes russas, acrescentando<br />
também que “nunca foi um judeu<br />
observante, e não sabia nem mesmo<br />
o que era um preceito judaico”.<br />
“Meu conhecimento se limitava<br />
ao fato de eu era filho da nação e<br />
nada além disso”, ele observa. “Por<br />
isso, eu tinha orgulho de fazer parte<br />
da nação, embora, às vezes, houvesse<br />
alguma fricção entre a União Soviética<br />
e Israel”.<br />
Em resumo, “eu era um judeu comunista<br />
orgulhoso e feliz,” diz ele,<br />
dando ênfase na parte da identificação<br />
comunista. Com o colapso da<br />
União Soviética, entretanto, desmoronou<br />
a parte da identidade soviética<br />
de Zokhorovich.<br />
Mas até mesmo Zokhorovich admite<br />
que sua vida como judeu no exército<br />
russo não era nada fácil. Ele sempre<br />
esteve disposto a mudar seu modo<br />
de vida, explica ele, para tornar mais<br />
fácil a vida dos outros judeus no exército.<br />
Assim, quando ele ouviu que o<br />
exército russo ia ter um novo rabino,<br />
quis logo ser parceiro disso.<br />
“Eu nunca tive um rabino, e<br />
apenas naquele momento percebi<br />
o que um rabino é, por isso, decidi<br />
que faria qualquer coisa ao meu<br />
alcance para trazer um rabino ao<br />
exército”, relata.<br />
Há um ano Zokhorovich foi até<br />
o Ministro da Defesa da Rússia e<br />
pediu para ser o supervisor do Rabino<br />
Aron Gurevitch, que a Federação<br />
das Instituições <strong>Judaica</strong>s da<br />
Comunidade de Estados Independentes<br />
(CEI) designou para ser o<br />
primeiro rabino do exército.<br />
“Eu queria ser partícipe deste fato<br />
histórico no exército russo,” diz<br />
Zokhorovich. De acordo com o Rabino<br />
Gurevitch, o coronel é o seu<br />
maior defensor em meio às autoridades<br />
militares.<br />
Nova era aos soldados russos<br />
Por sua vez, o Rabino Gurevitch<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Ex-União Soviética<br />
Coronel russo é parceiro de rabino no exército<br />
O Rabino Aron Gurevitch visita soldados e oficiais judeus do exército russo<br />
O coronel Simon Zokhorovich do exército, e o mapa da Rússia<br />
Fotos de Meir Halotovsky/Mishpachah Magazine<br />
já cumpriu sua meta: visitar todas<br />
as bases do exército através do vasto<br />
território da Rússia e se encontrar<br />
com o maior número de soldados<br />
judeus quanto for possível. Por<br />
suas estimativas, entre os dois milhões<br />
de pessoas do contingente<br />
do exército russo, cerca de 15.000<br />
são judeus.<br />
Quando era adolescente,<br />
Gurevitch estudou numa yeshivá Lubavitch,<br />
em Moscou antes de se mudar<br />
para Israel. Ele voltou<br />
à Rússia sob o patrocínio<br />
do Rabino Berel Lazar, Rabino-Mór<br />
da Rússia e diretor<br />
do Movimento Chabad<br />
Lubavitch na Rússia.<br />
Ele começou no ano<br />
passado a escrever uma<br />
coluna no jornal do exército<br />
“Estrela Vermelho”.<br />
Ele provê alimentação<br />
kasher para qualquer soldado<br />
que o solicite isto<br />
e promove a distribuição<br />
mensal da revista do Chabad<br />
Lubavitch L’chaim.<br />
Recentemente, preparou<br />
inclusive uma equipe de<br />
estudantes do seminário<br />
rabínico do Beit Chabad<br />
para viajar por todas as bases do<br />
exército distribuídas pela Rússia<br />
para as Grandes Festas de Rosh<br />
Hashaná e Iom Kipur.<br />
“Muitos dos judeus não querem<br />
que ninguém saiba que eles judeus,”<br />
observa Gurevitch. “Minha missão é<br />
dar-lhes orgulho por seu Judaísmo,<br />
e deixá-los saber que eles têm direitos<br />
como judeus no exército”.<br />
O rabino diz que ainda “temos<br />
muito trabalho a fazer, estamos só<br />
no início. Localizaremos qualquer<br />
judeu em qualquer base militar russa<br />
para levar-lhe judaísmo”.<br />
* Aaron Granot é jornalista e<br />
escreve para o Chabad.org<br />
Magazine.<br />
13<br />
Em conversa com um<br />
general russo o<br />
rabino Gurevitch<br />
acerta detalhes do<br />
seu trabalho
14<br />
O mufti de Jerusalém,<br />
Haj Amin al Husseini,<br />
líder da Solução Final de<br />
Hitler para os judeus e<br />
pai do 'Movimento<br />
Palestino'<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Heitor De Paola *<br />
erminada a Primeira Guerra<br />
Mundial, com a derrota<br />
do Império Otomano,<br />
a Turquia ficou reduzida<br />
à Anatólia e ao enclave<br />
europeu. O resto do Oriente<br />
Médio foi dividido entre mandados<br />
e protetorados ingleses e franceses<br />
de forma arbitrária e seguindo normas<br />
geográficas que não refletiam<br />
divisões efetivas de povos diferentes.<br />
T.E. Lawrence, o da Arábia, havia<br />
reunido diversas tribos beduínas<br />
que viviam em luta constante<br />
entre si. Na hora da divisão foram<br />
criadas “dinastias” baseadas nos<br />
principais chefes beduínos. Posteriormente<br />
Síria e Iraque estabeleceram<br />
ditaduras baseadas no mesmo<br />
Partido, o Baath, só que de facções<br />
diferentes e inimigas entre si. Outros<br />
territórios foram sendo criados<br />
para “acomodarem” outros aliados:<br />
o Reino Hachemita do Jordão (Jordânia),<br />
Kwait, Emirados, Qatar, etc.<br />
Na Arábia Saudita, onde predomina<br />
a tribo sunita wahabita, toda<br />
religião que não a islâmica é proibida,<br />
os aviões que sobrevoam seu<br />
território tem que suspender o serviço<br />
de bebidas alcoólicas, existe<br />
uma polícia religiosa que tudo pode,<br />
até mesmo levantar a roupa das mulheres<br />
para ver se estão usando lingerie<br />
ocidental ou perfumes. A pena<br />
pode ser o apedrejamento, as mulheres<br />
não podem trabalhar, estudar,<br />
nem sair à rua sem a companhia<br />
do marido ou irmãos. Ainda<br />
existe a prática da ablação do clitóris<br />
para impedir o orgasmo feminino.<br />
Em recente declaração o Ministro<br />
da Defesa, Príncipe Sultan,<br />
disse que estão proibidos templos<br />
de quaisquer outras religiões.<br />
A atitude em relação à religião<br />
pode ser resumida nas palavras do<br />
Mufti Al-Tayyeb: “A civilização Ocidental<br />
é diferente da Oriental primeiramente<br />
por sua atitude em relação<br />
à religião, que é de inspiração<br />
divina. Para nós, no Oriente, a religião<br />
é sagrada e é o ápice da honra.<br />
No Ocidente (...) a sociedade não<br />
está interessada na religião. Mesmo<br />
que haja pessoas religiosas, é um sociedade<br />
que não se posiciona em relação<br />
à religião, é uma sociedade secular.<br />
(...) Respeitamos os costumes<br />
ocidentais nos seus territórios, mas<br />
nos nossos Países não aceitamos que<br />
os ocidentais disseminem idéias contrárias<br />
à religião, em nome de direitos<br />
humanos.” Ou então, como disse<br />
o ex-Embaixador iraniano na ONU<br />
Sa’id Raja-i-Khorassani: “a idéia de<br />
direitos humanos é uma invenção<br />
Judaico-Cristã, estranha ao Islã”.<br />
Pode-se usar a Turquia como<br />
contraste. Lá, o fim da Primeira Guerra<br />
Mundial um grupo de oficiais, os<br />
Islã: a conexão nazista<br />
Jovens Turcos, comandados<br />
por Mustapha<br />
Kemal, posteriormente<br />
cognominado<br />
Ataturk (Pai dos Turcos),<br />
derrubou o Império<br />
e impôs leis que<br />
restringem ao máximo<br />
o alcance da religião:<br />
o cha’dor é<br />
proibido, assim<br />
como, para os homens,<br />
o uso de bigodes<br />
ou o fez (chapeuzinho<br />
típico), e o<br />
sapato de bico retorcido<br />
que eram características<br />
dos turcos.<br />
Desde então os militares<br />
detém um poder supra constitucional<br />
que impede a volta dos velhos<br />
costumes.<br />
Também o Egito luta desesperadamente<br />
para manter a ordem política<br />
separada da religião. Em discurso<br />
na Universidade do Cairo o<br />
Professor de Teologia e Religião<br />
Aghajari argumentou que “existe um<br />
batalhão de clérigos que se desenvolveu<br />
no Islã, que pretende se colocar<br />
entre Allah e os crentes – algo<br />
que vai completamente contra a natureza<br />
do Islã, no qual difere do Cristianismo.<br />
(Criticou duramente) estes<br />
clérigos que estão no poder no<br />
Irã por seu conservadorismo e petrificação,<br />
por bloquearem o desenvolvimento<br />
da Sociedade e por explorarem<br />
o nome de Allah”.<br />
Pontos de identificação<br />
“Nada tenho contra o Islã porque<br />
ele educa os homens destas divisões<br />
(SS) para mim e promete a<br />
eles o Paraíso se lutarem e morrem<br />
em ação. É uma religião muito prática<br />
para soldados”<br />
Reichsfüehrer-SS Heirinch Himmler<br />
Sendo o Islã visceralmente autocrático<br />
e antidemocrático é inevitável<br />
sua ligação umbilical com<br />
outros movimentos socialistas ditatoriais<br />
e tirânicos, principalmente<br />
com o nazismo, com quem tem em<br />
comum o anti-semitismo [1], mas<br />
também com o comunismo. Já desde<br />
o início do século passado a versão<br />
em língua árabe da farsa denominada<br />
Os Protocolos dos Sábios do<br />
Sião era amplamente divulgada com<br />
o total apoio das autoridades muçulmanas<br />
religiosas e laicas. Os princípios<br />
que guiam as duas ideologias<br />
são similares: a visão de um povo<br />
unido frente à dominação estrangeira<br />
– principalmente Ocidental – que<br />
traz “deterioração moral e cultural.<br />
Ambas são ligadas, de forma bastante<br />
semelhante, à morte pelo martírio<br />
como instrumento de depuração sacrificial.<br />
A morte é vista como o su-<br />
Haj Amin al Husseini (no centro, de casaco negro e chapéu<br />
branco) faz a saudação nazista ao inspecionar suas tropas<br />
muçulmanas nazistas da SS na Bósnia<br />
premo bem. Enquanto Hitler se baseava<br />
nas velhas lendas inspiradas<br />
nas sagas dos Nibelungen, do Valhalla<br />
como campo dos heróis nacionais<br />
mortos em combate, das Valkírias,<br />
e da superioridade do Homem<br />
Nórdico, o Islã se baseia nas lendas<br />
de Sinbad, nos Cavaleiros Árabes e<br />
do Rubayyat de Omar Kahyyam, povoadas<br />
de guerreiros e mortais que<br />
desafiam os deuses pela glória da<br />
morte pelo martírio.<br />
Entre 1920 e 1948 a Palestina<br />
foi governada pela Inglaterra sob<br />
mandato internacional que estipulava<br />
que aquela região deveria<br />
se tornar um Lar para os Judeus.<br />
No início deste mandato um professor<br />
e jornalista palestino extremamente<br />
nacionalista, Haj Amin<br />
el-Husseini, instigou um progrom<br />
em Jerusalém e foi condenado a<br />
10 anos de prisão, da qual escapou.<br />
Ironicamente, o primeiro Alto<br />
Comissário Britânico na Palestina,<br />
Sir Herbert Samuel, um judeu que<br />
não queria parecer demasiadamente<br />
pró-judeu, nomeou-o em março<br />
de 1921 Mufti de Jerusalém,<br />
título que ele pessoalmente autopromoveu<br />
a Grão Mufti.<br />
Em maio de 1930, Mohammed<br />
Nafi Tschelebi, estudante sírio estudante<br />
na Universidade de Charlottenburg<br />
fundou a Associação<br />
Germano-Islâmica (Deutsch-Moslemiche<br />
Gesselshaft) com a finalidade<br />
de estimular a camaradagem<br />
(Kameradeschaft) entre os povos.<br />
Já desde 1927, junto com Abdel<br />
Jabbar Kheiri havia fundado associações<br />
estudantis denominadas<br />
“Islamyia” e “El-Arabyia”.<br />
Em 1937, mais de vinte anos antes<br />
da fundação do Estado de Israel,<br />
o Grão Mufti se encontrava com o<br />
enviado especial do führer, Adolf Eichmann.<br />
Husseini se opunha ativamente<br />
à formação de um Estado Judeu<br />
na Palestina e fomentou a revolta<br />
árabe em 1936. Em outubro de<br />
1939 o Mufti visitou o Iraque, na<br />
época submetido a Nuri el-Said, próbritânico.<br />
O Mufti exerceu enorme<br />
pressão contra este dirigente até que<br />
conseguiu substitui-lo pelo Governo<br />
pró-alemão de Rashid Ali (1 de<br />
abril de 1941). Este novo Governo<br />
durou pouco por causa da invasão<br />
britânica e, em 2 de maio de 1941,<br />
Husseini se exilou na Alemanha, empregando<br />
o resto de seus dias trabalhando<br />
para os nazistas, inclusive formando<br />
batalhões muçulmanos SS<br />
(como a Waffen-Gebirgs-Division-SS<br />
Handschar [Adaga]) – por ele considerada<br />
como a “nata do Islã” - e<br />
organizações nazistas no Egito, Palestina,<br />
Síria e Iraque.<br />
O golpe pró-nazi no Iraque contou<br />
ainda com a ajuda de Kharaillah<br />
Tilfah, por mera coincidência<br />
tio e tutor, e posteriormente sogro,<br />
de Saddam Hussein. Outra estranha<br />
coincidência é que o verdadeiro<br />
nome de Yassir Arafat é Abdul<br />
Rauf el-Codbi el-Husseini, sendo um<br />
dos sobrinhos do Grão Mufti. Arafat<br />
é um codinome retirado de uma<br />
colina próxima a Meca e significa<br />
“a culminância de uma peregrinação”<br />
(hadj), neste caso a libertação<br />
de toda a Palestina.<br />
No Oriente Médio, diferentemente<br />
de nossa civilização ocidental,<br />
a importância dos simbolismos<br />
é imensa.<br />
Em 1941 o Mufti foi enviado por<br />
Hitler para a Bósnia ocupada aonde<br />
obteve o título de “Protetor do Islã”.<br />
Lá foram exterminados 200.000 Cristãos<br />
Sérvios, 40.000 ciganos e<br />
22.000 judeus. Ele, entretanto, se<br />
intitulava “Führer der Arabischen<br />
Welt”, Líder do Mundo Árabe. Além<br />
disto foi estabelecido uma Associação<br />
de Amizade Árabe-Germânica que<br />
funcionava no Restaurante Berliner<br />
Kindl, na Kufürsterdamm além de um<br />
Instituto Islâmico em Dresden (Islamische<br />
Zentralinstitut) e o Mufti foi<br />
agraciado com um governo nazi-islâmico<br />
no exílio.<br />
A Jihad contra os judeus foi pregada<br />
inicialmente pelo Grão Mufti<br />
já em 1943, em pleno apogeu do<br />
Holocausto, aliás sugerido por ele,<br />
quando dissuadiu Hitler de mandar<br />
os judeus para a Palestina sugerindo,<br />
ao invés disto, a chamada “solução<br />
final do problema judaico na<br />
Europa” através do extermínio físico.<br />
A Jihad foi exigida por Al-Husseini<br />
numa locução na Rádio Berlin:<br />
“matem os judeus aonde os encontrarem,<br />
isto agrada a Allah” [2].<br />
Existe evidência sobre a influência<br />
direta do Mufti [3].<br />
Em 1945 ele foi colocado em prisão<br />
domiciliar de luxo, sob custódia<br />
protetora da França mas, “milagrosamente”,<br />
escapou para o Cairo em<br />
maio de 1946.<br />
Tais apelos à Jihad formaram o<br />
embrião da maioria dos grupos ter-<br />
continua na página 15
continuação da página 14<br />
roristas atuais, como o Jihad Islâmico,<br />
o Hamas, o Hezbolá, a OLP,<br />
que recebem apoio material e ideológico<br />
e cujos “mártires” são tidos<br />
como heróis. Saddam Hussein doa<br />
US$ 245,000.00 para as famílias dos<br />
“mártires”, homens-bomba ou mortos<br />
em confronto com forças de Israel.<br />
Integrantes da Frente de Libertação<br />
Árabe Palestina estimam que<br />
o total já chegou a 35 milhões de<br />
dólares, somente desde o início da<br />
Intifada há 29 meses.<br />
Enquanto a história do Mufti é<br />
bem conhecida, não é a única que<br />
indica a estreita colaboração. Na<br />
Europa do Leste, principalmente na<br />
Ucrânia, nos Estados Bálticos e na<br />
Bielo-Rússia inúmeros muçulmanos<br />
nativos formaram batalhões voluntários<br />
como corpos auxiliares das Waffen-SS,<br />
chamados Askaris – nome<br />
originalmente dado aos soldados<br />
negros da África Alemã na Primeira<br />
Guerra Mundial, o que já indica o<br />
desprezo que os alemães lhes dedicavam.<br />
Os Askaris tomaram parte,<br />
principalmente, na Operação Reinhardt<br />
de deportação e de guarda<br />
dos campos de extermínio, principalmente<br />
os de Belzec, Sobibor e Treblinka.<br />
Da mesma forma batalhões<br />
muçulmanos foram os primeiros a<br />
tomarem parte da liquidação do<br />
ghetto de Varsóvia. Geralmente eram<br />
usados como “bucha de canhão”.<br />
A Quarta Conferência da Academia<br />
Islâmica de Pesquisa na Universidade<br />
Al Azhar, em 1969, à qual<br />
compareceram 24 países muçulmanos<br />
reiterou a necessidade da Jihad<br />
contra os judeus. Naquela reunião<br />
o “Ministro da Guerra” da OLP recebeu<br />
o nome de Abu Jihad (literalmente<br />
“Pai da Guerra Santa”). Segundo<br />
a agência espanhola EFE, o<br />
xeque Mohamed Sayed Tantawi, o<br />
grande imã da mesquita egípcia de<br />
Al Azhar, a instituição religiosa mais<br />
Fontes Fontes principais:<br />
principais:<br />
prestigiada do islã sunita, procurou<br />
esclarecer que “há uma grande<br />
diferença entre o terrorismo e a<br />
“Jihad” (guerra santa). “A Jihad na<br />
religião islâmica significa que o<br />
muçulmano defenda sua fé, seu país<br />
com seus bens e integridade territorial.<br />
Se o inimigo invadir um país<br />
O mufti Husseini encontrou-se com Hitler,<br />
em Berlim, durante a guerra<br />
muçulmano, a guerra santa contra ele<br />
é um dever“, afirmou o clérigo ao jornal<br />
árabe “Asharq Al Awsat”. Por outro<br />
lado, o terrorismo, que tem como<br />
objetivo o assassinato de civis inocentes,<br />
é algo que o islã repudia e<br />
condena, destacou Tantawi. Mas para<br />
eliminar esta diferença, basta considerar<br />
o Estado de Israel como invasor,<br />
e é claro, aí pode tudo!<br />
Finalizo citando um texto do<br />
jornalista José Roitberg, Onde estão<br />
os judeus de esquerda?: “Sabe<br />
que dói e demonstra a aculturação<br />
até dos que se afirmam progressistas<br />
intelectualizados preferirem demonizar<br />
Israel e compartilhar termos<br />
como “Sharon Nazi”, “Bush Nazi”<br />
e nazi-sionistas, deixando de lado<br />
os verdadeiros nazistas brasileiros<br />
como Castan e Editora Revisão? Será<br />
tão mais fácil para o pessoal de esquerda<br />
esquecer o nazismo e o neonazismo?<br />
(...) Será que alguém podia<br />
nos responder por que as esquerdas<br />
cujo inimigo primordial era o<br />
nazismo e o fascismo não se interessam<br />
mais pelos verdadeiros inimigos,<br />
preferindo taxar os democratas<br />
de fascistas?”<br />
- Burkhard Schröder, Führer unter sich<br />
- Chuck Morse, Nazi Origins of Arab Terror<br />
- Jamie Glazov, Symposium: Islam, a Religion of Peace or War? Part I, FrontPage Magazine<br />
- Joachim Fest, Hitler<br />
- Joseph B. Schechtman, The Mufti and the Führer, revisão de Linda Dangoor-Khalastchi<br />
- Michael J. Martin, Arab Nazism: Then and Now, FrontPage Magazine<br />
- T.E. Lawrence, Os Sete Pilares da Sabedoria<br />
Notas:<br />
[1] O argumento de que anti-semitismo é também contra os árabes, também descendentes<br />
de Sem não procede por ser falacioso. Em primeiro lugar não se confunda árabes com<br />
muçulmanos pois existem muçulmanos não-árabes, como os iranianos, indonésios, kazaks,<br />
usbeks, etc, e também árabes pertencentes a outras religiões, como os coptas, cristãos maronitas<br />
e católicos, etc. E também porque foram exatamente os árabes que se aliaram aos nazistas<br />
anti-semitas desde o início. Pelo contrário, tais países mais a Nigéria e a Turquia jamais<br />
aceitaram a Jihad e mantém boas relações com Israel, assim como o Líbano, até a sua<br />
destruição pela Síria e seus aliados do Hezbolá.<br />
[2] Ver www.rb.org.il/Islam-Israel/commentary/islam25.htm -<br />
[3] ver livro de Schechtman citado<br />
* Heitor De Paola é escritor e comentarista político, membro da<br />
International Psychoanalytical Association e Clinical Consultant, Boyer<br />
House Foundation, Berkeley, Califórnia, e Membro do Board of Directors<br />
da Drug Watch International. Possui trabalhos publicados no Brasil e<br />
exterior. E é ex-militante da organização comunista clandestina, Ação<br />
Popular (AP). Publicado em Mídia Sem Máscara. em 19 de março de 2003<br />
Sonia Velasco Grávalos *<br />
Dá-me vergonha dizer que sou<br />
espanhola… E tenho que dizer<br />
isso todos os dias porque vivo no<br />
estrangeiro.<br />
Dá-me vergonha que meu país<br />
seja o único governo ocidental<br />
democrático (a Venezuela e Cuba<br />
não podem se chamar de “democracias”<br />
propriamente ditas) que<br />
não condene o terrorismo e advogue<br />
pelo idílico slogan de buscar<br />
a paz a todo custo... a custo<br />
da morte e do sofrimento dos<br />
“malvados israelenses”.<br />
Dá-me vergonha a manifestação<br />
convocada pelo PSOE 1 em nome da<br />
Paz, mas sobretudo para propagar<br />
ainda mais o ódio contra Israel<br />
(bastante exacerbado já segundo<br />
os dados do European Monitoring<br />
Centre on Racism and Xenophobia<br />
2002-2003, que mostram a Espanha<br />
como o país mais anti-semita<br />
no ranking europeu).<br />
Dá-me vergonha que a ignorância<br />
e cegueira do meu ex-conciliador<br />
e risonho presidente arraste<br />
uma multidão de idealistas enganados<br />
à rua para defender a mesma<br />
índole dos terroristas fanáticos<br />
que fizeram o atentado de 11<br />
de Março; indivíduos que a única<br />
coisa que buscam é matar a maior<br />
quantidade possível de “infiéis” e<br />
causando o maior dano possível,<br />
que se sentem orgulhosos de que<br />
seus filhos morram e se imolem por<br />
Alá, e que não duvidariam em desfazer-se<br />
de todos os pró-palestinos<br />
infiéis que saem hoje às ruas,<br />
se não fosse porque os usam como<br />
plataforma de legitimização de sua<br />
jihad contra Israel.<br />
Dão-me vergonha as reclamações<br />
dos que convocam a manifestação.<br />
Aparte da sempre pacifista<br />
esquerda, defensora dos pobres<br />
e desvalidos terroristas, estão<br />
os lemas reivindicatórios dos<br />
direitos... e cito textualmente:<br />
“das populações que aspiram viver<br />
em paz e com dignidade” das<br />
ONG’s de plantão, como a Federação<br />
das Associações de Direitos<br />
Humanos (onde estão os direitos<br />
humanos dos israelenses<br />
que morrem nas escolas, restaurantes,<br />
centros comerciais, etc,<br />
devido às bombas dos abduzidos<br />
kamikazes ou dos Kassam ou Ka-<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Opinião de uma<br />
jornalista espanhola<br />
tiushas lançados pelos indefensos<br />
“palestinos” detidos nas prisões<br />
israelenses?) ou como a Associação<br />
Hispano-Palestina “Jerusalém”<br />
(promotora do boicote<br />
contra os produtos de Israel baseando-se<br />
no mito do “pobre palestino<br />
explorado e assassinado<br />
pelo “lobby judaico opressor”).<br />
Dá-me vergonha que a Espanha<br />
concorde com as opiniões de<br />
Castro e Chávez em sua recusa na<br />
responsabilidade do Hezbolá no<br />
ultimo conflito, que posições<br />
como esta se somem à sua política<br />
internacional de aproximação<br />
com países que financiam o<br />
terrorismo, e que controlam as<br />
liberdades e oprimem os seus<br />
cidadãos, e que não titubeiam<br />
em declarar que “Israel perpetra<br />
um verdadeiro genocídio” (palavras<br />
textuais do presidente venezuelano)<br />
quando houve 926<br />
ataques do Hezbolá indiscriminados<br />
contra Israel, sem distinguir<br />
entre soldados e civis, frente<br />
aos 1320 ataques das Forças<br />
Armadas de Israel contra os redutos<br />
e instalações dos terroristas,<br />
assim como contra as infraestruturas<br />
libanesas utilizadas<br />
livremente pelos terroristas para<br />
continuar seus ataques.<br />
Mas o que mais vergonha me<br />
dá é que seja o mesmíssimo governo<br />
da nação o que convoca um<br />
protesto em defesa do Hezbolá, um<br />
grupo terrorista que iniciou a escalada<br />
com o bombardeio do norte<br />
de Israel e o seqüestro dos soldados,<br />
e que há mais de 20 anos<br />
vem atentando contra um Estado<br />
democrático.<br />
E por último, dá-me vergonha<br />
a pouca vergonha que tem o sr.<br />
Moratinos ao declarar recentemente<br />
o seguinte: “Os judeus<br />
deveriam agradecer a preocupação<br />
e o compromisso” da Espanha<br />
com a própria segurança de<br />
Israel, “não está no bom caminho”<br />
e suas ações unilaterais não<br />
têm lhe trazido mais segurança,<br />
mas, ao contrário, “deram asas ao<br />
Hezbolá e o Hamas, que consideraram<br />
que é a resistência a única<br />
maneira de obter a paz”.<br />
* Sonia Velasco Grávalos é<br />
jornalista e tradutora espanhola<br />
residente no Brasil.<br />
15
16<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
OLHAR<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
HIGH-TECH<br />
○<br />
Bíblia, base para descoberta de antiviral<br />
A leitura do Velho Testamento levou<br />
o cientista israelense, professor Michael<br />
Ovadia, da Universidade de Tel<br />
Aviv, a uma grande descoberta. Ao<br />
ouvir uma passagem explicando que<br />
o Sumo Sacerdote (Cohen) preparava<br />
um óleo sagrado a base de canela<br />
para passar no corpo, antes do sacrifício<br />
de animais, encontrou a chave,<br />
que mudou o rumo de suas pesquisas,<br />
após 40 anos de estudos sobre<br />
as propriedades medicinais dos<br />
venenos de cobra, como antivirais.<br />
‘Imaginei que esse óleo, preparado<br />
com canela e outros condimentos,<br />
tivesse a função de evitar que os<br />
agentes infecciosos se espalhassem’.<br />
Há sete anos começou as pesquisas<br />
para testar sua descoberta e a teoria<br />
de que o extrato de canela tem propriedades<br />
que podem ser usadas para<br />
combater infecções virais, indo desde<br />
o HIV à gripe aviária. (Israel21C/<br />
Embaixada de Israel no Brasil).<br />
Spray contra gripe aviária,<br />
para aeroportos<br />
Estudos avançados de laboratório<br />
comprovaram o poder de imunização<br />
do extrato de canela, em embriões de<br />
frango e em relação a outros vírus.<br />
Agora, a multinacional Frutarom, sediada<br />
em Israel, está comercializando<br />
o extrato e planeja desenvolver<br />
uma série de produtos para aplicações<br />
diversas, que incluem um spray contra<br />
a gripe aviária para aeroportos,<br />
um suplemento diário para proteger<br />
as pessoas contra a gripe comum, e a<br />
imunização para doenças nos embriões<br />
de frangos. As pesquisas prosseguirão,<br />
sob a coordenação do professor<br />
Ovadia. (Israel21C/Embaixada de Israel<br />
no Brasil).<br />
Robô para combater câncer<br />
O trabalho de dois jovens cientistas<br />
de Haifa, ao norte de Israel, atraiu holofotes<br />
do mundo inteiro. Eles inventaram<br />
um robô, com aparência de inseto,<br />
capaz de se agarrar às paredes<br />
dos vasos sanguíneos mesmo contra a<br />
corrente. Com um milímetro de diâmetro<br />
e quatro de comprimento, a novidade,<br />
já testada em tubos plásticos e<br />
artérias de animais, é movida por um<br />
campo magnético, que controla o mo-<br />
vimento e a velocidade, sem a necessidade<br />
do uso de cabo ou bateria. Ele<br />
poderia, por exemplo, levar uma partícula<br />
radioativa a um lugar específico,<br />
no tratamento de câncer, ao invés<br />
da quimioterapia que afeta o corpo<br />
todo. O próximo passo, em dois ou três<br />
anos, serão os testes clínicos com seres<br />
humanos. (Jornal Alef).<br />
DVD com 1 terabyte de armazenagem<br />
A empresa israelense Mempile, de Jerusalém,<br />
anunciou um protótipo de<br />
disco ótico tão fino quanto um DVD<br />
capaz de armazenar 1 terabyte de dados.<br />
Isso foi possível, porque o disco<br />
semitransparente conta com 200 camadas<br />
de 5 Gb cada. Com essa capacidade<br />
a mídia é capaz de guardar mais<br />
de 250 mil MP3s, 115 filmes em alta<br />
qualidade de DVD ou 40 de HD. Ao<br />
contrário dos DVDs normais, as camadas<br />
não estão agrupadas de forma física,<br />
mas virtualmente. A tecnologia<br />
utiliza moléculas sensíveis à luz denominadas<br />
cromóforos para criar matrizes<br />
semelhantes a hologramas e, assim,<br />
atingir a capacidade de 1 Tb. De acordo<br />
com a companhia, o valor é conseguido<br />
usando lasers vermelhos, podendo<br />
ser ampliado para 5 Tb caso haja<br />
uma transição para os lasers azuis (usados<br />
nos discos de alta definição, como<br />
o Blu-ray e o HD DVD). (The Future of<br />
Thing - www.tfot.info).<br />
DVD com 1 terabyte - II<br />
“De iPods ao Tivo, a quantidade de conteúdo<br />
digital gravado e guardado pelos<br />
consumidores em suas casas cresce como<br />
nunca. O problema é que a informação<br />
acaba armazenada em várias ilhas em<br />
vários equipamentos assim como também<br />
nos PCs, que geralmente funcionam<br />
como um repositório central de todos<br />
esses conteúdos espalhados, com o risco<br />
inerente de o HD sofrer algum dano”,<br />
disse o CEO da Mempile, Avi Huppert.<br />
“O TeraDisc, pela primeira vez, permite<br />
que os usuários armazenem um terabyte<br />
de dados em um único disco, do tamanho<br />
de um DVD, por uma fração do preço<br />
das soluções alternativas no mercado”,<br />
completou. A empresa planeja apresentar<br />
um protótipo funcional em 18<br />
meses. Um ano depois disso, o TeraDisc<br />
deverá chegar ao mercado consumidor,<br />
por cerca de US$ 3 mil. Já os discos de<br />
600 Gb devem variar entre US$ 30 e US$<br />
50. (The Future of Thing - www.tfot.info).<br />
Caos em Gaza leva palestinos<br />
a querer a volta da ‘ocupação’<br />
Numa nota publicada no jornal<br />
Haaretz, o conhecido jornalista e<br />
especialista em temas palestinos<br />
Abi Isacharof, conta em detalhes<br />
as lutas internas palestinas que estão<br />
ferindo o povo palestino nos<br />
últimos meses.<br />
São vários os grupos que disputam<br />
o controle da Faixa de Gaza.<br />
A rivalidade entre o Fatah e o Hamas<br />
é uma delas, mas há também<br />
outros grupos criminosos que disputam<br />
as ruas, o controle dos negócios<br />
como a prostituição, o comércio<br />
de drogas e outros aspectos<br />
da vida dos palestinos.<br />
Dezenas de cafés com internet<br />
foram incendiados nos últimos meses.<br />
Cresce dia-a-dia o número de<br />
cidadãos que andam armados nas<br />
ruas, alguns deles com granadas.<br />
Os habitantes de Gaza queixamse<br />
da falta de segurança e de uma<br />
força que ponha ordem no caos que<br />
reina no território controlado unicamente<br />
pelos palestinos.<br />
Segundo cita a nota, uma organização<br />
de direitos humanos com<br />
base em Ramallah, assegura que desde<br />
o início deste ano morreram em<br />
lutas internas 63 palestinos e outros<br />
400 ficaram feridos.<br />
Isacharof cita um jornalista palestino<br />
de quem não dá o nome por<br />
razões de segurança, que diz: “Há<br />
hoje em dia duas possibilidades que<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
Diário de um<br />
Skinhead<br />
Antonio Salas – Ed. Planeta (Brasil)<br />
Antonio Salas é o pseudônimo de um jornalista<br />
espanhol que não se identifica e que é<br />
famoso em seu país por suas reportagens especiais,<br />
ao estilo de Tim Lopes (que, aliás, é<br />
citado logo no inicio do livro). Ele passou um<br />
ano infiltrado nas gangues de neonazistas de<br />
Madri e revela as conexões políticas destes com<br />
partidos de extrema-direita, a relação com os<br />
muçulmanos, revelações sobre os negacionistas,<br />
torcidas de futebol etc. E faz também uma<br />
formidável comparação dos skinheads com os<br />
militantes de extrema-esquerda.<br />
surgem desta situação: que apareça<br />
alguém forte que não se importe de<br />
enfrentar os bandos criminosos, ou<br />
a ocupação israelense”.<br />
“Muitas pessoas na Faixa de Gaza<br />
têm esperança de que Israel a conquiste<br />
de novo, já que no tempo da<br />
ocupação este tipo de coisas não<br />
aconteciam”.<br />
Além disso, alguns milhares de<br />
palestinos trabalhavam nos campos<br />
de cultivo dos israelenses em Gaza<br />
antes que fosse desalojada de judeus<br />
pelo governo de Sharon.<br />
“Em Gaza não há lei. Ninguém<br />
fala das possibilidades de abanicos<br />
nas negociações com Israel ou<br />
sobre a libertação de prisioneiros.<br />
Todos se perguntam quem matou<br />
quem e como foi”.<br />
Isacharof culmina dizendo no fecho<br />
de sua nota: “Na situação econômica<br />
difícil que vive a Faixa, não<br />
poucos palestinos procuram disparar<br />
foguetes Kassam sobre Israel, não<br />
por um cálculo ideológico; o chefe<br />
de uma unidade de lançadores de<br />
foguetes recebe das organizações<br />
terroristas cerca de 5.000 dólares...<br />
Um membro da unidade recebe algumas<br />
centenas de dólares, a ‘armadilha’<br />
econômica é incrível. Aos que<br />
disparam pouco lhes importa se o<br />
foguete conseguiu acertar o alvo ou<br />
não. O que lhes importa mais é retorne<br />
a ocupação israelense.<br />
LIVRO
Apoiando a educação para a paz na AP?<br />
Itamar Marcus e Barbara Crook *<br />
ualquer pessoa que deseje<br />
a paz ficaria horrorizada<br />
com o conteúdo da<br />
mais recente série de livros<br />
escolares palestinos.<br />
Em muitos aspectos, estes<br />
novos livros para o 12º grau, escrito<br />
por pedagogos palestinos designados<br />
pelo Fatah, são os piores livros<br />
de ensino produzidos pela Autoridade<br />
Palestina desde 2000.<br />
Estes livros mais recentes negam<br />
o direito de Israel existir, antecipam<br />
sua destruição e definem o conflito<br />
com Israel como religioso, e não<br />
meramente territorial.<br />
Como mostramos em nosso mais<br />
recente “Conflito Religioso”, a divisão<br />
ideológica entre o Fatah e o<br />
Hamas parece estar desaparecendo.<br />
O Hamas sempre definiu sua<br />
guerra com Israel como religiosa e<br />
existencial, e agora isso é o que<br />
todas as crianças palestinas aprenderão<br />
na escola: “Ribat [oração]<br />
para Alá é uma das ações relacionadas<br />
à jihad para Alá, e significa:<br />
estando em áreas onde há uma luta<br />
entre os muçulmanos e os seus inimigos.<br />
A resistência do povo Palestino<br />
em sua terra, nestes dias...<br />
é o maior dos ribat.” (Educação islâmica,<br />
grau 12, pág., 86-87).<br />
O conflito palestino com Israel<br />
é um ribat único e eterno com um<br />
destino islâmico especial: “A razão<br />
para esta preferência [do ribat palestino]<br />
é que as batalhas momentosas<br />
na história islâmica aconteceram<br />
na sua terra”.<br />
E sobre quando haverá paz com<br />
Israel? Nunca, de acordo com os livros<br />
escolares: “Os habitantes [da<br />
Palestina] estão numa luta constante<br />
com os seus inimigos, e eles<br />
se encontram em ribat até o Dia de<br />
Ressurreição”.<br />
O direito de existir de Israel é<br />
negado e a fundação de Israel é<br />
chamada de roubo: “A guerra da<br />
Palestina terminou com uma catástrofe<br />
sem precedentes na história,<br />
quando gangues sionistas roubaram<br />
a Palestina e expulsaram seu<br />
povo de suas cidades, suas aldeias,<br />
suas terras e suas casas, e estabeleceram<br />
o Estado de Israel” (Língua<br />
árabe, Análise, Literatura e Crítica,<br />
grau 12, pág., 104). Israel é<br />
chamado de “A entidade sionista”<br />
e “inimigo sionista”. A existência<br />
de Israel desde 1948 é uma “ocupação”.<br />
(pp de ibid. 104, 122).<br />
O conflito terminará eventualmente<br />
— não com a paz, mas<br />
com a destruição de Israel, efetuada<br />
pelos palestinos de todas<br />
as idades: “A Palestina será liberada<br />
por seus homens, suas mulheres,<br />
seus jovens e seus anciãos”.<br />
(Língua árabe e Ciência da<br />
Linguagem, grau 12, pág., 44).<br />
Os livros antecipam esta destruição<br />
futura de Israel pintando<br />
um quadro para as crianças palestinas<br />
de um mundo no qual Israel<br />
já não existe. O espaço de Israel é<br />
marcado como “a Palestina” em<br />
todos os mapas, e “a Palestina” é<br />
definida como um dawla — a palavra<br />
árabe para “estado”, não uma<br />
região geográfica.<br />
É dito que este “estado” tem acesso<br />
à água em ambos os mares, o Mediterrâneo<br />
e o Vermelho, uma situação<br />
possível apenas em um mundo<br />
sem Israel. (Geografia Física e Geografia<br />
Humana, grau 12, pág., 105).<br />
Da mesma forma, o tamanho da<br />
“Palestina”, o “estado,” é dito que<br />
tem mais de 10.000 km 2 , uma situação<br />
só possível se Israel não existir,<br />
uma vez que o território da margem<br />
Ocidental e a Faixa de Gaza somam<br />
juntos 6.220 km 2 .<br />
Porque Israel não tem direito de<br />
existir, e deve ser combatido e até a<br />
destruição pelo Islã, a violência e o<br />
terror contra Israel, desde sua fundação<br />
são justificados e glorificados<br />
como muqawama, resistência: “A<br />
tragédia da Palestina de 1948… e<br />
posteriormente a muqawama na qual<br />
os habitantes fizeram atos de heroísmo<br />
mais glorioso e sacrifício”. (Língua<br />
árabe, Análise, Literatura e Comentário,<br />
grau 12 pág. 105).<br />
O mundo encolheu-se em horror<br />
à conferência iraniana da negação<br />
do Holocausto. Mas os novos livros<br />
didáticos da Autoridade Palestina<br />
ensinam a Segunda Guerra Mundial<br />
sem o Holocausto. Há detalhes extensos<br />
sobre a história da guerra,<br />
lições sobre a “teoria da raça” nazista<br />
e até mesmo mencionam “um tribunal<br />
internacional para levar a julgamento<br />
os velhos líderes nazistas<br />
como criminosos de guerra”. (A História<br />
dos árabes e o Mundo no Século<br />
20, grau 12, pág., 46).<br />
Entretanto, os livros não mencionam<br />
por que os nazistas foram julgados,<br />
ou que sua “teoria da raça”<br />
envolveu a eliminação de judeus e<br />
outras minorias.<br />
Está claro que os mais recentes<br />
livros didáticos escolares da Autoridade<br />
Palestina são uma receita trágica<br />
para a guerra incessante. Israel<br />
é apresentado como um inimigo ilegítimo<br />
a ser odiado, combatido e<br />
destruído. Até mesmo o estudante<br />
mais bem-intencionado fica sem justificativa<br />
ou opção religiosa para<br />
aceitar Israel como um vizinho para<br />
viver lado a lado em paz.<br />
Por conseguinte, qualquer um que<br />
esteja verdadeiramente interessado<br />
na paz e na educação para a paz deveria<br />
ficar alarmado com estes novos<br />
livros, repudiar este material de<br />
ódio e exigir que os livros sejam descontinuados<br />
e reescritos. A senadora<br />
norte-americana Hillary Clinton<br />
disse recentemente que este currí-<br />
culo, junto com mídia da Autoridade<br />
Palestina visam as crianças, “basicamente<br />
e profundamente envenenar<br />
a mente destas crianças” e que<br />
estes livros são “um doutrinamento,”<br />
não uma educação.<br />
Mas um grupo judaico americano,<br />
Brit Tzedek v’Shalom — Aliança<br />
<strong>Judaica</strong> para a Justiça e Paz —<br />
apressou-se em defender esses livros<br />
escolares cheios de ódio.<br />
Como informou a Jewish Telegraphic<br />
Agency (Agência Telegráfica <strong>Judaica</strong>),<br />
o grupo escreveu à senadora<br />
Clinton para pedir-lhe que “reexaminasse<br />
suas declarações de que os livros<br />
escolares palestinos doutrinam<br />
o ódio”. O grupo argumenta que os<br />
livros encorajam “uma solução pacífica<br />
para o conflito, e são melhores<br />
que aqueles usados na maioria do<br />
mundo árabe porque eles ‘endossam<br />
a democracia’”.<br />
Esta defesa superficial dos livros<br />
da Autoridade Palestina, comparada<br />
com o bem-documentado relatório de<br />
35 páginas da PMW (Palestinian Media<br />
Watch [Vigilância da Mídia Palestina,<br />
uma ONG que monitora a atividade<br />
da informação na palestina]),<br />
com suas descrições de linha por linha<br />
da educação para o ódio, nos<br />
deixa com a forte impressão de que<br />
ninguém daquele grupo leu de fato<br />
os livros escolares ou o relatório da<br />
PMW. Nesse caso, a ânsia do grupo<br />
em defender estes novos textos novos<br />
é irresponsável.<br />
É difícil e custa crer que o Brit<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Tzedek v’Shalom tenha de fato estudado<br />
estes livros didáticos do 12º<br />
grau e esteja endossando seriamente<br />
um currículo educacional que<br />
nega o direito de Israel, justifica<br />
terror e promete uma batalha religiosa<br />
eterna para a destruição de Israel,<br />
defendendo e estimulando conscientemente<br />
o assassinato.<br />
Tragicamente, a Autoridade Palestina<br />
irá explorar a aprovação por<br />
este imprudente grupo judaico de<br />
seus textos novos. Pode o Brit Tzedek<br />
v’Shalom estar assim tão determinado<br />
a ponto de cegamente promover<br />
a causa palestina, defendendo<br />
até mesmo o indefensível? No<br />
passado, grupos como Brit<br />
Tzedek v’Shalom criaram<br />
suficiente incerteza<br />
sobre a educação<br />
para o ódio da Au-<br />
toridade Palestina<br />
para aliviar pressão<br />
internacional<br />
sobre os líderes<br />
palestinos para<br />
que buscassem educação<br />
para a paz.<br />
Nosso desafio ao<br />
Brit Tzedek v’Shalom: Se<br />
vocês são tão dedicados<br />
à paz como somos nós, vocês têm a<br />
obrigação moral de retratar-se publicamente<br />
de sua defesa dos livros<br />
sancionados pela Autoridade Palestina,<br />
descritos acima e exigir, por<br />
outro lado, que a Autoridade Palestina<br />
procure a educação para a paz.<br />
França<br />
Agressões contra judeus<br />
cresceram 45% em 2006<br />
As agressões físicas contra judeus<br />
na França aumentaram 45%<br />
em 2006, informou recentemente<br />
o Conselho Representativo das Instituições<br />
<strong>Judaica</strong>s da França (Crif).<br />
O aumento é interpretado como<br />
“inquietante” pelo Crif, que considera<br />
o futuro “incerto”, devido, fundamentalmente,<br />
à atualidade geopolítica<br />
e especialmente ao conflito<br />
entre israelenses e palestinos.<br />
Os ataques contra judeus na<br />
França passaram dos 77 registradas<br />
em 2005 para 112 ocorridos<br />
em 2006. O levantamento foi feito<br />
com base nos números do Serviço<br />
de Proteção da Comunidade<br />
<strong>Judaica</strong> (SPCJ).<br />
Este serviço abastece sua base<br />
de dados com denúncias recebidas<br />
diretamente da comunidade<br />
judaica em seu “telefone verde”,<br />
que são comparadas com os números<br />
do Ministério do Interior<br />
francês, afirmou o Crif.<br />
O início de 2006 esteve marcado<br />
de forma dramática pelo seqüestro<br />
e assassinato de Ilan Halimi,<br />
um jovem judeu que foi torturado<br />
até a morte.<br />
Até março deste ano, as estatísticas<br />
mostraram um aumento<br />
de atos anti-semitas, o que o Crif<br />
interpreta como uma “espécie de<br />
mimetismo” em relação à morte<br />
de Halimi.<br />
O conflito no Líbano gerou um<br />
novo aumento da violência contra<br />
judeus na França, o que se<br />
manteve em <strong>setembro</strong> e coincidindo<br />
com datas comemorativas desta<br />
comunidade, acrescentou o Crif.<br />
* Itamar Marcus e Barbara<br />
Crook são os diretores<br />
associados da Palestinian<br />
Media Watch (PMW).<br />
17
18<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Ida Axelrud, a terceira presidente do Snif Curitiba, será homenageada<br />
pela Na’amat Pioneiras, com um jantar no dia 27 de outubro às 20<br />
horas no CIP. Adesões pelos fones: 3222 1281 e 3242 6056.<br />
Nasceu Luana Slud em plena véspera de Rosh Hashaná. Aos pais,<br />
Eduardo e Cíntia e aos avôs desejamos Mazal Tov!<br />
No dia 3 de <strong>setembro</strong>, Jack Terpins, presidente da Confederação Israelita<br />
do Brasil (CONIB) e do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL)<br />
recebeu o Prêmio Cicla, homenagem concedida à pessoas que se<br />
destacam por seus méritos na vida comunitária em geral, e na judaica,<br />
especificamente.<br />
Jack Terpins recebido pelo presidente de Israel, Shimon Peres<br />
A cerimônia de entrega do prêmio acontece em Israel, a cada dois<br />
anos, e a distinção recai sempre sobre personalidades israelenses e<br />
latino-americanas, dentre os agraciados destaca-se a jornalista<br />
Pilar Rahola, colaboradora deste jornal.<br />
Segundo a CICLA - Centro Israelense para as Comunidades Ibero-Americanas,<br />
Terpins recebeu a honraria por seu trabalho e<br />
aporte às comunidades judaicas brasileira e latino-americana,<br />
como presidente de tais, por sua participação e desenvolvimento<br />
como judeu e dirigente comunitário, por seus esforços contínuos<br />
no sentido de estreitar e reforçar cada vez mais os laços<br />
entre as comunidades da Diáspora e Israel, através de programas<br />
e atividades, entre outras, que propiciam a formadores de<br />
opinião e lideranças, um conhecimento real e mais apurado<br />
acerca de Israel e da comunidade judaica.<br />
Dois reparos que precisam ser feitos. A primeira: Na edição de<br />
agosto (nº 59, na nota desta coluna em que se referia ao barmitzvá<br />
Justin Greenblatt, por engano registramos que seu pai fora<br />
chamado à Torá, quando na realidade, foi o bar-mitzvando Justin,<br />
filho de Brian e Corrine Greenblatt.<br />
A segunda retificação: Na edição de maio (nº 56) publicamos<br />
nesta coluna que o novo Embaixador do Brasil em Israel recebeu<br />
suas credenciais das mãos da Presidente de Israel. Na verdade, o<br />
Embaixador do Brasil, Pedro Mota, é que entregou as credencias à<br />
então Presidente. Houve somente um reduzido número de diplomatas<br />
brasileiros credenciados em Israel. Depois da cerimônia houve<br />
uma recepção, oferecida aos embaixadores, que naquele dia apresentaram<br />
as suas credencias.<br />
Sob o patrocínio da FIERJ - Federação Israelita do Estado<br />
do Rio de Janeiro, o Clube Monte Sinai realizou no domingo<br />
26/8 a Exposição Temática de Materiais Didáticos do Yad Vashem,<br />
abrangendo livros, CDs, DVDs, Mapas, posters, álbuns,<br />
guias para professores do primário à universidade. Foi também<br />
promovida uma Campanha de Coleta de Nomes de Vítimas<br />
e Sobreviventes. Monitores, devidamente treinados, atenderam<br />
o publico, estudantes e professores informando e auxiliando<br />
no preenchimento das Paginas de Testemunho. O<br />
Yad Vashem produziu especialmente para o evento um cartaz<br />
de divulgação em português. Foram cadastrados professores<br />
e ativistas formadores de opinião para participar de seminários<br />
no Brasil e no Yad Vashem, em Jerusalém, e servir como<br />
agentes multiplicadores.<br />
Estiveram presentes representações de organizações e entidades<br />
civis e militares, entre os quais da Diretoria de Assuntos<br />
Culturais do Exercito, Monumento Nacional aos Mortos<br />
da Segunda Guerra Mundial, Museu Militar Conde de Linhares,<br />
Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de<br />
Janeiro, Batalhão Naval da Fortaleza de São José (Corpo de<br />
Fuzileiros Navais), Bateria de Comando da Artilharia Divisionária<br />
(Fortaleza de Santa Cruz, Niterói), esta em uniformes<br />
históricos, Colégio Militar do Rio de Janeiro, com os alunos<br />
e alunas em seus tradicionais uniformes de gala garance,<br />
Destacamento de Bombeiros Militares 3/11 – Tijuca, 6º Batalhão<br />
da PMERJ – Andaraí, Grande Loja Maçônica do Estado<br />
do Rio de Janeiro, Organização Sionista do Brasil, Fundação<br />
Osório, Associação Nacional dos Veteranos da Força<br />
Expedicionária Brasileira, Amigos do Memorial Judaico de<br />
Vassouras, Chevra Kadisha, Associação dos Ex-Combatentes<br />
do Brasil, Associações dos Veteranos de Tropas de Paz das<br />
Nações Unidas – OEA, Associação dos Veteranos do Batalhão<br />
Suez e Associação dos Ex-Alunos do CPOR/RJ.<br />
Israel Blajberg fala durante as comeorações da Semana da Pátria<br />
no Clube Monte Sion, no Rio<br />
Ainda a Federação Israelita do Rio de Janeiro e o Centro<br />
Cultural Esportivo e Recreativo Monte Sinai por ocasião da<br />
Semana da Pátria homenagearam as Forças Armadas Brasileiras<br />
e os Veteranos da Segunda Guerra Mundial em nome da<br />
Comunidade <strong>Judaica</strong> Fluminense, por intermédio de seus respectivos<br />
presidentes da FIERJ, Sérgio Niskier e do Monte Sinai,<br />
Altamiro Zymerfogel.<br />
Foto: Lourival Ribeiro<br />
À esquerda, o rabino Shabsi Alpern, do Beit Chabad Central, de<br />
São Paulo, e entre d. Marisa e Lula, Isac Baril, presidente da<br />
Federação Israelita do Paraná<br />
No dia 19/9 o presidente Lula recebeu uma delegação de<br />
líderes erabinos da comunidade judaica brasileira e latinoamericana<br />
e rabinos de São Paulo e do Rio de Janeiro,<br />
encabeçada por Jack Terpins, presidente do Congresso Judaico<br />
Latino-Americano/CJL e Confederação Israelita do<br />
Brasil /CONIB e por seu vice-presidente e presidente do<br />
Hospital Albert Einstein, Cláudio Lottenberg.<br />
Na oportunidade Terpins, os rabinos e os presidentes das<br />
federações israelitas receberam os cumprimentos de Lula<br />
pela passagem do Ano Novo Judaico de 5768. O presidente<br />
também tocou o shofar, ouvindo a explicação<br />
dos rabinos sobre o fato de que esse que é um dos<br />
períodos mais significativos do calendário judaico,<br />
quando D-us sela o destino de cada um, dando o seu<br />
veredicto no Iom Kipur, Dia do Perdão.<br />
Estiveram presentes os presidentes da federações de<br />
São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul,<br />
Ceará e Distrito Federal, respectivamente, Boris Ber,<br />
Sergio Niskier, Isac Baril, Henry Chmelnitsky, Arnaldo<br />
Len e Leslie Sasson; mais Cláudio Epelman, representante<br />
do Congresso Judaico Latino-Americano, além<br />
jovens líderes do Chile, Argentina e Brasil, e Abram<br />
Goldstein da B’nai B’rith do Brasil, além de rabinos.<br />
No dia 5/9 a FIERJ e o Monte Sinai realizaram no<br />
clube uma mesa redonda “Conversando com Veteranos<br />
da II Guerra Mundial”, com a presença da major<br />
Elza Cansanção Medeiros, dos tenentes Israel Rosenthal,<br />
José Candido (Candinho) da Silva e Melchisedech<br />
Affonso de Carvalho, além do capitão Osias Machado<br />
da Silva. Houve uma exposição em que a comunidade<br />
judaica homenageou a “Semana da Pátria”, as<br />
Forças Armadas e os Veteranos Brasileiros da II Guerra<br />
Mundial. A Banda de Música da Escola de Instrução<br />
Especializada se apresentará durante o evento.<br />
A comissão julgadora do concurso “O que é a Wizo”,<br />
promovido pela Wizo Paraná reuniu-se no dia 17/9 no<br />
CIP para avaliar e selecionar os trabalhos vencedores<br />
entre os trabalhos concorrentes, produzidos por estudantes<br />
judeus das 7ªs e 8ªs série do primeiro grau. Os<br />
vencedores serão anunciados durante Simchat Torá na<br />
Sinagoga do CIP, dia 5/10, para o qual todos os participantes<br />
e seus pais estão convidados. A comissão julgadora<br />
foi integrada por Sara Kulisch, Tânia Baibich,<br />
Ilana Lerner Hoffmann, Clara Grinberg e Szyja Lorber.<br />
O lançamento do livro “A Travessia da Terra Vermelha”<br />
— Uma saga dos refugiados judeus em Rolândia,<br />
e a palestra do autor, o jornalista e escritor<br />
Lucius de Mello foram um sucesso e atraíram muita<br />
gente da comunidade na segunda-feira 3/9 ao auditório<br />
do CIP, num evento promovido pelo Instituto<br />
Cultural Judaico-Brasileiro Bernardo Schulman.<br />
O autor falou sobre seu extenso trabalho de<br />
pesquisa, exibiu algumas fotos de seu livro, e foi<br />
muito aplaudido ao final. Ele autografou os exemplares<br />
vendidos. Depois, foi oferecido um coquetel<br />
aos presentes.<br />
Nasceu dia 6/9/2007, em Curitiba, Murilo, filho<br />
de Fabielle Marcovici Almeida e Edílson Almeida.<br />
O bebê fofinho deixou encantados os avós paternos<br />
e maternos.<br />
Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
Foto: Szyja Lorber<br />
O historiador Lucius de Mello, Sara Schulman e Célia<br />
Galbinsky, presidente e mestre de cerimônias do Instituto<br />
Cultural Bernardo Schulman, e Ester Proveller, presidente<br />
da Kehilá
jornalista Nahum Sirotsky,<br />
que vive em Israel,<br />
é correspondente<br />
da rede RBS e colunista<br />
do Último Segundo do<br />
portal IG na internet,<br />
além de colaborador do jornal <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong>, foi condecorado, dia 25/8,<br />
pelo Exército brasileiro com a Medalha<br />
do Pacificador. A solenidade<br />
aconteceu na Embaixada do Brasil,<br />
em Tel-Aviv.<br />
Repórter com 64 anos de experiência<br />
no jornalismo, foi testemunha<br />
e escreveu sobre a história recente<br />
do Brasil e de Israel, Sirotsky<br />
se acostumou com situações difíceis,<br />
como a dura realidade das<br />
guerras. Mas se emocionou na cerimônia<br />
de entrega da medalha, que<br />
contou com a presença de familiares,<br />
entre eles, do filho e dos netos.<br />
Sirotsky foi elogiado pelo embaixador<br />
Pedro Mota e pelo Adido<br />
militar brasileiro em Israel, coronel<br />
Luciano Puchalski, militar de família<br />
paranaense.<br />
Testemunha da história<br />
Em seu discurso, disse Nahum<br />
Sirotsky: “Agradeço ao Comandante<br />
do Exército brasileiro a grande honra<br />
que me concede com a Medalha<br />
do Pacificador, o Duque de Caxias,<br />
no Dia do Soldado Brasileiro, na presença<br />
do embaixador do Brasil”.<br />
“Todos aqui são mais jovens do<br />
que eu. Tenho 64 anos de jornalismo.<br />
Comecei em ‘O Globo’, em 1943.<br />
Entre outras missões me designaram<br />
para o Ministério da Guerra e o<br />
Ministério do Exterior, dois setores<br />
que pouco se manifestavam”.<br />
Relatando sobre o início de sua<br />
vida profissional declarou: “Na minha<br />
ignorância sobre o que deveria<br />
fazer, tentei imitar os repórteres<br />
americanos. No Ministério da Guerra<br />
procurei o lado humano da vida do<br />
militar. No Itamaraty ia de Divisão<br />
em Divisão, e perguntava verdadei-<br />
Nahum Sirotsky recebe<br />
Medalha do Pacificador<br />
ras imbecilidades. No fim de curto prazo,<br />
talvez devido à minha juventude,<br />
logo fiz amizades com jovens oficiais e<br />
generais. Conheci Juarez Távora, Góes<br />
Monteiro, os Estilac Leal, Zenóbio da<br />
Costa, o brigadeiro Eduardo Gomes, o<br />
general Cordeiro de Farias e muitos<br />
mais. Os generais me facilitaram visitas<br />
que mudaram minha maneira de<br />
pensar. Creio ser dos poucos jornalistas<br />
sobreviventes que assistiram as manobras<br />
em Gericinó, preparatórias para<br />
o embarque da FEB para a Itália”.<br />
Falando sobre o Exército brasileiro,<br />
Nahum Sirotsky recordou que “um ministro<br />
da Guerra, general Eurico Dutra,<br />
se elegeu presidente da República. Entre<br />
os oficiais, alguns, chegaram a chefe<br />
do Governo. Conheci pessoalmente Castelo<br />
Branco, Geisel, João Figueiredo.<br />
Dos militares, de soldados a generais,<br />
aprendi que ser patriota é servir. No<br />
Itamaraty também aconteceu o mesmo.<br />
Fui acolhido com todo o carinho por<br />
jovens diplomatas e embaixadores. Os<br />
diplomatas — a elite intelectual do<br />
Brasil na época — me ensinaram uma<br />
lição que tem sido fundamental em<br />
minha carreira. Ensinarem-me que só<br />
se entende com o que se sabe e, a<br />
partir daí, envergonhado por minha<br />
ignorância, dediquei-me a estudar re-<br />
lações internacionais, ciências políticas,<br />
economia e etc. E não parei até hoje”.<br />
“Fiz amizades preciosas como as<br />
de Roberto Campos, Edmundo Barbosa,<br />
Dias Costa, Guimarães Rosa, Vasco<br />
Mariz, Vasco Leitão, Pio Correa,<br />
Aluízio Bittencourt, Meira Pena, Sérgio<br />
Correa da Costa, e muitos outros.<br />
Um ministro, João Neves da Fontoura,<br />
foi meu padrinho de casamento e<br />
para isto veio à Sinagoga. Fui assessor<br />
de Campos quando embaixador em<br />
Washington, adido à Embaixada do<br />
Brasil em Israel. Cobri a ONU em Nova<br />
Iorque de 45 a 47. Fiz preciosa amizade<br />
com Oswaldo Aranha que até o<br />
fim da vida me recebia com carinho<br />
paternal. Ao Itamaraty devo o fato de<br />
que me empenhei em me educar. Os<br />
militares e os diplomatas brasileiros<br />
foram as maiores influências em minha<br />
vida”, declarou o jornalista.<br />
“Há outras lições apreendidas em<br />
minha até agora longa vida”, prosseguiu<br />
Sirotsky em seu discurso. “A de<br />
que a Pátria do homem é sua formação<br />
cultural e seus amigos. No meu caso, o<br />
Brasil, onde tive amigos inesquecíveis<br />
como Ney Braga. E mantenho contatos<br />
com inúmeros velhos e indispensáveis<br />
amigos que sustentam meu empenho<br />
no que faço, o ser jornalista”.<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Em tocante cerimônia, na Embaixada do Brasil em Tel-Aviv, o jornalista recorda os notáveis que conheceu<br />
O jornalista Nahum Sirotsky recebe a Medalha do Pacificador das mãos do coronel do<br />
Exército brasileiro Luciano Puchalski (E), em ato assistido pelo embaixador Pedro Mota<br />
e também pelo coronel Mário Sérgio Greskow (D) entre outros convidados<br />
Ser judeu<br />
Nahum Sirotsky reafirmou também sua<br />
condição judaica durante a homenagem. “A<br />
Pátria é Pai, a terra do Pai”, observou ele,<br />
acrescentando a seguir: “Mas, como é sabido,<br />
minha mãe era judia, o que me faz<br />
judeu e, num amplo sentido, sem nenhuma<br />
contradição com meu amor pelo Brasil, faz<br />
de Israel minha mãe pátria”.<br />
“Ser brasileiro é ser de um povo notório<br />
por ser fraternal, um povo que sabe<br />
amar, cantar e chorar, sem igual”, declarou,<br />
fazendo ele poesia com uma das qualidades<br />
inerentes do povo brasileiro.<br />
“Ser judeu é ter um vinculo direto com<br />
os Mandamentos e o monoteísmo com mais<br />
de mil anos de história”, sublinhou.<br />
“Ostentarei a Medalha do Pacificador<br />
com orgulho, por homenagear um militar<br />
que se dedicou a construir a unidade nacional,<br />
até hoje, a grande<br />
missão das Forças Armadas<br />
do Brasil. E no dia<br />
do Soldado... Meu D-us,<br />
jamais imaginei ser tão<br />
honrado”, emocionou-se<br />
mais uma vez.<br />
Amigos<br />
paranaenses<br />
Nahum Sirotsky, a<br />
propósito de sua condecoração,<br />
falando acerca<br />
do Brasil e do Paraná, ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />
fez questão de destacar que, em seus<br />
muitos anos de jornalismo, o grupo com o<br />
qual mais se aproximou e respeitou, foi o<br />
de Ney Braga, que insistia em chamá-lo de<br />
“meu filho”. Ele recorda também os melhores<br />
amigos que fez entre os paranaenses,<br />
como Leônidas Lopes Bório, Karlos Rischbieter,<br />
Maurício Schulman, Alexandre Fontanna<br />
Beltrão, José Richa e Saul Raiz. Sobre Ney<br />
Braga, diz: “Ele foi passado para traz na<br />
questão da Presidência. Teria sido dos grandes<br />
da história, como foi grande no Paraná.<br />
Tenho o maior carinho pelo Paraná, onde<br />
nunca vivi, mas meu filho trabalhava com o<br />
Jaime Lerner. Todos eles foram e continuam<br />
sendo importantes na minha vida”.<br />
19<br />
Na cerimônia de<br />
condecoração com a<br />
Medalha do<br />
Pacificador, a partir da<br />
esquerda, Cel. Luciano<br />
Puchalski, Adido Militar<br />
do Brasil em Israel, o<br />
jornalista Nahum<br />
Sirotsky, o Embaixador<br />
brasileiro Pedro Mota e<br />
o Cel. Mário Sérgio<br />
Greskow. Ambos os<br />
militares são de famílias<br />
do Paraná
20<br />
Alberto Mazor<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
* Alberto Mazor é argentino,<br />
emigrou para Israel e vive no Kibutz<br />
Meter. Licenciado em Ciências da<br />
Educação, História, História do Povo<br />
Judeu e Filosofia na Univ. de Afia, onde é<br />
catedrático. Educador e professor com<br />
mais de 25 anos de experiência, dirigiu o<br />
Dpto. Latino-americano de o Kibutz Arte<br />
Assumir Atrair (93-97), sheliach da<br />
Organização Sionista Mundial no México<br />
e do Movimento Juvenil Dor Chadash (80-<br />
84), representante da Agência <strong>Judaica</strong><br />
para o México e América Central (2000-<br />
2002). Escritor e jornalista, publicou<br />
artigos em diferentes jornais e revistas<br />
da Espanha e América Latina.<br />
Comunidade Internacional versus Israel<br />
Alberto Mazor *<br />
eria absurdo, mas é real;<br />
alguém se levanta de manhã,<br />
escuta as notícias no<br />
rádio, vê as imagens pela<br />
TV, acaba de ler e reler quase<br />
todos os jornais, semanários<br />
e revistas e não tem mais remédio<br />
que chegar à complicada conclusão de<br />
que há só um ítem, apenas um, capaz<br />
de formar coalizões tão estranhas que<br />
conseguem reunir sob um mesmo teto<br />
Hugo Chávez com Jacques Chirac, Fidel<br />
Castro com Rodríguez Zapatero, Irã<br />
com a União Européia, Grã Bretanha<br />
com a Coréia do Norte, o Granma com<br />
The New York Times ou Izvestia com<br />
qualquer jornal espanhol, boliviano ou<br />
a BBC… Problemas ecológicos? De forma<br />
alguna. A fome no mundo? Não,<br />
que seja!... É Israel ao agir.<br />
Assim, como “a gata de Dona Flora”,<br />
qualquer manobra que faça o Estado<br />
judeu, provenha esta de tal ou<br />
qual orientação política, quase sempre<br />
estará sujeita a críticas parciais,<br />
mal-intencionadas e unilaterais tanto<br />
dos diferentes meios como dos<br />
governantes e políticos de plantão.<br />
Aparentemente, se todo o mundo<br />
critica ou condena, alguém pensa…<br />
Bem, algo deve haver… Nunca<br />
há fumaça sem fogo…<br />
Entretanto, aqueles que são um<br />
pouco obstinados, aos que custam<br />
entender essas coalizões repentinas<br />
e estranhas, perguntam-se: se por um<br />
lado, quando Israel reage contra atos<br />
terroristas com mão dura, da mesma<br />
forma que faria qualquer país civilizado<br />
que se considere responsável<br />
pela segurança de seus cidadãos,<br />
atua de forma irresponsável, e de outro,<br />
quando abandona territórios<br />
conquistados com o objetivo de reativar<br />
um agônico processo de paz<br />
também é censurado, o que realmente<br />
está acontecendo?<br />
O que pode explicar<br />
então tais críticas<br />
constantes da<br />
maior parte da<br />
Comunidade<br />
Internacional<br />
contra<br />
Israel?<br />
Os terroristaspalestinos<br />
do<br />
Hamas,<br />
amparados<br />
por um governo<br />
eleito<br />
democraticamente,responderam<br />
à retirada<br />
dos colonos israelenses<br />
de Gaza em 2005, disparando<br />
constantemente foguetes Kassam<br />
contra cidadãos dentro de Isra-<br />
el. Há um ano mataram dois soldados,<br />
seqüestraram um terceiro, assassinaram<br />
a sangre frio um civil e<br />
prometeram continuar fazendo o mesmo<br />
a outros.<br />
O Hezbolá há um ano irrompeu<br />
com um intenso bombardeio de foguetes<br />
Katiushas sobre cidades e<br />
populações ao longo da fronteira<br />
internacional entre Israel e o Líbano<br />
determinada pela ONU, a qual gozava<br />
de uma relativa calma desde<br />
2000, após a retirada das forças judias.<br />
Ainda assim, o Hezbolá violou<br />
as leis internacionais invadindo o<br />
território israelense, assassinando e<br />
seqüestrando soldados.<br />
Seria de esperar que estes ataques<br />
terroristas contra Israel fossem vistos<br />
pelas nações responsáveis de<br />
maneira similar à violência jihadista<br />
que somos testemunhas diárias em<br />
todo o mundo, ou seja, como os islâmicos<br />
radicais que decapitam diplomatas<br />
russos na Chechênia, como<br />
o extermínio de milhares de vítimas<br />
inocentes em Nova York, Madri, Londres,<br />
Paris, Istambul ou Singapura,<br />
entre outros, ou como os que ameaçam<br />
com assassinatos por causa das<br />
caricaturas dinamarquesas.<br />
Mas esse não é o caso em absoluto.<br />
Israel é observado sempre como<br />
uma estranha exceção que, por alguma<br />
razão, faça o que faça, merece<br />
o que lhe acontece.<br />
Outros estados podem responder<br />
com impunidade, torturando ou matando<br />
de maneira brutal milhares de<br />
terroristas muçulmanos, enquanto Israel<br />
é condenado quando abate quem<br />
continuamente planeja feri-lo. Quando<br />
no final de 1999 os russos entraram<br />
à força em Grozny, milhares de<br />
muçulmanos da Chechênia morreram;<br />
mas a imprensa permaneceu praticamente<br />
em silêncio. Tanto a Síria de<br />
Hafez e Bashar al-Asad como o Egito<br />
de Anwar Sadat e de Hosni Mubarak<br />
observam há dezenas de anos os grupos<br />
da Irmandade Muçulmana, destruindo<br />
suas células e matando talvez<br />
a mais de 10.000 pessoas. Eles<br />
não provocam muitas resoluções da<br />
ONU ou esforços internacionais para<br />
ajudar os perseguidos.<br />
Até hoje, ninguém conhece a<br />
horrível cifra exata dos cadáveres por<br />
causa da insurreição islâmica na<br />
Arge'elia. Darfur, no Sudão, recebe<br />
por fim espaço na televisão de tempos<br />
em tempos, mas só depois que<br />
dezenas de milhares pereceram. Mas<br />
isso sim, o cerco à cidade de Jenin,<br />
na Cisjordânia, por parte de Israel<br />
em 2002, onde menos de 80 pessoas<br />
morreram no total, em ambos os lados,<br />
foi evocado como “genocídio”<br />
por parte dos mesmos que, no Oriente<br />
Médio, sempre negam o verdadeiro<br />
genocídio que ceifou as vidas de<br />
6 milhões de judeus.<br />
Quando Israel responde ao terrorismo<br />
por ar, é rotulado pela imprensa<br />
como “blitz”, como se fosse<br />
comparável ao bombardeio em massa<br />
nazista de Londres durante a Batalha<br />
da Inglaterra.<br />
A cerca de segurança fronteriça<br />
de Israel, que consegue diminuir os<br />
ataques terroristas, é denominada<br />
de “Muro de Berlim” pelos meios de<br />
comunicação espanhóis ou americanos,<br />
mas nunca se os vê descrever<br />
da mesma maneira a enorme e<br />
sofisticada paliçada erguida pela<br />
Espanhola em Melila para manter distante<br />
a miséria africana ou a cerca<br />
eletrônica colocada pelos EUA na<br />
sua fronteira com o México, tão longa<br />
como a esperança dos pobres<br />
chicanos que vêm nos miseráveis<br />
dólares que recebem dos gringos sua<br />
continuidade existencial.<br />
Depois está a ferida aberta, gangrenada<br />
e terrivelmente dolorosa dos<br />
territórios ocupados na Cisjordânia;<br />
mas esquecendo constantemente que<br />
toda uma série de guerras feitas para<br />
destruir Israel se originaram, em parte,<br />
da “Palestina”, ou que Israel<br />
entregou terra adquirida na guerra<br />
em sua estratégia continua de “terras<br />
por paz”.<br />
O que há de tão especial na Cisjordânia<br />
que engole todas as demais<br />
crises por causa de espaços em disputa<br />
- desde ilhas como Chipre ou<br />
as Malvinas até países inteiros como<br />
o Tibet? Porque o pequeno Israel tem<br />
mais resoluções condenatórias da<br />
ONU que todas as firmadas contra as<br />
demais nações do mundo juntas?<br />
Não é que Israel seja um estado<br />
criminoso. Durante mais de meio século<br />
tem sido a única democracia liberal<br />
no Oriente Médio; seu sistema<br />
judicial é invejável; os cientistas israelenses<br />
deram ao mundo uma infinidade<br />
de elementos com os quais é<br />
possível melhorar as atuais condições<br />
humanas de vida, desde os avanços<br />
mais sofisticados na medicina, na<br />
biologia, na ecologia ou na informática<br />
até a tecnologia das irrigações<br />
por gotejamento, entre outros.<br />
O petróleo explica parte desta<br />
estranha discrepância em como o<br />
mundo vê determinados países.<br />
Desvia-se da política. Reduzam<br />
vocês o petróleo árabe e iraniano<br />
— e portanto o risco de outro<br />
embargo petrolífero ou elevação<br />
de preços manipulados — e os temores<br />
ocidentais aos estados petroleiros<br />
do Oriente Médio se desvanecerão.<br />
O mero interesse próprio<br />
determina a política externa<br />
da maior parte das nações.<br />
O tamanho de Israel é também<br />
outro fator. Israel tem uma população<br />
não muito superior aos 7 milhões<br />
de habitantes e está rodeado por<br />
cerca de 350 milhões de árabes mu-<br />
çulmanos. A maior parte do mundo<br />
conta uns e outros e ajusta suas<br />
posturas em conseqüência.<br />
O antigo anti-semitismo é, claro,<br />
outro ingrediente que explica a<br />
animada aversão mostrada contra<br />
Israel. Os sensíveis multiculturais<br />
ocidentais nem sequer se preocupam<br />
que seus aliados árabes retratem com<br />
freqüência os judeus como porcos<br />
ou macacos nos meios de comunicação<br />
controlados pelo Estado.<br />
Obras odiosas como “Mein Kampf”<br />
ou “Os Protocolos dos Sábios de<br />
Sião” ainda são vendidos até esgotarem-se<br />
na Palestina, e o dinheiro<br />
iraniano e do Golfo continua subvencionando<br />
uma mini-indústria de<br />
revisionismo do Holocausto.<br />
Finalmente, como já sabem os<br />
norte-americanos por sua própria<br />
fronteira do sul, no mesmo momento<br />
em que uma nação bem sucedida<br />
de caráter ocidental limita com um<br />
país mais pobre do Terceiro Mundo,<br />
as emoções primordiais como a honra<br />
ou a inveja nublam a razão.<br />
Assim, ao invés de reconhecer<br />
que a democracia de corte ocidental,<br />
as liberdades pessoais ou a<br />
igualdade diante da lei explicam<br />
porque um Israel próspero e estável<br />
se levantou do pó e das pedras, os<br />
palestinos em particular e o mundo<br />
árabe em geral têm fixação com o<br />
sionismo, o colonialismo e o racismo.<br />
Não é de estranhar que o façam;<br />
sem este bode expiatório, teriam<br />
que enfrentar diretamente um<br />
tribalismo intratável, o apartheid do<br />
sexo, o terrorismo interno e o fundamentalismo<br />
religioso, enquanto<br />
constroem uma sociedade aberta<br />
baseada no mandato da lei.<br />
Em certo sentido, os valores e o<br />
êxito de Israel recordam, sobretudo,<br />
a epopéia americana ao longo<br />
de 230 anos com seus altos e seus<br />
baixos, seus êxitos e seus fracassos,<br />
suas forças e suas debilidades,<br />
seus acertos e seus erros.<br />
Cada uma das razões aqui mencionadas<br />
não poderiam por si só determinar<br />
a dita relação crítica e uma<br />
condenação constante da Comunidade<br />
Internacional para com o Estado<br />
de Israel.<br />
Em troca, a união de todas elas<br />
possibilita que a síndrome da “gata<br />
de Dona Flora” se apodere dos países<br />
mais civilizados, de seus dirigentes,<br />
de seus políticos, de seus intelectuais,<br />
seus acadêmicos e sua imprensa<br />
escrita ou eletrônica, a qual,<br />
depois de tudo, precisa de leitores,<br />
ouvintes e telespectadores para poder<br />
competir dentro de um mundo<br />
dirigido pela liberdade de mercado.<br />
O fundamental é não esquecer<br />
nunca que na multifacetada e feroz<br />
selva do mercado livre, as galinhas<br />
estão livres e as raposas também.
TURISMO<br />
Antonio Carlos Coelho *<br />
Por muitas edições escrevi sobre<br />
Israel, suas cidades e locais<br />
de visitação. Para mim foi um<br />
exercício da memória e, de certa<br />
forma, uma maneira de aumentar<br />
a saudade. E, parafraseando “Outra<br />
Vez”, de Roberto Carlos, Israel<br />
é a saudade que eu gosto de ter,<br />
só assim, a sinto perto de mim<br />
outra vez. Espero não ter deixado<br />
de lado nenhuma cidade relevante<br />
para história e que apresente<br />
algum local de interesse ao turista<br />
ou ao amante daquele país.<br />
Talvez tenha até exagerado em algumas<br />
ocasiões com detalhes distantes<br />
da memória, ou da visão<br />
daqueles que viajam a Israel.<br />
Embora a coluna tivesse<br />
como título “Turismo”, faltou<br />
muito para isto. Não tratei de<br />
hotéis e de seus preços de es-<br />
Encerrando o assunto<br />
tadia, vôos, restaurantes e custos<br />
de viagem. Escrevi sobre cidades,<br />
sobre o país que preserva uma rica<br />
história documentada nas escavações<br />
e museus. Espero ter traduzido<br />
o mais importante: o gosto pela<br />
história e seu significado que tem<br />
para o povo judeu; o esforço contínuo<br />
de preservação do passado<br />
que se contrasta com indústrias da<br />
mais avançada tecnologia, hoje a<br />
maior riqueza de Israel.<br />
Escrevi também, durante esse tempo,<br />
sobre os povos e religiões que<br />
dividem por séculos o mesmo território.<br />
Santuários judaicos, muçulmanos<br />
e cristãos estão abertos a todos<br />
os visitantes e crentes que queiram,<br />
a qualquer época do ano, fazer<br />
sua visita e dirigir, da Terra Santa,<br />
suas orações a D-us e meditar sobre<br />
passagens bíblicas.<br />
Enfim, acredito ter mostrado que<br />
Israel é muito mais do que estamos<br />
acostumados a ver pelos<br />
noticiários e programas<br />
especiais de televisão<br />
apresentados na Semana<br />
Santa. Que não é um país<br />
onde reina o conflito,<br />
mas que é local também<br />
harmonia, de prosperidade<br />
e progresso. Que é um<br />
país democrático – talvez<br />
excessivamente democrático<br />
– para suportar tantas<br />
pressões externas, políticas<br />
e bélicas. Nenhum<br />
outro país, que preza sua<br />
soberania e seu povo, teria tamanha<br />
tolerância com seus vizinhos como<br />
tem Israel.<br />
A partir das próximas edições de<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> estarei escrevendo sobre<br />
outros temas, não mais sobre o<br />
país, mas sobre pessoas e fatos que<br />
marcaram a história, que deixaram<br />
uma herança cultural que permitiu o<br />
* Antonio Carlos Coelho é professor, diretor do Instituto Ciência e Fé, e colaborador do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
Abi Goldreich *<br />
A máquina do tempo. Isto é o que<br />
eu sinto quando estou na livraria com<br />
livros antigos do Sr. Hober, em Budapeste,<br />
Hungria.<br />
Hober já conhece minhas fraquezas,<br />
e após dizer-me olá e entregar-me uma<br />
jarra de água mineral (o Sr. Hober é<br />
naturista vegetariano) leva-me pelas<br />
escadas até o sótão gigante e iluminado,<br />
ao setor ‘judeu’.<br />
O setor judeu é uma sala onde há<br />
livros antigos de temas que para o Sr<br />
Hober aparentam ser judeus. Entre os<br />
livros velhos há alguns que não valem<br />
nem as capas de couro que têm, e em<br />
alguns poucos casos pode-se encontrar<br />
reais criações da cultura.<br />
Muitos são os livros litúrgicos velhos<br />
que talvez foram roubados da ‘gniza’<br />
das Sinagogas, capítulos do Talmud,<br />
ou Tanach, Mishnaiot, Shulchan Aruch,<br />
sidurim antigos de tradição ashkenazi.<br />
Basta abri-los para observar quem eram<br />
seus donos, quem foi o jovem que recebeu<br />
o livro para o bar-mitzvá há 200<br />
anos, e a quem foi entregue durante<br />
sua vida. Curiosidade.<br />
Muitos dos livros estão escritos<br />
em alemão, e são livros góticos que<br />
foram escritos por cristãos ou judeus<br />
assimilados.<br />
De vez em quando se pode encontrar<br />
um capítulo do Talmud escrito à<br />
mão, que são muito caros, vários milhares<br />
de euros e estão dispostos num<br />
armário por trás de uma vitrine iluminada.<br />
Hober sabe seu valor. E às vezes<br />
há ofertas como o livro Palestina, de<br />
Hadriani Relandi, chamado o profissional.<br />
Palaestina ex monumentis veteribus<br />
illustrata, äîå”ì äåà, Trajecti Batavorum:<br />
Ex Libraria G. Brodelet, 1714.<br />
Pode-se encontrar estes livros originais<br />
em vários lugares do mundo e<br />
também na Universidade de Haifa.<br />
Pode-se ver onde se encontra o livro e<br />
também se pode encontrar detalhes do<br />
autor e mais ainda.<br />
O autor, Relandi, homem destacado,<br />
geógrafo, cartógrafo e filólogo sabia<br />
perfeitamente o hebraico, árabe e<br />
grego antigo, mais as línguas européias.<br />
O livro está escrito em latim. Em 1695<br />
foi enviado para percorrer a terra de<br />
Israel ou com o nome de então Palestina.<br />
Em seu percurso analisou 2.500<br />
lugares principais que estão nominados<br />
no Tanach ou na Mishná.<br />
Sua forma de pesquisa é interessante.<br />
Primeiro, mapeia a Terra de Israel.<br />
Segundo, Rilandi situou com seu nome<br />
cada um dos lugares mencionados pela<br />
Mishná ou pelo Talmud. Com o nome<br />
original judeu, cita o versículo que o<br />
corresponde nos livros santos. Se o nome<br />
original é romano ou grego, traz em grego<br />
e em latim o vinculo. Terceiro, também<br />
fez uma estatística da população<br />
de cada um dos assentamentos.<br />
As principais conclusões são:<br />
1. Nenhum povoado na Terra de Israel<br />
tem um nome original em árabe.<br />
Os nomes das povoações são em sua<br />
maioria hebreus, ou gregos ou latinos<br />
romanos. Até hoje, praticamente, nenhum<br />
assentamento árabe (fora Ramle)<br />
tem um nome árabe original. A<br />
maioria dos povoados tem origem hebraica,<br />
ou grega que foi desfigurada<br />
para o árabe sem um sentido claro. Não<br />
têm nenhum sentido em árabe o nome<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Antonio Carlos Coelho<br />
de Acco, Haifa, Yaffo, Nablus, Gaza ou<br />
Jenin e outros nomes de cidades como<br />
Ramallah, El Chalil e El Quds que não<br />
têm raízes históricas ou filográficas árabes.<br />
No ano de 1696, o ano do percurso,<br />
Ramllah por exemplo, é chamada<br />
Betela (Bet El), Hebron é chamada Hebron,<br />
e a Tumba dos Patriarcas é chamada<br />
pelos árabes El Chalil (Sobrenombre<br />
do patriarca Abraham).<br />
2. A terra estava em sua maior parte<br />
vazia, deserta e seus habitantes<br />
eram poucos e se concentravam nas cidades<br />
como Jerusalém, Acco, Safed,<br />
Yaffo, Tibéria e Gaza. A maioria dos<br />
habitantes nas cidades eram judeus e<br />
o resto eram cristãos e muito poucos<br />
muçulmanos, que em grande parte eram<br />
beduínos. Fora de Nablus,… onde<br />
viviam 120 pessoas da família muçulmana<br />
Natasha e uns 70 samaritanos.<br />
3. Em Nazaré, capital do Galil, havia<br />
cerca de 700 habitantes, todos cristãos.<br />
Em Jerusalém havia 5.000 pessoas, a<br />
maioria judeus e a minoria cristãos. O<br />
interessante é que aos muçulmanos Relandi<br />
os denomina como umas poucas<br />
tribos beduínas, que chegaram como empregados<br />
temporários para serem utilizados<br />
como força de trabalho na agricultura<br />
ou na construção. Em Gaza, por<br />
exemplo, havia 550 pessoas, 50% judeus<br />
e 50% cristãos. Os judeus se ocupavam<br />
da agricultura florescente dos vinhedos,<br />
azeitonas e trigo (Gush Katif) e os cristãos<br />
se ocupavam do comércio e do transporte<br />
das produções. Em Tibéria (Tiberíades)<br />
e em Safed eram habitantes judeus,<br />
ainda que não seja que se ocupem da<br />
pesca no Kinneret, uma profissão de Tibéria<br />
antiga. Num povoado, como Um el<br />
Fahm, por exemplo, havia 10 famílias,<br />
povo judeu permanecer<br />
em Israel ou fora<br />
por vinte séculos na<br />
integridade de valores<br />
e costumes. Não sei<br />
ainda como irá se chamar<br />
a nova coluna. Ficará<br />
a cargo dos editores<br />
do jornal, de comum<br />
acordo com este<br />
colunista.<br />
Quero continuar a<br />
escrever sobre o que<br />
mais gosto e, principalmente,<br />
continuar<br />
colaborando com um jornal que<br />
se revelou um dos mais importantes<br />
veículos de comunicação<br />
judaica da América Latina. Espero,<br />
também, poder continuar com<br />
meus leitores que dão sentido ao<br />
meu trabalho. A todos, o meu sincero<br />
agradecimento e até a próxima<br />
coluna.<br />
Percurso pela Palestina em 1695<br />
todas cristãs, com 50<br />
habitantes, e também<br />
uma Igreja Maronita<br />
(Família<br />
Shahada).<br />
4. O livro contradiz<br />
de forma completa<br />
as teorias pós-modernistas<br />
da ‘herança<br />
palestina’ ou do povo<br />
palestino. E afirma e<br />
confirma a pertinência<br />
da terra de Israel ao povo judeu e a<br />
falta de pertinência definitiva dos árabes,<br />
que roubaram ainda o termo latino<br />
Palestina e se apoderaram dele.<br />
5. Por exemplo, na Espanha, em Granada,<br />
vê-se a herança e a construção<br />
árabe. Cidades gigantes como Granada,<br />
na Andaluzia, cidades como Guadalajara,<br />
que contam com uma herança cultural<br />
árabe real: registros, obras de arte,<br />
arquitetura, medicina e mais. Cerca de<br />
700 anos de governos árabes na Espanha<br />
deixaram uma herança que não se<br />
pode ocultar ou dissimular. E aqui, ao<br />
contrário, não há nada, não há nomes<br />
de cidades, não há cultura, não há arte,<br />
não há história, não há testemunhos de<br />
governos árabes. Só roubo e fraude, roubo<br />
do lugar mais importante para os judeus,<br />
roubo da terra prometida aos judeus.<br />
Ultimamente, com o patrocínio de<br />
todo tipo de israelenses pós-modernistas,<br />
o roubo da história.<br />
* Abi Goldreich é escritor e<br />
colaborador do site israelense em<br />
língua espanhola www.es-israel.org<br />
parceiro do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> na<br />
hasbará e no combate ao<br />
anti-semitismo.<br />
21<br />
Ex-libris da obra<br />
Palaestina, de Hadriani<br />
Relandi, de 1695
22 (com<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
VISÃO<br />
Síria revoga cidadania<br />
do líder da oposição<br />
Numa atitude condenável, o presidente<br />
sírio Bashar el-Assad decidiu revogar a<br />
cidadania do líder da oposição síria Farid<br />
Ghadri, chefe do Partido Sírio da Reforma.<br />
De acordo com os informes divulgados<br />
nos meios de comunicação da Síria,<br />
Assad resolveu cassar a cidadania por<br />
causa da recente visita de Ghadri a Israel,<br />
em junho passado. No início de <strong>setembro</strong>,<br />
Ghadri fez notícia quando seus cartazes<br />
apareceram colados em três grandes<br />
cidades, Halab, Idlib e Damasco. Um<br />
porta-voz do Partido da Reforma declarou<br />
que estes atos desafiadores serviam<br />
para provar à comunidade internacional<br />
que os sírios estão cansados do regime<br />
de Assad e de não ter futuro algum. “Eles<br />
querem que os israelenses entendam que<br />
os sírios não são extremistas”, disse o<br />
porta-voz. (Infolive.tv).<br />
Síria revoga cidadania II<br />
Farid Ghadri provém de uma família proeminente<br />
da Síria, que inclui numerosos<br />
dirigentes e funcionários do atual governo.<br />
Ghadri vive no exílio, nos Estados<br />
Unidos. Junto com vários sírios-americanos<br />
fundou em outubro de 2001 o<br />
Partido da Reforma na Síria, cujo objetivo<br />
é produzir uma mudança política<br />
naquele país. Na edição de julho, <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong> publicou um artigo de Ghadri<br />
(ver página 24, “Eu admiro Israel”), reproduzido<br />
do The Jerusalem Post, quando<br />
ele esteve em Israel, defendendo uma<br />
convivência pacífica com os israelenses.<br />
Esta é a propalada “democracia”<br />
síria da qual o embaixador da Síria no<br />
Brasil, Ali Diab tanto se jactou em Curitiba.<br />
A mesma “democracia” — na verdade,<br />
ditadura fascista — que o PT e o<br />
PCdoB tanto admiram. Uma democracia<br />
que desrespeita os mais básicos direitos<br />
do cidadão! Ambos firmaram acordos<br />
de cooperação com o partido Baath<br />
sírio. (Infolive.tv/<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>).<br />
Capturado seqüestrador de Guilad<br />
Mohawash al Kadi, dirigente militar do<br />
grupo extremista Hamas, vinculado ao<br />
seqüestro do soldado israelense Guilad<br />
Shalit, ocorrido em julho de 2006, foi<br />
capturado dia 10/9 por soldados do<br />
exército israelense, dissimulados, que<br />
o pegaram no interior da Faixa de Gaza.<br />
Embora o feito tenha sido anunciado<br />
pelos meios de comunicação com bastante<br />
alarde, o Hamas, entretanto, mantém<br />
silêncio total a respeito. Kadi pode<br />
ser usado numa eventual barganha para<br />
troca de Shalit Guilad, que há mais de<br />
um ano é refém do grupo terrorista em<br />
Gaza. (Infolive.tv).<br />
Preso grupo neonazista em Israel<br />
panorâmica<br />
Oito jovens acusados de agressões brutais<br />
a imigrantes, drogados, homosse-<br />
informações das agências AP, Reuters,<br />
AFP, EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem<br />
Post, Haaretz e IG)<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Yossi Groisseoign<br />
xuais e judeus foram detidos e confessaram<br />
seus crimes. A polícia informou<br />
que os jovens do grupo neonazista vieram<br />
da antiga União Soviética, e têm<br />
idades entre 17 e 21 anos. A maioria é<br />
formada por trabalhadores estrangeiros.<br />
A investigação começou há um ano,<br />
depois que desconhecidos pintaram uma<br />
suástica e o nome de Hitler numa sinagoga<br />
em Petach Tikva. De acordo com<br />
a imprensa israelense, o grupo pretendia<br />
comemorar o aniversário de Hitler<br />
no Museu do Holocausto (Yad Vashem)<br />
de Jerusalém. A superintendente Revital<br />
Almog, a cargo de quem está a investigação,<br />
disse que seus agentes descobriram<br />
que, “além de suas reuniões,<br />
nas quais faziam apologia ao nazismo,<br />
saíam em grupo para perpetrar ataques<br />
racistas em Tel Aviv”. Os suspeitos escolhiam<br />
suas vítimas entre pessoas em<br />
uma posição frágil na sociedade para<br />
denunciá-los, como trabalhadores ilegais,<br />
especialmente os africanos, que<br />
eram “castigados” por não ser “brancos”.<br />
(Agências de notícias).<br />
Socorro ao Peru<br />
Após as trágicas conseqüências do<br />
terremoto que assolou o Peru, a comunidade<br />
judaica daquele país, assim<br />
como instituições judaicas em<br />
diversas partes do mundo, se solidarizaram<br />
com as vítimas e seus familiares.<br />
Uma gigantesca mobilização<br />
foi feita rapidamente, reunindo<br />
importantes doações de bens, ferramentas,<br />
medicamentos e alimentos.<br />
Médicos e especialistas em desastres<br />
naturais da “Equipe de Resposta Rápida<br />
e Busca em Emergências”, de<br />
Israel, também se integraram ao esforço<br />
conjunto. A primeira parte das<br />
doações já foi enviada ao sul do<br />
país. Tão logo sejam atendidas as<br />
necessidades da fase emergencial<br />
começam as etapas de reconstrução.<br />
A comunidade judaica peruana assumiu<br />
o compromisso em conjunto<br />
com o American Jewish Joint Distribution<br />
Comittee, a B’nai B’rith Internacional,<br />
Brother and Brother,<br />
AJC e outras organizações judaicas,<br />
de coordenar um projeto de reconstrução<br />
que seja rápido. Para isto foi<br />
criado um comitê especial da comunidade<br />
que contará com o apoio técnico<br />
de especialistas israelenses e<br />
peruanos e de ex-bolsistas peruanos<br />
em Israel. (Jornal Alef).<br />
Foguete de Gaza feriu 68 israelenses<br />
Um foguete lançado de Gaza feriu 69<br />
soldados num campo de treinamento,<br />
dos quais três foram internados em estado<br />
grave. Os grupos radicais islâmicos<br />
Comitê de Resistência Popular<br />
e a Jihad Islâmica reivindicaram a autoria<br />
do atentado contra tendas na<br />
base de treinamento de Zikkim, ao<br />
norte da faixa de Gaza. É o ataque com<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
foguete que deixou o maior número<br />
de feridos em Israel. Esses lançamentos<br />
causaram 12 mortos em território<br />
israelense desde 2000. Segundo informações<br />
de Israel, o foguete atingiu<br />
uma tenda vazia, mas espalhou<br />
fragmentos para as vizinhas. O portavoz<br />
do grupo radical Hamas, que ocupa<br />
a Faixa de Gaza desde junho, declarou<br />
que o ataque “traz orgulho à<br />
Palestina”. (CNN/Reuters).<br />
Resposta a altura<br />
O gabinete do primeiro-ministro de Israel,<br />
Ehud Olmert, informou que discutiu<br />
em reunião uma resposta ao ataque<br />
terrorista, ocorrido às vésperas do Ano<br />
Novo judaico. “Eu acho que há muito,<br />
muito tempo, deveríamos ter respondido”,<br />
disse o ministro da Indústria e Comércio<br />
de Israel, Eli Yishai, do partido<br />
Shas, à rádio do Exército em Israel. O<br />
chefe da oposição no Parlamento de<br />
Israel, Benjamin Netanyahu, líder do<br />
partido Likud, pediu que o governo lance<br />
uma operação de grande escala em<br />
Gaza. Para Netanyahu, uma invasão a<br />
Gaza é a única solução para impedir que<br />
radicais continuem disparando foguetes<br />
Kassam contra o território israelense.<br />
Israel deixou a faixa de Gaza em<br />
2005. (Associated Press/Efe).<br />
Campanha pró-libertação<br />
Foi lançado o movimento internacional<br />
Veshavu Banim Legvulam, que literalmente<br />
significa: ‘...E voltarão seus filhos para suas<br />
fronteiras”. O verso inteiro, parafraseado,<br />
diz: ‘Não chorem e limpem seus olhos de<br />
lagrimas, seu trabalho será recompensado;<br />
e disse o Senhor: eles voltarão da terra<br />
de seus inimigos. E há esperança no<br />
fim, disse o Senhor, e voltarão seus filhos<br />
para suas fronteiras”. A campanha luta pela<br />
libertação dos três soldados israelenses seqüestrados,<br />
há mais de um ano, pelos<br />
movimentos terroristas Hamas e Hezbolá.<br />
Uma petição com assinaturas será enviada<br />
à ONU e está no site www.ha<br />
banim.org. No dia 30/10, a Organização<br />
Sionista Mundial realizará uma manifestação<br />
mundial pela libertação de Guilad<br />
Shalit (20 anos), Ehud Goldwasser (31<br />
anos) e Eldad Reghev (26 anos). (Notícias<br />
da Rua <strong>Judaica</strong>).<br />
Coréia constrói cerca de separação<br />
A Coréia do Norte está erguendo cercas<br />
e muros na fronteira com a China<br />
para impedir fugas, mas não há protestos<br />
nem na ONU, nem na Corte Internacional<br />
de Justiça na Holanda,<br />
muito menos na imprensa. Nada. Já<br />
com Israel, é o contrário. Todo dia, em<br />
algum lugar a cerca de proteção de<br />
Israel, construída para evitar atentados<br />
terroristas é alvo de críticas e condenações.<br />
A fronteira entre a China e<br />
a Coréia tem mais de mil quilômetros.<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Segundo a agência de notícias sul-coreana<br />
Yonhap, esta decisão de Pyongyang<br />
ocorre enquanto crescem as críticas<br />
internacionais à política chinesa<br />
de devolver os fugitivos norte-coreanos<br />
ao seu país origem, conforme<br />
tratado sobre esta matéria firmado por<br />
ambos países (El Diario Exterior).<br />
Memorial Oswaldo Aranha<br />
Foi lançada oficialmente a campanha<br />
para a construção do “Memorial Oswaldo<br />
Aranha”, em Alegrete (RS), terra natal<br />
do chanceler. O prédio, em forma de<br />
pássaro, de autoria de Oscar Niemayer,<br />
deverá ser edificado na BR 290, Rodovia<br />
Oswaldo Aranha, em terreno cedido<br />
pelo Exército. Na cerimônia de lançamento,<br />
no auditório da Universidade da<br />
Campanha, estiveram presentes representantes<br />
do Governo estadual e da<br />
Federação Israelita do Rio Grande do<br />
Sul. Em 1947, na Assembléia Geral das<br />
Nações Unidas, sob a presidência de<br />
Oswaldo Aranha, foi discutida e aprovada<br />
pela expressiva maioria de 2/3 dos<br />
votos a Partilha da Palestina, que possibilitou<br />
a criação do Estado de Israel<br />
no ano seguinte. “Homenagear Aranha<br />
em sua terra natal representa um ato<br />
de reconhecimento a um estadista brasileiro<br />
que devotou sua vida à causa da<br />
liberdade e da justiça”, afirma. Nelson<br />
Menda, presidente do Conselho Sefaradi,<br />
que participou do evento. (Conib).<br />
Kassab dispensa judeus e islâmicos<br />
O prefeito paulistano Gilberto Kassab assinou<br />
decreto determinando que todas<br />
as unidades municipais considerem como<br />
motivo justificado de falta, a ausência<br />
dos servidores que professem a religião<br />
judaica nos dias de comemoração do Ano<br />
Novo e Dia do Perdão Judaicos. O decreto<br />
do prefeito Kassab não ficou restrito<br />
apenas aos judeus, e se estende aos seguidores<br />
da religião islâmica, durante o<br />
Eid Al Fitr, que marca o fim do Ramada,<br />
em outubro de 2007, no dia fixado de<br />
acordo com o calendário islâmico de feriados<br />
religiosos. (Fisesp)<br />
Ataque à Síria tem mais versões<br />
O ataque da força aérea israelense no<br />
Norte da Síria em 6/9, estaria diretamente<br />
ligado a um carregamento de<br />
material nuclear que Damasco teria recebido<br />
da Coréia do Norte, segundo<br />
publicou o jornal Washington Post. De<br />
acordo com o jornal, a força aérea tinha<br />
como alvo instalações que a Síria<br />
diz ser um “centro de pesquisa para a<br />
agricultura”, perto da fronteira com<br />
a Turquia, mas que Israel acredita ser<br />
utilizado para extrair urânio de fosfatos<br />
- e que por isso mantém sob<br />
vigilância. O carregamento, que chegou<br />
de barco ao porto sírio de Tartus,<br />
estava marcado como sendo “cimento”,<br />
mas seria material nuclear. A<br />
Síria garante que a sua defesa antiaérea<br />
disparou contra os aviões israelenses.<br />
Israel mantém silêncio a respeito.<br />
O ex-embaixador dos EUA na<br />
ONU, John Bolton, disse que a Coréia<br />
do Norte estaria usando a Síria e o<br />
Irã como “refúgios” para a sua atividade<br />
nuclear. (Com agências).
Depois do PT, o PCdoB também<br />
assina acordo com o Baath sírio<br />
PT foi que abriu as portas,<br />
ao firmar um acordo<br />
de cooperação com<br />
o partido Baath, da Síria.<br />
Agora uma delegação<br />
chefiada pelo secretário geral<br />
adjunto do Partido Baath Árabe<br />
Socialista, Abdallah Al-Ahmar,<br />
assinou em 1º/9 outro acordo de<br />
cooperação com o Partido Comunista<br />
do Brasil. O fato aconteceu<br />
em São Paulo, e pelo PCdoB assinaram<br />
seu presidente nacional. Renato<br />
Rabelo; o secretário de relações<br />
Internacionais, José Reinaldo<br />
Carvalho; o ex-deputado federal<br />
Jamil Murad; e o secretário de<br />
organização, Walter Sorrentino.<br />
Embora se diga socialista, o<br />
Baath é um partido fascista. O<br />
Baath sírio surgiu como uma espécie<br />
de “filial” do partido Baath<br />
iraquiano de Saddam Hussein.<br />
É um partido, criado nos moldes<br />
do Partido Nacional-Socialista<br />
Alemão, mais conhecido como<br />
Partido Nazista; é adaptado a um<br />
pan-arabismo nacional-socialista<br />
inspirado no pan-germanismo<br />
nacional-socialista de Hitler. É<br />
também um partido nacionalista<br />
árabe virulentamente anti-semita.<br />
A ele o PT se associou, e<br />
agora os comunistas do PCdoB. O<br />
Baath, quando Saddam Hussein<br />
reinava no Iraque já enviara observadores<br />
para as reuniões do<br />
Foro de São Paulo. Na prática,<br />
isso mostra como partidos de esquerda,<br />
como o PCdoB e o PT se<br />
unem a agremiações fascistas de<br />
verdade como o Baath, dissimulados<br />
de socialistas esquerdistas,<br />
na aliança ideológica contra o neoliberalismo,<br />
os EUA e Israel.<br />
O objetivo do acordo é o de<br />
“contribuir para o fortalecimento<br />
das relações de amizade entre os<br />
povos da República Árabe e da República<br />
Federativa do Brasil, em favor<br />
dos interesses comuns de seus<br />
respectivos países e povos”. Foram<br />
acertados alguns de pontos de um<br />
programa de cooperação, segundo<br />
site do PCdoB — um dos mais antisionistas<br />
e antiisraelenses existentes<br />
no Brasil — desde a “troca de<br />
delegações das direções dos dois<br />
partidos (para conhecimento recíproco<br />
das experiências dos respectivos<br />
partidos em seus países) até<br />
a atuação conjunta pelo estreita-<br />
mento das relações entre as organizações<br />
populares das duas nações”,<br />
como se o PCdoB tivesse procuração<br />
para falar em nome do País.<br />
Durante a assinatura do acordo,<br />
Rabelo declarou que “a Síria<br />
cumpre hoje um papel de equilíbrio<br />
muito importante na região do<br />
Oriente Médio”. Só que o dirigente<br />
comunista Rabelo não explicou a<br />
que “equilíbrio” estava se referindo.<br />
Talvez estivesse querendo dizer<br />
equilibrar o grupo extremista e terrorista<br />
do Hezbolá com armamento,<br />
dinheiro e instrução militar<br />
para continuar atacando Israel pelo<br />
Norte. O cinismo comunista é tamanho<br />
que o dirigente do partido,<br />
Rabelo, chegou a dizer que a é Síria<br />
é “um país em que diversas religiões<br />
e etnias convivem democraticamente”.<br />
Será que o judaísmo<br />
pode ser praticado livremente na<br />
Síria? Em Israel, o islamismo pode.<br />
Por sua vez, Abdallah agradeceu<br />
a acolhida dos brasileiros e<br />
disse que a determinação de firmar<br />
o acordo de cooperação revela<br />
o tratamento privilegiado<br />
que o Partido Baath empresta às<br />
relações com o PCdoB. De acordo<br />
com o dirigente, a principal<br />
tarefa é “aproximar nossos dois<br />
governos e nossos dois povos”.<br />
Ele lembrou que, desde o início<br />
do governo de Luiz Inácio Lula<br />
da Silva, foi visível o esforço<br />
para fazer avançar a cooperação<br />
entre os dois países, culminando<br />
com a realização da cúpula<br />
dos países árabes e o Brasil. Pura<br />
hipocrisia, pois os comunistas do<br />
PCdoB fizeram vistas grossas, ou<br />
fizeram de conta que Hafez Assad,<br />
pai do atual presidente “democraticamente”<br />
eleito por<br />
99,7% dos eleitores sírios, Bashir<br />
Assad, nunca perseguiu, torturou<br />
e assassinou comunistas sírios.<br />
Nem sequer existe partido comunista<br />
na Síria, ou qualquer outro<br />
que não esteja alinhado com o<br />
fascista Baath.<br />
E para mostrar como trata a<br />
oposição, há poucos dias, numa<br />
atitude ditatorial e condenável, o<br />
governo da Síria revogou a cidadania<br />
do líder oposicionista sírio,<br />
Farid Ghadri, chefe do Partido Sírio<br />
da Reforma. E ainda querem<br />
encenar a pantomina de que a Síria<br />
é uma democracia...<br />
Leia a íntegra do texto do acordo<br />
Baath-PCdoB<br />
Acordo de cooperação entre o<br />
Partido Baath Árabe Socialista e o<br />
Partido Comunista do Brasil.<br />
Partindo da vontade comum do<br />
Partido Baath Árabe Socialista e do<br />
Partido Comunista do Brasil de estabelecer<br />
relações de cooperação nos<br />
diferentes âmbitos, de modo a contribuir<br />
para o fortalecimento das relações<br />
de amizade entre os povos<br />
amigos da República Árabe e da República<br />
Federativa do Brasil, em favor<br />
dos interesses comuns de seus<br />
respectivos países e povos,<br />
Foi acordado o seguinte programa<br />
de cooperação:<br />
Primeiro: Ambos os partidos intercambiarão<br />
visitas de delegações<br />
das direções dos dois partidos, em<br />
datas a serem acordadas, para intercambiarem<br />
opiniões e pontos de vista<br />
sobre questões de interesse comum<br />
e conhecerem as experiências<br />
do trabalho de ambos os partidos em<br />
seus respectivos países.<br />
Segundo: Ambos os Partidos intercambiarão<br />
visitas de delegações,<br />
em datas a serem acordadas, para<br />
conhecerem as diferentes áreas de<br />
seus respectivos trabalhos e intercambiarem<br />
experiências entre si.<br />
Terceiro: Ambos os Partidos intercambiarão<br />
documentos e boletins<br />
partidários relevantes emitidos<br />
por cada um.<br />
Quarto: Ambos os partidos intercambiarão<br />
convites para a participação<br />
em congressos e seminários a<br />
serem realizados por cada um, em<br />
conformidade com as tradições respectivas<br />
de cada partido.<br />
Quinto: Ambos os Partidos manterão<br />
consultas entre si e intercambiarão<br />
pontos de vista em congressos<br />
e seminários regionais e internacionais<br />
de que tomarão parte.<br />
Sexto: Ambos os Partidos atuarão<br />
pelo estreitamento das relações<br />
de amizade e cooperação entre as<br />
organizações populares com o objetivo<br />
de conhecerem as experiências<br />
por elas adquiridos.<br />
Sétimo: O Escritório das Relações<br />
Exteriores da Direção Nacional do<br />
Partido Baath Árabe Socialista e o<br />
Departamento das Relações Exteriores<br />
do Partido Comunista do Brasil<br />
acompanharão a implementação das<br />
cláusulas do presente acordo.<br />
São Paulo, 1 o de <strong>setembro</strong> de 2007<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
O LEITOR<br />
ESCREVE<br />
23<br />
Lançamento de livro<br />
Caro editor:<br />
Em meu nome e no de Lucius de Mello, autor de “A Travessia<br />
da Terra Vermelha” agradecemos a sua participação no sucesso<br />
do lançamento do livro em Curitiba, manifestada através da divulgação<br />
da obra pelo seu prestigioso jornal. O tema abordado<br />
deve ser encarado como uma profunda reflexão sobre tempos<br />
que não podem mais ressurgir no mundo.<br />
Estela Menegatti<br />
Assessora de Imprensa<br />
Curitiba - PR<br />
Estimados amigos<br />
Neste momento especial, em que se comemora o Ano Novo<br />
de 5768, contado a partir da criação do Homem, gostaria<br />
de expressar meus sinceros sentimentos de Shaná Tová!<br />
Que o próximo ano traga muita Luz, Amor, Alegria, Saúde,<br />
Progresso e Harmonia a Vós e aos Vossos Familiares! Na<br />
Nova Era, constituída de tantos desafios e dilemas, que<br />
Medinat Israel – fundamento da identidade judaica – e<br />
eterna Yerushaláyim conquistem o sonho da almejada e<br />
autêntica Paz. Que D-us abençoe o querido Povo de Israel<br />
e a todos os judeus da Diáspora!<br />
Tive o privilégio de integrar a Missão dos Professores Universitários,<br />
que a convite do Governo de Israel e da Conib, que<br />
visitou Medinat Israel em novembro de 2005.<br />
Marcelo Vieira Walsh<br />
Professor universitário<br />
Brasília - DF<br />
Cumprimentos de Ano Novo<br />
O jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> agradece às pessoas e instituições<br />
que enviaram à redação dezenas de mensagens desejando<br />
Shaná Tová à equipe <strong>VJ</strong>. Por motivos de espaço, deixamos de<br />
nominar todos eles, registrando um Shaná Tová especial da<br />
Escola Israelita Brasileira “Salomão Guelmann” e do Departamento<br />
de Educação e Cultura <strong>Judaica</strong> da Kehilá. Acompanhado<br />
de um belo calendário judaico para 5768 confeccionado<br />
pelos alunos da escola. A todos, desejamos retribuir os<br />
votos de um ano bom e doce.<br />
Errata<br />
Por um lapso de edição, alheio à nossa vontade, não<br />
foi publicada em nossa edição nº 60, de agosto, dedicada<br />
a Rosh Hashaná e Iom Kipur a mensagem de Ano Novo<br />
da Na’Amat Pioneiras. Por esse motivo, estamos publicando<br />
a referida mensagem na página 6.<br />
Para escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />
basta passar um fax pelo telefone: 0**41 3018-8018<br />
ou um e-mail para visaojudaica@visaojudaica.com.br
24<br />
Paulina Gamus<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Paulina Gamus *<br />
arma imprescindível de<br />
todo autocrata que pretende<br />
perpetuar-se no<br />
poder é o terror. Cada<br />
pessoa submetida a esse regime,<br />
consciente de que dissentir,<br />
manifestar e até falar pode<br />
acarretar-lhe prisão, torturas ou a<br />
morte; vai-se fechando em si própria<br />
e começa a olhar para os lados antes<br />
de proferir uma palavra que possa<br />
parecer crítica aos governantes. Já<br />
não se confia no vizinho, no companheiro<br />
de trabalho nem sequer na<br />
própria família: qualquer um pode ser<br />
delator obrigado a isso pelo mesmo<br />
terror que a ditadura infunde. Na<br />
medida em que esse medo coletivo<br />
aumenta, crescem também a crueldade<br />
e a arrogância do autocrata;<br />
acha-se todo-poderoso, um sinal,<br />
qualquer gesto até um olhar seu bastam<br />
para que seus sequazes entendam<br />
a ordem de reprimir, bater, encarcerar<br />
ou assassinar.<br />
O que serve de consolo ao povo<br />
esmagado por estes déspotas é saber<br />
que o medo que eles padecem é talvez<br />
pior que o que infundem aos seus<br />
governados. Quanto maior é seu poder,<br />
quanto mais arbitrárias são suas<br />
ações, quanto mais indivíduos, grupos<br />
ou setores são atropelados, maior<br />
é o temor da reação em forma de<br />
raiva revanchista. Então rodeiam-se<br />
de guarda-costas, usam coletes a prova<br />
de balas, já não se atrevem a comer<br />
um bocado de nada sem que alguém<br />
prove antes essa comida, já não<br />
se deixam tocar ou dar a mão a esse<br />
povo que diziam amar, já não dormem<br />
tranquilos. O fantasma do magnicídio<br />
os persegue e o espanto pela possível<br />
vingança popular os consome.<br />
Nosso aprendiz de autocrata embriagado<br />
pelo poder, crê-se até agora<br />
capaz de passar com um trator por<br />
cima de todos os dereitos dos cidadãos<br />
para esmagá-los e transformálos<br />
em papeizinhos. Os atropelos que<br />
Quem com ferro mata…<br />
durante seus primeiros sete anos de<br />
governo foi praticando de maneira<br />
lenta e calculada para não alarmar<br />
muito sobre seu prometo político<br />
oculto; se transformaram a partir<br />
das eleições de 3 de dezembro<br />
de 2006, numa metralhadora disparando<br />
ameaças que em pouco tempo<br />
se faziam realidade. Foi com um fuzil<br />
kalachnikov recém-adquirido do<br />
imperio russo de Vladimir Putin e<br />
apontando para uma câmara de televisão,<br />
que no ano pasado lançou<br />
seu primeiro edito contra as televisões<br />
privadas em geral e a Rádio<br />
Caracas Televisión em particular. E<br />
foi diante de seus inferiores militares<br />
reunidos em Fuerte Tiuna, em<br />
dezembro, que sentenciou à morte<br />
definitiva esse canal. Aqueles que<br />
acreditavam que o Supremo Tribunal<br />
de Justiça se atreveria a desafiar<br />
o amo, pecaram mais que os<br />
ingênuos e os que pensaram que<br />
Chávez retrocederia ante as reações<br />
internacionais, não conhecem a<br />
psiquê do personagem. A característica<br />
predominante do narcisismo<br />
e da megalomania é a crença<br />
de que não existe poder algum<br />
superior a quem os faz sofrer.<br />
Mas quem irá dizer ao nosso tenente-coronel,<br />
comandante en chefe,<br />
líder máximo da revolução e presidente,<br />
que o tiro saiu-lhe pela culatra<br />
justamente no seu quartel, esse<br />
que ele acreditava ter sob absoluto<br />
controle? A retirada do ar da RCTV<br />
não só produziu indignação nessa<br />
metade da população a que ele despreza,<br />
como também na desses morros<br />
e bairros que imagina aliados incondicionais<br />
para a eternidade. É<br />
que além deles, despertou essa massa<br />
adormecida de indiferentes, ou<br />
pouco participativa que são os jovens<br />
estudantes de todo o país. O<br />
terror começou a se fazer sentir entre<br />
os deputados da Assembléia Nacional,<br />
sobretudo nesse dupla de<br />
tránsfugas de um hospital psiquiátrico<br />
que formam a liga Tascón-Va-<br />
rela. Pediam aos seguidores do chefe<br />
para invadir os núcleos urbanos<br />
onde vivem os ricos, os oligarcas pois.<br />
O ministro Willian Lara, com sua<br />
fala arrastadiça no afã de parecer<br />
culto e diferenciar-se da baixaria de<br />
seus companheiros de estrada, e Pedro<br />
Carreño, quem confirma que o<br />
quociente intelectual não importa<br />
para ser ministro de polícia; já não<br />
encontravam a quem culpar pelos protestos<br />
estudantís: Marcel Granier,<br />
presidente da fechada RCTV, o Império,<br />
os agentes de Bush, a oligarquia,<br />
a conspiração mediática, a oposição<br />
golpista. O fato de que — por sorte<br />
— não aparecesse uma só dos rostos<br />
hartamente conhecidos dos dirigentes<br />
opositores nas manifestações, não<br />
os desanimou em seu afã de justificar<br />
a explosão juvenil.<br />
Quando apareceram na tela da Globovisión<br />
os estudantes da Universidade<br />
das Forças Armadas, a menina<br />
dos olhos do governo militar de Chávez,<br />
somados aos protestos, o medo<br />
deve ter provocado cólicas com suas<br />
desagradáveis conseqüências aos<br />
governistas. Foi então que Chávez<br />
apareceu em cadeia nacional, vestido<br />
de vermelho e suando, para instar<br />
também os seus revolucionários<br />
dos morros a descerem dali e defender<br />
a revolução. O chamado para um<br />
massacre seguro, como o qualificou<br />
um deputado chavista com alguna<br />
sensatez, felizmente não teve eco.<br />
Salvo os capangas assalariados de<br />
sempre, semeando o pânico na Avenida<br />
Francisco de Miranda, de Caracas,<br />
não teve sequer uma só pessoa<br />
do eleitorado chavista que saísse para<br />
enfrentar os jovens manifestantes. A<br />
repressão brutal ficou para as bombas<br />
de lacrimogêneo e tiroteios da<br />
polícia do prefeito Juan Barreto.<br />
Deve ser terrível, deprimente, desestabilizador<br />
para alguem que sofre<br />
de narcisismo e megalomanía (não<br />
sei se são sempre coincidentes) defrontar-se,<br />
não só com o levante de<br />
seus oprimidos, como além disso,<br />
com a tormenta internacional que seu<br />
ato arbitrário desatou. Nem López<br />
Obrador no México, nem o parlamento<br />
nicaragüense, nem, os amigos de<br />
alma Lula da Silva, Evo Morales e Néstor<br />
Kirchner respaldaram a<br />
guilhotina chavista aplicada à<br />
emisora de TV mais antiga da Venezuela.<br />
Isso para não falar dos editoriais,<br />
artigos de opinião e fotografias<br />
das passeatas e da repressão<br />
policial que apareceram nos jornais<br />
e televisões do mundo inteiro.<br />
O rei ficou mais que nu, desmascarado.<br />
E o que se vê em sua expressão<br />
ao cair a máscara, é o medo.<br />
Como medo têm todos os que são<br />
cúmplices de seus abusos, atropelos<br />
e vandalismo institucionalizado.<br />
E isso é suficiente para levantar o<br />
ânimo, por ora.<br />
* Paulina Gamus é venezuelana,<br />
advogada, e foi vice-presidente da<br />
Ação Democrática, partido pelo<br />
qual em 1998 foi Coordenadora do<br />
Programa de Governo da<br />
agremiação. É jornalista e<br />
colunista desde 1969 em diversos<br />
jornais e revistas venezuelanas. Foi<br />
juíza suplente de menores, chefiou<br />
a Divisão de Menores do Corpo<br />
Técnico da Polícia Judicial até ser<br />
Ministra da Cultura, entre 1984 e<br />
1986. Foi secretaria executiva da<br />
Comissão Feminina Assessora da<br />
Presidência da República (1974-75),<br />
diretora de Informação do<br />
Ministério da Educação (1975-78),<br />
vice-ministra da Informação e<br />
Turismo (1978) e vereadora pela<br />
Ação Democrática na Câmara<br />
Municipal de Caracas (1979-83). Em<br />
sua atividade parlamentar Paulina<br />
Gamus presidiu as Comissões de<br />
Política Interior (1989-94) e da<br />
Controladoria (1994-97) da Câmara<br />
dos Deputados, e foi senadora pelo<br />
Estado de Cojedes (1998-99).<br />
Publicado no site<br />
www.porisrale.org