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VJ setembro 61.p65 - Visão Judaica

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2<br />

editorial<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Publicação mensal independente da<br />

EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />

JUDAICA LTDA.<br />

Redação, Administração e Publicidade<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Curitiba PR Brasil<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Dir. de Operações e Marketing<br />

SHEILLA FIGLARZ<br />

Dir. Administrativa e Financeira<br />

HANA KLEINER<br />

Diretor de Redação<br />

SZYJA B. LORBER<br />

Publicidade<br />

DEBORAH FIGLARZ<br />

Arte e Diagramação<br />

ALEXANDRE VICTORINO<br />

SONIA OLESKOVICZ<br />

Webmaster<br />

RAFFAEL FIGLARZ<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Aaron Granot, Abi Goldreich, Alberto<br />

Mazor, Antonio Carlos Coelho, Arlene<br />

Kushner, Aristide Brodeschi, Barbara<br />

Crook, Breno Lerner, David Bedein, Don<br />

Feder, Heitor De Paola, Itamar Marcus,<br />

Morris Abadi, Nahum Sirotsky, Paulina<br />

Gamus, Ratna Pelle, Sérgio Feldman,<br />

Shimon Peres, Sonia Velasco Grávalos,<br />

Ted Feder, Tzipora Rimon, Yossi<br />

Groisseoign e Walid Phares<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />

o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou<br />

comentários publicados, sejam de terceiros<br />

(mencionando a fonte) ou próprios e assinados<br />

pelos autores. O fato de publicá-los não indica<br />

que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />

dos conceitos ou dos temas.<br />

Contém termos sagrados, por isso trate<br />

com respeito esta publicação.<br />

www.visaojudaica.com.br<br />

Este jornal é um veículo independente<br />

da Comunidade Israelita do Paraná<br />

Um pouco de otimismo rumo aos 60 anos<br />

ntramos no novo ano de<br />

5768 com uma série de êxitos<br />

operacionais em Israel<br />

na luta contra o terrorismo.<br />

Poucas vezes são reveladas<br />

pela imprensa mundial as expectativas<br />

realistas acerca da situação<br />

da segurança de Israel e do povo<br />

judeu. Comecemos pelo terrorista<br />

suicida do Hamas, capturado há três<br />

semanas, que tinha como objetivo<br />

cometer um novo atentado na cidade<br />

de Beer-Sheva. Depois, foi evitado<br />

outro atentado em Tel Aviv, quando<br />

um “menino” de 15 anos foi detido<br />

carregando explosivos em sua<br />

mochila, enquanto tentava passar<br />

pelos postos de inspeção do Exército<br />

na Judéia e na Samária. Dias atrás<br />

foi capturado um dos seqüestradores<br />

do soldado Guilad Shalit.<br />

As tentativas do Hamas e da<br />

Jihad Islâmica de<br />

penetrar diariamente<br />

em território<br />

israelense,<br />

Nossa capa<br />

Datas importantes<br />

a partir da Faixa de Gaza, para a sorte<br />

de Israel, têm culminado em vitórias<br />

tácticas do Tzahal. Temos que<br />

aplaudir aqueles jovens postados nas<br />

fronteiras, e que trabalham dia e<br />

noite para evitar a entrada de terroristas<br />

a pé, de bicicleta, pelos túneis,<br />

ou em caminhões carregados de<br />

explosivos, ou ainda de barco e outras<br />

formas. O resultado é que até<br />

agosto de 2007 um total de 221 terroristas<br />

tiveram frustradas suas más<br />

intenções de cometer atentados,<br />

matar e mutilar gente em kibutzim ou<br />

nas cidades israelenses.<br />

Mas Israel continua sua luta diária<br />

também contra o terrorismo no<br />

Norte do país. Recentemente, segundo<br />

informes da imprensa internacional<br />

houve uma operação aérea<br />

e terrestre no Norte da Síria. O<br />

objetivo segundo as versões jornalísticas<br />

era destruir caravanas de<br />

munição iraniana em solo sírio para<br />

a organização terrorista Hezbolá, ou<br />

um bem sucedido ataque visando<br />

1º dia de Sucot<br />

2º dia de Sucot<br />

Shabat / 1º dia de Chol Hamoed<br />

2º ao 4º dias de Chol Hamoed<br />

Hoshaná Rabá<br />

Shemini Atêseret<br />

Simchat Torá<br />

Shabat / Bereshit<br />

Shabat / Nôach<br />

danificar equipamento com tecnologia<br />

nuclear norte-coreano que<br />

teria sido adquirida pelo ditador<br />

Assad filho. De fato, os únicos dois<br />

países que condenaram a ação aparente<br />

de Israel foram a Coréia do<br />

Norte e o regime islamo-fascista<br />

iraniano. As autoridades israelenses<br />

se fecharam em copas e não falam<br />

sobre o assunto. Ou seja: onde<br />

há fumaça, há fogo.<br />

Porém, em meio ao otimismo,<br />

o terror ainda continua causando<br />

danos como ocorre no sul do país.<br />

Todos os meses, o Hamas (ainda<br />

que a Jihad Islâmica e outros grupelhos<br />

menores assumam os lançamentos,<br />

sabe-se que o responsável<br />

é o próprio Hamas), atira<br />

cerca de 120 mísseis Kassam contra<br />

a cidade de Sderot, de 30 mil<br />

habitantes, e contra dezenas de<br />

kibutzim fronteriços de Gaza. Mas<br />

medidas defensivas já estão sendo<br />

tomadas e uma delas, recém<br />

informada pelas autoridades é o<br />

A capa reproduz a obra de arte cujo título é “Simchat Torá”, elaborada com a técnica<br />

aquarela e dimensões de 50 x 35 cm, criação de Aristide Brodeschi. O autor nasceu em<br />

Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já desenvolveu<br />

trabalhos em várias técnicas, dentre elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações<br />

por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras estão espalhadas por vários países<br />

e tem no judaísmo, uma das principais fontes de inspiração. É o autor das capas do jornal<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. (Para conhecer mais sobre ele, visite o site www.brodeschi.com.br).<br />

27 27 de de <strong>setembro</strong><br />

<strong>setembro</strong><br />

<strong>setembro</strong><br />

28 28 de de <strong>setembro</strong><br />

<strong>setembro</strong><br />

29 29 de de <strong>setembro</strong><br />

<strong>setembro</strong><br />

<strong>setembro</strong><br />

30/9 30/9 a a 2/10<br />

2/10<br />

3 3 de de outubro<br />

outubro<br />

4 4 de de outubro<br />

outubro<br />

5 5 de de outubro outubro<br />

outubro<br />

6 6 de de outubro<br />

outubro<br />

13 13 de de outubro<br />

outubro<br />

Falecimentos<br />

Ibrahim Belaciano — dia 30/6 — 14 de Tamuz<br />

de 5767, no Rio de Janeiro. Sepultado no<br />

Cemitério israelita do Caju, no Rio.<br />

Esther Rachewski Aronson — dia 10/9 — 27<br />

de Elul de 5767, em Curitiba. Sepultada no Cemitério<br />

Israelita do Umbará.<br />

Hany Heller, dia 19/9 — 7 de Tishrei de 5768.<br />

Curitibana de nascimento, era filha de Gitcia e<br />

Henrique Wahrhaftig, e faleceu em São Paulo,<br />

onde residia. Foi sepultada no dia 20/9 no Cemitério<br />

Israelita do Butantã.<br />

Humor judaico<br />

Sem Sem opções opções<br />

opções<br />

Era hora da refeição noturna durante um<br />

vôo da empresa de aviação israelense El Al.<br />

‘O senhor gostaria de jantar?’, pergunta a<br />

aeromoça para Moishe, sentado à sua frente.<br />

— ‘Quais são minhas opções?’ responde Moishe,<br />

indagando a comissária de bordo.<br />

— ‘Sim, ou não’, responde ela.<br />

desenvolvimento de um sistema<br />

defensivo ativo contra mísseis que<br />

utiliza raio laser anti-míssil.<br />

Enquanto Israel tenta negociar<br />

com palestinos moderados os radicais<br />

empurram o povo palestino<br />

para a desgraça. A Jihad Islâmica e<br />

o Comitê de Resistência Popular assumiram<br />

um ataque de Kassam,<br />

numa aparente tentativa de remover<br />

a responsabilidade do Hamas<br />

pelo que acontece no território que<br />

controla, ferindo 69 soldados há<br />

poucos dias, no campo de treinamento<br />

de Zikkim, a 1 km da fronteira<br />

de Gaza. Felizmente nenhum<br />

deles morreu, embora vários tenham<br />

se ferido com gravidade. Como Israel<br />

não está mais na Faixa de Gaza,<br />

a propaganda do retrógrado Hamas<br />

continua falando da libertação total<br />

da Palestina da “ocupação sionista”.<br />

Enquanto isso, Israel hoje<br />

conta com 7,2 milhões de habitantes<br />

e no ano que vem completa 60<br />

anos de independência.<br />

A Redação<br />

Acendimento das<br />

velas em Curitiba<br />

<strong>setembro</strong>/outubro 2007<br />

Véspera de Shabat<br />

DATA HORA<br />

27/9 1 18h49<br />

38/9 17h55<br />

3/10 2 17h57<br />

4/10 3 18h52<br />

5/10 17h58<br />

12/10 18h01<br />

19/10 18h05<br />

1 Sucot<br />

2 Shemini Atsêret<br />

3 Simchat Torá


Outubro de 1917<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Esperanças e ilusões de uma geração<br />

Sérgio Feldman *<br />

á noventa anos estava em<br />

vias de eclodir a Revolução<br />

de Outubro. Que, aliás,<br />

ocorreu em novembro, visto<br />

na Rússia Czarista ainda<br />

vigorar o calendário Juliano.<br />

Um sonho de redenção da humanidade<br />

e uma ilusão de que o final da<br />

opressão dos judeus da Europa Oriental<br />

estaria em vias de ocorrer. Grandioso<br />

e trágico momento.<br />

O czar, que era o símbolo vivo do<br />

autoritarismo tirânico do povo russo<br />

e a um tempo, também, encarnação<br />

da opressão sem travas, dos judeus<br />

do vasto Império dos Romanov,<br />

estava sendo derrubado e se previa<br />

a aurora de uma nova era. A utopia<br />

socialista se consolidava como uma<br />

realidade próxima: os oprimidos estavam<br />

tomando o poder e iam criar<br />

uma república aonde reinaria a justiça<br />

social e a liberdade para todos.<br />

Gerações de judeus haviam sofrido<br />

sob o tacão cruel dos czares: pogroms,<br />

restrições de locomoção, numerus<br />

clausus nas universidades,<br />

convocação forçada ao exército por<br />

30 anos com intenção de converter<br />

os judeus (cantonismo), e muitas<br />

políticas severas e cruéis durante<br />

todo o século XIX e nas duas primeiras<br />

décadas do século XX. O apoio à<br />

Revolução, ou pelo menos a simpatia<br />

à mesma, era uma reação<br />

justa e adequada: o<br />

que poderia ser pior ou<br />

igual à crueldade e a violência<br />

dos czares? Um sonho<br />

de Redenção pousou<br />

no íntimo de muitos corações<br />

judaicos: estava<br />

vindo o tempo de justiça<br />

social e de paz previsto<br />

pelos Profetas, mas de<br />

uma maneira “laica” através<br />

do socialismo de Lênin<br />

e seus bolcheviques.<br />

A utopia da Redenção por<br />

vias laicas era comum entre os judeus<br />

europeus que acreditavam em<br />

solução política da questão judaica:<br />

seja pela democracia, ou pelo socialismo,<br />

muitos haviam laicizado seu<br />

sonho messiânico. A militância judaica<br />

no socialismo europeu era<br />

muito grande, bem maior que sua<br />

proporção na sociedade de maneira<br />

percentual. A adesão ao sonho de<br />

Redenção via URSS, ou na vertente<br />

oposta, via sionismo socialista eram<br />

duas maneiras antagônicas, mas que<br />

espelhavam modelos políticos esquerdistas<br />

que almejavam a solução da<br />

questão judaica.<br />

O início deste processo foi difícil,<br />

mas ainda assim repleto de esperança.<br />

A pobreza após a Primeira<br />

Selo postal da antiga<br />

URSS emitido com a<br />

denominação Birobidijan<br />

No alto do edifício da entrada principal da estação de trens que ainda existe em Birobidjan<br />

o letreiro escrito em russo e e em iídiche indica o nome do lugar<br />

Guerra e nos anos da Revolução, e<br />

intervenções de “brancos” (reacionários)<br />

e de ocidentais, deixaram<br />

a recém-criada União das Repúblicas<br />

Socialistas Soviéticas em estado<br />

de penúria. Lenta a gradualmente,<br />

a URSS se reergue e direciona<br />

seus olhos para seus cidadãos judeus.<br />

Projetos são executados: jornais<br />

e livros são editados em iídiche.<br />

O teatro judaico tem estímulo<br />

e a cultura judaica se eleva a um<br />

patamar elevado.<br />

Morre Lênin e em seu lugar assume<br />

Stalin, que supera o sucessor provável<br />

que seria Trotsky. Stalin concebe<br />

uma estratégia para<br />

“divergir” e neutralizar o<br />

projeto sionista. Um estado<br />

judaico em território<br />

soviético que seria criado<br />

no extremo leste do<br />

território soviético, na<br />

fronteira com a China, a<br />

qual ele temia, e que queria<br />

neutralizar. Um local<br />

ermo, de péssimas condi-<br />

ções e de acesso difícil.<br />

Ainda assim, um entusiasmo<br />

se acendeu entre os<br />

judeus esquerdistas de<br />

todo o mundo: a redenção estava em<br />

vias de ser executada na pátria do<br />

socialismo. Era o projeto de Birobidjan,<br />

que criaria uma República Soviética<br />

judaica nos confins asiáticos<br />

da URSS. Coletas de dinheiro foram<br />

feitas, voluntários mal-informados<br />

e idealistas se ofereceram<br />

para colonizar e criar a pátria judaica<br />

nos extremos da Sibéria. O<br />

projeto era de difícil execução e<br />

há quem acredite nas más intenções<br />

de Stalin: pouca chance de dar<br />

certo devido à falta de estrutura e<br />

as más condições do lugar. O fracasso<br />

só foi constatado nos anos<br />

sessenta. Na Segunda Guerra Mundial<br />

o local serviu de refúgio a muitos<br />

judeus que fugiam do nazismo.<br />

O pior ainda ocorreria: a paranóia<br />

de Stalin fez muitas vítimas<br />

entre políticos e militares. Como<br />

entre a Velha Guarda dos “bolcheviques”<br />

havia muitos judeus, Stalin<br />

os defenestrou, entre muitos<br />

outros acusados, de traição, espionagem<br />

e sionismo.<br />

Os processos stalinistas não<br />

eram direcionados apenas contra<br />

judeus: muitas vítimas da sanha<br />

vingativa de sua doentia paranóia<br />

eram revolucionários fiéis e idealistas<br />

dedicados à causa do socialismo.<br />

Stalin teve responsabilidade<br />

na morte de muitos milhares de pessoas:<br />

não há consenso, mas se admite<br />

que devam ter perecido sob o<br />

“Gulag” stalinista cerca de 500 mil<br />

judeus. Há cifras divergentes que<br />

calculam em um milhão de vítimas<br />

judaicas, mas estas são contestadas<br />

por autores esquerdistas e questionadas<br />

por outros.<br />

Nos anos 40 e 50 do século passado,<br />

muitos debates dividiam as<br />

comunidades judaicas do Brasil: os<br />

clubes e associações esquerdistas<br />

defendiam a URSS e a política stalinista<br />

diante da maioria dos componentes<br />

das kehilot que acusavam<br />

Stalin de crimes políticos contra os<br />

judeus e até de ser uma versão “à<br />

esquerda” do genocídio nazista.<br />

Exageros a parte, a postura de Stalin<br />

era contraditória: apoiou a criação<br />

do Estado de Israel (1947/1948)<br />

e oprimiu os judeus soviéticos neste<br />

período de maneira cruel e, por<br />

vezes, sanguinária. A morte de Stalin<br />

não fez cessar o mal-estar judaico<br />

em relação ao fato que o “sonho<br />

de Redenção” se esvaia. A rua judaica<br />

seguia em polvorosa: nem o<br />

Congresso do PCUS, que condenou<br />

Stalin e seus crimes, realizado em<br />

meados da década de 50, acabou a<br />

polêmica. Os judeus esquerdistas<br />

acreditavam que se tratasse de propaganda<br />

da guerra fria, manipula-<br />

da pelos EUA. Só aceitaram os fatos<br />

muitos anos mais tarde.<br />

A luta pela imigração dos judeus<br />

soviéticos a Israel teve momentos<br />

de tenacidade e de heroísmo.<br />

Iniciada nos anos setenta do<br />

século passado, culminou com a Perestroika<br />

de Gorbachev, que praticamente<br />

abriu as portas da URSS<br />

aos judeus de todo tipo: legiões<br />

de judeus assimilados por três gerações,<br />

aos quais foram agregados<br />

não-judeus oportunistas que imigravam<br />

para Israel e de lá à Europa<br />

e aos EUA em busca de melhores<br />

condições. Esta imigração, que teve<br />

altos e baixos, mas que fortaleceu<br />

Israel no sentido demográfico,<br />

criou um fato consumado: graças<br />

aos judeus russos se pode afirmar<br />

que tem-se em Israel, uma densidade<br />

populacional que consolida a<br />

presença judaica no Oriente Médio.<br />

No que tange à Revolução bolchevique,<br />

e o sonho de Birobidjan,<br />

fica uma triste e delicada lição: cada<br />

um deve cuidar de seu próprio des-<br />

Mapa da então Região Autônoma de Birobidjan, perto da península de<br />

Kamtchtka e junto à fronteira da China<br />

tino. Israel pode não ser perfeito, e<br />

nem ter resolvido a “questão judaica”,<br />

mas se consolidou como uma democracia<br />

responsável, moderna e pluralista.<br />

Conflitos com os palestinos<br />

e os países árabes, e com o Irã, geram<br />

preocupação. Já a estabilidade<br />

das instituições e do sistema democrático<br />

israelense são motivo de<br />

satisfação, mesmo tendo que<br />

ser aprimorados e revistos a<br />

todo tempo. Se a Redenção<br />

não ocorreu no Estado sionista,<br />

pelo menos gerou<br />

certa estabilidade e um Estado<br />

que pode servir de referência<br />

em muitos âmbitos,<br />

desde a tecnologia, até a exportação<br />

de métodos educacionais:<br />

“Ki miTzion tetze Torá udvar<br />

HaShem meIrushalaim” (Que de Sion<br />

sairá a Torá e a palavra de D-us de<br />

Jerusalém”). O sonho não acabou e<br />

tampouco se consumou de maneira<br />

plena, mas mesmo sujeito a críticas<br />

e reflexões, está claro que não se<br />

consumará em Birobidjan.<br />

3<br />

Sérgio Feldman<br />

* Sérgio Feldman é<br />

doutor em História pela<br />

UFPR e professor de<br />

História Antiga e Medieval<br />

na Universidade Federal do<br />

Espírito Santo, em Vitória, e<br />

ex-professor adjunto de<br />

História Antiga do Curso<br />

de História da Universidade<br />

Tuiuti<br />

do Paraná.


4<br />

Don Feder<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Don Feder *<br />

orque devemos estar todos<br />

unidos a respeito deste<br />

tema? Estes são extratos de<br />

uma conferência brindada<br />

por Don Feder.<br />

Você tem um problema. É um<br />

problema compartilhado pelos judeus<br />

em Hebron, sérvios em Kosovo, católicos<br />

no Líbano e americanos caminhando<br />

pelas ruas de Nova York.<br />

Considere todos estes incidentes que<br />

estão conectados mais além do que<br />

alguém possa supor:<br />

* Na Indonésia, três escolares<br />

cristãs foram decapitadas.<br />

* No Iraque, um sacerdote sírio<br />

ortodoxo foi seqüestrado, torturado<br />

e assassinado.<br />

* Na Somália, uma monja foi assassinada<br />

com um disparo quando<br />

deixava o hospital onde trabalhava.<br />

* No Líbano, um ministro foi assassinado.<br />

* Na Grã Bretanha, as autoridades<br />

descobriram uma conspiração na<br />

qual britânicos fizeram um complô<br />

para colocar bombas em vôos transatlânticos<br />

novamente.<br />

* No Afeganistão, outra vez os<br />

suicidas terroristas estão agindo.<br />

* No Iraque, um grupo de devotos<br />

foi raptado em uma mesquita, encharcado<br />

com gasolina e todos queimados<br />

até a morte no que foi descrito como<br />

uma violência sectária.<br />

* Na França, um professor de filosofia<br />

do secundário esta se escondendo<br />

após receber ameaças<br />

sérias contra sua vida por um comentário<br />

que publicou em <strong>setembro</strong><br />

no jornal Le Fígaro<br />

* Cento e trinta e nove pessoas<br />

morreram em manifestações na Nigéria,<br />

Líbia, Paquistão e Afeganistão<br />

– depois da publicação das charges<br />

dinamarquesas.<br />

Morris Abadi *<br />

Vamos pensar em um casamento.<br />

Quais seriam os passos?<br />

Primeiro, temos uma fase em que<br />

o casal se conhece, troca idéias,<br />

se aproxima. Nesta fase, conhecemos<br />

as virtudes, os defeitos, os objetivos,<br />

as limitações. Podemos<br />

chamar esta fase de namoro. Depois,<br />

vem o compromisso. O namoro<br />

se torna mais sério, os objetivos<br />

mais definidos, o casal começa<br />

a se conhecer um pouco melhor.<br />

Isto é importante. Um pouco melhor.<br />

Não se conhece totalmente.<br />

Isto foi o noivado. Passada a fase<br />

do noivado, temos um período de<br />

intensa pressão. Intensos acontecimentos.<br />

A data do casamento foi<br />

marcada e os preparativos são<br />

A jihad global<br />

* A Europa está experimentando<br />

a pior onda de violência anti-semita<br />

depois da Kristallnacht.<br />

* Em Mumbay, na Índia, uma<br />

série de explosões mataram quase<br />

200 pessoas.<br />

* Em Gaza, terroristas recentemente<br />

celebraram o cessar fogo lançando<br />

mais foguetes no sul de Israel.<br />

* E o líder de mais um bilhão de<br />

católicos recebeu ameaças de morte<br />

por um discurso que fez, no qual se<br />

referiu a um balanço entre a fé e a<br />

razão, mencionando um imperador<br />

bizantino do século XIV.<br />

O que têm estes pontos em comum?<br />

Para mencionar Mark Steyn, em<br />

seu excelente trabalho América na<br />

Solidão: “É o fim do mundo como o<br />

conhecemos, começando com um eu<br />

finalizando com um grande slam (golpe<br />

forte, tradução literal).<br />

Não quero dizer que todos os<br />

muçulmanos são terroristas. Estou<br />

dizendo que quase todos os terroristas<br />

são muçulmanos e que o Islã é<br />

uma fé que é simpatizante do terrorismo.<br />

Desafio a que me nomeiem<br />

outra fé na qual sua entrada no céu<br />

está assegurada por matar aqueles de<br />

outra fé numa guerra santa.<br />

Não digo que os muçulmanos são<br />

gente má. A maioria é gente comum.<br />

O que digo é que há elementos do<br />

Islã que predispõem os aderentes a<br />

cometer crimes como os detalhados<br />

anteriormente.<br />

O que digo, e quero ser claro com<br />

isto, que uma fé adotada por 1 bilhão<br />

e 300 milhões de pessoas no<br />

mundo contém dentro das sementes<br />

do mal que vemos a nosso redor, sementes<br />

que requerem somente as condições<br />

adequadas para germinar.<br />

Tudo é referido no Corão, que considero<br />

como uma pré-escola de Minha<br />

Luta (de Adolf Hitler).<br />

exaustivos, grandes, importantes.<br />

Compromissos muito mais sérios e<br />

abrangentes são assumidos. E finalmente<br />

chega o dia do casamento.<br />

Que festa magnífica, que cerimônia<br />

tocante. E com o casamento,<br />

temos as festas em família, com<br />

os amigos, a lua de mel. Então, o<br />

casal volta para casa. Aí sim, começam<br />

os verdadeiros compromissos,<br />

a verdadeira construção.<br />

Mas, que conversa é esta de falar<br />

dos passos de um casamento? Qual<br />

o objetivo disto?<br />

As grandes festas do calendário<br />

judaico são equivalentes e muito<br />

parecidas com os passos de um casamento.<br />

Obviamente, assim como<br />

para que um casamento dê certo, as<br />

partes precisam assumir e honrar os<br />

seus compromissos, no judaísmo, as<br />

Damas e cavalheiros, estamos na<br />

penumbras de uma Guerra Mundial, tão<br />

mortal como a Guerra Fria e com um<br />

potencial de devastação como a II.<br />

(…) Faríamos um erro grosseiro<br />

se pensássemos no Islã só em termos<br />

de bombas humanas suicidas, ataques<br />

de franco-atiradores, ameaças<br />

de morte, conversões forçadas, mutilações<br />

genitais nas mulheres, assassinato,<br />

jihad e fatwa.<br />

Um dado muito importante é o<br />

que ocorre em maternidades desde<br />

Bruxelas a Bombaim. Das 10 nações<br />

com as menores taxas de nacionalidade,<br />

nove são européias cristãs.<br />

E os 10 países com a maior taxa de<br />

fertilidade? São do Islã. Vejamos o<br />

Níger (7,46 crianças por mulher),<br />

Mali (7,42), Somália (6,76), Afeganistão<br />

(6,69) e Iêmen (6,58). A<br />

mulher palestina que se suicidou<br />

com a idade de 64, sendo a suicida<br />

terrorista mais velha, era mãe de 9<br />

e tinha sido avó de 41.<br />

(…)<br />

Por exemplo, conforme artigo publicado<br />

pelo Washington Times, em 2015<br />

a metade dos soldados no exército russo<br />

será de muçulmanos. E em 2020 aproximadamente<br />

20% da população russa<br />

será muçulmana. O mesmo pode acontecer<br />

naqueles anos no Reino Unido, na<br />

França, Bélgica e Holanda.<br />

Atualmente os muçulmanos são<br />

10% da população na França. Mas<br />

comparando aos franceses menores<br />

de 20 anos, 30% são muçulmanos.<br />

(…) Se bem que há o suficiente<br />

de nós que vemos a necessidade de<br />

agir, cremos que pode ser tarde.<br />

Todos estamos concentrados em ver<br />

o que acontece no seu próprio terreno<br />

que esquece da visão macro. Os sionistas<br />

se preocupam e de maneira correta<br />

com o terrorismo dos palestinos.<br />

A angústia que experimentam os<br />

hindus na Cachemira pela violência<br />

O casamento<br />

coisas não são muito diferentes.<br />

O namoro? Trata-se do período<br />

anterior a Rosh Hashaná, quando fazemos<br />

Selichot (Suplicações). A noiva<br />

esta conversando com o noivo.<br />

Se expondo. Colocando seus defeitos,<br />

tentando conhecer melhor o<br />

noivo. E descobre-se que o noivo é<br />

de muito bom coração. Sim, é Am<br />

Israel conversando com D-us.<br />

Então, chega o dia do noivado.<br />

Rosh Hashaná. Data em que os compromissos<br />

começam a ser selados e a<br />

ficar mais sérios. Mas ainda o casal<br />

pode melhorar ainda mais. Pode se<br />

relacionar a assumir compromissos<br />

ainda mais sérios. São os Dias Temíveis,<br />

intermediários entre Rosh<br />

Hashaná e Iom Kipur.<br />

Finalmente, chega o dia do casamento.<br />

Logo depois de Iom Ki-<br />

apoiada pelo Paquistão, que matou<br />

mais de 50.000 pessoas nos últimos<br />

20 anos.<br />

Grupos como a Voz dos Mártires<br />

documentaram a perseguição de cristãos<br />

no mundo libanês, lamentando<br />

a presença de cristãos no governo<br />

do Líbano. Os cristãos coptas se<br />

queixam que o tratamento de seus<br />

devotos no Egito é persecutório. Por<br />

que tudo isto é parte de um mesmo<br />

assunto. O que acontece no Líbano<br />

afeta Cachemira. O que afeta na Judéia<br />

e na Samária afeta tanto o Líbano<br />

como Londres.<br />

Em retrospectiva é fácil de ver<br />

que um número de eventos na década<br />

de 30 foram passos que levaram<br />

à Segunda Guerra Mundial. É<br />

muito fácil ver a conexão dos<br />

eventos em retrospectiva. Mas, por<br />

exemplo, até antes de Perl Harbor,<br />

milhões de americanos não entendiam<br />

a guerra como tal e logo após<br />

o ataque de Perl Harbor viram a<br />

ameaça alemã. Como disse Winston<br />

Churchill ao presidente Franklin<br />

Delano Roosevelt: “Agora estamos<br />

juntos nisto”.<br />

Meus amigos, estamos neste<br />

assunto…Juntos. Judeus, católicos,<br />

cristãos maronitas, hindus, sérvios<br />

ortodoxos e cristãos na Indonésia.<br />

Até que não comecemos a nos dar<br />

conta, não teremos esperança de nos<br />

opor a uma jihad global.<br />

Quando os sionistas começarem<br />

a se preocupar com o destino dos<br />

sérvios en Kosovo, quando os hindus<br />

apoiarem as comunidades judaicas<br />

e quando os sérvios defenderem<br />

os hindus da Cachemira, poderemos<br />

começar a fazer progressos.<br />

* Don Feder, colunista do Boston<br />

Herald, atualmente é diretor de sua<br />

própria consultoria especializada<br />

em mídia.<br />

pur. Afinal, os noivos devem jejuar<br />

na véspera do casamento. E na seqüência<br />

do casamento, temos as<br />

celebrações de Sheva Berachot,<br />

equivalentes exatamente aos 7 dias<br />

de alegria e júbilo com refeições<br />

festivas dentro da Sucá.<br />

Então, acabam as festividades<br />

e a lua de mel. E o casal então volta<br />

para casa, coroado. Coroado<br />

com a Torá, equivalente à festa de<br />

Simchat Torá.<br />

E é agora que começam os compromissos<br />

e a construção de verdade.<br />

Que o casamento entre a noiva,<br />

Am Israel, e o noivo, D-us, seja feliz<br />

e duradouro.<br />

Shaná Tová Umetuká.<br />

* Morris Abadi é administrador de<br />

empresas em São Paulo.


Ratna Pelle *<br />

m ponto de vista popular<br />

entre liberais e progressistas<br />

é que a solução<br />

para o Conflito do<br />

Oriente Médio (leia-se a<br />

ocupação israelense do território<br />

palestino) é a chave para resolver<br />

todos os outros problemas no<br />

Oriente Médio. A América terá sucesso<br />

fazendo do Iraque um estado pacífico<br />

e democrático, os países árabes<br />

serão democráticos e prósperos,<br />

e os islamistas e a Al Qaeda se tornarão<br />

isolados com suas chamadas para<br />

a jihad e perderão sua fonte mais importante<br />

para o recrutamento. Da<br />

mesma forma, o Irã provavelmente<br />

abandonará sua busca pelas armas<br />

atômicas, e o Egito e Síria poderão<br />

gastar todo o dinheiro que eles aplicam<br />

atualmente em seus exércitos na<br />

educação e cuidados médicos.<br />

Não só progressistas mantêm esta<br />

visão em grandes proporções, os próprios<br />

estados árabes falam assim,<br />

também. Só recentemente o moderado<br />

rei Abdullah da Jordânia emitiu<br />

esta opinião, e pediu aos EUA<br />

que adotassem uma posição de mais<br />

‘imparcialidade’ (leia-se mais pró-árabe),<br />

e também a Liga Árabe gosta de<br />

rotular ‘o tema da Palestina’ como o<br />

problema-chave do Oriente Médio.<br />

Esta atitude não nos surpreende,<br />

mas deveria nos fazer pensar, que isto<br />

desobrigaria os líderes árabes dos<br />

problemas do Oriente Médio como a<br />

instabilidade, a popularidade do Islã<br />

radical, a situação miserável das<br />

mulheres e das minorias, o fraco desenvolvimento<br />

econômico, o alto<br />

desemprego e o crescimento da população.<br />

Eles sempre usaram Israel<br />

como uma conveniente distração<br />

para os seus próprios problemas internos,<br />

e tentaram suavizar sua imagem<br />

pobre com o falso elogio da<br />

‘questão Palestina’. Comentaristas de<br />

esquerda sabem disto é claro, pois<br />

sempre que algum político árabe diz<br />

algo feio ou agressivo sobre Israel ou<br />

os judeus, eles se alinham para explicar<br />

(leia-se perdoar) que o significado<br />

disto foi para consumo interno.<br />

Esta visão do papel do conflito<br />

no Oriente Médio também é compartilhada<br />

por algumas pessoas proeminentes<br />

dentro e em torno da Casa<br />

Branca, Democratas e Republicanos,<br />

e forma o coração do relatório do<br />

assim chamado Grupo de Estudos do<br />

Iraque, também conhecida como Comissão<br />

Baker-Hamilton, que foi publicado<br />

em dezembro de 2006. É irônico<br />

que um relatório feito para oferecer<br />

um caminho de saída do pântano<br />

iraquiano, termine no conflito<br />

Israel é o coração dos<br />

problemas do mundo árabe?<br />

israelense-palestino. Para os EUA é<br />

também atraente por não só deixar<br />

de focalizar nos seus próprios erros<br />

no Iraque, mas também por desviar<br />

atenção para outro país, ainda que<br />

seja um aliado. Até mesmo Condoleezza<br />

Rice compra esta visão e viaja<br />

entre Israel, os territórios palestinos<br />

e o Egito.<br />

Os resultados de uma recente pesquisa<br />

mundial que classifica Israel<br />

como o país com a influência mais<br />

perniciosa no mundo se ajusta bem<br />

a esta imagem. No conflito do Oriente<br />

Médio, Israel é visto principalmente<br />

responsável, como uma ameaça<br />

à paz mundial e o causador principal<br />

nas relações tensas entre os<br />

muçulmanos e o Ocidente.<br />

A ocupação dos territórios palestinos,<br />

afirmam, é tal qual uma<br />

grande humilhação para os árabes<br />

que não podem confiar no Ocidente<br />

e não podem interagir com ele numa<br />

base igualitária. Ecoa o passado<br />

colonial do Ocidente, sua arrogância,<br />

seu sentimento de superioridade.<br />

Mas não é só a ocupação, também<br />

a própria existência de Israel é<br />

humilhante, particularmente porque<br />

foi desde o princípio o objetivo<br />

declarado da Liga Árabe de impedir<br />

ou abolir o nascimento de Israel. A<br />

existência de Israel mostra a significativa<br />

diferença no desenvolvimento<br />

econômico, técnico e militar entre<br />

o mundo árabe e o Ocidente.<br />

Enquanto Israel, por um lado é uma<br />

distração conveniente para os problemas<br />

internos dos estados árabes,<br />

por outro lado dolorosamente realça<br />

a incompetência árabe e atraso<br />

em várias áreas.<br />

Não há dúvida alguma de que uma<br />

solução para o conflito israelensepalestino<br />

e um estado palestino viável<br />

teria um efeito positivo na região<br />

e (numa menor escala) também<br />

nas relações entre os muçulmanos e<br />

o Ocidente em geral. Mas não tenhamos<br />

expectativas idílicas. Um estado<br />

palestino não será uma democracia<br />

próspera em curto prazo, mas um<br />

míni-estado que lutará com uma alta<br />

taxa de natalidade alta, recursos<br />

naturais limitados e uma estrutura<br />

de clãs na qual rivalidades internas<br />

e a corrupção desempenham a principal<br />

papel. Os palestinos (e os árabes)<br />

não estarão aptos a ter todas<br />

as suas exigências satisfeitas, porque<br />

isso faria a existência de Israel<br />

como um estado judeu impossível.<br />

O acordo futuro será doloroso para<br />

ambos os lados. Dos dois lados haverá<br />

um significativo número de pessoas<br />

sentindo que eles tiveram que<br />

pagar um preço muito alto e que o<br />

outro lado ganhou muito mais com<br />

a negociação. Após um tratado de<br />

paz haverá provavelmente o perigo<br />

de que as tensões irão aumentar, que<br />

os extremistas sabotarão tudo, que<br />

o outro lado não manterá os acordos.<br />

Para a reconciliação entre (judeus)<br />

israelenses e árabes é preciso<br />

mais que um tratado de paz. Um<br />

ponto final deve ser posto no antisemitismo<br />

árabe, parar com as teorias<br />

conspiratórias, parar o boicote<br />

a Israel, parar o ressentimento<br />

do mundo árabe sobre a alegada<br />

superioridade judaica e o sucesso.<br />

Um tratado de paz pode contribuir<br />

para isso, mas não é uma panacéia.<br />

Pelo contrário: um tratado de paz<br />

só pode ter sucesso quando o mundo<br />

árabe estiver preparado para<br />

aceitar os acordos e estar predisposto<br />

à reconciliação ao invés da<br />

luta. E a briga para isso ainda é<br />

uma indecisão no mundo árabe.<br />

Há um outro problema com esta<br />

teoria: ela coloca todas as apostas<br />

num dos mais longos e persistentes<br />

conflitos do mundo. Os partidários<br />

mais apaixonados desta teoria pensam<br />

que este conflito pode ser solucionado<br />

em alguns anos e que negociações<br />

sobre ‘temas dos status finais’<br />

podem ser iniciadas imediatamente.<br />

Se Israel hesitar em aceitar<br />

concessões importantes, simplesmente<br />

aumente a pressão, eles dizem. Em<br />

2000 Israel aceitou concessões substanciais,<br />

apesar de muitas reclamações<br />

em contrário, mas isso não conduziu<br />

a um acordo de paz, porque<br />

Arafat estava pouco disposto a abrir<br />

mão do ‘direito de retorno’ dos refugiados<br />

palestinos, nem aceitar a divisão<br />

da cidade velha de Jerusalém<br />

e alguns ajustes de fronteira. Por<br />

outro lado, estava longe a certeza<br />

de que o público israelense teria<br />

aprovado as concessões de longo<br />

alcance de Barak num referendo, certamente<br />

não com a ‘ajuda’ de alguns<br />

oportunos ataques suicidas. Os opositores<br />

da paz em ambos os lados podem<br />

contar um com o outro.<br />

Seguramente há uma necessidade<br />

de colocar um pouco de pressão<br />

em ambos os lados para fazer concessões,<br />

mas até mais do que isso é<br />

necessário para um bom mecanismo<br />

de controle que garantiria a ambos<br />

os lados a manutenção de seus termos<br />

do acordo e que pudessem contar<br />

com o outro lado para fazer o<br />

mesmo: monitores internacionais ou<br />

árbitros pacificadores, por exemplo.<br />

Estes não são novos na região e os<br />

resultados nem sempre foram positivos.<br />

A Unifil não é capaz de nem<br />

impedir o rearmamento do Hezbolá,<br />

apesar das disposições da Resolução<br />

1701 do Conselho de Segurança da<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

ONU, com a qual Israel e o Líbano<br />

concordaram. Monitores europeus<br />

não evitaram o contrabando de armas<br />

em larga escala entre a Faixa<br />

de Gaza e Egito apesar da sua obrigação<br />

de monitorar isso. Israel fechou<br />

repetidamente a fronteira Karni<br />

limitando o cruzamento para<br />

bens, apesar da promessa de que<br />

seria aberta. Belas perspectivas<br />

como uma conexão com a Margem<br />

Ocidental, um porto e um aeroporto<br />

para Gaza não se materializaram,<br />

porque ninguém pode garantir a<br />

Israel que isso não conduziria a um<br />

aumento no contrabando de armas.<br />

O cessar-fogo em Gaza no final de<br />

novembro tem sido violado desde<br />

o primeiro dia através do lançamento<br />

de foguetes por grupos palestinos<br />

quase diariamente em Israel. Em<br />

janeiro o Hamas louvou um ‘bemsucedido’<br />

ataque suicida em Eilat.<br />

Negociações sobre o ‘status final’<br />

são insensatas numa situação<br />

de mútua desconfiança, incerteza<br />

sobre quem tolerará qual acordo, e<br />

especialmente as facções palestinas<br />

que se opõem a qualquer<br />

acordo e desejam<br />

explodi-lo lite-<br />

ralmente sem<br />

que a AutoridadePalestina<br />

possa estar<br />

disposta<br />

a lutar com<br />

elas. Além<br />

disso, as negociaçõessobre<br />

o ‘status<br />

final’ não são<br />

conduzidas num<br />

vácuo e não são destacadas<br />

da realidade diária<br />

das humilhações de palestinos nos<br />

postos de fiscalização, colonos agressivos,<br />

(principalmente) impedir ataques<br />

suicidas palestinos e o estímulo<br />

na mídia palestina. Um período interino<br />

no qual são focalizados problemas<br />

práticos no solo e confiança<br />

construída mantendo-se ‘pequenos<br />

acordos’, é uma condição prévia aos<br />

acordos finais em assuntos como<br />

fronteiras definidas, Jerusalém e o<br />

problema dos refugiados.<br />

Solucionar o conflito israelensepalestino<br />

é do interesse maior, mas<br />

pode demorar um tempo. Então não<br />

é sábio esperar por ele antes de<br />

tentar resolver outros problemas do<br />

mundo árabe. Democratização, direitos<br />

das mulheres e das minorias,<br />

melhor educação; isso é tudo que<br />

é importante e necessário, e pode<br />

conduzir às condições para fazer um<br />

acordo e reconciliação com Israel<br />

mais fácil aceitar.<br />

* Ratna Pelle é um acadêmico<br />

holandês que foi ativo em<br />

diversos movimentos de<br />

esquerda pela paz, meio<br />

ambiente e terceiro mundo. Ele<br />

observa que não é judeu nem<br />

palestino, não é israelense nem<br />

árabe. O texto original foi<br />

publicado em inglês no website<br />

www.zionism-israel.com/log/<br />

archives/00000360.html<br />

5


6<br />

Shimon Peres<br />

Tzipora Rimon<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Mensagem do presidente de Israel<br />

Shimon Peres<br />

este momento em que estamos<br />

no limiar do Ano Novo judaico<br />

e em que assumo a Presidência<br />

do Estado de Israel, desejo primeiramente<br />

compartilhar com vocês<br />

o meu mais profundo e sincero<br />

desejo de contínua prosperidade, segurança,<br />

riqueza intelectual e bemestar<br />

para o Povo Judeu, em todo o<br />

mundo, assim como para todos aqueles<br />

que buscam a paz e a tolerância.<br />

É tempo de união – tanto em casa<br />

quanto no exterior.<br />

Dentro do espectro maior dos dilemas<br />

e desafios que enfrentamos na<br />

Nova Era, o povo judeu está sendo<br />

convocado para tratar de problemas<br />

e questões que dizem respeito à nossa<br />

existência, ao nosso papel em iniciativas<br />

globais e ao delineamento<br />

de nossa própria identidade. Durante<br />

muitos anos, Israel foi visto<br />

como um “problema” mundial. Hoje,<br />

os desafios globais são tanto da<br />

agenda israelense quanto o são as<br />

demais questões que preocupam o<br />

mundo, como um todo.<br />

Faz-se necessário, portanto, que<br />

trabalhemos em conjunto para lidar<br />

com os atuais e os futuros desafios<br />

– não bastando simplesmente reagir<br />

aos mesmos, mas sonhar e criar... e<br />

conceber prioridades estratégicas de<br />

tanta profundidade quanto as que<br />

Tzipora Rimon<br />

No Rosh Hashaná, o Ano Novo<br />

Judaico 5768 e desejamos uns aos<br />

outros que o ano que se inicia seja<br />

repleto de prosperidade, felicidade<br />

e paz. Este ano comemoramos juntos,<br />

dois eventos de fundamental<br />

importância para a história do povo<br />

judeu e para o Estado de Israel: marcamos<br />

60 anos da resolução da Assembléia<br />

Geral da ONU, chefiada pelo<br />

estadista brasileiro Oswaldo Aranha,<br />

que decidiu no dia 29 de novembro<br />

de 1947, pela criação do Estado de<br />

Israel. Em maio próximo celebraremos<br />

o 60 0 Aniversário da Independência<br />

do Estado de Israel.<br />

Nestes dias presenciamos intensos<br />

contatos entre a liderança israelense<br />

e o novo governo palestino,<br />

visando a preparação do Encontro<br />

Internacional, que terá lugar em novembro<br />

nos Estados Unidos. O alvo<br />

é cristalizar princípios políticos e<br />

nosso povo soube conceber ao longo<br />

da História... Acreditando nas<br />

mesmas e as executando... Pois que<br />

somente através da consolidação de<br />

nossos esforços – os de Israel e os<br />

do povo judeu – conseguiremos realmente<br />

fazer algo de concreto para<br />

moldar o futuro e o bem-estar de<br />

nosso povo. Por vivermos em um<br />

mundo globalizado, a “realidade” inevitavelmente<br />

se torna um fenômeno<br />

dinâmico e constantemente em mudança,<br />

no qual as diferentes comunidades<br />

se defrontam com diferentes<br />

circunstâncias e desafios.<br />

O povo judeu não pode negligenciar<br />

a importância de reunir as<br />

vozes solitárias, em todo o mundo<br />

judeu, e harmonizá-las de modo a<br />

formar um todo, íntegro e significativo.<br />

Nossa responsabilidade, enquanto<br />

povo, é permitir que todas<br />

essas vozes sejam ouvidas. É necessário<br />

aprendermos, tanto em Israel<br />

quanto na Diáspora, a arte da sensibilidade<br />

e da sabedoria, que nos<br />

permitirão extrair o potencial embutido<br />

nessas vozes. Nosso objetivo,<br />

com tal processo, precisa continuar<br />

sendo a promoção de uma<br />

parceria intelectual e qualitativa,<br />

pelo bem de nosso povo. Buscar responsabilidades<br />

globais, dentro da<br />

estrutura do Tikun Olam, é parte inerente<br />

à herança judaica. A despeito<br />

de suas reduzidas dimensões de<br />

Mensagem de Ano Novo<br />

da Embaixadora de Israel no Brasil<br />

econômicos que possam ajudar as<br />

partes a se aproximarem de uma solução<br />

para o conflito. A divisão na<br />

sociedade palestina entre Fatah e<br />

Hamas, leva a uma nova oportunidade,<br />

que é o diálogo entre Israel e<br />

o novo governo palestino, paralelamente<br />

à pressão internacional sobre<br />

o Hamas, que continua mantendo<br />

uma política extremista de terror.<br />

Todos nós continuamos engajados<br />

na libertação dos soldados israelenses<br />

seqüestrados pelos grupos terroristas<br />

do Hezbolá e do Hamas. O<br />

mundo continua enfrentando o Irã<br />

e o seu programa nuclear, mas para<br />

Israel, a questão é mais profunda e<br />

existencial. Em relação à cooperação<br />

entre Israel e Brasil, vale a pena ressaltar<br />

que, desde a assinatura do<br />

acordo de cooperação em pesquisa<br />

e desenvolvimento industrial, em<br />

fevereiro passado, as delegações dos<br />

dois países já se reuniram para concretizar<br />

a atuação conjunta.<br />

território, Israel tem comprovado<br />

ser capaz de criar uma economia<br />

singular. De modo semelhante, tornou-se<br />

um pioneiro mundial na<br />

esfera do desenvolvimento científico.<br />

É crucial para Israel a busca<br />

continuada por encontrar e determinar<br />

seu próprio papel no âmbito<br />

mundial da ciência e da tecnologia,<br />

bem como por ser pioneiro na<br />

busca, sem fim, por soluções para<br />

os desafios globais no campo da<br />

educação, das telecomunicações,<br />

da agricultura, do aquecimento<br />

global e de muito, muito mais.<br />

O povo judeu, no mundo todo,<br />

tem sido e continua a ser a espinha<br />

dorsal de tais realizações. Juntos, o<br />

Estado de Israel e os judeus da diáspora<br />

têm o potencial inerente para<br />

contribuir para o avanço no caminho<br />

da paz e da prosperidade em<br />

âmbito global, em geral, e para a<br />

consolidação da existência judaica,<br />

em particular. Para que possamos<br />

transformar em realidade as aspirações<br />

acima descritas, as parcerias<br />

regionais precisam ser alimentadas,<br />

utilizando-se com sabedoria todos<br />

os recursos humanos e naturais disponíveis,<br />

como forma de promover<br />

o desenvolvimento econômico<br />

regional e a educação para a paz.<br />

Nenhuma oportunidade pode ser<br />

perdida e todas as pistas devem ser<br />

seguidas, de modo a promover a paz<br />

A Embaixada de Israel e seu Escritório<br />

Econômico em São Paulo,<br />

estão agindo para promover a significativa<br />

participação brasileira<br />

nos dois eventos econômicos internacionais<br />

que acontecerão em<br />

Israel: a “Conferência do Primeiro<br />

Ministro para Exportação e Cooperação<br />

Internacional”e a “WATEC<br />

2007 - Feira e Conferência sobre<br />

Tecnologias da Água e Controle<br />

Ambiental”. Em dezembro será realizada<br />

a 3ª rodada de consultas<br />

políticas entre os Ministérios das<br />

Relações Exteriores do Brasil e de<br />

Israel. Continuaremos também promovendo<br />

a cooperação nos campos<br />

da educação e cultura. Esses são<br />

alguns exemplos das atividades planejadas<br />

para o ano novo.<br />

Neste novo ano judaico que nasce,<br />

5768, a Embaixada de Israel deseja<br />

ampliar cada vez mais a atuação<br />

conjunta com a comunidade judaica<br />

do Brasil. Desejo à liderança ju-<br />

entre nós mesmos e com os nossos<br />

vizinhos. Ao mesmo tempo, precisamos<br />

empreender as medidas necessárias<br />

para garantir a segurança da<br />

vida judaica, onde quer que seja. O<br />

Estado de Israel valoriza profundamente<br />

a participação das comunidades<br />

judaicas de todo o mundo no<br />

processo de assegurar o nosso bemestar<br />

nacional. Atribuímos um valor<br />

muito especial à ininterrupta participação<br />

da juventude judaica de<br />

hoje, líderes de nosso futuro.<br />

Precisamos continuar a prezar,<br />

com orgulho, a herança e a ética<br />

de nossos antepassados, ao mesmo<br />

tempo em que nossos olhos devem,<br />

também, alcançar os nossos filhos<br />

– pois temos que pavimentar o caminho<br />

para que eles se integrem e<br />

cresçam dentro da Nova Era. De<br />

fato, estamos postados à beira do<br />

presente. Ainda nos deparamos com<br />

todo o tipo de desafios, dos quais<br />

o maior é não deixar que outras<br />

perspectivas galopantes nos deixem<br />

para trás. Esta é a nossa determinação.<br />

Esta é a nossa prece. Com o<br />

Ano Novo, apresento-lhes, uma vez<br />

mais, os meus mais calorosos votos<br />

pessoais a vocês, suas famílias e<br />

suas respectivas comunidades de<br />

um ano de paz e de bem-estar.<br />

*Shimon Peres é Presidente<br />

de Israel<br />

daica, aos rabinos e sinagogas, às<br />

escolas judaicas, às organizações e<br />

todas as famílias, Shaná Tová e um<br />

feliz e frutífero Ano Novo.<br />

* Tzipora Rimon é Embaixadora<br />

de Israel


m conexão com a festa de<br />

Shemini Atsêret (o Oitavo<br />

Dia de Assembléia),<br />

nossos Sábios nos contam<br />

uma bela parábola:<br />

Um rei certa vez promoveu uma<br />

grande festa e convidou príncipes e<br />

princesas a quem apreciava muito, para<br />

seu palácio. Tendo passado vários dias<br />

juntos, os hóspedes prepararam-se para<br />

ir embora. Porém o rei lhes disse:<br />

“Peço-lhe, fiquem mais um dia comigo,<br />

é difícil ficar longe de vocês!”<br />

Assim acontece conosco, nossos<br />

Sábios concluem a parábola. Passamos<br />

muitos dias felizes na sinagoga.<br />

D-us deseja nos ver por mais um<br />

dia na sinagoga, e por isso Ele nos<br />

concede uma festa adicional - She-<br />

mini Atsêret.<br />

Em algumas congregações é costume<br />

fazer Hacafot (danças com a<br />

Torá) na noite de Shemini Atsêret,<br />

assim como na noite de Simchat Torá.<br />

Ainda fazemos nossas refeições na<br />

sucá em Shemini Atsêret.<br />

Sucot é a Festa da Colheita quando<br />

a produção dos campos era colhida<br />

e o dízimo era separado, de<br />

acordo com o mandamento da Torá,<br />

e dado aos levitas e aos pobres. A<br />

leitura da Torá no Serviço Matinal de<br />

Shemini Atsêret fala do mandamento<br />

de dar o dízimo.<br />

O serviço de Mussaf, Prece<br />

Adicional, é assinalado pela prece especial<br />

com pedidos para que haja<br />

chuva (www.chabad.org.br).<br />

Sucot: A Festa das Cabanas<br />

De 26/9 (acendimento das velas ao anoitecer) a 28/9<br />

Um período<br />

alegre é iniciado<br />

com a festa de Sucot,<br />

compensando<br />

o solene período de<br />

Rosh Hashaná e<br />

Iom Kipur.<br />

Há mitsvot nas<br />

quais utilizamos apenas<br />

algumas partes<br />

de nosso corpo, por exemplo: a mitsvá<br />

de tefilin, filactérios, que envolve o<br />

braço e a cabeça; tefilá, prece, envolve<br />

a mente e o coração e assim por<br />

diante. Em Sucot, temos uma mitsvá<br />

(preceito) singular, que é a construção<br />

de uma sucá; a única mitsvá que literalmente<br />

envolve a pessoa de corpo<br />

inteiro, com suas vestes materiais.<br />

A sucá nos lembra das Nuvens de<br />

Glória que rodearam nosso povo durante<br />

sua peregrinação pelo deserto a caminho<br />

da Terra Prometida. Todos então<br />

viram a especial proteção Divina, que<br />

D-us lhes concedeu durante aqueles anos<br />

difíceis. Mas embora as Nuvens de Glória<br />

desaparecessem no quadragésimo<br />

ano, na véspera da entrada na Terra de<br />

Israel, nunca cessamos de acreditar que<br />

D-us nos dá Sua proteção, e esta é a<br />

razão de termos sobrevivido a todos<br />

nossos inimigos em todas as gerações.<br />

Para que o judeu não se esqueça<br />

de seu verdadeiro propósito na vida,<br />

D-us, em Sua infinita sabedoria e bondade,<br />

nos faz deixar nossas casas confortáveis<br />

nesta época, para habitar<br />

numa frágil sucá, cabana, por sete dias.<br />

A sucá nos lembra que confiamos<br />

em D-us para nossa proteção, pois a<br />

sucá não é nenhuma fortaleza, nem ao<br />

menos fornecendo um telhado sólido<br />

sobre nossa cabeça. Lembra-nos também<br />

de que a vida nesta terra é apenas<br />

temporária.<br />

Durante a festa de Sucot, os homens<br />

devem comer diariamente numa<br />

sucá (cabana) especialmente construída<br />

para este fim. Nestes sete dias,<br />

não é permitido comer fora da sucá<br />

Shemini Atsêret<br />

De 3/10 (acendimento das velas ao anoitecer) a 4/10<br />

qualquer refeição que contenha pão ou<br />

massa. Há aqueles que não costumam<br />

beber nem ao menos um copo de água<br />

fora da sucá.<br />

Nos primeiros dois dias e noites da<br />

festa, o kidush, prece sobre o vinho,<br />

antecede a refeição. Nas duas primeiras<br />

noites, é obrigatório comer na sucá<br />

ao menos uma fatia de pão (além do<br />

kidush), mesmo que esteja chovendo.<br />

Nos outros dias, se chover, é permitido<br />

fazer as refeições dentro de casa.<br />

Refletir sobre a sucá nos dá uma<br />

ampla visão do significado de fé em Dus<br />

e da extensão de Sua Divina Providência.<br />

Vamos para a sucá durante a<br />

Festa da Colheita depois de haver colhido<br />

o fruto dos campos.<br />

Se uma pessoa recebeu a bênção<br />

Divina e sua terra produziu com fartura,<br />

seus estoques e adegas estão repletos,<br />

alegria e confiança preenchem<br />

seu espírito - aí a Torá a leva a abandonar<br />

a casa e residir em uma frágil<br />

sucá, para ensiná-la que nem riquezas,<br />

nem posses, nem terras são proteções<br />

na vida; somente D-us é que<br />

sustenta, mesmo os que habitam em<br />

tendas e cabanas e oferece uma proteção<br />

de confiança.<br />

E se alguém está empobrecido e seu<br />

trabalho não conheceu a bênção Divina;<br />

se a terra não deu o seu produto,<br />

se o fruto da árvore não foi armazenado<br />

em celeiros e se está incerto e temeroso<br />

ao encarar o perigo da fome<br />

nos dias de inverno que se aproximam,<br />

também encontrará repouso para seu<br />

espírito na sucá.<br />

Lembrará como D-us hospedou-nos em<br />

Sucot no deserto; nos sustentou e nos<br />

abasteceu, não nos deixando faltar nada.<br />

A sucá o ensinará que a Divina Providência<br />

é segurança melhor do que<br />

qualquer bem material, pois não<br />

abandona os que verdadeiramente crêem<br />

em D-us. A sucá o ensinará a ser<br />

forte e corajoso, feliz e tranqüilo,<br />

mesmo na aflição e na dificuldade.<br />

(www.chabad.org.br),<br />

Em Simchat Torá (“Júbilo da<br />

Torá”) concluímos, e recomeçamos<br />

o ciclo anual de leitura da Torá.<br />

O evento é marcado com muita alegria,<br />

e hacafot, feita na véspera<br />

e na manhã de Simchat Torá, na<br />

qual dançamos com os Rolos de<br />

Torá ao redor da bimá. Durante a<br />

leitura da Torá, todos, incluindo<br />

crianças abaixo da idade de barmitsvá<br />

são chamados à Torá; assim<br />

a leitura é feita inúmeras vezes,<br />

para que todos recitem a bênção<br />

sobre a Torá neste dia.<br />

Leitura da Torá: Três rolos são<br />

tirados da Arca para leitura. No<br />

primeiro, a última porção da Torá<br />

- Vezot Haberachá - é lida e relida<br />

muitas vezes, até que todos tenham<br />

sido chamados à Torá. Então<br />

meninos que ainda não tem<br />

bar-mitsvá (não completaram treze<br />

anos) são chamados à Torá juntamente<br />

com um membro destacado<br />

da sinagoga. Em seguida a<br />

bênção “Hamalach hagoel” (O Anjo<br />

que redime) com a qual Yaacov<br />

(Jacó), abençoou os filhos de<br />

Yossef (José), é pronunciada em<br />

nome dos meninos.<br />

Para a porção de encerramento<br />

chama-se alguém de destaque que<br />

recebe a denominação de “Noivo da<br />

Torá”. Outro membro é então convocado<br />

para a primeira porção de<br />

Bereshit, que é lida no segundo<br />

Rolo da Torá e é denominado “Noivo<br />

de Bereshit”.<br />

Finalmente o Maftir, trecho dos<br />

profetas que acompanha a leitura da<br />

Torá é lido no terceiro Rolo da Torá.<br />

Dessa maneira, a leitura da Torá prossegue<br />

porção por porção durante o<br />

ano todo, durante todas as épocas,<br />

em um eterno ciclo que quando parece<br />

se encerrar, logo depois recomeça<br />

ininterruptamente.<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Simchat Torá<br />

De 4/10 (acendimento das velas ao anoitecer) a 5/10<br />

Isto mostra que não há fim na<br />

Torá, que deve ser lida e estudada<br />

constantemente, mais e mais, pois<br />

a Torá, como o próprio D-us que a<br />

deu para nós, é imorredoura. Cumprindo-a,<br />

nosso povo forma o terceiro<br />

elo na eterna união entre<br />

D-us, a Torá e Israel.<br />

7<br />

Gravura sobre Simchat Torá<br />

em que estão retratados os<br />

famosos Rabinos Yakov<br />

Yisrael Kanievski<br />

(conhecido como o Steipler<br />

Gaon), Yitzchak Kaduri,<br />

chacham Yosef Chaim<br />

(conhecido como Ben Ish<br />

Chai) e Yisrael<br />

Abuchatzeira (conhecido<br />

como Baba Sali) dansando<br />

com a Torá


8<br />

Walid Phares<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

O massacre de políticos no Líbano<br />

Walid Phares *<br />

om o assassinato do deputado<br />

libanês Gubran Tueni<br />

em dezembro de 2006, meses<br />

depois do assassinato<br />

dos líderes políticos George<br />

Hawi e Samir Qassir durante<br />

o verão, a estratégia do terror<br />

sírio-iraniano abriu a sangrenta<br />

temporada de caça ao Parlamento libanês<br />

eleito democraticamente.<br />

Walid Eido foi o último parlamentar<br />

libanês assassinado. Após a retirada<br />

das forças sírias regulares do<br />

Líbano em abril de 2005, Bashar Assad<br />

e seus aliados de Teerã traçaram<br />

uma contra-ofensiva para balançar a<br />

Revolução dos Cedros. Um dos principais<br />

componentes da estratégia era<br />

(e continua sendo) o uso de todos<br />

os ativos dos serviços de inteligência<br />

e segurança da Síria e do Irã no<br />

Líbano para “reduzir” a cifra de representantes<br />

que constituem a maioria<br />

anti-Síria no Parlamento. Tão simples<br />

como isso: assassinar quantos<br />

membros forem necessários para decantar<br />

a maioria quantitativa na Assembléia<br />

Legislativa. E quando acontecer<br />

isso, o governo de Seniora virá<br />

abaixo e se constituirá um gabinete<br />

encabeçado pelo Hezbolá. Além disso,<br />

se a guerra do terror matar outros<br />

8 legisladores, o resto do Parlamento<br />

pode eleger um novo Presidente da<br />

República, que colocaria o país sob<br />

a tutela do regime de Assad.<br />

Tão incrivelmente selvagem como<br />

possa parecer isto no Ocidente, o<br />

genocídio dos legisladores do Líbano<br />

a mãos do regime sírio e seus<br />

aliados é “muito usual” na cultura<br />

política baathzista (e certamente na<br />

jihadista). Durante os anos 80, Saddam<br />

Hussein executou um grande<br />

segmento da Assembléia Nacional de<br />

seu próprio Partido Baath (lê-se Baatz)<br />

com o objetivo de manter intacto<br />

seu regime. Ao longo da mesma<br />

década Hafez Assad erradicava<br />

sistematicamente sua oposição política,<br />

tanto dentro da Síria como<br />

por todo o Líbano de ocupação sí-<br />

ria, com o intuito de garantir seu<br />

controle sobre os dois países “irmãos”.<br />

De modo que ordenar desde o<br />

outono de 2004 o assassinato de<br />

seus opositores políticos por parte<br />

de Bashar para perpetuar seu domínio<br />

sobre o pequeno “império” baath<br />

não é um fato tão surpreendente:<br />

é o procedimento padrão de Damasco<br />

desde 1970.<br />

E para “alcançar” estes objetivos,<br />

a junta da Síria tem todo um leque<br />

de ferramentas e ativos deixados para<br />

trás no Líbano. Em primeiro lugar, a<br />

gigantesca rede do serviço de inteligência<br />

sírio profundamente enraizada<br />

ainda no pequeno país; em segundo<br />

lugar o poderoso Hezbolá financiado<br />

pelo Irã, com seu letal aparato<br />

de segurança; em terceiro lugar, os<br />

grupos controlados pela Síria dentro<br />

de diversos acampamentos palestinos<br />

procedentes de diversos contextos<br />

ideológicos, incluindo baathzistas,<br />

marxistas, e até islamitas como o Fatah<br />

al-Islam; em quarto lugar, os simpatizantes<br />

pró-Síria e do Hezbolá<br />

“dentro” do exército libanês, assim<br />

como as unidades regulares e os serviços<br />

de segurança sob o controle<br />

ainda do general Emile Lahoud; em<br />

quinto lugar, as milícias e organizações<br />

satélites controladas à distância<br />

pelo serviço de inteligência sírio,<br />

como o Partido Nacional-Socialista da<br />

Síria; e em sexto lugar, os agentes introduzidos<br />

dentro dos grupos políticos<br />

que gravitam ao redor de Damasco,<br />

como os de Suleiman Frangieh,<br />

Michel Aoun ou Talal Arslán. Em poucas<br />

palavras, o eixo sírio-iraniano<br />

dispõe de todo um aparato de agentes<br />

de segurança e inteligência do qual<br />

pode escolher a vontade os autores<br />

materiais mais apropriados para cada<br />

uma das “operações de derrubada”. O<br />

regime Assad dispõe de “seus próprios<br />

agentes” sunitas para matar os sunitas,<br />

dispõe de cristãos para matar os<br />

cristãos, de drusos para eliminar os<br />

drusos, e dispõe de todos os recursos<br />

do terror do Hezbolá para obstruir<br />

o governo do Líbano e finalmente<br />

derrocá-lo.<br />

A “redução” — tanto física como<br />

política — da maioria no Parlamento<br />

libanês se iniciou tão logo que<br />

foi eleita a Assembléia, na primavera<br />

de 2005. A oposição libanesa a Assad<br />

e ao Hezbolá obteve originariamente<br />

72 cadeiras das 128 existentes,<br />

uma maioria confortável para<br />

retomar a “libertação” do país da<br />

ocupação e do terrorismo. Em dezembro<br />

de 2006, um carro-bomba matava<br />

o deputado Jebran Tueni, reduzindo<br />

a maioria a 71. Ainda que rapidamente<br />

tenha sido substituído<br />

por seu pai Ghassán, a avançada idade<br />

do segundo e sua reticência em<br />

prosseguir no mesmo ativismo antiterror,<br />

isso supõe um ponto negativo<br />

na batalha geral. Em janeiro de<br />

2006 um deputado da maioria, Edmond<br />

Naim, faleceu de causas naturais.<br />

A revolução anti-Cedros força<br />

as coisas colocando Pierre Daccache,<br />

“neutro” em princípio, mas essencialmente<br />

próximo do Hezbolá e aliado<br />

de Michel Aoun. Naquele momento,<br />

a maioria tinha 71 assentos. Em dezembro<br />

de 2006, o deputado da maioria<br />

Pierre Gemayel é assassinado por<br />

agentes sírios. A cifra de deputados<br />

dedicados ao seu trabalho cai para<br />

70. Faz algumas semanas, as ameaças<br />

sírias procedentes do norte obrigam<br />

o deputado Alawi a abandonar<br />

a maioria, reduzindo a cifra a 69. O<br />

assassinato agora do sunita Walid<br />

Eido, feroz opositor do regime sírio,<br />

reduz a cifra de deputados a 68.<br />

Quatro assassinatos mais e a maioria<br />

parlamentar entrará em colapso, devolvendo<br />

o poder terrorista de Ahmedinijad<br />

e Assad às costas do Mediterrâneo<br />

Oriental.<br />

O que pode ser feito para deter o<br />

massacre de legisladores no Líbano<br />

e suas dramáticas conseqüências? O<br />

Conselho de Segurança da ONU, em<br />

virtude das resoluções 1559 e 1701,<br />

deveria intervir maciçamente, ordenando<br />

e supervisionando os seguintes<br />

passos:<br />

a) Colocar cada um dos 68 deputados<br />

restantes sob a proteção<br />

internacional direta. Uma força de<br />

segurança internacional especial<br />

seria despachada ao Líbano, reuniria<br />

os legisladores em perigo<br />

numa ou várias localizações protegidas,<br />

e mais tarde os escoltaria<br />

para que pudessem cumprir seus<br />

deveres constitucionais.<br />

b) Solicitar ao governo libanês<br />

de Seniora a convocação de eleições<br />

legislativas apropriadas nos distritos<br />

de Matn e Beirute com o objetivo<br />

de substituir os deputados assassinados<br />

Gemayel e Eido. Enviar observadores<br />

da ONU para supervisionar<br />

estas eleições.<br />

c) Solicitar ao Parlamento libanês<br />

a eleição de um novo Presidente<br />

durante o período constitucional<br />

que inicia em agosto, e escoltar os<br />

68 deputados em perigo (mais os<br />

dois recém-eleitos) até o local das<br />

eleições presidenciais e proporcionar<br />

segurança durante o processo<br />

de votação.<br />

Ao fazê-lo, o Conselho de Segurança<br />

da ONU estará implementando<br />

suas próprias resoluções, assistindo<br />

o processo democrático no Líbano, e<br />

combatendo o terrorismo com o poder<br />

do povo do Líbano. Quando um<br />

novo Presidente escolhido sair eleito<br />

democraticamente no Líbano, o caminho<br />

— ainda muito difícil e perigoso<br />

– até a democracia, se abrirá.<br />

* Walid Phares é professor de<br />

Estudos do Oriente Médio e<br />

especialista em islã político e da<br />

jihad, graduado em Direito e<br />

Ciências Políticas pelas<br />

Universidades Jesuíta e Libanesa,<br />

doutor em Relações Internacionais<br />

e Estudos Estratégicos pela<br />

Universidade de Miami. Lecionou<br />

na Saint Joseph University nos anos<br />

80 e exerceu o Direito em Beirute<br />

até 1990. Editou também<br />

publicações no Líbano e mais tarde<br />

emigrou para os Estados Unidos,<br />

onde dá aulas na Florida<br />

International University e na<br />

Florida Atlantic University.<br />

Publicou centenas de artigos e<br />

escreveu sete livros sobre o<br />

fundamentalismo islâmico, e foi<br />

consultado pelo Congresso<br />

americano em três ocasiões, pois<br />

trata-se da maior autoridade sobre<br />

o Oriente Médio nos EUA. De<br />

origem libanesa, dirige a Fundação<br />

por um Líbano Livre e é membro do<br />

Middle East Forum. Colabora com<br />

a CNBC e a MSNBC, e é colunista<br />

regular de várias publicações<br />

internacionais.<br />

Nota da Redação 1: O PT (Partido dos Trabalhadores) brasileiro firmou no início de<br />

junho um acordo “de cooperação” com o Baath sírio (Partido Nacional Socialista Árabe)<br />

para “coordenar pontos de vista”, “fortalecer a cooperação entre organizações populares” e<br />

“intercâmbio de experiências”. Não é a toa que no nome do Baath, se insira a expressão<br />

“nacional-socialista” pois foi decalcado do Partido Nazista de Hitler. O PT se diz de direita e<br />

abraça uma agremiação partidária extremante fascista de direita inspirada no nazismo! Até<br />

agora, as leis da Física não se aplicavam à política, especialmente a que diz que os pólos<br />

diferentes se atraem.<br />

Nota da Redação 2: O primeiro-ministro do Líbano, Fouad Siniora, pediu ao secretáriogeral<br />

da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que instaure uma investigação<br />

sobre o atentado que provocou a morte do legislador anti-Síria Antoine Ghanem, 64 anos,<br />

dia 19/9 no bairro cristão de Sin el Fil, ao leste de Beirute. O ataque deixou outros sete<br />

mortos, segundo a Associated Press, e mais de 50 feridos.


*Breno Lerner é<br />

editor e gourmand,<br />

especializado em<br />

culinária judaica.<br />

Escreve para<br />

revistas, sites e<br />

jornais. Dá<br />

regularmente<br />

cursos e<br />

workshops. Tem<br />

três livros<br />

publicados, dois<br />

deles sobre<br />

culinária judaica.<br />

Breno Lerner *<br />

Uma comunidade judaica pouco<br />

conhecida e muito antiga, praticamente<br />

a única da história a não conhecer<br />

o anti-semitismo.<br />

Você conhece pratos tradicionais<br />

da culinária judaica com os<br />

nomes de Macalcal, Chitarnee, Arrok,<br />

Mukumura? Não?<br />

Pois fique sabendo que são receitas<br />

com aproximadamente 2.000 anos<br />

de idade, provenientes dos judeus da<br />

Índia, uma comunidade riquíssima em<br />

história e tradição, que hoje não conta<br />

com mais do que 5.000 pessoas.<br />

Existiram 3 grandes grupos dos<br />

quais restam poucos representantes<br />

e, curiosamente, um novo grupo apareceu<br />

na década de 50 do século XX.<br />

Tudo começou com os cochins<br />

que, supõe-se, chegaram à Índia há<br />

2.500 anos atrás, provavelmente emigrados<br />

da Terra Santa, após a destruição<br />

do Primeiro Templo. Estabeleceram-se<br />

inicialmente na costa de Malabar,<br />

assimilaram a cultura local, inclusive<br />

a língua malaia, trajes e alimentos.<br />

Tornaram-se mercadores,<br />

principalmente de pimenta do reino,<br />

o que acabou por decretar uma forte<br />

perseguição a eles por parte dos portugueses,<br />

então invasores da região<br />

a partir de Goa. Sendo este o único<br />

caso de perseguição a judeus na Índia.<br />

Como sempre na história judaica,<br />

não bastasse seus problemas ex-<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Salaam Shalom, Ka Mandi 1<br />

ternos, ainda deram-se ao luxo de se<br />

dividir entre Paradesi, ou judeus<br />

brancos e os Desi, os judeus negros.<br />

Os Paradesi chegaram à Índia<br />

por volta do século XIII vindos da<br />

Espanha eram a minoria, mas dominavam<br />

o grupo Cochim. Os Desis<br />

eram os habitantes históricos que<br />

por sua miscigenação com os locais<br />

tinham pele mais escura e eram<br />

a maioria dos Cochins.<br />

Relatos de Marco Pólo (1239) e<br />

Benjamim de Tudela (1167) contam<br />

a existência de judeus na região.<br />

Já os Bene Israel, chegaram à<br />

Índia há 2.100 anos atrás, aparentemente<br />

como vítimas de um naufrágio.<br />

Alega sua tradição que 7<br />

homens e 7 mulheres, descendentes<br />

de uma das 10 tribos, sobreviveram<br />

a um naufrágio nas costas<br />

de Maharashtra, onde se estabeleceram.<br />

Curiosamente ficaram escondidos<br />

e ignorados pelo mundo<br />

todo até meados do século XVIII,<br />

quando os Cochins os descobriram<br />

pelo fato de observarem o Shabat,<br />

comerem apenas peixes sem escamas<br />

e rezarem o Shema, únicas palavras<br />

em hebraico que conheciam<br />

e repetiam sem saber o que significavam.<br />

Os Bagadadhi chegaram há 250<br />

anos atrás, vindos principalmente do<br />

Irã e do Iraque, estabeleceram-se<br />

como comerciantes nas cidades de<br />

Bombaim e Calcutá e chegaram a<br />

5.000 pessoas, sendo a comunidade<br />

com mais ricos e milionários<br />

dentre os judeus. A maioria emigrou<br />

para a Inglaterra e Canadá,<br />

hoje não passam de 200 pessoas.<br />

Na década de 50, apareceram<br />

os Bnai Menashe, duas tribos da<br />

região de Manipur, os Mizu e os<br />

Kuki, que alegam ser descendentes<br />

de Menasseh, filho de José.<br />

Explicam seus forte traços asiáticos<br />

por sua história, pois teriam<br />

saído de Jerusalém até a China<br />

e de lá para a Índia. Estão em<br />

um forte movimento de retorno<br />

ao judaísmo, movimento este<br />

que é aceito por alguns rabinos<br />

de Israel e rejeitados por outros.<br />

Vamos conhecer uma de suas<br />

receitas:<br />

Chitarnee<br />

Chitarnee<br />

Chitarnee Chitarnee<br />

Chitarnee (Galinha<br />

(Galinha<br />

agridoce)<br />

agridoce)<br />

Este prato é da região de Calcutá,<br />

pois lá não havia Shohet,<br />

apenas em Bombaim. Assim, o que<br />

era feito com carne em Bombaim,<br />

era feito com galinha em Calcutá.<br />

O shohet visitava a cidade apenas<br />

no Rosh Hashaná.<br />

1 kg de cebolas raladas;<br />

3 dentes de alho esmagados;<br />

1 ½ colher de chá de gengibre<br />

ralado;<br />

9<br />

1 colher de chá de curcuma;<br />

1 ½ colher de chá de coentro<br />

em pó;<br />

1 colher de chá de canela<br />

em pó;<br />

½ colher de chá de cardamomo<br />

moído;<br />

2 folhas de louro;<br />

6 filés de peito ou sobrecoxa<br />

de galinha cortados em<br />

cubos;<br />

½ kg de tomates sem pele e<br />

sementes picados;<br />

2 colheres de sopa de<br />

vinagre;<br />

2 colheres de sopa de<br />

açúcar;<br />

Sal e pimenta do reino à<br />

gosto.<br />

Em uma panela grande doure a<br />

cebola em 3 colheres de sopa de<br />

óleo. Mexa ocasionalmente até<br />

amolecerem e dourarem. Acrescente<br />

o alho, gengibre, todos os temperos<br />

e louro, cozinhe por mais 3<br />

minutos. Coloque então a galinha<br />

e cozinhe por 10 minutos, para<br />

dourar bem os pedaços. Acrescente<br />

os tomates, baixe o fogo e deixe<br />

cozinhar até evaporar todo o<br />

líquido (+/- 30 minutos). Coloque<br />

o açúcar e o vinagre, corrija o sal,<br />

se necessário, e cozinhe em fogo<br />

bem baixo por mais 10 minutos.<br />

Sirva com arroz branco.<br />

600 mísseis apontados para Israel<br />

Nahum Sirotsky *<br />

questão mais discutida nos<br />

últimos dias é a do mistério<br />

do vôo de jatos israelenses<br />

sobre a Síria. Os<br />

meios responsáveis de Israel<br />

nada dizem. A mídia local<br />

usa de referência o que diz a mídia<br />

internacional. Mas o governo de Israel<br />

se fechou. Curiosamente o ministro<br />

do Exterior da França escolheu a<br />

ocasião para declarar que “o mundo<br />

deve se preparar para o pior” e o pior<br />

é guerra com o Irã. Aliás, há um mês,<br />

num importante discurso, o presidente<br />

francês disse que um mais forte empenho<br />

diplomático das grandes potências<br />

“é a única alternativa a uma<br />

Bomba iraniana ou ao bombardeio do<br />

Irã”. As dúvidas sobre o que o Irã pretende<br />

com seu esforço no campo nuclear<br />

não desaparecem. Suspeita-se<br />

que é construir a Bomba que, uma<br />

vez montada e testada, se este for o<br />

objetivo dos iranianos, será tarde<br />

demais para a diplomacia e tornará<br />

uma guerra nuclear inevitável.<br />

Os Estados Unidos e Europa insistem<br />

que vão persistir no caminho<br />

da diplomacia e meios não militares.<br />

Querem ver de perto o que acontece<br />

no Irã que diz que tem propósitos<br />

pacíficos e quer adquirir a tecnologia<br />

para centrais atômicas de produção<br />

de energia elétrica, porém,<br />

até mesmo os russos, os fornecedores<br />

dos equipamentos necessários ao<br />

Irã e, ao que se sabe também do combustível,<br />

não se revelam muito confiantes.<br />

Um Irã atômico muda o equilíbrio<br />

mundial do poder. Assume o<br />

comando dos países petrolíferos do<br />

Oriente Médio dos quais tanto depende<br />

o funcionamento da economia<br />

mundial. E é sabido que urânio<br />

enriquecido para ser combustível<br />

já está pronto na Rússia para ser<br />

encaminhado. Seria enriquecido<br />

apenas para movimentar os reatores.<br />

Urânio para a Bomba tem de<br />

sofrer um processo especial. O Irã<br />

até agora não mostrou tudo o que<br />

se quer ver. E tem de ser de perto,<br />

pois nem satélites artificiais conseguem<br />

provas suficientes.<br />

Mas, o que houve na Síria que<br />

deixou Damasco irritada e prometendo<br />

uma troca aos israelenses?<br />

Nada mais verdadeiro do que<br />

aquele ditado de onde tem fumaça<br />

tem fogo.<br />

“Assar Iran” é um site iraniano<br />

com vínculos com o governo persa.<br />

E anunciou na segunda, 17, que<br />

600 mísseis Shibab-3, de produção<br />

dos iranianos, já estão apontados<br />

para alvos israelenses para<br />

serem disparados caso o país seja<br />

1. Paz no nosso tempo<br />

atacado. Também estão no alvo<br />

posições americanas no Iraque.<br />

Tudo preparado também para defender<br />

a Síria com a qual o Irã<br />

tem acordos de cooperação militar.<br />

“Assar” deixa claro que estes<br />

600 são apenas uma primeira<br />

onda. Todos com obuses de explosivos<br />

convencionais. Não há<br />

meios capazes de destruírem todos<br />

que sejam postos a caminho.<br />

E Israel é apenas do tamanho de<br />

muitas fazendas do Mato Grosso.<br />

Tentem encontrar no mapa sem<br />

uma lente de aumento...<br />

* Nahum Sirotsky é jornalista,<br />

correspondente da RBS e do<br />

Último Segundo/IG em Israel.<br />

A publicação exclusiva desta<br />

coluna tem a autorização<br />

do autor.


10<br />

Arlene Kushner<br />

David Bedein<br />

Os eternos vínculos judaicos com Hebron<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Arlene Kushner e David Bedein *<br />

ebron, localizada a aproximadamente<br />

10 km ao sul de<br />

Jerusalém, nas colinas da<br />

Judéia, tem uma profunda<br />

conexão com o judaísmo. Depois<br />

de Jerusalém, é a cidade mais<br />

sagrada para o povo judeu. Hoje,<br />

cerca de mil judeus vivem em quatro<br />

pequenos bairros da cidade:<br />

Avraham Avinu, Beit Hadassah, Beit<br />

Romano e Rumeida. Há comunidades<br />

também em assentamentos permanentes<br />

nessas áreas. A população<br />

judaica compreende 100 famílias<br />

e 250 estudantes da Yeshivá<br />

(escola talmúdica) Shavei Hevron,<br />

em Beit Romano.<br />

Os bairros judaicos de Hebron<br />

ficam próximos de Machpelah, a<br />

Tumba dos Patriarcas. É uma caverna<br />

monumental e tem um enorme<br />

significado religioso para os judeus;<br />

e está hoje sob o controle<br />

israelense. Porém, apenas 20% do<br />

local é acessível aos judeus e visitantes,<br />

pois uma mesquita foi<br />

construída sobre a caverna.<br />

Bem ao leste de Hebron, numa distância<br />

que se pode percorrer a pé,<br />

está o moderno município judaico<br />

de Kiryat Arba, fundado em 1971,<br />

com 6.500 residentes e provido de<br />

toda uma gama de serviços urbanos<br />

como: escolas, comércio, indústrias<br />

e postos de saúde.<br />

Há uma conexão histórica desde<br />

o início dos tempos bíblicos. Hebron<br />

é referido como Mamre e, às vezes<br />

como Kiryat Arba. É mencionada 78<br />

vezes na Bíblia judaica. Os elos judaicos<br />

com esta antiga cidade começaram<br />

com Abrahão. Depois de<br />

entrar em Caanã, há 3.700 anos atrás,<br />

Abrahão seguiu para Hebron, onde<br />

soube da Terra Prometida por D-us a<br />

seus descendentes.<br />

Quando sua esposa, Sara, morreu,<br />

ele comprou uma túmulo familiar<br />

numa caverna e cercou o campo de<br />

Ephron por 400 moedas de prata.<br />

Esta caverna (na verdade uma caverna<br />

dupla) é chamada de Machpelah.<br />

É lá que todas as matriarcas, com exceção<br />

de Raquel, e todos os patriarcas<br />

estão enterrados.<br />

Rei David, bizantinos,<br />

cruzados e mamelucos<br />

Três mil anos atrás, David foi ungido<br />

rei de Israel em Hebron e lá reinou<br />

por sete anos, até estabelecer Jerusalém<br />

como sua capital. Após a destruição<br />

do Primeiro Templo, muitos, mas<br />

não todos os judeus foram exilados.<br />

Yehuda haMacabi (o Macabeu) lutou lá<br />

no século 2 a.e.c. e Hebron voltou a<br />

ser uma cidade judaica. Mais tarde, o<br />

rei Herodes construiu uma monumental<br />

estrutura no topo das cavernas, que<br />

ainda hoje permanece de pé.<br />

A história do apego à cidade onde está a sepultura das matriarcas e dos patriarcas<br />

Depois da destruição do Segundo<br />

Templo, judeus continuaram a viver em<br />

Hebron e rezar em Machpelach. Escavações<br />

arqueológicas recentes em torno<br />

da cidade indicam a presença judaica<br />

por vários séculos após a destruição<br />

do Templo em Jerusalém. Toda vez que<br />

houve um exílio forçado, uma pequena<br />

parte da fé judaica permanecia, e sempre<br />

a comunidade se restabelecia em<br />

Hebron. Era o constante renascimento<br />

da vida judaica.<br />

No século 6 os bizantinos transformaram<br />

Machpelach numa basílica, mas<br />

ainda assim os judeus continuaram vivendo<br />

lá, e há evidencias de que a comunidade<br />

judaica foi mantida durante<br />

as conquistas arábicas.<br />

Durante o período das Cruzadas, nos<br />

séculos 12 e 13, os judeus foram novamente<br />

exilados, mas retornaram para<br />

estabelecer a comunidade sob o governo<br />

dos muçulmanos-mamelucos do século<br />

13 ao 16. Há setecentos anos atrás<br />

os mamelucos decretaram que os judeus<br />

estavam proibidos de freqüentar<br />

Machpelach, que então funcionava como<br />

mesquita. O decreto determinava que<br />

os judeus ficassem restritos às orações<br />

apenas até a sete passos da entrada<br />

do local. Este decreto vigorou até 1967.<br />

Até aquele ano, ainda assim, os judeus<br />

permaneceram lá e rezavam no sétimo<br />

passo da entrada.<br />

Sefaradim: Sinagoga de<br />

Avraham Avinu<br />

No final do século 15 e início do<br />

século 16, os judeus sefaradim que foram<br />

expulsos da Espanha e de Portugal<br />

tomaram o caminho para Hebron. Naquele<br />

momento histórico os otomanos<br />

haviam assumido o controle da região.<br />

Após comprarem grandes quantidades<br />

de terras, os sefaradim estabeleceram<br />

uma comunidade que foi marcada por<br />

pogroms1 nos 400 anos seguintes. Em<br />

1540, o sefaradi Malkiel Ashkenazi, refugiado<br />

da expulsão espanhola de 1492,<br />

tornou-se rabino de Hebron e um especialista<br />

em jurisdição judaica. Ele comprou<br />

uma propriedade para exercer esta<br />

atividade, que logo se tornou o centro<br />

da vida judaica, — o coração da quarta-parte<br />

judaica e ali estabeleceu, na<br />

magnífica construção, a sinagoga de<br />

Avraham Avinu.<br />

No fim do século 16 e início do 17<br />

conhecidos cabalistas de Safed, mudaram-se<br />

para Hebron, trazendo com eles<br />

seus ensinamentos. Entre eles estavam<br />

o rabino Eliyahu Davidash, conhecido<br />

como Rashit Hochma e o rabino Avraham<br />

Azulai como o Hessed Avraham, assim<br />

como o rabino Ovadiah Mi-Bartnura.<br />

Ashkenazim: hassídicos<br />

de Lubavitch<br />

Tempos difíceis marcaram outra vez<br />

o final do século 17 e início do 18, com<br />

derramamento de sangue, decretos de<br />

expulsão e miséria. Um momento considerável<br />

para a comunidade foi a che-<br />

A bíblica Hebron<br />

gada dos hassídicos ashkenazim de Lubavitch,<br />

entre os séculos 18 e 19. Esse<br />

grupo manteve proximidade com a comunidade<br />

sefaradi e a auxiliou no fortalecimento<br />

de suas instituições.<br />

O personagem mais importante do<br />

movimento Lubavitch nesse período foi<br />

a Rebbetzin Menucha Rachel Slonim,<br />

a avó do Alter Rebbe, rabino Shneur<br />

Zalman de Liadi e filha do Mitteler<br />

Rebbe (Rabino Dov Ber). Diz-se que<br />

seu pai a enviou a Hebron, depois que<br />

se recuperou de uma doença. E dele<br />

recebeu a benção de “andar entre as<br />

gotas de chuva”. Sua filha era venerada.<br />

Árabes e judeus pediam suas<br />

bençãos e seu túmulo, em Hebron, ainda<br />

é visitado por muitos.<br />

A comunidade passou a prosperar<br />

no século 19 com a ajuda filantrópica<br />

de sir Moses Montefiore e com as escolas<br />

religiosas que fortaleciam o lado espiritual<br />

da comunidade.<br />

No início dos anos 1800, os judeus<br />

adquiriram, por compra e negociações,<br />

mais de 800 dunam 2 de terra. O Lubavitch<br />

começou a comprar edificações em<br />

Hebron em 1821 e a sinagoga deste movimento<br />

foi construída perto da de<br />

Avrahan Avinu. Em 1834, entretanto,<br />

houve um pogrom na cidade, judeus<br />

foram mortos, mulheres estupradas e<br />

propriedades saqueadas e detruídas.<br />

Em 1879, Chaim Israel Romano,<br />

um rico judeu turco, aventurando-se<br />

na antiga região judaica, construiu<br />

uma elegante e espaçosa casa, conhecida<br />

como Beit Romano, que foi<br />

utilizada como residência de sua família<br />

e local para receber judeus turcos.<br />

Essa residência possuía uma sinagoga<br />

chamada Istambuli.<br />

Em 1901, o famoso rabino Hezkiah<br />

Medini, mudou-se para Hebron, abriu<br />

uma yeshivá em Beit Romano e terminou<br />

sua famosa enciclopédia, a “Sdei Hemed”.<br />

Em 1912, o quinto Lubavicher Rebbe<br />

(O Rashba) comprou a Beit Romano e<br />

lá estabeleceu a yeshivá Torat Emet.<br />

Em 1893 havia um prédio chamado<br />

Hesed l’Avraham que proveu assistência<br />

para judeus e árabes necessitados. Fora<br />

estabelecido por judeus ricos do Norte<br />

da África. Em 1909 essa construção foi<br />

ampliada e nela foi estabelecida uma<br />

clínica de saúde. Por causa da Hadassa,<br />

a organização sionista feminina, que<br />

contribuía com os salários dos médicos<br />

e da equipe, o prédio passou a ser chamado<br />

de Beit Hadassa.<br />

1ª Guerra Mundial, mandato<br />

britânico e os motins de 1929<br />

A Primeira Guerra Mundial trouxe<br />

tempos difíceis para Hebron e gerou um<br />

grande declínio à comunidade judaica.<br />

Quando os britânicos receberam a área<br />

no final da guerra, a comunidade novamente<br />

passou a florescer. A ajuda para<br />

a educação era enviada pelas organizações<br />

sionistas. Em 1925, a já renovada<br />

yeshivá de Slobodka, uma das mais<br />

importantes yeshivot do mundo, mudouse<br />

da Lituânia para Hebron. Beit Romano<br />

fora apreendida pelos britânicos para<br />

fins administrativos e da polícia.<br />

A destruição voltou à comunidade judaica<br />

de Hebron em 1929 com os motins<br />

árabes. Antes desses motins, as relações<br />

entre árabes e judeus naquela área<br />

nunca foram calmas, mas havia uma coexistência<br />

pacífica entre os povos. A violência<br />

foi instigada por Haj Amin al-Husseini,<br />

o mufti de Jerusalém, que depois<br />

apoiou fortemente o regime nazista, e<br />

viveu num bunker de Hitler no final da<br />

2ª Guerra Mundial. O objetivo do mufti<br />

era bastante simples: a eliminação da<br />

comunidade judaica de Hebron. E com<br />

este intuito, ele espalhou o falso boato<br />

de que os judeus tentaram incendiar a<br />

mesquita de Al Aksa no monte do Templo,<br />

em Jerusalém.<br />

Os motins árabes de 1929 seguiramse<br />

aos longos discursos inflamados instigando<br />

o assassinato em massa de idosos,<br />

mulheres e crianças. Os árabes,<br />

de armas em punho iam de casa em<br />

casa gritando “Matem os judeus!”. Foram<br />

mortas 67 pessoas e centenas foram<br />

mutiladas e feridas.<br />

O líder sefardi de Hebron, rabino<br />

Hanoch Hasson, foi assassinado com


toda sua família. Ben Zion Gershon, o<br />

farmacêutico da clínica de Beit Hadassa,<br />

que muitas vezes prestou assistência<br />

aos árabes, foi torturado e<br />

morto, sua esposa teve as mãos cortadas<br />

e foi deixada para morrer em<br />

agonia. Sinagogas foram queimadas<br />

assim como rolos da Torá.<br />

Este foi o primeiro grande ato do<br />

terror islâmico na história moderna, 20<br />

anos antes da criação do Estado de Israel<br />

e quase 40 anos da Guerra dos Seis<br />

Dias, de junho de 1967, que libertou<br />

Jerusalém.<br />

Os britânicos fizeram muito pouco<br />

para conter os ataques, porém, três dias<br />

depois decidiram evacuar os sobreviventes,<br />

que foram colocados em caminhões<br />

e trazidos de volta a Jerusalém. Deixando<br />

para trás todas as posses e propriedades.<br />

Em 1931, 35 famílias voltaram para<br />

reconstruir a comunidade judaica de Hebron.<br />

Entre estes estava o idoso rabino<br />

Yaahov Iosef Slonim, que perdera grande<br />

parte de sua família nos motins de<br />

1929. Em 1936 houve um novo motim<br />

árabe. Os governantes britânicos não<br />

defenderam a comunidade e novamente<br />

os transportaram para fora de Hebron.<br />

Assim, a mais antiga comunidade<br />

judaica foi temporariamente vencida.<br />

Pela primeira vez, em mais de três mil<br />

anos, não houve presença judaica em<br />

Hebron. Até 1968.<br />

Em 1948, durante a guerra da Independência<br />

israelense, os jordanianos<br />

mantiveram o controle de Hebron até a<br />

Judéia por dezenove anos. Eles proibiam<br />

os judeus de morar ou trabalhar no local,<br />

freqüentar a sinagoga de Avraham<br />

Avinu ou mudar de lá o cemitério.<br />

O Esforço do retorno<br />

Israel tomou o controle da Judéia e<br />

da Samaria durante a Guerra dos Seis<br />

Dias, em 1967, depois que os árabes<br />

atacaram, declarando seu objetivo da<br />

destruição total do Estado de Israel. Hebron,<br />

apesar de despovoada de judeus,<br />

passava novamente às mãos judaicas.<br />

Em abril de 1968, o rabino Moshe Levigner<br />

com seu grupo de seguidores e<br />

judeus religiosos pioneiros, decidiram<br />

que já era tempo de restabelecer a comunidade<br />

em Hebron. Começaram alugando,<br />

por tempo indefinido, o Park<br />

Hotel de Hebron de seus donos árabes.<br />

Quando se iniciaram as celebrações de<br />

Pêssach, 86 pessoas foram juntas ao<br />

hotel para o sêder. Dois dias mais tarde,<br />

o rabino Levigner chamou a imprensa<br />

e declarou sua intenção de permanecer<br />

no hotel e restabelecer a antiga comunidade<br />

judaica da região.<br />

O fato contou com a cooperação silenciosa<br />

da comunidade árabe de Hebron,<br />

assim como o do governo de Levi<br />

Eshkol, que não era um entusiasta do se<br />

passava, mas não se atreveu a mais uma<br />

vez exilar os judeus da cidade dos seus<br />

patriarcas e matriarcas. Moshe Dayan,<br />

então ministro da Defesa, decidiu mover<br />

o grupo dos novos residentes de Hebron<br />

para um lugar próximo e mais seguro,<br />

que se tornou o complexo militar<br />

para toda a área da Judéia. Lá, viveram<br />

por dois anos e meio, aguardando a construção<br />

do primeiro bairro em Kiryat Arba,<br />

uma nova área que estava para ser agregada<br />

à antiga Hebron.<br />

A cidade permaneceu relativamente<br />

quieta durante esse tempo, apenas<br />

com alguns ataques árabes aos grupos<br />

de colonos e ao Exército de Israel; porém,<br />

o direito dos judeus de rezarem<br />

na caverna da Machpelah ainda estava<br />

em discussão. Apesar do plano ter sido<br />

bem sucedido, a situação permanecia<br />

complicada, pois ainda havia um longo<br />

caminho até a cidade velha de Hebron.<br />

Em 1979, um grupo corajoso de dez<br />

mulheres e suas quarenta crianças se<br />

dirigiram à antiga clínica de Beit Hadassa,<br />

no meio da noite. Suas presenças<br />

foram descobertas pela manhã e<br />

isso foi causa de furor. O então primeiro-ministro<br />

Menachem Begin, não tentou<br />

tirá-las de lá à força, ao invés disso,<br />

cercou o prédio e ordenou que nada<br />

seria permitido entrar — nem mesmo<br />

água e comida. Então, o rabino Levigner<br />

lembrou-o de que nem mesmo ao<br />

inimigo (citando o caso do exército egípcio<br />

na guerra de Iom Kipur, que estava<br />

sitiado) negou-se alimentação. Durante<br />

dois meses, os que estavam lá dentro<br />

sobreviveram em estado de sítio:<br />

Ninguém estava autorizado a entrar e<br />

os que saíam não podiam retornar. Depois<br />

de um incidente com uma das crianças,<br />

que teve uma emergência médica<br />

e não pode voltar à sua mãe, o gabinete<br />

israelense autorizou as mulheres e<br />

crianças a entrarem e saírem. E assim<br />

viveram por um ano.<br />

Todas as sextas-feiras à noite, residentes<br />

de Kriat Arba vinham a Beit Ha-<br />

A caverna de Machpelach, onde estão as matriarcas e<br />

os patricarcas, está sob esta construção, em Hebron<br />

dassa para cantar, dançar e dizer kidush<br />

para as mulheres. Numa destas<br />

sextas-feiras, em maio de 1980, em Lag<br />

Baomer, terroristas árabes atacaram,<br />

matando seis e ferindo vinte pessoas.<br />

Depois disso, o governo israelense deu<br />

permissão para que os judeus recolonizassem<br />

Hebron. O Beit Hadassa foi reformado<br />

e foi permitida construção de<br />

residências nos arredores.<br />

Com o passar do tempo, outros prédios<br />

foram reformados e se tornaram<br />

locais de moradia para judeus. A partir<br />

de 1980, o comitê municipal de Hebron,<br />

acertou com o governo que iria assumir<br />

responsabilidades da comunidade judaica<br />

e o Ministério da Habitação criou a<br />

Associação para a Renovação da Comunidade<br />

judaica de Hebron para apresentar<br />

projetos.<br />

Conseqüências dos<br />

Acordos de Oslo<br />

Segundo a Declaração de Princípios<br />

(Acordos de Oslo) de 1993, pactos foram<br />

assinados e terras foram entregues<br />

à Autoridade Palestina. O primeiro acordo<br />

de Gaza-Jericó, em 1994 estabeleceu<br />

as primeiras retiradas militares. Em<br />

<strong>setembro</strong> de 1995, o acordo de Oslo II,<br />

que estabeleceu a retirada de mais tropas<br />

das maiores áreas de população palestina,<br />

já estava concluído.<br />

O passo seguinte, que era voltado a<br />

Hebron, foi firmado pelo então primeiro-ministro<br />

Binyamin Netanyahu e Yasser<br />

Arafat em 1997. Requeria que 80%<br />

do Exército israelense se retirasse de<br />

Hebron até 1998, com a divisão da cidade<br />

em H-1, sob total controle da Autoridade<br />

Palestina (e a autoridade municipal<br />

de Hebron) e H-2, sob controle israelense.<br />

H2 é uma área contínua que vai<br />

do Leste ao Sudeste da cidade, incorporando<br />

as antigas vizinhanças judaicas de<br />

Hebron, bem como Machpelah.<br />

O Exército israelense ficou com toda<br />

a responsabilidade pela segurança da<br />

comunidade judaica de Hebron, que até<br />

aquele ponto eram em torno de 500<br />

pessoas. A polícia, sob o comando do<br />

Exército, assumiu a responsabilidade de<br />

cuidar de possíveis violações israelenses<br />

à lei em Hebron, sejam elas leis<br />

civis ou militares.<br />

Também ao exército foi dada a responsabilidade<br />

sobre a segurança da caverna<br />

da Machpelach, que utiliza a polícia<br />

sob sua jurisdição dentro do local.<br />

Um procedimento foi implantado para<br />

separar totalmente judeus e muçulmanos<br />

que rezam na caverna: um calendário<br />

que providenciava dez dias<br />

religiosos exclusivos para cada grupo.<br />

Assim, foi assim criado o Protocolo<br />

de Distribuição, para unir as patrulhas<br />

israelenses e palestinas de algumas<br />

áreas, como a área H-<br />

1, sob o controle palestino: Abu<br />

Sneinah, Harat A-Sheikh e a na<br />

nova estrada 35. Esta cooperação<br />

foi encerrada em 2000 com<br />

o início da violência da segunda<br />

Intifada.<br />

Os residentes de Hebron<br />

alertaram sobre o perigo iminente<br />

nas áreas controladas<br />

pelos palestinos. Começaram<br />

as ocorrências de tiros sobre a<br />

área judaica. Infelizmente tais<br />

avisos não foram atendidos a<br />

tempo. Em 26 de março de 2001, Shalhevet<br />

Pass, um bebê de 10 meses de<br />

idade foi fatalmente atingido com um<br />

tiro na cabeça, por um atirador posicionado<br />

numa colina em Abu Sneiah. Shalhevet<br />

e seus pais, Yitzhak, que foi ferido<br />

nas pernas, e Oriah Pass estavam<br />

na entrada do bairro judaico Avrahan<br />

Avinu. O bebê foi enterrado no antigo<br />

cemitério judaico de Hebron.<br />

Desde a operação “Escudo Protetor”,<br />

na primavera de 2002, o Exercito<br />

de Israel voltou a patrulhar as áreas<br />

palestinas de Hebron e estabeleceu<br />

postos permanentes de observação em<br />

Abu Sneinah, Harat A-Sheikh e na<br />

nova estrada 35. Apesar da impressão<br />

de que centenas de soldados de Israel<br />

estão nos postos, atualmente, há apenas<br />

cem homens do Exército. Alguns<br />

guardam a comunidade judaica enquanto<br />

outros monitoram os árabes contra<br />

possíveis ataques.<br />

Oslo II, em 1995, providenciou uma<br />

Presença Internacional Temporária (PIT)<br />

em resposta ao assassinato de muçulmanos<br />

que rezavam na caverna da Machpelah<br />

por Baruch Goldstein, em 1994.<br />

Acordos foram feitos com a Noruega para<br />

estabelecer esta missão. Em 1997, um<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

segundo acordo, que coincidiu com a retirada<br />

parcial de Israel de Hebron foi estabelecido<br />

com Noruega, Itália, Dinamarca,<br />

Suécia, Suíça e Turquia, que contribuíram<br />

com soldados para as forças internacionais,<br />

sob a coordenação da Noruega.<br />

As forças internacionais transpareciam<br />

uma forte inclinação pró-árabe.<br />

Enquanto a população palestina estava<br />

em júbilo com a retirada israelense<br />

da maior parte de Hebron, a população<br />

judaica estava profundamente unida.<br />

Hebron tem sido retratada como uma<br />

“cidade árabe” que, por compaixão,<br />

comporta uma pequena e irritante minoria<br />

de judeus, que são definidos como<br />

“colonos radicais” e invasores pela maioria<br />

árabe. O fato de que Hebron tem<br />

uma longa e profunda conexão com os<br />

judeus é ignorado ou denegrido. Isso<br />

cria um perigoso precedente, com uma<br />

significativa possibilidade de que toda<br />

Hebron possa vir a ser chamada de árabe<br />

e esquecidos os direitos dos judeus.<br />

O grito dos judeus por sua antiga quarta-parte<br />

e a caverna da Machpelah tem<br />

sido cada vez mais abafado.<br />

Por que permanecem<br />

em Hebron?<br />

O porta-voz da comunidade de Hebron,<br />

David Wilder escreve sobre visitantes<br />

que falam com o prefeito árabe<br />

da cidade, Mustafa Natsche e lhe perguntam:<br />

“Há permissão para os judeus<br />

rezarem na caverna da Machpelah?”. E<br />

sua resposta é a seguinte: “Não, é uma<br />

mesquita e apenas muçulmanos podem<br />

rezar na mesquita”.<br />

Assim, fica claro que sem a presença<br />

judaica em Hebron, o segundo local mais<br />

sagrado para o judaísmo, o lugar seria<br />

fechado aos judeus. Abandonar o local é<br />

impensável. E o que é pior, abandonar<br />

um local sagrado, pode ser um precedente<br />

de um futuro abandono de outros<br />

locais sagrados. Se sim para a caverna<br />

da Machpelah, por que não o Monte do<br />

templo, onde está o Muro Ocidental? Se<br />

Hebron, com todos os seus elos de ligação<br />

com o judaísmo for transferido aos<br />

muçulmanos, seria um primeiro passo<br />

para render Jerusalém Oriental, que tem<br />

uma grande população árabe, a despeito<br />

das antigas conexões com a tradição judaica.<br />

Nas palavras do presidente Noam<br />

Arnon, da comunidade judaica de Hebron:<br />

“Sem Hebron, que contém as mais profundas<br />

ligações históricas dos judeus com<br />

a terra de Israel, não haveria bases para<br />

se manter o Estado. Hebron é vital para<br />

a existência de Israel”.<br />

11<br />

Notas:<br />

1. Progrom — do<br />

russo ïîãðîì, é um ataque<br />

violento a pessoas, com<br />

a destruição simultânea<br />

do seu ambiente - casas,<br />

negócios, centros religiosos.<br />

Historicamente, o<br />

termo tem sido usado<br />

para denominar atos de<br />

violência em massa, espontâneos<br />

ou premeditados,<br />

contra judeus e outras<br />

minorias étnicas.<br />

2. Dunam — do turco<br />

dönüm e do otomano<br />

dönmek que significa volta<br />

é uma unidade de superfície.<br />

Um dunam era<br />

a quantidade de terra que<br />

um homem podia arar<br />

num dia. A medida variava<br />

consideravelmente<br />

de um lugar a outros.<br />

Ainda é utilizada em vários<br />

países que fizeram<br />

parte do Império Otomano.<br />

Em Israel, Jordânia,<br />

Líbano e Turquia equivale<br />

a 1.000 m 2.<br />

* Arlene Kushne é<br />

jornalista<br />

pesquisadora que<br />

trabalha em Jerusalém<br />

para o Center for Near<br />

East Policy Research<br />

(Centro de Pesquisa<br />

Política do Oriente<br />

Médio) produzindo<br />

relatórios regulares<br />

sobre a situação<br />

política e a segurança<br />

de Israel. Seu trabalho<br />

pode ser visto em<br />

www.arlenefromisrael.info.<br />

* David Bedein é chefe<br />

do escritório da Israel<br />

Resource News<br />

Agency, no Centro<br />

Internacional de<br />

Imprensa Beit Agron,<br />

em Jerusalém, Israel<br />

(www.ibtn.co.il)<br />

Compilação e tradução<br />

para o português de<br />

George G. Feldmann<br />

Brummer<br />

Hebron fica a<br />

poucos<br />

quilômetros ao<br />

sul de Jerusalém


12<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

eWave<br />

Empresa israelense em Curitiba usa<br />

a tecnologia para apressar o futuro<br />

esde fevereiro de 2006,<br />

logo após o carnaval, a<br />

eWave do Brasil opera em<br />

Curitiba. Trata-se da primeira<br />

empresa genuinamente<br />

israelense a se instalar na Capital<br />

do Estado, segundo o diretor-geral<br />

da empresa, Nimrod Riftin é uma subsidiária<br />

da eWave Software & Integration<br />

Solutions, de Israel, que<br />

decidiu vir para cá e ficar mais próxima<br />

de seus potenciais consumidores.<br />

A primeira oportunidade de negócios<br />

ocorreu em abril do ano passado,<br />

quando firmou contrato com a<br />

GVT, operadora brasileira de<br />

telecomunicações via telefonia fixa<br />

convencional, atuando também em<br />

comunicação telefônica de longa<br />

distância, banda larga para internet<br />

e provedor gratuito.<br />

Riftin explica que a eWave iniciou<br />

atendendo em Curitiba com<br />

apenas 12 profissionais, mas a empresa<br />

em seguida optou por fixarse<br />

aqui por causa do trabalho para<br />

a GVT. Por isso, trouxe a família para<br />

morar em Curitiba. Com o crescimento<br />

das atividades a eWave abriu<br />

três escritórios: o mais importante<br />

fica no Parque do Software, na Cidade<br />

Industrial de Curitiba (CIC);<br />

o mais central na Rua Portugal<br />

1113, no São Francisco, e o terceiro,<br />

em São Paulo, no bairro de<br />

Pinheiros. No Parque do Software,<br />

funciona junto o Development Center,<br />

onde são desenvolvidos os softwares<br />

inclusive para Israel e para<br />

Nimrod Riftin, diretor-geral da eWave<br />

do Brasil<br />

os estados Unidos.<br />

Além de Israel e do Brasil, a eWave<br />

também atua muitos outros países<br />

europeus como a Dinamarca, a<br />

Holanda, a Alemanha, bem como na<br />

África do Sul, em Gana e na Austrália,<br />

e tem como clientes importantes,<br />

A GVT, TecBan (operadora dos<br />

terminais Banco 24 Horas), Deutsche<br />

Bank, DHL, o jornal The Jerusalem<br />

Post, Comverse, Maccabi Healthcare<br />

Service, Blue Center, Radvision,<br />

Wizo, a operadora israelense de comunicações<br />

Barak e outros.<br />

Segundo Nimrod Riftin, dos 12<br />

profissionais iniciais, hoje o número<br />

dobrou e está em 25, em todo o<br />

Brasil, mas a expectativa é que o<br />

pessoal em meados de 2008 atinja<br />

de 200 a 250 pessoas atuando na<br />

eWave do Brasil.<br />

A empresa caracteriza-se por ser<br />

expert em TI (Tecnologia da Informação),<br />

uma integradora de soluções<br />

na área de serviços nos setores bancários,<br />

médico-hospitalar e de alta<br />

tecnologia, para grandes corporações,<br />

mas também para médias, além<br />

de atender a instituições governamentais.<br />

A empresa oferece projetos<br />

que vão desde o planejamento até a<br />

manutenção em três grandes áreas:<br />

desenvolvimento e implementação de<br />

sistemas de informação na internet;<br />

nova metodologia do Service Oriented<br />

Architecture - SOA (em<br />

português, Arquitetura Orientada a<br />

Serviços) para integração entre sistemas<br />

especialmente bancários e de<br />

telecomunicações como a da GVT;<br />

aplicações web; e consultoria e design<br />

que incluem planejamento e<br />

definições de requerimentos de sistema<br />

de desenho de interface para o<br />

usuário, gráficos, análise e gerenciamento.<br />

Riftin observa que nos sistemas<br />

tradicionais, se “você tem mais<br />

controle, terá mais agilidade, e esse<br />

método possibilita crescimento rápido.<br />

Os sistemas e serviços da eWave<br />

são baseados em softwares da IBM,<br />

Microsoft, Sun Microsystems, IBM,<br />

Oracle e BEA, parceiros no Brasil, além<br />

das tecnologias Java e MIcrosoft.net.<br />

A eWave foi fundada em 1999<br />

em Israel pelos jovens, Rafi Gabay e<br />

Oren Shuster, atualmente dois dos<br />

mais proeminentes nomes no cenário<br />

da internet israelense e que são<br />

co-presidentes da companhia, e que<br />

começou a crescer depois que foram<br />

desenvolvidos seus primeiros<br />

softwares e logo estava participando<br />

da Bolsa Nasdaq. Atualmente<br />

possui um quadro com mais de 170<br />

funcionários altamente capacitados<br />

que têm como diretrizes integridade,<br />

profissionalismo, criatividade e<br />

alta qualidade.<br />

A eWave tem, por exemplo, soluções<br />

inovadoras na área de<br />

telemedicina, como o Central Patient<br />

Regional Management, para administração<br />

hospitalar, fichário médico,<br />

serviços de saúde, e com um sistema<br />

eficiente através do TeleMaster, uma<br />

plataforma segura de telediagnóstico<br />

que possibilita a analise e o tratamento<br />

em situações nas quais médicos<br />

e pacientes não estão no mesmo<br />

lugar, que transmite dados à distância,<br />

pelo computador, como exames<br />

de holter (registro eletrocardiográfico),<br />

e outros resultados, nos<br />

quais especialistas podem dar opiniões,<br />

salvando assim vidas.<br />

Composto de três módulos principais<br />

- coletor de dados médicos:<br />

transmissão, gerenciamento e workflow<br />

do processo de diagnóstico; e<br />

armazenamento e distribuição segura<br />

do diagnóstico -, esta tecnologia<br />

suporta tanto a centralização física<br />

do diagnóstico, quanto a distribuição<br />

virtual para vários profissionais,<br />

em qualquer lugar. Uma das principais<br />

vantagens deste sistema é que<br />

permite o acesso a grande número<br />

de especialistas e usuários, simultaneamente<br />

ou não, de acordo com as<br />

necessidades de cada caso.<br />

Nimord Riftin vê nesse sistema<br />

para utilização na medicina, um grande<br />

benefício não só para pacientes<br />

como para médicos, laboratórios como<br />

também para o setor público, provedor<br />

dos serviços de saúde governamentais.<br />

Mas as soluções para tecnologia<br />

bancária e de telecomunicações<br />

também são inovadoras, destaca o<br />

diretor-geral da empresa no Brasil.<br />

.


Aaron Granot *<br />

urante a Segunda Guerra<br />

Mundial, o pai de Simon<br />

Zokhorovich era<br />

um general no Exército<br />

Vermelho antes de sua<br />

intempestiva morte. Como<br />

órfão de um general soviético, o<br />

então jovem Zokhorovich foi adotado<br />

pelo exército que o enviou a<br />

um abrigo onde foi treinado para<br />

alcançar o grau dos seus camaradas<br />

e tornar-se um oficial.<br />

Durante anos, Zokhorovich foi<br />

sendo promovido para o alto da<br />

cadeia de comando, até chegar ao<br />

staff da Academia do Exército russo.<br />

Atualmente, o coronel Zokhorovich<br />

atua como o decano da academia<br />

militar.<br />

O primeiro rabino do<br />

exército russo<br />

Sua experiência não foi compartilhada<br />

por muitos dos seus correligionários<br />

que viviam por trás da Cortina<br />

de Ferro, com certeza, mas<br />

Zokhorovich foi bastante privilegiado<br />

por ser filho de um general que<br />

morreu enquanto servia seu país.<br />

Particularmente, ele também não era<br />

religioso, para início de conversa.<br />

E é justamente isso que faz de<br />

sua parceria com um rabino para be-<br />

neficiar soldados judeus algo ainda<br />

mais interessante.<br />

“Nunca escondi que era judeu,”<br />

declara Zokhorovich, que já serviu em<br />

todas as frentes russas, acrescentando<br />

também que “nunca foi um judeu<br />

observante, e não sabia nem mesmo<br />

o que era um preceito judaico”.<br />

“Meu conhecimento se limitava<br />

ao fato de eu era filho da nação e<br />

nada além disso”, ele observa. “Por<br />

isso, eu tinha orgulho de fazer parte<br />

da nação, embora, às vezes, houvesse<br />

alguma fricção entre a União Soviética<br />

e Israel”.<br />

Em resumo, “eu era um judeu comunista<br />

orgulhoso e feliz,” diz ele,<br />

dando ênfase na parte da identificação<br />

comunista. Com o colapso da<br />

União Soviética, entretanto, desmoronou<br />

a parte da identidade soviética<br />

de Zokhorovich.<br />

Mas até mesmo Zokhorovich admite<br />

que sua vida como judeu no exército<br />

russo não era nada fácil. Ele sempre<br />

esteve disposto a mudar seu modo<br />

de vida, explica ele, para tornar mais<br />

fácil a vida dos outros judeus no exército.<br />

Assim, quando ele ouviu que o<br />

exército russo ia ter um novo rabino,<br />

quis logo ser parceiro disso.<br />

“Eu nunca tive um rabino, e<br />

apenas naquele momento percebi<br />

o que um rabino é, por isso, decidi<br />

que faria qualquer coisa ao meu<br />

alcance para trazer um rabino ao<br />

exército”, relata.<br />

Há um ano Zokhorovich foi até<br />

o Ministro da Defesa da Rússia e<br />

pediu para ser o supervisor do Rabino<br />

Aron Gurevitch, que a Federação<br />

das Instituições <strong>Judaica</strong>s da<br />

Comunidade de Estados Independentes<br />

(CEI) designou para ser o<br />

primeiro rabino do exército.<br />

“Eu queria ser partícipe deste fato<br />

histórico no exército russo,” diz<br />

Zokhorovich. De acordo com o Rabino<br />

Gurevitch, o coronel é o seu<br />

maior defensor em meio às autoridades<br />

militares.<br />

Nova era aos soldados russos<br />

Por sua vez, o Rabino Gurevitch<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Ex-União Soviética<br />

Coronel russo é parceiro de rabino no exército<br />

O Rabino Aron Gurevitch visita soldados e oficiais judeus do exército russo<br />

O coronel Simon Zokhorovich do exército, e o mapa da Rússia<br />

Fotos de Meir Halotovsky/Mishpachah Magazine<br />

já cumpriu sua meta: visitar todas<br />

as bases do exército através do vasto<br />

território da Rússia e se encontrar<br />

com o maior número de soldados<br />

judeus quanto for possível. Por<br />

suas estimativas, entre os dois milhões<br />

de pessoas do contingente<br />

do exército russo, cerca de 15.000<br />

são judeus.<br />

Quando era adolescente,<br />

Gurevitch estudou numa yeshivá Lubavitch,<br />

em Moscou antes de se mudar<br />

para Israel. Ele voltou<br />

à Rússia sob o patrocínio<br />

do Rabino Berel Lazar, Rabino-Mór<br />

da Rússia e diretor<br />

do Movimento Chabad<br />

Lubavitch na Rússia.<br />

Ele começou no ano<br />

passado a escrever uma<br />

coluna no jornal do exército<br />

“Estrela Vermelho”.<br />

Ele provê alimentação<br />

kasher para qualquer soldado<br />

que o solicite isto<br />

e promove a distribuição<br />

mensal da revista do Chabad<br />

Lubavitch L’chaim.<br />

Recentemente, preparou<br />

inclusive uma equipe de<br />

estudantes do seminário<br />

rabínico do Beit Chabad<br />

para viajar por todas as bases do<br />

exército distribuídas pela Rússia<br />

para as Grandes Festas de Rosh<br />

Hashaná e Iom Kipur.<br />

“Muitos dos judeus não querem<br />

que ninguém saiba que eles judeus,”<br />

observa Gurevitch. “Minha missão é<br />

dar-lhes orgulho por seu Judaísmo,<br />

e deixá-los saber que eles têm direitos<br />

como judeus no exército”.<br />

O rabino diz que ainda “temos<br />

muito trabalho a fazer, estamos só<br />

no início. Localizaremos qualquer<br />

judeu em qualquer base militar russa<br />

para levar-lhe judaísmo”.<br />

* Aaron Granot é jornalista e<br />

escreve para o Chabad.org<br />

Magazine.<br />

13<br />

Em conversa com um<br />

general russo o<br />

rabino Gurevitch<br />

acerta detalhes do<br />

seu trabalho


14<br />

O mufti de Jerusalém,<br />

Haj Amin al Husseini,<br />

líder da Solução Final de<br />

Hitler para os judeus e<br />

pai do 'Movimento<br />

Palestino'<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Heitor De Paola *<br />

erminada a Primeira Guerra<br />

Mundial, com a derrota<br />

do Império Otomano,<br />

a Turquia ficou reduzida<br />

à Anatólia e ao enclave<br />

europeu. O resto do Oriente<br />

Médio foi dividido entre mandados<br />

e protetorados ingleses e franceses<br />

de forma arbitrária e seguindo normas<br />

geográficas que não refletiam<br />

divisões efetivas de povos diferentes.<br />

T.E. Lawrence, o da Arábia, havia<br />

reunido diversas tribos beduínas<br />

que viviam em luta constante<br />

entre si. Na hora da divisão foram<br />

criadas “dinastias” baseadas nos<br />

principais chefes beduínos. Posteriormente<br />

Síria e Iraque estabeleceram<br />

ditaduras baseadas no mesmo<br />

Partido, o Baath, só que de facções<br />

diferentes e inimigas entre si. Outros<br />

territórios foram sendo criados<br />

para “acomodarem” outros aliados:<br />

o Reino Hachemita do Jordão (Jordânia),<br />

Kwait, Emirados, Qatar, etc.<br />

Na Arábia Saudita, onde predomina<br />

a tribo sunita wahabita, toda<br />

religião que não a islâmica é proibida,<br />

os aviões que sobrevoam seu<br />

território tem que suspender o serviço<br />

de bebidas alcoólicas, existe<br />

uma polícia religiosa que tudo pode,<br />

até mesmo levantar a roupa das mulheres<br />

para ver se estão usando lingerie<br />

ocidental ou perfumes. A pena<br />

pode ser o apedrejamento, as mulheres<br />

não podem trabalhar, estudar,<br />

nem sair à rua sem a companhia<br />

do marido ou irmãos. Ainda<br />

existe a prática da ablação do clitóris<br />

para impedir o orgasmo feminino.<br />

Em recente declaração o Ministro<br />

da Defesa, Príncipe Sultan,<br />

disse que estão proibidos templos<br />

de quaisquer outras religiões.<br />

A atitude em relação à religião<br />

pode ser resumida nas palavras do<br />

Mufti Al-Tayyeb: “A civilização Ocidental<br />

é diferente da Oriental primeiramente<br />

por sua atitude em relação<br />

à religião, que é de inspiração<br />

divina. Para nós, no Oriente, a religião<br />

é sagrada e é o ápice da honra.<br />

No Ocidente (...) a sociedade não<br />

está interessada na religião. Mesmo<br />

que haja pessoas religiosas, é um sociedade<br />

que não se posiciona em relação<br />

à religião, é uma sociedade secular.<br />

(...) Respeitamos os costumes<br />

ocidentais nos seus territórios, mas<br />

nos nossos Países não aceitamos que<br />

os ocidentais disseminem idéias contrárias<br />

à religião, em nome de direitos<br />

humanos.” Ou então, como disse<br />

o ex-Embaixador iraniano na ONU<br />

Sa’id Raja-i-Khorassani: “a idéia de<br />

direitos humanos é uma invenção<br />

Judaico-Cristã, estranha ao Islã”.<br />

Pode-se usar a Turquia como<br />

contraste. Lá, o fim da Primeira Guerra<br />

Mundial um grupo de oficiais, os<br />

Islã: a conexão nazista<br />

Jovens Turcos, comandados<br />

por Mustapha<br />

Kemal, posteriormente<br />

cognominado<br />

Ataturk (Pai dos Turcos),<br />

derrubou o Império<br />

e impôs leis que<br />

restringem ao máximo<br />

o alcance da religião:<br />

o cha’dor é<br />

proibido, assim<br />

como, para os homens,<br />

o uso de bigodes<br />

ou o fez (chapeuzinho<br />

típico), e o<br />

sapato de bico retorcido<br />

que eram características<br />

dos turcos.<br />

Desde então os militares<br />

detém um poder supra constitucional<br />

que impede a volta dos velhos<br />

costumes.<br />

Também o Egito luta desesperadamente<br />

para manter a ordem política<br />

separada da religião. Em discurso<br />

na Universidade do Cairo o<br />

Professor de Teologia e Religião<br />

Aghajari argumentou que “existe um<br />

batalhão de clérigos que se desenvolveu<br />

no Islã, que pretende se colocar<br />

entre Allah e os crentes – algo<br />

que vai completamente contra a natureza<br />

do Islã, no qual difere do Cristianismo.<br />

(Criticou duramente) estes<br />

clérigos que estão no poder no<br />

Irã por seu conservadorismo e petrificação,<br />

por bloquearem o desenvolvimento<br />

da Sociedade e por explorarem<br />

o nome de Allah”.<br />

Pontos de identificação<br />

“Nada tenho contra o Islã porque<br />

ele educa os homens destas divisões<br />

(SS) para mim e promete a<br />

eles o Paraíso se lutarem e morrem<br />

em ação. É uma religião muito prática<br />

para soldados”<br />

Reichsfüehrer-SS Heirinch Himmler<br />

Sendo o Islã visceralmente autocrático<br />

e antidemocrático é inevitável<br />

sua ligação umbilical com<br />

outros movimentos socialistas ditatoriais<br />

e tirânicos, principalmente<br />

com o nazismo, com quem tem em<br />

comum o anti-semitismo [1], mas<br />

também com o comunismo. Já desde<br />

o início do século passado a versão<br />

em língua árabe da farsa denominada<br />

Os Protocolos dos Sábios do<br />

Sião era amplamente divulgada com<br />

o total apoio das autoridades muçulmanas<br />

religiosas e laicas. Os princípios<br />

que guiam as duas ideologias<br />

são similares: a visão de um povo<br />

unido frente à dominação estrangeira<br />

– principalmente Ocidental – que<br />

traz “deterioração moral e cultural.<br />

Ambas são ligadas, de forma bastante<br />

semelhante, à morte pelo martírio<br />

como instrumento de depuração sacrificial.<br />

A morte é vista como o su-<br />

Haj Amin al Husseini (no centro, de casaco negro e chapéu<br />

branco) faz a saudação nazista ao inspecionar suas tropas<br />

muçulmanas nazistas da SS na Bósnia<br />

premo bem. Enquanto Hitler se baseava<br />

nas velhas lendas inspiradas<br />

nas sagas dos Nibelungen, do Valhalla<br />

como campo dos heróis nacionais<br />

mortos em combate, das Valkírias,<br />

e da superioridade do Homem<br />

Nórdico, o Islã se baseia nas lendas<br />

de Sinbad, nos Cavaleiros Árabes e<br />

do Rubayyat de Omar Kahyyam, povoadas<br />

de guerreiros e mortais que<br />

desafiam os deuses pela glória da<br />

morte pelo martírio.<br />

Entre 1920 e 1948 a Palestina<br />

foi governada pela Inglaterra sob<br />

mandato internacional que estipulava<br />

que aquela região deveria<br />

se tornar um Lar para os Judeus.<br />

No início deste mandato um professor<br />

e jornalista palestino extremamente<br />

nacionalista, Haj Amin<br />

el-Husseini, instigou um progrom<br />

em Jerusalém e foi condenado a<br />

10 anos de prisão, da qual escapou.<br />

Ironicamente, o primeiro Alto<br />

Comissário Britânico na Palestina,<br />

Sir Herbert Samuel, um judeu que<br />

não queria parecer demasiadamente<br />

pró-judeu, nomeou-o em março<br />

de 1921 Mufti de Jerusalém,<br />

título que ele pessoalmente autopromoveu<br />

a Grão Mufti.<br />

Em maio de 1930, Mohammed<br />

Nafi Tschelebi, estudante sírio estudante<br />

na Universidade de Charlottenburg<br />

fundou a Associação<br />

Germano-Islâmica (Deutsch-Moslemiche<br />

Gesselshaft) com a finalidade<br />

de estimular a camaradagem<br />

(Kameradeschaft) entre os povos.<br />

Já desde 1927, junto com Abdel<br />

Jabbar Kheiri havia fundado associações<br />

estudantis denominadas<br />

“Islamyia” e “El-Arabyia”.<br />

Em 1937, mais de vinte anos antes<br />

da fundação do Estado de Israel,<br />

o Grão Mufti se encontrava com o<br />

enviado especial do führer, Adolf Eichmann.<br />

Husseini se opunha ativamente<br />

à formação de um Estado Judeu<br />

na Palestina e fomentou a revolta<br />

árabe em 1936. Em outubro de<br />

1939 o Mufti visitou o Iraque, na<br />

época submetido a Nuri el-Said, próbritânico.<br />

O Mufti exerceu enorme<br />

pressão contra este dirigente até que<br />

conseguiu substitui-lo pelo Governo<br />

pró-alemão de Rashid Ali (1 de<br />

abril de 1941). Este novo Governo<br />

durou pouco por causa da invasão<br />

britânica e, em 2 de maio de 1941,<br />

Husseini se exilou na Alemanha, empregando<br />

o resto de seus dias trabalhando<br />

para os nazistas, inclusive formando<br />

batalhões muçulmanos SS<br />

(como a Waffen-Gebirgs-Division-SS<br />

Handschar [Adaga]) – por ele considerada<br />

como a “nata do Islã” - e<br />

organizações nazistas no Egito, Palestina,<br />

Síria e Iraque.<br />

O golpe pró-nazi no Iraque contou<br />

ainda com a ajuda de Kharaillah<br />

Tilfah, por mera coincidência<br />

tio e tutor, e posteriormente sogro,<br />

de Saddam Hussein. Outra estranha<br />

coincidência é que o verdadeiro<br />

nome de Yassir Arafat é Abdul<br />

Rauf el-Codbi el-Husseini, sendo um<br />

dos sobrinhos do Grão Mufti. Arafat<br />

é um codinome retirado de uma<br />

colina próxima a Meca e significa<br />

“a culminância de uma peregrinação”<br />

(hadj), neste caso a libertação<br />

de toda a Palestina.<br />

No Oriente Médio, diferentemente<br />

de nossa civilização ocidental,<br />

a importância dos simbolismos<br />

é imensa.<br />

Em 1941 o Mufti foi enviado por<br />

Hitler para a Bósnia ocupada aonde<br />

obteve o título de “Protetor do Islã”.<br />

Lá foram exterminados 200.000 Cristãos<br />

Sérvios, 40.000 ciganos e<br />

22.000 judeus. Ele, entretanto, se<br />

intitulava “Führer der Arabischen<br />

Welt”, Líder do Mundo Árabe. Além<br />

disto foi estabelecido uma Associação<br />

de Amizade Árabe-Germânica que<br />

funcionava no Restaurante Berliner<br />

Kindl, na Kufürsterdamm além de um<br />

Instituto Islâmico em Dresden (Islamische<br />

Zentralinstitut) e o Mufti foi<br />

agraciado com um governo nazi-islâmico<br />

no exílio.<br />

A Jihad contra os judeus foi pregada<br />

inicialmente pelo Grão Mufti<br />

já em 1943, em pleno apogeu do<br />

Holocausto, aliás sugerido por ele,<br />

quando dissuadiu Hitler de mandar<br />

os judeus para a Palestina sugerindo,<br />

ao invés disto, a chamada “solução<br />

final do problema judaico na<br />

Europa” através do extermínio físico.<br />

A Jihad foi exigida por Al-Husseini<br />

numa locução na Rádio Berlin:<br />

“matem os judeus aonde os encontrarem,<br />

isto agrada a Allah” [2].<br />

Existe evidência sobre a influência<br />

direta do Mufti [3].<br />

Em 1945 ele foi colocado em prisão<br />

domiciliar de luxo, sob custódia<br />

protetora da França mas, “milagrosamente”,<br />

escapou para o Cairo em<br />

maio de 1946.<br />

Tais apelos à Jihad formaram o<br />

embrião da maioria dos grupos ter-<br />

continua na página 15


continuação da página 14<br />

roristas atuais, como o Jihad Islâmico,<br />

o Hamas, o Hezbolá, a OLP,<br />

que recebem apoio material e ideológico<br />

e cujos “mártires” são tidos<br />

como heróis. Saddam Hussein doa<br />

US$ 245,000.00 para as famílias dos<br />

“mártires”, homens-bomba ou mortos<br />

em confronto com forças de Israel.<br />

Integrantes da Frente de Libertação<br />

Árabe Palestina estimam que<br />

o total já chegou a 35 milhões de<br />

dólares, somente desde o início da<br />

Intifada há 29 meses.<br />

Enquanto a história do Mufti é<br />

bem conhecida, não é a única que<br />

indica a estreita colaboração. Na<br />

Europa do Leste, principalmente na<br />

Ucrânia, nos Estados Bálticos e na<br />

Bielo-Rússia inúmeros muçulmanos<br />

nativos formaram batalhões voluntários<br />

como corpos auxiliares das Waffen-SS,<br />

chamados Askaris – nome<br />

originalmente dado aos soldados<br />

negros da África Alemã na Primeira<br />

Guerra Mundial, o que já indica o<br />

desprezo que os alemães lhes dedicavam.<br />

Os Askaris tomaram parte,<br />

principalmente, na Operação Reinhardt<br />

de deportação e de guarda<br />

dos campos de extermínio, principalmente<br />

os de Belzec, Sobibor e Treblinka.<br />

Da mesma forma batalhões<br />

muçulmanos foram os primeiros a<br />

tomarem parte da liquidação do<br />

ghetto de Varsóvia. Geralmente eram<br />

usados como “bucha de canhão”.<br />

A Quarta Conferência da Academia<br />

Islâmica de Pesquisa na Universidade<br />

Al Azhar, em 1969, à qual<br />

compareceram 24 países muçulmanos<br />

reiterou a necessidade da Jihad<br />

contra os judeus. Naquela reunião<br />

o “Ministro da Guerra” da OLP recebeu<br />

o nome de Abu Jihad (literalmente<br />

“Pai da Guerra Santa”). Segundo<br />

a agência espanhola EFE, o<br />

xeque Mohamed Sayed Tantawi, o<br />

grande imã da mesquita egípcia de<br />

Al Azhar, a instituição religiosa mais<br />

Fontes Fontes principais:<br />

principais:<br />

prestigiada do islã sunita, procurou<br />

esclarecer que “há uma grande<br />

diferença entre o terrorismo e a<br />

“Jihad” (guerra santa). “A Jihad na<br />

religião islâmica significa que o<br />

muçulmano defenda sua fé, seu país<br />

com seus bens e integridade territorial.<br />

Se o inimigo invadir um país<br />

O mufti Husseini encontrou-se com Hitler,<br />

em Berlim, durante a guerra<br />

muçulmano, a guerra santa contra ele<br />

é um dever“, afirmou o clérigo ao jornal<br />

árabe “Asharq Al Awsat”. Por outro<br />

lado, o terrorismo, que tem como<br />

objetivo o assassinato de civis inocentes,<br />

é algo que o islã repudia e<br />

condena, destacou Tantawi. Mas para<br />

eliminar esta diferença, basta considerar<br />

o Estado de Israel como invasor,<br />

e é claro, aí pode tudo!<br />

Finalizo citando um texto do<br />

jornalista José Roitberg, Onde estão<br />

os judeus de esquerda?: “Sabe<br />

que dói e demonstra a aculturação<br />

até dos que se afirmam progressistas<br />

intelectualizados preferirem demonizar<br />

Israel e compartilhar termos<br />

como “Sharon Nazi”, “Bush Nazi”<br />

e nazi-sionistas, deixando de lado<br />

os verdadeiros nazistas brasileiros<br />

como Castan e Editora Revisão? Será<br />

tão mais fácil para o pessoal de esquerda<br />

esquecer o nazismo e o neonazismo?<br />

(...) Será que alguém podia<br />

nos responder por que as esquerdas<br />

cujo inimigo primordial era o<br />

nazismo e o fascismo não se interessam<br />

mais pelos verdadeiros inimigos,<br />

preferindo taxar os democratas<br />

de fascistas?”<br />

- Burkhard Schröder, Führer unter sich<br />

- Chuck Morse, Nazi Origins of Arab Terror<br />

- Jamie Glazov, Symposium: Islam, a Religion of Peace or War? Part I, FrontPage Magazine<br />

- Joachim Fest, Hitler<br />

- Joseph B. Schechtman, The Mufti and the Führer, revisão de Linda Dangoor-Khalastchi<br />

- Michael J. Martin, Arab Nazism: Then and Now, FrontPage Magazine<br />

- T.E. Lawrence, Os Sete Pilares da Sabedoria<br />

Notas:<br />

[1] O argumento de que anti-semitismo é também contra os árabes, também descendentes<br />

de Sem não procede por ser falacioso. Em primeiro lugar não se confunda árabes com<br />

muçulmanos pois existem muçulmanos não-árabes, como os iranianos, indonésios, kazaks,<br />

usbeks, etc, e também árabes pertencentes a outras religiões, como os coptas, cristãos maronitas<br />

e católicos, etc. E também porque foram exatamente os árabes que se aliaram aos nazistas<br />

anti-semitas desde o início. Pelo contrário, tais países mais a Nigéria e a Turquia jamais<br />

aceitaram a Jihad e mantém boas relações com Israel, assim como o Líbano, até a sua<br />

destruição pela Síria e seus aliados do Hezbolá.<br />

[2] Ver www.rb.org.il/Islam-Israel/commentary/islam25.htm -<br />

[3] ver livro de Schechtman citado<br />

* Heitor De Paola é escritor e comentarista político, membro da<br />

International Psychoanalytical Association e Clinical Consultant, Boyer<br />

House Foundation, Berkeley, Califórnia, e Membro do Board of Directors<br />

da Drug Watch International. Possui trabalhos publicados no Brasil e<br />

exterior. E é ex-militante da organização comunista clandestina, Ação<br />

Popular (AP). Publicado em Mídia Sem Máscara. em 19 de março de 2003<br />

Sonia Velasco Grávalos *<br />

Dá-me vergonha dizer que sou<br />

espanhola… E tenho que dizer<br />

isso todos os dias porque vivo no<br />

estrangeiro.<br />

Dá-me vergonha que meu país<br />

seja o único governo ocidental<br />

democrático (a Venezuela e Cuba<br />

não podem se chamar de “democracias”<br />

propriamente ditas) que<br />

não condene o terrorismo e advogue<br />

pelo idílico slogan de buscar<br />

a paz a todo custo... a custo<br />

da morte e do sofrimento dos<br />

“malvados israelenses”.<br />

Dá-me vergonha a manifestação<br />

convocada pelo PSOE 1 em nome da<br />

Paz, mas sobretudo para propagar<br />

ainda mais o ódio contra Israel<br />

(bastante exacerbado já segundo<br />

os dados do European Monitoring<br />

Centre on Racism and Xenophobia<br />

2002-2003, que mostram a Espanha<br />

como o país mais anti-semita<br />

no ranking europeu).<br />

Dá-me vergonha que a ignorância<br />

e cegueira do meu ex-conciliador<br />

e risonho presidente arraste<br />

uma multidão de idealistas enganados<br />

à rua para defender a mesma<br />

índole dos terroristas fanáticos<br />

que fizeram o atentado de 11<br />

de Março; indivíduos que a única<br />

coisa que buscam é matar a maior<br />

quantidade possível de “infiéis” e<br />

causando o maior dano possível,<br />

que se sentem orgulhosos de que<br />

seus filhos morram e se imolem por<br />

Alá, e que não duvidariam em desfazer-se<br />

de todos os pró-palestinos<br />

infiéis que saem hoje às ruas,<br />

se não fosse porque os usam como<br />

plataforma de legitimização de sua<br />

jihad contra Israel.<br />

Dão-me vergonha as reclamações<br />

dos que convocam a manifestação.<br />

Aparte da sempre pacifista<br />

esquerda, defensora dos pobres<br />

e desvalidos terroristas, estão<br />

os lemas reivindicatórios dos<br />

direitos... e cito textualmente:<br />

“das populações que aspiram viver<br />

em paz e com dignidade” das<br />

ONG’s de plantão, como a Federação<br />

das Associações de Direitos<br />

Humanos (onde estão os direitos<br />

humanos dos israelenses<br />

que morrem nas escolas, restaurantes,<br />

centros comerciais, etc,<br />

devido às bombas dos abduzidos<br />

kamikazes ou dos Kassam ou Ka-<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Opinião de uma<br />

jornalista espanhola<br />

tiushas lançados pelos indefensos<br />

“palestinos” detidos nas prisões<br />

israelenses?) ou como a Associação<br />

Hispano-Palestina “Jerusalém”<br />

(promotora do boicote<br />

contra os produtos de Israel baseando-se<br />

no mito do “pobre palestino<br />

explorado e assassinado<br />

pelo “lobby judaico opressor”).<br />

Dá-me vergonha que a Espanha<br />

concorde com as opiniões de<br />

Castro e Chávez em sua recusa na<br />

responsabilidade do Hezbolá no<br />

ultimo conflito, que posições<br />

como esta se somem à sua política<br />

internacional de aproximação<br />

com países que financiam o<br />

terrorismo, e que controlam as<br />

liberdades e oprimem os seus<br />

cidadãos, e que não titubeiam<br />

em declarar que “Israel perpetra<br />

um verdadeiro genocídio” (palavras<br />

textuais do presidente venezuelano)<br />

quando houve 926<br />

ataques do Hezbolá indiscriminados<br />

contra Israel, sem distinguir<br />

entre soldados e civis, frente<br />

aos 1320 ataques das Forças<br />

Armadas de Israel contra os redutos<br />

e instalações dos terroristas,<br />

assim como contra as infraestruturas<br />

libanesas utilizadas<br />

livremente pelos terroristas para<br />

continuar seus ataques.<br />

Mas o que mais vergonha me<br />

dá é que seja o mesmíssimo governo<br />

da nação o que convoca um<br />

protesto em defesa do Hezbolá, um<br />

grupo terrorista que iniciou a escalada<br />

com o bombardeio do norte<br />

de Israel e o seqüestro dos soldados,<br />

e que há mais de 20 anos<br />

vem atentando contra um Estado<br />

democrático.<br />

E por último, dá-me vergonha<br />

a pouca vergonha que tem o sr.<br />

Moratinos ao declarar recentemente<br />

o seguinte: “Os judeus<br />

deveriam agradecer a preocupação<br />

e o compromisso” da Espanha<br />

com a própria segurança de<br />

Israel, “não está no bom caminho”<br />

e suas ações unilaterais não<br />

têm lhe trazido mais segurança,<br />

mas, ao contrário, “deram asas ao<br />

Hezbolá e o Hamas, que consideraram<br />

que é a resistência a única<br />

maneira de obter a paz”.<br />

* Sonia Velasco Grávalos é<br />

jornalista e tradutora espanhola<br />

residente no Brasil.<br />

15


16<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

OLHAR<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

HIGH-TECH<br />

○<br />

Bíblia, base para descoberta de antiviral<br />

A leitura do Velho Testamento levou<br />

o cientista israelense, professor Michael<br />

Ovadia, da Universidade de Tel<br />

Aviv, a uma grande descoberta. Ao<br />

ouvir uma passagem explicando que<br />

o Sumo Sacerdote (Cohen) preparava<br />

um óleo sagrado a base de canela<br />

para passar no corpo, antes do sacrifício<br />

de animais, encontrou a chave,<br />

que mudou o rumo de suas pesquisas,<br />

após 40 anos de estudos sobre<br />

as propriedades medicinais dos<br />

venenos de cobra, como antivirais.<br />

‘Imaginei que esse óleo, preparado<br />

com canela e outros condimentos,<br />

tivesse a função de evitar que os<br />

agentes infecciosos se espalhassem’.<br />

Há sete anos começou as pesquisas<br />

para testar sua descoberta e a teoria<br />

de que o extrato de canela tem propriedades<br />

que podem ser usadas para<br />

combater infecções virais, indo desde<br />

o HIV à gripe aviária. (Israel21C/<br />

Embaixada de Israel no Brasil).<br />

Spray contra gripe aviária,<br />

para aeroportos<br />

Estudos avançados de laboratório<br />

comprovaram o poder de imunização<br />

do extrato de canela, em embriões de<br />

frango e em relação a outros vírus.<br />

Agora, a multinacional Frutarom, sediada<br />

em Israel, está comercializando<br />

o extrato e planeja desenvolver<br />

uma série de produtos para aplicações<br />

diversas, que incluem um spray contra<br />

a gripe aviária para aeroportos,<br />

um suplemento diário para proteger<br />

as pessoas contra a gripe comum, e a<br />

imunização para doenças nos embriões<br />

de frangos. As pesquisas prosseguirão,<br />

sob a coordenação do professor<br />

Ovadia. (Israel21C/Embaixada de Israel<br />

no Brasil).<br />

Robô para combater câncer<br />

O trabalho de dois jovens cientistas<br />

de Haifa, ao norte de Israel, atraiu holofotes<br />

do mundo inteiro. Eles inventaram<br />

um robô, com aparência de inseto,<br />

capaz de se agarrar às paredes<br />

dos vasos sanguíneos mesmo contra a<br />

corrente. Com um milímetro de diâmetro<br />

e quatro de comprimento, a novidade,<br />

já testada em tubos plásticos e<br />

artérias de animais, é movida por um<br />

campo magnético, que controla o mo-<br />

vimento e a velocidade, sem a necessidade<br />

do uso de cabo ou bateria. Ele<br />

poderia, por exemplo, levar uma partícula<br />

radioativa a um lugar específico,<br />

no tratamento de câncer, ao invés<br />

da quimioterapia que afeta o corpo<br />

todo. O próximo passo, em dois ou três<br />

anos, serão os testes clínicos com seres<br />

humanos. (Jornal Alef).<br />

DVD com 1 terabyte de armazenagem<br />

A empresa israelense Mempile, de Jerusalém,<br />

anunciou um protótipo de<br />

disco ótico tão fino quanto um DVD<br />

capaz de armazenar 1 terabyte de dados.<br />

Isso foi possível, porque o disco<br />

semitransparente conta com 200 camadas<br />

de 5 Gb cada. Com essa capacidade<br />

a mídia é capaz de guardar mais<br />

de 250 mil MP3s, 115 filmes em alta<br />

qualidade de DVD ou 40 de HD. Ao<br />

contrário dos DVDs normais, as camadas<br />

não estão agrupadas de forma física,<br />

mas virtualmente. A tecnologia<br />

utiliza moléculas sensíveis à luz denominadas<br />

cromóforos para criar matrizes<br />

semelhantes a hologramas e, assim,<br />

atingir a capacidade de 1 Tb. De acordo<br />

com a companhia, o valor é conseguido<br />

usando lasers vermelhos, podendo<br />

ser ampliado para 5 Tb caso haja<br />

uma transição para os lasers azuis (usados<br />

nos discos de alta definição, como<br />

o Blu-ray e o HD DVD). (The Future of<br />

Thing - www.tfot.info).<br />

DVD com 1 terabyte - II<br />

“De iPods ao Tivo, a quantidade de conteúdo<br />

digital gravado e guardado pelos<br />

consumidores em suas casas cresce como<br />

nunca. O problema é que a informação<br />

acaba armazenada em várias ilhas em<br />

vários equipamentos assim como também<br />

nos PCs, que geralmente funcionam<br />

como um repositório central de todos<br />

esses conteúdos espalhados, com o risco<br />

inerente de o HD sofrer algum dano”,<br />

disse o CEO da Mempile, Avi Huppert.<br />

“O TeraDisc, pela primeira vez, permite<br />

que os usuários armazenem um terabyte<br />

de dados em um único disco, do tamanho<br />

de um DVD, por uma fração do preço<br />

das soluções alternativas no mercado”,<br />

completou. A empresa planeja apresentar<br />

um protótipo funcional em 18<br />

meses. Um ano depois disso, o TeraDisc<br />

deverá chegar ao mercado consumidor,<br />

por cerca de US$ 3 mil. Já os discos de<br />

600 Gb devem variar entre US$ 30 e US$<br />

50. (The Future of Thing - www.tfot.info).<br />

Caos em Gaza leva palestinos<br />

a querer a volta da ‘ocupação’<br />

Numa nota publicada no jornal<br />

Haaretz, o conhecido jornalista e<br />

especialista em temas palestinos<br />

Abi Isacharof, conta em detalhes<br />

as lutas internas palestinas que estão<br />

ferindo o povo palestino nos<br />

últimos meses.<br />

São vários os grupos que disputam<br />

o controle da Faixa de Gaza.<br />

A rivalidade entre o Fatah e o Hamas<br />

é uma delas, mas há também<br />

outros grupos criminosos que disputam<br />

as ruas, o controle dos negócios<br />

como a prostituição, o comércio<br />

de drogas e outros aspectos<br />

da vida dos palestinos.<br />

Dezenas de cafés com internet<br />

foram incendiados nos últimos meses.<br />

Cresce dia-a-dia o número de<br />

cidadãos que andam armados nas<br />

ruas, alguns deles com granadas.<br />

Os habitantes de Gaza queixamse<br />

da falta de segurança e de uma<br />

força que ponha ordem no caos que<br />

reina no território controlado unicamente<br />

pelos palestinos.<br />

Segundo cita a nota, uma organização<br />

de direitos humanos com<br />

base em Ramallah, assegura que desde<br />

o início deste ano morreram em<br />

lutas internas 63 palestinos e outros<br />

400 ficaram feridos.<br />

Isacharof cita um jornalista palestino<br />

de quem não dá o nome por<br />

razões de segurança, que diz: “Há<br />

hoje em dia duas possibilidades que<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

Diário de um<br />

Skinhead<br />

Antonio Salas – Ed. Planeta (Brasil)<br />

Antonio Salas é o pseudônimo de um jornalista<br />

espanhol que não se identifica e que é<br />

famoso em seu país por suas reportagens especiais,<br />

ao estilo de Tim Lopes (que, aliás, é<br />

citado logo no inicio do livro). Ele passou um<br />

ano infiltrado nas gangues de neonazistas de<br />

Madri e revela as conexões políticas destes com<br />

partidos de extrema-direita, a relação com os<br />

muçulmanos, revelações sobre os negacionistas,<br />

torcidas de futebol etc. E faz também uma<br />

formidável comparação dos skinheads com os<br />

militantes de extrema-esquerda.<br />

surgem desta situação: que apareça<br />

alguém forte que não se importe de<br />

enfrentar os bandos criminosos, ou<br />

a ocupação israelense”.<br />

“Muitas pessoas na Faixa de Gaza<br />

têm esperança de que Israel a conquiste<br />

de novo, já que no tempo da<br />

ocupação este tipo de coisas não<br />

aconteciam”.<br />

Além disso, alguns milhares de<br />

palestinos trabalhavam nos campos<br />

de cultivo dos israelenses em Gaza<br />

antes que fosse desalojada de judeus<br />

pelo governo de Sharon.<br />

“Em Gaza não há lei. Ninguém<br />

fala das possibilidades de abanicos<br />

nas negociações com Israel ou<br />

sobre a libertação de prisioneiros.<br />

Todos se perguntam quem matou<br />

quem e como foi”.<br />

Isacharof culmina dizendo no fecho<br />

de sua nota: “Na situação econômica<br />

difícil que vive a Faixa, não<br />

poucos palestinos procuram disparar<br />

foguetes Kassam sobre Israel, não<br />

por um cálculo ideológico; o chefe<br />

de uma unidade de lançadores de<br />

foguetes recebe das organizações<br />

terroristas cerca de 5.000 dólares...<br />

Um membro da unidade recebe algumas<br />

centenas de dólares, a ‘armadilha’<br />

econômica é incrível. Aos que<br />

disparam pouco lhes importa se o<br />

foguete conseguiu acertar o alvo ou<br />

não. O que lhes importa mais é retorne<br />

a ocupação israelense.<br />

LIVRO


Apoiando a educação para a paz na AP?<br />

Itamar Marcus e Barbara Crook *<br />

ualquer pessoa que deseje<br />

a paz ficaria horrorizada<br />

com o conteúdo da<br />

mais recente série de livros<br />

escolares palestinos.<br />

Em muitos aspectos, estes<br />

novos livros para o 12º grau, escrito<br />

por pedagogos palestinos designados<br />

pelo Fatah, são os piores livros<br />

de ensino produzidos pela Autoridade<br />

Palestina desde 2000.<br />

Estes livros mais recentes negam<br />

o direito de Israel existir, antecipam<br />

sua destruição e definem o conflito<br />

com Israel como religioso, e não<br />

meramente territorial.<br />

Como mostramos em nosso mais<br />

recente “Conflito Religioso”, a divisão<br />

ideológica entre o Fatah e o<br />

Hamas parece estar desaparecendo.<br />

O Hamas sempre definiu sua<br />

guerra com Israel como religiosa e<br />

existencial, e agora isso é o que<br />

todas as crianças palestinas aprenderão<br />

na escola: “Ribat [oração]<br />

para Alá é uma das ações relacionadas<br />

à jihad para Alá, e significa:<br />

estando em áreas onde há uma luta<br />

entre os muçulmanos e os seus inimigos.<br />

A resistência do povo Palestino<br />

em sua terra, nestes dias...<br />

é o maior dos ribat.” (Educação islâmica,<br />

grau 12, pág., 86-87).<br />

O conflito palestino com Israel<br />

é um ribat único e eterno com um<br />

destino islâmico especial: “A razão<br />

para esta preferência [do ribat palestino]<br />

é que as batalhas momentosas<br />

na história islâmica aconteceram<br />

na sua terra”.<br />

E sobre quando haverá paz com<br />

Israel? Nunca, de acordo com os livros<br />

escolares: “Os habitantes [da<br />

Palestina] estão numa luta constante<br />

com os seus inimigos, e eles<br />

se encontram em ribat até o Dia de<br />

Ressurreição”.<br />

O direito de existir de Israel é<br />

negado e a fundação de Israel é<br />

chamada de roubo: “A guerra da<br />

Palestina terminou com uma catástrofe<br />

sem precedentes na história,<br />

quando gangues sionistas roubaram<br />

a Palestina e expulsaram seu<br />

povo de suas cidades, suas aldeias,<br />

suas terras e suas casas, e estabeleceram<br />

o Estado de Israel” (Língua<br />

árabe, Análise, Literatura e Crítica,<br />

grau 12, pág., 104). Israel é<br />

chamado de “A entidade sionista”<br />

e “inimigo sionista”. A existência<br />

de Israel desde 1948 é uma “ocupação”.<br />

(pp de ibid. 104, 122).<br />

O conflito terminará eventualmente<br />

— não com a paz, mas<br />

com a destruição de Israel, efetuada<br />

pelos palestinos de todas<br />

as idades: “A Palestina será liberada<br />

por seus homens, suas mulheres,<br />

seus jovens e seus anciãos”.<br />

(Língua árabe e Ciência da<br />

Linguagem, grau 12, pág., 44).<br />

Os livros antecipam esta destruição<br />

futura de Israel pintando<br />

um quadro para as crianças palestinas<br />

de um mundo no qual Israel<br />

já não existe. O espaço de Israel é<br />

marcado como “a Palestina” em<br />

todos os mapas, e “a Palestina” é<br />

definida como um dawla — a palavra<br />

árabe para “estado”, não uma<br />

região geográfica.<br />

É dito que este “estado” tem acesso<br />

à água em ambos os mares, o Mediterrâneo<br />

e o Vermelho, uma situação<br />

possível apenas em um mundo<br />

sem Israel. (Geografia Física e Geografia<br />

Humana, grau 12, pág., 105).<br />

Da mesma forma, o tamanho da<br />

“Palestina”, o “estado,” é dito que<br />

tem mais de 10.000 km 2 , uma situação<br />

só possível se Israel não existir,<br />

uma vez que o território da margem<br />

Ocidental e a Faixa de Gaza somam<br />

juntos 6.220 km 2 .<br />

Porque Israel não tem direito de<br />

existir, e deve ser combatido e até a<br />

destruição pelo Islã, a violência e o<br />

terror contra Israel, desde sua fundação<br />

são justificados e glorificados<br />

como muqawama, resistência: “A<br />

tragédia da Palestina de 1948… e<br />

posteriormente a muqawama na qual<br />

os habitantes fizeram atos de heroísmo<br />

mais glorioso e sacrifício”. (Língua<br />

árabe, Análise, Literatura e Comentário,<br />

grau 12 pág. 105).<br />

O mundo encolheu-se em horror<br />

à conferência iraniana da negação<br />

do Holocausto. Mas os novos livros<br />

didáticos da Autoridade Palestina<br />

ensinam a Segunda Guerra Mundial<br />

sem o Holocausto. Há detalhes extensos<br />

sobre a história da guerra,<br />

lições sobre a “teoria da raça” nazista<br />

e até mesmo mencionam “um tribunal<br />

internacional para levar a julgamento<br />

os velhos líderes nazistas<br />

como criminosos de guerra”. (A História<br />

dos árabes e o Mundo no Século<br />

20, grau 12, pág., 46).<br />

Entretanto, os livros não mencionam<br />

por que os nazistas foram julgados,<br />

ou que sua “teoria da raça”<br />

envolveu a eliminação de judeus e<br />

outras minorias.<br />

Está claro que os mais recentes<br />

livros didáticos escolares da Autoridade<br />

Palestina são uma receita trágica<br />

para a guerra incessante. Israel<br />

é apresentado como um inimigo ilegítimo<br />

a ser odiado, combatido e<br />

destruído. Até mesmo o estudante<br />

mais bem-intencionado fica sem justificativa<br />

ou opção religiosa para<br />

aceitar Israel como um vizinho para<br />

viver lado a lado em paz.<br />

Por conseguinte, qualquer um que<br />

esteja verdadeiramente interessado<br />

na paz e na educação para a paz deveria<br />

ficar alarmado com estes novos<br />

livros, repudiar este material de<br />

ódio e exigir que os livros sejam descontinuados<br />

e reescritos. A senadora<br />

norte-americana Hillary Clinton<br />

disse recentemente que este currí-<br />

culo, junto com mídia da Autoridade<br />

Palestina visam as crianças, “basicamente<br />

e profundamente envenenar<br />

a mente destas crianças” e que<br />

estes livros são “um doutrinamento,”<br />

não uma educação.<br />

Mas um grupo judaico americano,<br />

Brit Tzedek v’Shalom — Aliança<br />

<strong>Judaica</strong> para a Justiça e Paz —<br />

apressou-se em defender esses livros<br />

escolares cheios de ódio.<br />

Como informou a Jewish Telegraphic<br />

Agency (Agência Telegráfica <strong>Judaica</strong>),<br />

o grupo escreveu à senadora<br />

Clinton para pedir-lhe que “reexaminasse<br />

suas declarações de que os livros<br />

escolares palestinos doutrinam<br />

o ódio”. O grupo argumenta que os<br />

livros encorajam “uma solução pacífica<br />

para o conflito, e são melhores<br />

que aqueles usados na maioria do<br />

mundo árabe porque eles ‘endossam<br />

a democracia’”.<br />

Esta defesa superficial dos livros<br />

da Autoridade Palestina, comparada<br />

com o bem-documentado relatório de<br />

35 páginas da PMW (Palestinian Media<br />

Watch [Vigilância da Mídia Palestina,<br />

uma ONG que monitora a atividade<br />

da informação na palestina]),<br />

com suas descrições de linha por linha<br />

da educação para o ódio, nos<br />

deixa com a forte impressão de que<br />

ninguém daquele grupo leu de fato<br />

os livros escolares ou o relatório da<br />

PMW. Nesse caso, a ânsia do grupo<br />

em defender estes novos textos novos<br />

é irresponsável.<br />

É difícil e custa crer que o Brit<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Tzedek v’Shalom tenha de fato estudado<br />

estes livros didáticos do 12º<br />

grau e esteja endossando seriamente<br />

um currículo educacional que<br />

nega o direito de Israel, justifica<br />

terror e promete uma batalha religiosa<br />

eterna para a destruição de Israel,<br />

defendendo e estimulando conscientemente<br />

o assassinato.<br />

Tragicamente, a Autoridade Palestina<br />

irá explorar a aprovação por<br />

este imprudente grupo judaico de<br />

seus textos novos. Pode o Brit Tzedek<br />

v’Shalom estar assim tão determinado<br />

a ponto de cegamente promover<br />

a causa palestina, defendendo<br />

até mesmo o indefensível? No<br />

passado, grupos como Brit<br />

Tzedek v’Shalom criaram<br />

suficiente incerteza<br />

sobre a educação<br />

para o ódio da Au-<br />

toridade Palestina<br />

para aliviar pressão<br />

internacional<br />

sobre os líderes<br />

palestinos para<br />

que buscassem educação<br />

para a paz.<br />

Nosso desafio ao<br />

Brit Tzedek v’Shalom: Se<br />

vocês são tão dedicados<br />

à paz como somos nós, vocês têm a<br />

obrigação moral de retratar-se publicamente<br />

de sua defesa dos livros<br />

sancionados pela Autoridade Palestina,<br />

descritos acima e exigir, por<br />

outro lado, que a Autoridade Palestina<br />

procure a educação para a paz.<br />

França<br />

Agressões contra judeus<br />

cresceram 45% em 2006<br />

As agressões físicas contra judeus<br />

na França aumentaram 45%<br />

em 2006, informou recentemente<br />

o Conselho Representativo das Instituições<br />

<strong>Judaica</strong>s da França (Crif).<br />

O aumento é interpretado como<br />

“inquietante” pelo Crif, que considera<br />

o futuro “incerto”, devido, fundamentalmente,<br />

à atualidade geopolítica<br />

e especialmente ao conflito<br />

entre israelenses e palestinos.<br />

Os ataques contra judeus na<br />

França passaram dos 77 registradas<br />

em 2005 para 112 ocorridos<br />

em 2006. O levantamento foi feito<br />

com base nos números do Serviço<br />

de Proteção da Comunidade<br />

<strong>Judaica</strong> (SPCJ).<br />

Este serviço abastece sua base<br />

de dados com denúncias recebidas<br />

diretamente da comunidade<br />

judaica em seu “telefone verde”,<br />

que são comparadas com os números<br />

do Ministério do Interior<br />

francês, afirmou o Crif.<br />

O início de 2006 esteve marcado<br />

de forma dramática pelo seqüestro<br />

e assassinato de Ilan Halimi,<br />

um jovem judeu que foi torturado<br />

até a morte.<br />

Até março deste ano, as estatísticas<br />

mostraram um aumento<br />

de atos anti-semitas, o que o Crif<br />

interpreta como uma “espécie de<br />

mimetismo” em relação à morte<br />

de Halimi.<br />

O conflito no Líbano gerou um<br />

novo aumento da violência contra<br />

judeus na França, o que se<br />

manteve em <strong>setembro</strong> e coincidindo<br />

com datas comemorativas desta<br />

comunidade, acrescentou o Crif.<br />

* Itamar Marcus e Barbara<br />

Crook são os diretores<br />

associados da Palestinian<br />

Media Watch (PMW).<br />

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18<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Ida Axelrud, a terceira presidente do Snif Curitiba, será homenageada<br />

pela Na’amat Pioneiras, com um jantar no dia 27 de outubro às 20<br />

horas no CIP. Adesões pelos fones: 3222 1281 e 3242 6056.<br />

Nasceu Luana Slud em plena véspera de Rosh Hashaná. Aos pais,<br />

Eduardo e Cíntia e aos avôs desejamos Mazal Tov!<br />

No dia 3 de <strong>setembro</strong>, Jack Terpins, presidente da Confederação Israelita<br />

do Brasil (CONIB) e do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL)<br />

recebeu o Prêmio Cicla, homenagem concedida à pessoas que se<br />

destacam por seus méritos na vida comunitária em geral, e na judaica,<br />

especificamente.<br />

Jack Terpins recebido pelo presidente de Israel, Shimon Peres<br />

A cerimônia de entrega do prêmio acontece em Israel, a cada dois<br />

anos, e a distinção recai sempre sobre personalidades israelenses e<br />

latino-americanas, dentre os agraciados destaca-se a jornalista<br />

Pilar Rahola, colaboradora deste jornal.<br />

Segundo a CICLA - Centro Israelense para as Comunidades Ibero-Americanas,<br />

Terpins recebeu a honraria por seu trabalho e<br />

aporte às comunidades judaicas brasileira e latino-americana,<br />

como presidente de tais, por sua participação e desenvolvimento<br />

como judeu e dirigente comunitário, por seus esforços contínuos<br />

no sentido de estreitar e reforçar cada vez mais os laços<br />

entre as comunidades da Diáspora e Israel, através de programas<br />

e atividades, entre outras, que propiciam a formadores de<br />

opinião e lideranças, um conhecimento real e mais apurado<br />

acerca de Israel e da comunidade judaica.<br />

Dois reparos que precisam ser feitos. A primeira: Na edição de<br />

agosto (nº 59, na nota desta coluna em que se referia ao barmitzvá<br />

Justin Greenblatt, por engano registramos que seu pai fora<br />

chamado à Torá, quando na realidade, foi o bar-mitzvando Justin,<br />

filho de Brian e Corrine Greenblatt.<br />

A segunda retificação: Na edição de maio (nº 56) publicamos<br />

nesta coluna que o novo Embaixador do Brasil em Israel recebeu<br />

suas credenciais das mãos da Presidente de Israel. Na verdade, o<br />

Embaixador do Brasil, Pedro Mota, é que entregou as credencias à<br />

então Presidente. Houve somente um reduzido número de diplomatas<br />

brasileiros credenciados em Israel. Depois da cerimônia houve<br />

uma recepção, oferecida aos embaixadores, que naquele dia apresentaram<br />

as suas credencias.<br />

Sob o patrocínio da FIERJ - Federação Israelita do Estado<br />

do Rio de Janeiro, o Clube Monte Sinai realizou no domingo<br />

26/8 a Exposição Temática de Materiais Didáticos do Yad Vashem,<br />

abrangendo livros, CDs, DVDs, Mapas, posters, álbuns,<br />

guias para professores do primário à universidade. Foi também<br />

promovida uma Campanha de Coleta de Nomes de Vítimas<br />

e Sobreviventes. Monitores, devidamente treinados, atenderam<br />

o publico, estudantes e professores informando e auxiliando<br />

no preenchimento das Paginas de Testemunho. O<br />

Yad Vashem produziu especialmente para o evento um cartaz<br />

de divulgação em português. Foram cadastrados professores<br />

e ativistas formadores de opinião para participar de seminários<br />

no Brasil e no Yad Vashem, em Jerusalém, e servir como<br />

agentes multiplicadores.<br />

Estiveram presentes representações de organizações e entidades<br />

civis e militares, entre os quais da Diretoria de Assuntos<br />

Culturais do Exercito, Monumento Nacional aos Mortos<br />

da Segunda Guerra Mundial, Museu Militar Conde de Linhares,<br />

Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de<br />

Janeiro, Batalhão Naval da Fortaleza de São José (Corpo de<br />

Fuzileiros Navais), Bateria de Comando da Artilharia Divisionária<br />

(Fortaleza de Santa Cruz, Niterói), esta em uniformes<br />

históricos, Colégio Militar do Rio de Janeiro, com os alunos<br />

e alunas em seus tradicionais uniformes de gala garance,<br />

Destacamento de Bombeiros Militares 3/11 – Tijuca, 6º Batalhão<br />

da PMERJ – Andaraí, Grande Loja Maçônica do Estado<br />

do Rio de Janeiro, Organização Sionista do Brasil, Fundação<br />

Osório, Associação Nacional dos Veteranos da Força<br />

Expedicionária Brasileira, Amigos do Memorial Judaico de<br />

Vassouras, Chevra Kadisha, Associação dos Ex-Combatentes<br />

do Brasil, Associações dos Veteranos de Tropas de Paz das<br />

Nações Unidas – OEA, Associação dos Veteranos do Batalhão<br />

Suez e Associação dos Ex-Alunos do CPOR/RJ.<br />

Israel Blajberg fala durante as comeorações da Semana da Pátria<br />

no Clube Monte Sion, no Rio<br />

Ainda a Federação Israelita do Rio de Janeiro e o Centro<br />

Cultural Esportivo e Recreativo Monte Sinai por ocasião da<br />

Semana da Pátria homenagearam as Forças Armadas Brasileiras<br />

e os Veteranos da Segunda Guerra Mundial em nome da<br />

Comunidade <strong>Judaica</strong> Fluminense, por intermédio de seus respectivos<br />

presidentes da FIERJ, Sérgio Niskier e do Monte Sinai,<br />

Altamiro Zymerfogel.<br />

Foto: Lourival Ribeiro<br />

À esquerda, o rabino Shabsi Alpern, do Beit Chabad Central, de<br />

São Paulo, e entre d. Marisa e Lula, Isac Baril, presidente da<br />

Federação Israelita do Paraná<br />

No dia 19/9 o presidente Lula recebeu uma delegação de<br />

líderes erabinos da comunidade judaica brasileira e latinoamericana<br />

e rabinos de São Paulo e do Rio de Janeiro,<br />

encabeçada por Jack Terpins, presidente do Congresso Judaico<br />

Latino-Americano/CJL e Confederação Israelita do<br />

Brasil /CONIB e por seu vice-presidente e presidente do<br />

Hospital Albert Einstein, Cláudio Lottenberg.<br />

Na oportunidade Terpins, os rabinos e os presidentes das<br />

federações israelitas receberam os cumprimentos de Lula<br />

pela passagem do Ano Novo Judaico de 5768. O presidente<br />

também tocou o shofar, ouvindo a explicação<br />

dos rabinos sobre o fato de que esse que é um dos<br />

períodos mais significativos do calendário judaico,<br />

quando D-us sela o destino de cada um, dando o seu<br />

veredicto no Iom Kipur, Dia do Perdão.<br />

Estiveram presentes os presidentes da federações de<br />

São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul,<br />

Ceará e Distrito Federal, respectivamente, Boris Ber,<br />

Sergio Niskier, Isac Baril, Henry Chmelnitsky, Arnaldo<br />

Len e Leslie Sasson; mais Cláudio Epelman, representante<br />

do Congresso Judaico Latino-Americano, além<br />

jovens líderes do Chile, Argentina e Brasil, e Abram<br />

Goldstein da B’nai B’rith do Brasil, além de rabinos.<br />

No dia 5/9 a FIERJ e o Monte Sinai realizaram no<br />

clube uma mesa redonda “Conversando com Veteranos<br />

da II Guerra Mundial”, com a presença da major<br />

Elza Cansanção Medeiros, dos tenentes Israel Rosenthal,<br />

José Candido (Candinho) da Silva e Melchisedech<br />

Affonso de Carvalho, além do capitão Osias Machado<br />

da Silva. Houve uma exposição em que a comunidade<br />

judaica homenageou a “Semana da Pátria”, as<br />

Forças Armadas e os Veteranos Brasileiros da II Guerra<br />

Mundial. A Banda de Música da Escola de Instrução<br />

Especializada se apresentará durante o evento.<br />

A comissão julgadora do concurso “O que é a Wizo”,<br />

promovido pela Wizo Paraná reuniu-se no dia 17/9 no<br />

CIP para avaliar e selecionar os trabalhos vencedores<br />

entre os trabalhos concorrentes, produzidos por estudantes<br />

judeus das 7ªs e 8ªs série do primeiro grau. Os<br />

vencedores serão anunciados durante Simchat Torá na<br />

Sinagoga do CIP, dia 5/10, para o qual todos os participantes<br />

e seus pais estão convidados. A comissão julgadora<br />

foi integrada por Sara Kulisch, Tânia Baibich,<br />

Ilana Lerner Hoffmann, Clara Grinberg e Szyja Lorber.<br />

O lançamento do livro “A Travessia da Terra Vermelha”<br />

— Uma saga dos refugiados judeus em Rolândia,<br />

e a palestra do autor, o jornalista e escritor<br />

Lucius de Mello foram um sucesso e atraíram muita<br />

gente da comunidade na segunda-feira 3/9 ao auditório<br />

do CIP, num evento promovido pelo Instituto<br />

Cultural Judaico-Brasileiro Bernardo Schulman.<br />

O autor falou sobre seu extenso trabalho de<br />

pesquisa, exibiu algumas fotos de seu livro, e foi<br />

muito aplaudido ao final. Ele autografou os exemplares<br />

vendidos. Depois, foi oferecido um coquetel<br />

aos presentes.<br />

Nasceu dia 6/9/2007, em Curitiba, Murilo, filho<br />

de Fabielle Marcovici Almeida e Edílson Almeida.<br />

O bebê fofinho deixou encantados os avós paternos<br />

e maternos.<br />

Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Foto: Szyja Lorber<br />

O historiador Lucius de Mello, Sara Schulman e Célia<br />

Galbinsky, presidente e mestre de cerimônias do Instituto<br />

Cultural Bernardo Schulman, e Ester Proveller, presidente<br />

da Kehilá


jornalista Nahum Sirotsky,<br />

que vive em Israel,<br />

é correspondente<br />

da rede RBS e colunista<br />

do Último Segundo do<br />

portal IG na internet,<br />

além de colaborador do jornal <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong>, foi condecorado, dia 25/8,<br />

pelo Exército brasileiro com a Medalha<br />

do Pacificador. A solenidade<br />

aconteceu na Embaixada do Brasil,<br />

em Tel-Aviv.<br />

Repórter com 64 anos de experiência<br />

no jornalismo, foi testemunha<br />

e escreveu sobre a história recente<br />

do Brasil e de Israel, Sirotsky<br />

se acostumou com situações difíceis,<br />

como a dura realidade das<br />

guerras. Mas se emocionou na cerimônia<br />

de entrega da medalha, que<br />

contou com a presença de familiares,<br />

entre eles, do filho e dos netos.<br />

Sirotsky foi elogiado pelo embaixador<br />

Pedro Mota e pelo Adido<br />

militar brasileiro em Israel, coronel<br />

Luciano Puchalski, militar de família<br />

paranaense.<br />

Testemunha da história<br />

Em seu discurso, disse Nahum<br />

Sirotsky: “Agradeço ao Comandante<br />

do Exército brasileiro a grande honra<br />

que me concede com a Medalha<br />

do Pacificador, o Duque de Caxias,<br />

no Dia do Soldado Brasileiro, na presença<br />

do embaixador do Brasil”.<br />

“Todos aqui são mais jovens do<br />

que eu. Tenho 64 anos de jornalismo.<br />

Comecei em ‘O Globo’, em 1943.<br />

Entre outras missões me designaram<br />

para o Ministério da Guerra e o<br />

Ministério do Exterior, dois setores<br />

que pouco se manifestavam”.<br />

Relatando sobre o início de sua<br />

vida profissional declarou: “Na minha<br />

ignorância sobre o que deveria<br />

fazer, tentei imitar os repórteres<br />

americanos. No Ministério da Guerra<br />

procurei o lado humano da vida do<br />

militar. No Itamaraty ia de Divisão<br />

em Divisão, e perguntava verdadei-<br />

Nahum Sirotsky recebe<br />

Medalha do Pacificador<br />

ras imbecilidades. No fim de curto prazo,<br />

talvez devido à minha juventude,<br />

logo fiz amizades com jovens oficiais e<br />

generais. Conheci Juarez Távora, Góes<br />

Monteiro, os Estilac Leal, Zenóbio da<br />

Costa, o brigadeiro Eduardo Gomes, o<br />

general Cordeiro de Farias e muitos<br />

mais. Os generais me facilitaram visitas<br />

que mudaram minha maneira de<br />

pensar. Creio ser dos poucos jornalistas<br />

sobreviventes que assistiram as manobras<br />

em Gericinó, preparatórias para<br />

o embarque da FEB para a Itália”.<br />

Falando sobre o Exército brasileiro,<br />

Nahum Sirotsky recordou que “um ministro<br />

da Guerra, general Eurico Dutra,<br />

se elegeu presidente da República. Entre<br />

os oficiais, alguns, chegaram a chefe<br />

do Governo. Conheci pessoalmente Castelo<br />

Branco, Geisel, João Figueiredo.<br />

Dos militares, de soldados a generais,<br />

aprendi que ser patriota é servir. No<br />

Itamaraty também aconteceu o mesmo.<br />

Fui acolhido com todo o carinho por<br />

jovens diplomatas e embaixadores. Os<br />

diplomatas — a elite intelectual do<br />

Brasil na época — me ensinaram uma<br />

lição que tem sido fundamental em<br />

minha carreira. Ensinarem-me que só<br />

se entende com o que se sabe e, a<br />

partir daí, envergonhado por minha<br />

ignorância, dediquei-me a estudar re-<br />

lações internacionais, ciências políticas,<br />

economia e etc. E não parei até hoje”.<br />

“Fiz amizades preciosas como as<br />

de Roberto Campos, Edmundo Barbosa,<br />

Dias Costa, Guimarães Rosa, Vasco<br />

Mariz, Vasco Leitão, Pio Correa,<br />

Aluízio Bittencourt, Meira Pena, Sérgio<br />

Correa da Costa, e muitos outros.<br />

Um ministro, João Neves da Fontoura,<br />

foi meu padrinho de casamento e<br />

para isto veio à Sinagoga. Fui assessor<br />

de Campos quando embaixador em<br />

Washington, adido à Embaixada do<br />

Brasil em Israel. Cobri a ONU em Nova<br />

Iorque de 45 a 47. Fiz preciosa amizade<br />

com Oswaldo Aranha que até o<br />

fim da vida me recebia com carinho<br />

paternal. Ao Itamaraty devo o fato de<br />

que me empenhei em me educar. Os<br />

militares e os diplomatas brasileiros<br />

foram as maiores influências em minha<br />

vida”, declarou o jornalista.<br />

“Há outras lições apreendidas em<br />

minha até agora longa vida”, prosseguiu<br />

Sirotsky em seu discurso. “A de<br />

que a Pátria do homem é sua formação<br />

cultural e seus amigos. No meu caso, o<br />

Brasil, onde tive amigos inesquecíveis<br />

como Ney Braga. E mantenho contatos<br />

com inúmeros velhos e indispensáveis<br />

amigos que sustentam meu empenho<br />

no que faço, o ser jornalista”.<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Em tocante cerimônia, na Embaixada do Brasil em Tel-Aviv, o jornalista recorda os notáveis que conheceu<br />

O jornalista Nahum Sirotsky recebe a Medalha do Pacificador das mãos do coronel do<br />

Exército brasileiro Luciano Puchalski (E), em ato assistido pelo embaixador Pedro Mota<br />

e também pelo coronel Mário Sérgio Greskow (D) entre outros convidados<br />

Ser judeu<br />

Nahum Sirotsky reafirmou também sua<br />

condição judaica durante a homenagem. “A<br />

Pátria é Pai, a terra do Pai”, observou ele,<br />

acrescentando a seguir: “Mas, como é sabido,<br />

minha mãe era judia, o que me faz<br />

judeu e, num amplo sentido, sem nenhuma<br />

contradição com meu amor pelo Brasil, faz<br />

de Israel minha mãe pátria”.<br />

“Ser brasileiro é ser de um povo notório<br />

por ser fraternal, um povo que sabe<br />

amar, cantar e chorar, sem igual”, declarou,<br />

fazendo ele poesia com uma das qualidades<br />

inerentes do povo brasileiro.<br />

“Ser judeu é ter um vinculo direto com<br />

os Mandamentos e o monoteísmo com mais<br />

de mil anos de história”, sublinhou.<br />

“Ostentarei a Medalha do Pacificador<br />

com orgulho, por homenagear um militar<br />

que se dedicou a construir a unidade nacional,<br />

até hoje, a grande<br />

missão das Forças Armadas<br />

do Brasil. E no dia<br />

do Soldado... Meu D-us,<br />

jamais imaginei ser tão<br />

honrado”, emocionou-se<br />

mais uma vez.<br />

Amigos<br />

paranaenses<br />

Nahum Sirotsky, a<br />

propósito de sua condecoração,<br />

falando acerca<br />

do Brasil e do Paraná, ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />

fez questão de destacar que, em seus<br />

muitos anos de jornalismo, o grupo com o<br />

qual mais se aproximou e respeitou, foi o<br />

de Ney Braga, que insistia em chamá-lo de<br />

“meu filho”. Ele recorda também os melhores<br />

amigos que fez entre os paranaenses,<br />

como Leônidas Lopes Bório, Karlos Rischbieter,<br />

Maurício Schulman, Alexandre Fontanna<br />

Beltrão, José Richa e Saul Raiz. Sobre Ney<br />

Braga, diz: “Ele foi passado para traz na<br />

questão da Presidência. Teria sido dos grandes<br />

da história, como foi grande no Paraná.<br />

Tenho o maior carinho pelo Paraná, onde<br />

nunca vivi, mas meu filho trabalhava com o<br />

Jaime Lerner. Todos eles foram e continuam<br />

sendo importantes na minha vida”.<br />

19<br />

Na cerimônia de<br />

condecoração com a<br />

Medalha do<br />

Pacificador, a partir da<br />

esquerda, Cel. Luciano<br />

Puchalski, Adido Militar<br />

do Brasil em Israel, o<br />

jornalista Nahum<br />

Sirotsky, o Embaixador<br />

brasileiro Pedro Mota e<br />

o Cel. Mário Sérgio<br />

Greskow. Ambos os<br />

militares são de famílias<br />

do Paraná


20<br />

Alberto Mazor<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

* Alberto Mazor é argentino,<br />

emigrou para Israel e vive no Kibutz<br />

Meter. Licenciado em Ciências da<br />

Educação, História, História do Povo<br />

Judeu e Filosofia na Univ. de Afia, onde é<br />

catedrático. Educador e professor com<br />

mais de 25 anos de experiência, dirigiu o<br />

Dpto. Latino-americano de o Kibutz Arte<br />

Assumir Atrair (93-97), sheliach da<br />

Organização Sionista Mundial no México<br />

e do Movimento Juvenil Dor Chadash (80-<br />

84), representante da Agência <strong>Judaica</strong><br />

para o México e América Central (2000-<br />

2002). Escritor e jornalista, publicou<br />

artigos em diferentes jornais e revistas<br />

da Espanha e América Latina.<br />

Comunidade Internacional versus Israel<br />

Alberto Mazor *<br />

eria absurdo, mas é real;<br />

alguém se levanta de manhã,<br />

escuta as notícias no<br />

rádio, vê as imagens pela<br />

TV, acaba de ler e reler quase<br />

todos os jornais, semanários<br />

e revistas e não tem mais remédio<br />

que chegar à complicada conclusão de<br />

que há só um ítem, apenas um, capaz<br />

de formar coalizões tão estranhas que<br />

conseguem reunir sob um mesmo teto<br />

Hugo Chávez com Jacques Chirac, Fidel<br />

Castro com Rodríguez Zapatero, Irã<br />

com a União Européia, Grã Bretanha<br />

com a Coréia do Norte, o Granma com<br />

The New York Times ou Izvestia com<br />

qualquer jornal espanhol, boliviano ou<br />

a BBC… Problemas ecológicos? De forma<br />

alguna. A fome no mundo? Não,<br />

que seja!... É Israel ao agir.<br />

Assim, como “a gata de Dona Flora”,<br />

qualquer manobra que faça o Estado<br />

judeu, provenha esta de tal ou<br />

qual orientação política, quase sempre<br />

estará sujeita a críticas parciais,<br />

mal-intencionadas e unilaterais tanto<br />

dos diferentes meios como dos<br />

governantes e políticos de plantão.<br />

Aparentemente, se todo o mundo<br />

critica ou condena, alguém pensa…<br />

Bem, algo deve haver… Nunca<br />

há fumaça sem fogo…<br />

Entretanto, aqueles que são um<br />

pouco obstinados, aos que custam<br />

entender essas coalizões repentinas<br />

e estranhas, perguntam-se: se por um<br />

lado, quando Israel reage contra atos<br />

terroristas com mão dura, da mesma<br />

forma que faria qualquer país civilizado<br />

que se considere responsável<br />

pela segurança de seus cidadãos,<br />

atua de forma irresponsável, e de outro,<br />

quando abandona territórios<br />

conquistados com o objetivo de reativar<br />

um agônico processo de paz<br />

também é censurado, o que realmente<br />

está acontecendo?<br />

O que pode explicar<br />

então tais críticas<br />

constantes da<br />

maior parte da<br />

Comunidade<br />

Internacional<br />

contra<br />

Israel?<br />

Os terroristaspalestinos<br />

do<br />

Hamas,<br />

amparados<br />

por um governo<br />

eleito<br />

democraticamente,responderam<br />

à retirada<br />

dos colonos israelenses<br />

de Gaza em 2005, disparando<br />

constantemente foguetes Kassam<br />

contra cidadãos dentro de Isra-<br />

el. Há um ano mataram dois soldados,<br />

seqüestraram um terceiro, assassinaram<br />

a sangre frio um civil e<br />

prometeram continuar fazendo o mesmo<br />

a outros.<br />

O Hezbolá há um ano irrompeu<br />

com um intenso bombardeio de foguetes<br />

Katiushas sobre cidades e<br />

populações ao longo da fronteira<br />

internacional entre Israel e o Líbano<br />

determinada pela ONU, a qual gozava<br />

de uma relativa calma desde<br />

2000, após a retirada das forças judias.<br />

Ainda assim, o Hezbolá violou<br />

as leis internacionais invadindo o<br />

território israelense, assassinando e<br />

seqüestrando soldados.<br />

Seria de esperar que estes ataques<br />

terroristas contra Israel fossem vistos<br />

pelas nações responsáveis de<br />

maneira similar à violência jihadista<br />

que somos testemunhas diárias em<br />

todo o mundo, ou seja, como os islâmicos<br />

radicais que decapitam diplomatas<br />

russos na Chechênia, como<br />

o extermínio de milhares de vítimas<br />

inocentes em Nova York, Madri, Londres,<br />

Paris, Istambul ou Singapura,<br />

entre outros, ou como os que ameaçam<br />

com assassinatos por causa das<br />

caricaturas dinamarquesas.<br />

Mas esse não é o caso em absoluto.<br />

Israel é observado sempre como<br />

uma estranha exceção que, por alguma<br />

razão, faça o que faça, merece<br />

o que lhe acontece.<br />

Outros estados podem responder<br />

com impunidade, torturando ou matando<br />

de maneira brutal milhares de<br />

terroristas muçulmanos, enquanto Israel<br />

é condenado quando abate quem<br />

continuamente planeja feri-lo. Quando<br />

no final de 1999 os russos entraram<br />

à força em Grozny, milhares de<br />

muçulmanos da Chechênia morreram;<br />

mas a imprensa permaneceu praticamente<br />

em silêncio. Tanto a Síria de<br />

Hafez e Bashar al-Asad como o Egito<br />

de Anwar Sadat e de Hosni Mubarak<br />

observam há dezenas de anos os grupos<br />

da Irmandade Muçulmana, destruindo<br />

suas células e matando talvez<br />

a mais de 10.000 pessoas. Eles<br />

não provocam muitas resoluções da<br />

ONU ou esforços internacionais para<br />

ajudar os perseguidos.<br />

Até hoje, ninguém conhece a<br />

horrível cifra exata dos cadáveres por<br />

causa da insurreição islâmica na<br />

Arge'elia. Darfur, no Sudão, recebe<br />

por fim espaço na televisão de tempos<br />

em tempos, mas só depois que<br />

dezenas de milhares pereceram. Mas<br />

isso sim, o cerco à cidade de Jenin,<br />

na Cisjordânia, por parte de Israel<br />

em 2002, onde menos de 80 pessoas<br />

morreram no total, em ambos os lados,<br />

foi evocado como “genocídio”<br />

por parte dos mesmos que, no Oriente<br />

Médio, sempre negam o verdadeiro<br />

genocídio que ceifou as vidas de<br />

6 milhões de judeus.<br />

Quando Israel responde ao terrorismo<br />

por ar, é rotulado pela imprensa<br />

como “blitz”, como se fosse<br />

comparável ao bombardeio em massa<br />

nazista de Londres durante a Batalha<br />

da Inglaterra.<br />

A cerca de segurança fronteriça<br />

de Israel, que consegue diminuir os<br />

ataques terroristas, é denominada<br />

de “Muro de Berlim” pelos meios de<br />

comunicação espanhóis ou americanos,<br />

mas nunca se os vê descrever<br />

da mesma maneira a enorme e<br />

sofisticada paliçada erguida pela<br />

Espanhola em Melila para manter distante<br />

a miséria africana ou a cerca<br />

eletrônica colocada pelos EUA na<br />

sua fronteira com o México, tão longa<br />

como a esperança dos pobres<br />

chicanos que vêm nos miseráveis<br />

dólares que recebem dos gringos sua<br />

continuidade existencial.<br />

Depois está a ferida aberta, gangrenada<br />

e terrivelmente dolorosa dos<br />

territórios ocupados na Cisjordânia;<br />

mas esquecendo constantemente que<br />

toda uma série de guerras feitas para<br />

destruir Israel se originaram, em parte,<br />

da “Palestina”, ou que Israel<br />

entregou terra adquirida na guerra<br />

em sua estratégia continua de “terras<br />

por paz”.<br />

O que há de tão especial na Cisjordânia<br />

que engole todas as demais<br />

crises por causa de espaços em disputa<br />

- desde ilhas como Chipre ou<br />

as Malvinas até países inteiros como<br />

o Tibet? Porque o pequeno Israel tem<br />

mais resoluções condenatórias da<br />

ONU que todas as firmadas contra as<br />

demais nações do mundo juntas?<br />

Não é que Israel seja um estado<br />

criminoso. Durante mais de meio século<br />

tem sido a única democracia liberal<br />

no Oriente Médio; seu sistema<br />

judicial é invejável; os cientistas israelenses<br />

deram ao mundo uma infinidade<br />

de elementos com os quais é<br />

possível melhorar as atuais condições<br />

humanas de vida, desde os avanços<br />

mais sofisticados na medicina, na<br />

biologia, na ecologia ou na informática<br />

até a tecnologia das irrigações<br />

por gotejamento, entre outros.<br />

O petróleo explica parte desta<br />

estranha discrepância em como o<br />

mundo vê determinados países.<br />

Desvia-se da política. Reduzam<br />

vocês o petróleo árabe e iraniano<br />

— e portanto o risco de outro<br />

embargo petrolífero ou elevação<br />

de preços manipulados — e os temores<br />

ocidentais aos estados petroleiros<br />

do Oriente Médio se desvanecerão.<br />

O mero interesse próprio<br />

determina a política externa<br />

da maior parte das nações.<br />

O tamanho de Israel é também<br />

outro fator. Israel tem uma população<br />

não muito superior aos 7 milhões<br />

de habitantes e está rodeado por<br />

cerca de 350 milhões de árabes mu-<br />

çulmanos. A maior parte do mundo<br />

conta uns e outros e ajusta suas<br />

posturas em conseqüência.<br />

O antigo anti-semitismo é, claro,<br />

outro ingrediente que explica a<br />

animada aversão mostrada contra<br />

Israel. Os sensíveis multiculturais<br />

ocidentais nem sequer se preocupam<br />

que seus aliados árabes retratem com<br />

freqüência os judeus como porcos<br />

ou macacos nos meios de comunicação<br />

controlados pelo Estado.<br />

Obras odiosas como “Mein Kampf”<br />

ou “Os Protocolos dos Sábios de<br />

Sião” ainda são vendidos até esgotarem-se<br />

na Palestina, e o dinheiro<br />

iraniano e do Golfo continua subvencionando<br />

uma mini-indústria de<br />

revisionismo do Holocausto.<br />

Finalmente, como já sabem os<br />

norte-americanos por sua própria<br />

fronteira do sul, no mesmo momento<br />

em que uma nação bem sucedida<br />

de caráter ocidental limita com um<br />

país mais pobre do Terceiro Mundo,<br />

as emoções primordiais como a honra<br />

ou a inveja nublam a razão.<br />

Assim, ao invés de reconhecer<br />

que a democracia de corte ocidental,<br />

as liberdades pessoais ou a<br />

igualdade diante da lei explicam<br />

porque um Israel próspero e estável<br />

se levantou do pó e das pedras, os<br />

palestinos em particular e o mundo<br />

árabe em geral têm fixação com o<br />

sionismo, o colonialismo e o racismo.<br />

Não é de estranhar que o façam;<br />

sem este bode expiatório, teriam<br />

que enfrentar diretamente um<br />

tribalismo intratável, o apartheid do<br />

sexo, o terrorismo interno e o fundamentalismo<br />

religioso, enquanto<br />

constroem uma sociedade aberta<br />

baseada no mandato da lei.<br />

Em certo sentido, os valores e o<br />

êxito de Israel recordam, sobretudo,<br />

a epopéia americana ao longo<br />

de 230 anos com seus altos e seus<br />

baixos, seus êxitos e seus fracassos,<br />

suas forças e suas debilidades,<br />

seus acertos e seus erros.<br />

Cada uma das razões aqui mencionadas<br />

não poderiam por si só determinar<br />

a dita relação crítica e uma<br />

condenação constante da Comunidade<br />

Internacional para com o Estado<br />

de Israel.<br />

Em troca, a união de todas elas<br />

possibilita que a síndrome da “gata<br />

de Dona Flora” se apodere dos países<br />

mais civilizados, de seus dirigentes,<br />

de seus políticos, de seus intelectuais,<br />

seus acadêmicos e sua imprensa<br />

escrita ou eletrônica, a qual,<br />

depois de tudo, precisa de leitores,<br />

ouvintes e telespectadores para poder<br />

competir dentro de um mundo<br />

dirigido pela liberdade de mercado.<br />

O fundamental é não esquecer<br />

nunca que na multifacetada e feroz<br />

selva do mercado livre, as galinhas<br />

estão livres e as raposas também.


TURISMO<br />

Antonio Carlos Coelho *<br />

Por muitas edições escrevi sobre<br />

Israel, suas cidades e locais<br />

de visitação. Para mim foi um<br />

exercício da memória e, de certa<br />

forma, uma maneira de aumentar<br />

a saudade. E, parafraseando “Outra<br />

Vez”, de Roberto Carlos, Israel<br />

é a saudade que eu gosto de ter,<br />

só assim, a sinto perto de mim<br />

outra vez. Espero não ter deixado<br />

de lado nenhuma cidade relevante<br />

para história e que apresente<br />

algum local de interesse ao turista<br />

ou ao amante daquele país.<br />

Talvez tenha até exagerado em algumas<br />

ocasiões com detalhes distantes<br />

da memória, ou da visão<br />

daqueles que viajam a Israel.<br />

Embora a coluna tivesse<br />

como título “Turismo”, faltou<br />

muito para isto. Não tratei de<br />

hotéis e de seus preços de es-<br />

Encerrando o assunto<br />

tadia, vôos, restaurantes e custos<br />

de viagem. Escrevi sobre cidades,<br />

sobre o país que preserva uma rica<br />

história documentada nas escavações<br />

e museus. Espero ter traduzido<br />

o mais importante: o gosto pela<br />

história e seu significado que tem<br />

para o povo judeu; o esforço contínuo<br />

de preservação do passado<br />

que se contrasta com indústrias da<br />

mais avançada tecnologia, hoje a<br />

maior riqueza de Israel.<br />

Escrevi também, durante esse tempo,<br />

sobre os povos e religiões que<br />

dividem por séculos o mesmo território.<br />

Santuários judaicos, muçulmanos<br />

e cristãos estão abertos a todos<br />

os visitantes e crentes que queiram,<br />

a qualquer época do ano, fazer<br />

sua visita e dirigir, da Terra Santa,<br />

suas orações a D-us e meditar sobre<br />

passagens bíblicas.<br />

Enfim, acredito ter mostrado que<br />

Israel é muito mais do que estamos<br />

acostumados a ver pelos<br />

noticiários e programas<br />

especiais de televisão<br />

apresentados na Semana<br />

Santa. Que não é um país<br />

onde reina o conflito,<br />

mas que é local também<br />

harmonia, de prosperidade<br />

e progresso. Que é um<br />

país democrático – talvez<br />

excessivamente democrático<br />

– para suportar tantas<br />

pressões externas, políticas<br />

e bélicas. Nenhum<br />

outro país, que preza sua<br />

soberania e seu povo, teria tamanha<br />

tolerância com seus vizinhos como<br />

tem Israel.<br />

A partir das próximas edições de<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> estarei escrevendo sobre<br />

outros temas, não mais sobre o<br />

país, mas sobre pessoas e fatos que<br />

marcaram a história, que deixaram<br />

uma herança cultural que permitiu o<br />

* Antonio Carlos Coelho é professor, diretor do Instituto Ciência e Fé, e colaborador do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

Abi Goldreich *<br />

A máquina do tempo. Isto é o que<br />

eu sinto quando estou na livraria com<br />

livros antigos do Sr. Hober, em Budapeste,<br />

Hungria.<br />

Hober já conhece minhas fraquezas,<br />

e após dizer-me olá e entregar-me uma<br />

jarra de água mineral (o Sr. Hober é<br />

naturista vegetariano) leva-me pelas<br />

escadas até o sótão gigante e iluminado,<br />

ao setor ‘judeu’.<br />

O setor judeu é uma sala onde há<br />

livros antigos de temas que para o Sr<br />

Hober aparentam ser judeus. Entre os<br />

livros velhos há alguns que não valem<br />

nem as capas de couro que têm, e em<br />

alguns poucos casos pode-se encontrar<br />

reais criações da cultura.<br />

Muitos são os livros litúrgicos velhos<br />

que talvez foram roubados da ‘gniza’<br />

das Sinagogas, capítulos do Talmud,<br />

ou Tanach, Mishnaiot, Shulchan Aruch,<br />

sidurim antigos de tradição ashkenazi.<br />

Basta abri-los para observar quem eram<br />

seus donos, quem foi o jovem que recebeu<br />

o livro para o bar-mitzvá há 200<br />

anos, e a quem foi entregue durante<br />

sua vida. Curiosidade.<br />

Muitos dos livros estão escritos<br />

em alemão, e são livros góticos que<br />

foram escritos por cristãos ou judeus<br />

assimilados.<br />

De vez em quando se pode encontrar<br />

um capítulo do Talmud escrito à<br />

mão, que são muito caros, vários milhares<br />

de euros e estão dispostos num<br />

armário por trás de uma vitrine iluminada.<br />

Hober sabe seu valor. E às vezes<br />

há ofertas como o livro Palestina, de<br />

Hadriani Relandi, chamado o profissional.<br />

Palaestina ex monumentis veteribus<br />

illustrata, äîå”ì äåà, Trajecti Batavorum:<br />

Ex Libraria G. Brodelet, 1714.<br />

Pode-se encontrar estes livros originais<br />

em vários lugares do mundo e<br />

também na Universidade de Haifa.<br />

Pode-se ver onde se encontra o livro e<br />

também se pode encontrar detalhes do<br />

autor e mais ainda.<br />

O autor, Relandi, homem destacado,<br />

geógrafo, cartógrafo e filólogo sabia<br />

perfeitamente o hebraico, árabe e<br />

grego antigo, mais as línguas européias.<br />

O livro está escrito em latim. Em 1695<br />

foi enviado para percorrer a terra de<br />

Israel ou com o nome de então Palestina.<br />

Em seu percurso analisou 2.500<br />

lugares principais que estão nominados<br />

no Tanach ou na Mishná.<br />

Sua forma de pesquisa é interessante.<br />

Primeiro, mapeia a Terra de Israel.<br />

Segundo, Rilandi situou com seu nome<br />

cada um dos lugares mencionados pela<br />

Mishná ou pelo Talmud. Com o nome<br />

original judeu, cita o versículo que o<br />

corresponde nos livros santos. Se o nome<br />

original é romano ou grego, traz em grego<br />

e em latim o vinculo. Terceiro, também<br />

fez uma estatística da população<br />

de cada um dos assentamentos.<br />

As principais conclusões são:<br />

1. Nenhum povoado na Terra de Israel<br />

tem um nome original em árabe.<br />

Os nomes das povoações são em sua<br />

maioria hebreus, ou gregos ou latinos<br />

romanos. Até hoje, praticamente, nenhum<br />

assentamento árabe (fora Ramle)<br />

tem um nome árabe original. A<br />

maioria dos povoados tem origem hebraica,<br />

ou grega que foi desfigurada<br />

para o árabe sem um sentido claro. Não<br />

têm nenhum sentido em árabe o nome<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Antonio Carlos Coelho<br />

de Acco, Haifa, Yaffo, Nablus, Gaza ou<br />

Jenin e outros nomes de cidades como<br />

Ramallah, El Chalil e El Quds que não<br />

têm raízes históricas ou filográficas árabes.<br />

No ano de 1696, o ano do percurso,<br />

Ramllah por exemplo, é chamada<br />

Betela (Bet El), Hebron é chamada Hebron,<br />

e a Tumba dos Patriarcas é chamada<br />

pelos árabes El Chalil (Sobrenombre<br />

do patriarca Abraham).<br />

2. A terra estava em sua maior parte<br />

vazia, deserta e seus habitantes<br />

eram poucos e se concentravam nas cidades<br />

como Jerusalém, Acco, Safed,<br />

Yaffo, Tibéria e Gaza. A maioria dos<br />

habitantes nas cidades eram judeus e<br />

o resto eram cristãos e muito poucos<br />

muçulmanos, que em grande parte eram<br />

beduínos. Fora de Nablus,… onde<br />

viviam 120 pessoas da família muçulmana<br />

Natasha e uns 70 samaritanos.<br />

3. Em Nazaré, capital do Galil, havia<br />

cerca de 700 habitantes, todos cristãos.<br />

Em Jerusalém havia 5.000 pessoas, a<br />

maioria judeus e a minoria cristãos. O<br />

interessante é que aos muçulmanos Relandi<br />

os denomina como umas poucas<br />

tribos beduínas, que chegaram como empregados<br />

temporários para serem utilizados<br />

como força de trabalho na agricultura<br />

ou na construção. Em Gaza, por<br />

exemplo, havia 550 pessoas, 50% judeus<br />

e 50% cristãos. Os judeus se ocupavam<br />

da agricultura florescente dos vinhedos,<br />

azeitonas e trigo (Gush Katif) e os cristãos<br />

se ocupavam do comércio e do transporte<br />

das produções. Em Tibéria (Tiberíades)<br />

e em Safed eram habitantes judeus,<br />

ainda que não seja que se ocupem da<br />

pesca no Kinneret, uma profissão de Tibéria<br />

antiga. Num povoado, como Um el<br />

Fahm, por exemplo, havia 10 famílias,<br />

povo judeu permanecer<br />

em Israel ou fora<br />

por vinte séculos na<br />

integridade de valores<br />

e costumes. Não sei<br />

ainda como irá se chamar<br />

a nova coluna. Ficará<br />

a cargo dos editores<br />

do jornal, de comum<br />

acordo com este<br />

colunista.<br />

Quero continuar a<br />

escrever sobre o que<br />

mais gosto e, principalmente,<br />

continuar<br />

colaborando com um jornal que<br />

se revelou um dos mais importantes<br />

veículos de comunicação<br />

judaica da América Latina. Espero,<br />

também, poder continuar com<br />

meus leitores que dão sentido ao<br />

meu trabalho. A todos, o meu sincero<br />

agradecimento e até a próxima<br />

coluna.<br />

Percurso pela Palestina em 1695<br />

todas cristãs, com 50<br />

habitantes, e também<br />

uma Igreja Maronita<br />

(Família<br />

Shahada).<br />

4. O livro contradiz<br />

de forma completa<br />

as teorias pós-modernistas<br />

da ‘herança<br />

palestina’ ou do povo<br />

palestino. E afirma e<br />

confirma a pertinência<br />

da terra de Israel ao povo judeu e a<br />

falta de pertinência definitiva dos árabes,<br />

que roubaram ainda o termo latino<br />

Palestina e se apoderaram dele.<br />

5. Por exemplo, na Espanha, em Granada,<br />

vê-se a herança e a construção<br />

árabe. Cidades gigantes como Granada,<br />

na Andaluzia, cidades como Guadalajara,<br />

que contam com uma herança cultural<br />

árabe real: registros, obras de arte,<br />

arquitetura, medicina e mais. Cerca de<br />

700 anos de governos árabes na Espanha<br />

deixaram uma herança que não se<br />

pode ocultar ou dissimular. E aqui, ao<br />

contrário, não há nada, não há nomes<br />

de cidades, não há cultura, não há arte,<br />

não há história, não há testemunhos de<br />

governos árabes. Só roubo e fraude, roubo<br />

do lugar mais importante para os judeus,<br />

roubo da terra prometida aos judeus.<br />

Ultimamente, com o patrocínio de<br />

todo tipo de israelenses pós-modernistas,<br />

o roubo da história.<br />

* Abi Goldreich é escritor e<br />

colaborador do site israelense em<br />

língua espanhola www.es-israel.org<br />

parceiro do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> na<br />

hasbará e no combate ao<br />

anti-semitismo.<br />

21<br />

Ex-libris da obra<br />

Palaestina, de Hadriani<br />

Relandi, de 1695


22 (com<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

VISÃO<br />

Síria revoga cidadania<br />

do líder da oposição<br />

Numa atitude condenável, o presidente<br />

sírio Bashar el-Assad decidiu revogar a<br />

cidadania do líder da oposição síria Farid<br />

Ghadri, chefe do Partido Sírio da Reforma.<br />

De acordo com os informes divulgados<br />

nos meios de comunicação da Síria,<br />

Assad resolveu cassar a cidadania por<br />

causa da recente visita de Ghadri a Israel,<br />

em junho passado. No início de <strong>setembro</strong>,<br />

Ghadri fez notícia quando seus cartazes<br />

apareceram colados em três grandes<br />

cidades, Halab, Idlib e Damasco. Um<br />

porta-voz do Partido da Reforma declarou<br />

que estes atos desafiadores serviam<br />

para provar à comunidade internacional<br />

que os sírios estão cansados do regime<br />

de Assad e de não ter futuro algum. “Eles<br />

querem que os israelenses entendam que<br />

os sírios não são extremistas”, disse o<br />

porta-voz. (Infolive.tv).<br />

Síria revoga cidadania II<br />

Farid Ghadri provém de uma família proeminente<br />

da Síria, que inclui numerosos<br />

dirigentes e funcionários do atual governo.<br />

Ghadri vive no exílio, nos Estados<br />

Unidos. Junto com vários sírios-americanos<br />

fundou em outubro de 2001 o<br />

Partido da Reforma na Síria, cujo objetivo<br />

é produzir uma mudança política<br />

naquele país. Na edição de julho, <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong> publicou um artigo de Ghadri<br />

(ver página 24, “Eu admiro Israel”), reproduzido<br />

do The Jerusalem Post, quando<br />

ele esteve em Israel, defendendo uma<br />

convivência pacífica com os israelenses.<br />

Esta é a propalada “democracia”<br />

síria da qual o embaixador da Síria no<br />

Brasil, Ali Diab tanto se jactou em Curitiba.<br />

A mesma “democracia” — na verdade,<br />

ditadura fascista — que o PT e o<br />

PCdoB tanto admiram. Uma democracia<br />

que desrespeita os mais básicos direitos<br />

do cidadão! Ambos firmaram acordos<br />

de cooperação com o partido Baath<br />

sírio. (Infolive.tv/<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>).<br />

Capturado seqüestrador de Guilad<br />

Mohawash al Kadi, dirigente militar do<br />

grupo extremista Hamas, vinculado ao<br />

seqüestro do soldado israelense Guilad<br />

Shalit, ocorrido em julho de 2006, foi<br />

capturado dia 10/9 por soldados do<br />

exército israelense, dissimulados, que<br />

o pegaram no interior da Faixa de Gaza.<br />

Embora o feito tenha sido anunciado<br />

pelos meios de comunicação com bastante<br />

alarde, o Hamas, entretanto, mantém<br />

silêncio total a respeito. Kadi pode<br />

ser usado numa eventual barganha para<br />

troca de Shalit Guilad, que há mais de<br />

um ano é refém do grupo terrorista em<br />

Gaza. (Infolive.tv).<br />

Preso grupo neonazista em Israel<br />

panorâmica<br />

Oito jovens acusados de agressões brutais<br />

a imigrantes, drogados, homosse-<br />

informações das agências AP, Reuters,<br />

AFP, EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem<br />

Post, Haaretz e IG)<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Yossi Groisseoign<br />

xuais e judeus foram detidos e confessaram<br />

seus crimes. A polícia informou<br />

que os jovens do grupo neonazista vieram<br />

da antiga União Soviética, e têm<br />

idades entre 17 e 21 anos. A maioria é<br />

formada por trabalhadores estrangeiros.<br />

A investigação começou há um ano,<br />

depois que desconhecidos pintaram uma<br />

suástica e o nome de Hitler numa sinagoga<br />

em Petach Tikva. De acordo com<br />

a imprensa israelense, o grupo pretendia<br />

comemorar o aniversário de Hitler<br />

no Museu do Holocausto (Yad Vashem)<br />

de Jerusalém. A superintendente Revital<br />

Almog, a cargo de quem está a investigação,<br />

disse que seus agentes descobriram<br />

que, “além de suas reuniões,<br />

nas quais faziam apologia ao nazismo,<br />

saíam em grupo para perpetrar ataques<br />

racistas em Tel Aviv”. Os suspeitos escolhiam<br />

suas vítimas entre pessoas em<br />

uma posição frágil na sociedade para<br />

denunciá-los, como trabalhadores ilegais,<br />

especialmente os africanos, que<br />

eram “castigados” por não ser “brancos”.<br />

(Agências de notícias).<br />

Socorro ao Peru<br />

Após as trágicas conseqüências do<br />

terremoto que assolou o Peru, a comunidade<br />

judaica daquele país, assim<br />

como instituições judaicas em<br />

diversas partes do mundo, se solidarizaram<br />

com as vítimas e seus familiares.<br />

Uma gigantesca mobilização<br />

foi feita rapidamente, reunindo<br />

importantes doações de bens, ferramentas,<br />

medicamentos e alimentos.<br />

Médicos e especialistas em desastres<br />

naturais da “Equipe de Resposta Rápida<br />

e Busca em Emergências”, de<br />

Israel, também se integraram ao esforço<br />

conjunto. A primeira parte das<br />

doações já foi enviada ao sul do<br />

país. Tão logo sejam atendidas as<br />

necessidades da fase emergencial<br />

começam as etapas de reconstrução.<br />

A comunidade judaica peruana assumiu<br />

o compromisso em conjunto<br />

com o American Jewish Joint Distribution<br />

Comittee, a B’nai B’rith Internacional,<br />

Brother and Brother,<br />

AJC e outras organizações judaicas,<br />

de coordenar um projeto de reconstrução<br />

que seja rápido. Para isto foi<br />

criado um comitê especial da comunidade<br />

que contará com o apoio técnico<br />

de especialistas israelenses e<br />

peruanos e de ex-bolsistas peruanos<br />

em Israel. (Jornal Alef).<br />

Foguete de Gaza feriu 68 israelenses<br />

Um foguete lançado de Gaza feriu 69<br />

soldados num campo de treinamento,<br />

dos quais três foram internados em estado<br />

grave. Os grupos radicais islâmicos<br />

Comitê de Resistência Popular<br />

e a Jihad Islâmica reivindicaram a autoria<br />

do atentado contra tendas na<br />

base de treinamento de Zikkim, ao<br />

norte da faixa de Gaza. É o ataque com<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

foguete que deixou o maior número<br />

de feridos em Israel. Esses lançamentos<br />

causaram 12 mortos em território<br />

israelense desde 2000. Segundo informações<br />

de Israel, o foguete atingiu<br />

uma tenda vazia, mas espalhou<br />

fragmentos para as vizinhas. O portavoz<br />

do grupo radical Hamas, que ocupa<br />

a Faixa de Gaza desde junho, declarou<br />

que o ataque “traz orgulho à<br />

Palestina”. (CNN/Reuters).<br />

Resposta a altura<br />

O gabinete do primeiro-ministro de Israel,<br />

Ehud Olmert, informou que discutiu<br />

em reunião uma resposta ao ataque<br />

terrorista, ocorrido às vésperas do Ano<br />

Novo judaico. “Eu acho que há muito,<br />

muito tempo, deveríamos ter respondido”,<br />

disse o ministro da Indústria e Comércio<br />

de Israel, Eli Yishai, do partido<br />

Shas, à rádio do Exército em Israel. O<br />

chefe da oposição no Parlamento de<br />

Israel, Benjamin Netanyahu, líder do<br />

partido Likud, pediu que o governo lance<br />

uma operação de grande escala em<br />

Gaza. Para Netanyahu, uma invasão a<br />

Gaza é a única solução para impedir que<br />

radicais continuem disparando foguetes<br />

Kassam contra o território israelense.<br />

Israel deixou a faixa de Gaza em<br />

2005. (Associated Press/Efe).<br />

Campanha pró-libertação<br />

Foi lançado o movimento internacional<br />

Veshavu Banim Legvulam, que literalmente<br />

significa: ‘...E voltarão seus filhos para suas<br />

fronteiras”. O verso inteiro, parafraseado,<br />

diz: ‘Não chorem e limpem seus olhos de<br />

lagrimas, seu trabalho será recompensado;<br />

e disse o Senhor: eles voltarão da terra<br />

de seus inimigos. E há esperança no<br />

fim, disse o Senhor, e voltarão seus filhos<br />

para suas fronteiras”. A campanha luta pela<br />

libertação dos três soldados israelenses seqüestrados,<br />

há mais de um ano, pelos<br />

movimentos terroristas Hamas e Hezbolá.<br />

Uma petição com assinaturas será enviada<br />

à ONU e está no site www.ha<br />

banim.org. No dia 30/10, a Organização<br />

Sionista Mundial realizará uma manifestação<br />

mundial pela libertação de Guilad<br />

Shalit (20 anos), Ehud Goldwasser (31<br />

anos) e Eldad Reghev (26 anos). (Notícias<br />

da Rua <strong>Judaica</strong>).<br />

Coréia constrói cerca de separação<br />

A Coréia do Norte está erguendo cercas<br />

e muros na fronteira com a China<br />

para impedir fugas, mas não há protestos<br />

nem na ONU, nem na Corte Internacional<br />

de Justiça na Holanda,<br />

muito menos na imprensa. Nada. Já<br />

com Israel, é o contrário. Todo dia, em<br />

algum lugar a cerca de proteção de<br />

Israel, construída para evitar atentados<br />

terroristas é alvo de críticas e condenações.<br />

A fronteira entre a China e<br />

a Coréia tem mais de mil quilômetros.<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Segundo a agência de notícias sul-coreana<br />

Yonhap, esta decisão de Pyongyang<br />

ocorre enquanto crescem as críticas<br />

internacionais à política chinesa<br />

de devolver os fugitivos norte-coreanos<br />

ao seu país origem, conforme<br />

tratado sobre esta matéria firmado por<br />

ambos países (El Diario Exterior).<br />

Memorial Oswaldo Aranha<br />

Foi lançada oficialmente a campanha<br />

para a construção do “Memorial Oswaldo<br />

Aranha”, em Alegrete (RS), terra natal<br />

do chanceler. O prédio, em forma de<br />

pássaro, de autoria de Oscar Niemayer,<br />

deverá ser edificado na BR 290, Rodovia<br />

Oswaldo Aranha, em terreno cedido<br />

pelo Exército. Na cerimônia de lançamento,<br />

no auditório da Universidade da<br />

Campanha, estiveram presentes representantes<br />

do Governo estadual e da<br />

Federação Israelita do Rio Grande do<br />

Sul. Em 1947, na Assembléia Geral das<br />

Nações Unidas, sob a presidência de<br />

Oswaldo Aranha, foi discutida e aprovada<br />

pela expressiva maioria de 2/3 dos<br />

votos a Partilha da Palestina, que possibilitou<br />

a criação do Estado de Israel<br />

no ano seguinte. “Homenagear Aranha<br />

em sua terra natal representa um ato<br />

de reconhecimento a um estadista brasileiro<br />

que devotou sua vida à causa da<br />

liberdade e da justiça”, afirma. Nelson<br />

Menda, presidente do Conselho Sefaradi,<br />

que participou do evento. (Conib).<br />

Kassab dispensa judeus e islâmicos<br />

O prefeito paulistano Gilberto Kassab assinou<br />

decreto determinando que todas<br />

as unidades municipais considerem como<br />

motivo justificado de falta, a ausência<br />

dos servidores que professem a religião<br />

judaica nos dias de comemoração do Ano<br />

Novo e Dia do Perdão Judaicos. O decreto<br />

do prefeito Kassab não ficou restrito<br />

apenas aos judeus, e se estende aos seguidores<br />

da religião islâmica, durante o<br />

Eid Al Fitr, que marca o fim do Ramada,<br />

em outubro de 2007, no dia fixado de<br />

acordo com o calendário islâmico de feriados<br />

religiosos. (Fisesp)<br />

Ataque à Síria tem mais versões<br />

O ataque da força aérea israelense no<br />

Norte da Síria em 6/9, estaria diretamente<br />

ligado a um carregamento de<br />

material nuclear que Damasco teria recebido<br />

da Coréia do Norte, segundo<br />

publicou o jornal Washington Post. De<br />

acordo com o jornal, a força aérea tinha<br />

como alvo instalações que a Síria<br />

diz ser um “centro de pesquisa para a<br />

agricultura”, perto da fronteira com<br />

a Turquia, mas que Israel acredita ser<br />

utilizado para extrair urânio de fosfatos<br />

- e que por isso mantém sob<br />

vigilância. O carregamento, que chegou<br />

de barco ao porto sírio de Tartus,<br />

estava marcado como sendo “cimento”,<br />

mas seria material nuclear. A<br />

Síria garante que a sua defesa antiaérea<br />

disparou contra os aviões israelenses.<br />

Israel mantém silêncio a respeito.<br />

O ex-embaixador dos EUA na<br />

ONU, John Bolton, disse que a Coréia<br />

do Norte estaria usando a Síria e o<br />

Irã como “refúgios” para a sua atividade<br />

nuclear. (Com agências).


Depois do PT, o PCdoB também<br />

assina acordo com o Baath sírio<br />

PT foi que abriu as portas,<br />

ao firmar um acordo<br />

de cooperação com<br />

o partido Baath, da Síria.<br />

Agora uma delegação<br />

chefiada pelo secretário geral<br />

adjunto do Partido Baath Árabe<br />

Socialista, Abdallah Al-Ahmar,<br />

assinou em 1º/9 outro acordo de<br />

cooperação com o Partido Comunista<br />

do Brasil. O fato aconteceu<br />

em São Paulo, e pelo PCdoB assinaram<br />

seu presidente nacional. Renato<br />

Rabelo; o secretário de relações<br />

Internacionais, José Reinaldo<br />

Carvalho; o ex-deputado federal<br />

Jamil Murad; e o secretário de<br />

organização, Walter Sorrentino.<br />

Embora se diga socialista, o<br />

Baath é um partido fascista. O<br />

Baath sírio surgiu como uma espécie<br />

de “filial” do partido Baath<br />

iraquiano de Saddam Hussein.<br />

É um partido, criado nos moldes<br />

do Partido Nacional-Socialista<br />

Alemão, mais conhecido como<br />

Partido Nazista; é adaptado a um<br />

pan-arabismo nacional-socialista<br />

inspirado no pan-germanismo<br />

nacional-socialista de Hitler. É<br />

também um partido nacionalista<br />

árabe virulentamente anti-semita.<br />

A ele o PT se associou, e<br />

agora os comunistas do PCdoB. O<br />

Baath, quando Saddam Hussein<br />

reinava no Iraque já enviara observadores<br />

para as reuniões do<br />

Foro de São Paulo. Na prática,<br />

isso mostra como partidos de esquerda,<br />

como o PCdoB e o PT se<br />

unem a agremiações fascistas de<br />

verdade como o Baath, dissimulados<br />

de socialistas esquerdistas,<br />

na aliança ideológica contra o neoliberalismo,<br />

os EUA e Israel.<br />

O objetivo do acordo é o de<br />

“contribuir para o fortalecimento<br />

das relações de amizade entre os<br />

povos da República Árabe e da República<br />

Federativa do Brasil, em favor<br />

dos interesses comuns de seus<br />

respectivos países e povos”. Foram<br />

acertados alguns de pontos de um<br />

programa de cooperação, segundo<br />

site do PCdoB — um dos mais antisionistas<br />

e antiisraelenses existentes<br />

no Brasil — desde a “troca de<br />

delegações das direções dos dois<br />

partidos (para conhecimento recíproco<br />

das experiências dos respectivos<br />

partidos em seus países) até<br />

a atuação conjunta pelo estreita-<br />

mento das relações entre as organizações<br />

populares das duas nações”,<br />

como se o PCdoB tivesse procuração<br />

para falar em nome do País.<br />

Durante a assinatura do acordo,<br />

Rabelo declarou que “a Síria<br />

cumpre hoje um papel de equilíbrio<br />

muito importante na região do<br />

Oriente Médio”. Só que o dirigente<br />

comunista Rabelo não explicou a<br />

que “equilíbrio” estava se referindo.<br />

Talvez estivesse querendo dizer<br />

equilibrar o grupo extremista e terrorista<br />

do Hezbolá com armamento,<br />

dinheiro e instrução militar<br />

para continuar atacando Israel pelo<br />

Norte. O cinismo comunista é tamanho<br />

que o dirigente do partido,<br />

Rabelo, chegou a dizer que a é Síria<br />

é “um país em que diversas religiões<br />

e etnias convivem democraticamente”.<br />

Será que o judaísmo<br />

pode ser praticado livremente na<br />

Síria? Em Israel, o islamismo pode.<br />

Por sua vez, Abdallah agradeceu<br />

a acolhida dos brasileiros e<br />

disse que a determinação de firmar<br />

o acordo de cooperação revela<br />

o tratamento privilegiado<br />

que o Partido Baath empresta às<br />

relações com o PCdoB. De acordo<br />

com o dirigente, a principal<br />

tarefa é “aproximar nossos dois<br />

governos e nossos dois povos”.<br />

Ele lembrou que, desde o início<br />

do governo de Luiz Inácio Lula<br />

da Silva, foi visível o esforço<br />

para fazer avançar a cooperação<br />

entre os dois países, culminando<br />

com a realização da cúpula<br />

dos países árabes e o Brasil. Pura<br />

hipocrisia, pois os comunistas do<br />

PCdoB fizeram vistas grossas, ou<br />

fizeram de conta que Hafez Assad,<br />

pai do atual presidente “democraticamente”<br />

eleito por<br />

99,7% dos eleitores sírios, Bashir<br />

Assad, nunca perseguiu, torturou<br />

e assassinou comunistas sírios.<br />

Nem sequer existe partido comunista<br />

na Síria, ou qualquer outro<br />

que não esteja alinhado com o<br />

fascista Baath.<br />

E para mostrar como trata a<br />

oposição, há poucos dias, numa<br />

atitude ditatorial e condenável, o<br />

governo da Síria revogou a cidadania<br />

do líder oposicionista sírio,<br />

Farid Ghadri, chefe do Partido Sírio<br />

da Reforma. E ainda querem<br />

encenar a pantomina de que a Síria<br />

é uma democracia...<br />

Leia a íntegra do texto do acordo<br />

Baath-PCdoB<br />

Acordo de cooperação entre o<br />

Partido Baath Árabe Socialista e o<br />

Partido Comunista do Brasil.<br />

Partindo da vontade comum do<br />

Partido Baath Árabe Socialista e do<br />

Partido Comunista do Brasil de estabelecer<br />

relações de cooperação nos<br />

diferentes âmbitos, de modo a contribuir<br />

para o fortalecimento das relações<br />

de amizade entre os povos<br />

amigos da República Árabe e da República<br />

Federativa do Brasil, em favor<br />

dos interesses comuns de seus<br />

respectivos países e povos,<br />

Foi acordado o seguinte programa<br />

de cooperação:<br />

Primeiro: Ambos os partidos intercambiarão<br />

visitas de delegações<br />

das direções dos dois partidos, em<br />

datas a serem acordadas, para intercambiarem<br />

opiniões e pontos de vista<br />

sobre questões de interesse comum<br />

e conhecerem as experiências<br />

do trabalho de ambos os partidos em<br />

seus respectivos países.<br />

Segundo: Ambos os Partidos intercambiarão<br />

visitas de delegações,<br />

em datas a serem acordadas, para<br />

conhecerem as diferentes áreas de<br />

seus respectivos trabalhos e intercambiarem<br />

experiências entre si.<br />

Terceiro: Ambos os Partidos intercambiarão<br />

documentos e boletins<br />

partidários relevantes emitidos<br />

por cada um.<br />

Quarto: Ambos os partidos intercambiarão<br />

convites para a participação<br />

em congressos e seminários a<br />

serem realizados por cada um, em<br />

conformidade com as tradições respectivas<br />

de cada partido.<br />

Quinto: Ambos os Partidos manterão<br />

consultas entre si e intercambiarão<br />

pontos de vista em congressos<br />

e seminários regionais e internacionais<br />

de que tomarão parte.<br />

Sexto: Ambos os Partidos atuarão<br />

pelo estreitamento das relações<br />

de amizade e cooperação entre as<br />

organizações populares com o objetivo<br />

de conhecerem as experiências<br />

por elas adquiridos.<br />

Sétimo: O Escritório das Relações<br />

Exteriores da Direção Nacional do<br />

Partido Baath Árabe Socialista e o<br />

Departamento das Relações Exteriores<br />

do Partido Comunista do Brasil<br />

acompanharão a implementação das<br />

cláusulas do presente acordo.<br />

São Paulo, 1 o de <strong>setembro</strong> de 2007<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

O LEITOR<br />

ESCREVE<br />

23<br />

Lançamento de livro<br />

Caro editor:<br />

Em meu nome e no de Lucius de Mello, autor de “A Travessia<br />

da Terra Vermelha” agradecemos a sua participação no sucesso<br />

do lançamento do livro em Curitiba, manifestada através da divulgação<br />

da obra pelo seu prestigioso jornal. O tema abordado<br />

deve ser encarado como uma profunda reflexão sobre tempos<br />

que não podem mais ressurgir no mundo.<br />

Estela Menegatti<br />

Assessora de Imprensa<br />

Curitiba - PR<br />

Estimados amigos<br />

Neste momento especial, em que se comemora o Ano Novo<br />

de 5768, contado a partir da criação do Homem, gostaria<br />

de expressar meus sinceros sentimentos de Shaná Tová!<br />

Que o próximo ano traga muita Luz, Amor, Alegria, Saúde,<br />

Progresso e Harmonia a Vós e aos Vossos Familiares! Na<br />

Nova Era, constituída de tantos desafios e dilemas, que<br />

Medinat Israel – fundamento da identidade judaica – e<br />

eterna Yerushaláyim conquistem o sonho da almejada e<br />

autêntica Paz. Que D-us abençoe o querido Povo de Israel<br />

e a todos os judeus da Diáspora!<br />

Tive o privilégio de integrar a Missão dos Professores Universitários,<br />

que a convite do Governo de Israel e da Conib, que<br />

visitou Medinat Israel em novembro de 2005.<br />

Marcelo Vieira Walsh<br />

Professor universitário<br />

Brasília - DF<br />

Cumprimentos de Ano Novo<br />

O jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> agradece às pessoas e instituições<br />

que enviaram à redação dezenas de mensagens desejando<br />

Shaná Tová à equipe <strong>VJ</strong>. Por motivos de espaço, deixamos de<br />

nominar todos eles, registrando um Shaná Tová especial da<br />

Escola Israelita Brasileira “Salomão Guelmann” e do Departamento<br />

de Educação e Cultura <strong>Judaica</strong> da Kehilá. Acompanhado<br />

de um belo calendário judaico para 5768 confeccionado<br />

pelos alunos da escola. A todos, desejamos retribuir os<br />

votos de um ano bom e doce.<br />

Errata<br />

Por um lapso de edição, alheio à nossa vontade, não<br />

foi publicada em nossa edição nº 60, de agosto, dedicada<br />

a Rosh Hashaná e Iom Kipur a mensagem de Ano Novo<br />

da Na’Amat Pioneiras. Por esse motivo, estamos publicando<br />

a referida mensagem na página 6.<br />

Para escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />

basta passar um fax pelo telefone: 0**41 3018-8018<br />

ou um e-mail para visaojudaica@visaojudaica.com.br


24<br />

Paulina Gamus<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Paulina Gamus *<br />

arma imprescindível de<br />

todo autocrata que pretende<br />

perpetuar-se no<br />

poder é o terror. Cada<br />

pessoa submetida a esse regime,<br />

consciente de que dissentir,<br />

manifestar e até falar pode<br />

acarretar-lhe prisão, torturas ou a<br />

morte; vai-se fechando em si própria<br />

e começa a olhar para os lados antes<br />

de proferir uma palavra que possa<br />

parecer crítica aos governantes. Já<br />

não se confia no vizinho, no companheiro<br />

de trabalho nem sequer na<br />

própria família: qualquer um pode ser<br />

delator obrigado a isso pelo mesmo<br />

terror que a ditadura infunde. Na<br />

medida em que esse medo coletivo<br />

aumenta, crescem também a crueldade<br />

e a arrogância do autocrata;<br />

acha-se todo-poderoso, um sinal,<br />

qualquer gesto até um olhar seu bastam<br />

para que seus sequazes entendam<br />

a ordem de reprimir, bater, encarcerar<br />

ou assassinar.<br />

O que serve de consolo ao povo<br />

esmagado por estes déspotas é saber<br />

que o medo que eles padecem é talvez<br />

pior que o que infundem aos seus<br />

governados. Quanto maior é seu poder,<br />

quanto mais arbitrárias são suas<br />

ações, quanto mais indivíduos, grupos<br />

ou setores são atropelados, maior<br />

é o temor da reação em forma de<br />

raiva revanchista. Então rodeiam-se<br />

de guarda-costas, usam coletes a prova<br />

de balas, já não se atrevem a comer<br />

um bocado de nada sem que alguém<br />

prove antes essa comida, já não<br />

se deixam tocar ou dar a mão a esse<br />

povo que diziam amar, já não dormem<br />

tranquilos. O fantasma do magnicídio<br />

os persegue e o espanto pela possível<br />

vingança popular os consome.<br />

Nosso aprendiz de autocrata embriagado<br />

pelo poder, crê-se até agora<br />

capaz de passar com um trator por<br />

cima de todos os dereitos dos cidadãos<br />

para esmagá-los e transformálos<br />

em papeizinhos. Os atropelos que<br />

Quem com ferro mata…<br />

durante seus primeiros sete anos de<br />

governo foi praticando de maneira<br />

lenta e calculada para não alarmar<br />

muito sobre seu prometo político<br />

oculto; se transformaram a partir<br />

das eleições de 3 de dezembro<br />

de 2006, numa metralhadora disparando<br />

ameaças que em pouco tempo<br />

se faziam realidade. Foi com um fuzil<br />

kalachnikov recém-adquirido do<br />

imperio russo de Vladimir Putin e<br />

apontando para uma câmara de televisão,<br />

que no ano pasado lançou<br />

seu primeiro edito contra as televisões<br />

privadas em geral e a Rádio<br />

Caracas Televisión em particular. E<br />

foi diante de seus inferiores militares<br />

reunidos em Fuerte Tiuna, em<br />

dezembro, que sentenciou à morte<br />

definitiva esse canal. Aqueles que<br />

acreditavam que o Supremo Tribunal<br />

de Justiça se atreveria a desafiar<br />

o amo, pecaram mais que os<br />

ingênuos e os que pensaram que<br />

Chávez retrocederia ante as reações<br />

internacionais, não conhecem a<br />

psiquê do personagem. A característica<br />

predominante do narcisismo<br />

e da megalomania é a crença<br />

de que não existe poder algum<br />

superior a quem os faz sofrer.<br />

Mas quem irá dizer ao nosso tenente-coronel,<br />

comandante en chefe,<br />

líder máximo da revolução e presidente,<br />

que o tiro saiu-lhe pela culatra<br />

justamente no seu quartel, esse<br />

que ele acreditava ter sob absoluto<br />

controle? A retirada do ar da RCTV<br />

não só produziu indignação nessa<br />

metade da população a que ele despreza,<br />

como também na desses morros<br />

e bairros que imagina aliados incondicionais<br />

para a eternidade. É<br />

que além deles, despertou essa massa<br />

adormecida de indiferentes, ou<br />

pouco participativa que são os jovens<br />

estudantes de todo o país. O<br />

terror começou a se fazer sentir entre<br />

os deputados da Assembléia Nacional,<br />

sobretudo nesse dupla de<br />

tránsfugas de um hospital psiquiátrico<br />

que formam a liga Tascón-Va-<br />

rela. Pediam aos seguidores do chefe<br />

para invadir os núcleos urbanos<br />

onde vivem os ricos, os oligarcas pois.<br />

O ministro Willian Lara, com sua<br />

fala arrastadiça no afã de parecer<br />

culto e diferenciar-se da baixaria de<br />

seus companheiros de estrada, e Pedro<br />

Carreño, quem confirma que o<br />

quociente intelectual não importa<br />

para ser ministro de polícia; já não<br />

encontravam a quem culpar pelos protestos<br />

estudantís: Marcel Granier,<br />

presidente da fechada RCTV, o Império,<br />

os agentes de Bush, a oligarquia,<br />

a conspiração mediática, a oposição<br />

golpista. O fato de que — por sorte<br />

— não aparecesse uma só dos rostos<br />

hartamente conhecidos dos dirigentes<br />

opositores nas manifestações, não<br />

os desanimou em seu afã de justificar<br />

a explosão juvenil.<br />

Quando apareceram na tela da Globovisión<br />

os estudantes da Universidade<br />

das Forças Armadas, a menina<br />

dos olhos do governo militar de Chávez,<br />

somados aos protestos, o medo<br />

deve ter provocado cólicas com suas<br />

desagradáveis conseqüências aos<br />

governistas. Foi então que Chávez<br />

apareceu em cadeia nacional, vestido<br />

de vermelho e suando, para instar<br />

também os seus revolucionários<br />

dos morros a descerem dali e defender<br />

a revolução. O chamado para um<br />

massacre seguro, como o qualificou<br />

um deputado chavista com alguna<br />

sensatez, felizmente não teve eco.<br />

Salvo os capangas assalariados de<br />

sempre, semeando o pânico na Avenida<br />

Francisco de Miranda, de Caracas,<br />

não teve sequer uma só pessoa<br />

do eleitorado chavista que saísse para<br />

enfrentar os jovens manifestantes. A<br />

repressão brutal ficou para as bombas<br />

de lacrimogêneo e tiroteios da<br />

polícia do prefeito Juan Barreto.<br />

Deve ser terrível, deprimente, desestabilizador<br />

para alguem que sofre<br />

de narcisismo e megalomanía (não<br />

sei se são sempre coincidentes) defrontar-se,<br />

não só com o levante de<br />

seus oprimidos, como além disso,<br />

com a tormenta internacional que seu<br />

ato arbitrário desatou. Nem López<br />

Obrador no México, nem o parlamento<br />

nicaragüense, nem, os amigos de<br />

alma Lula da Silva, Evo Morales e Néstor<br />

Kirchner respaldaram a<br />

guilhotina chavista aplicada à<br />

emisora de TV mais antiga da Venezuela.<br />

Isso para não falar dos editoriais,<br />

artigos de opinião e fotografias<br />

das passeatas e da repressão<br />

policial que apareceram nos jornais<br />

e televisões do mundo inteiro.<br />

O rei ficou mais que nu, desmascarado.<br />

E o que se vê em sua expressão<br />

ao cair a máscara, é o medo.<br />

Como medo têm todos os que são<br />

cúmplices de seus abusos, atropelos<br />

e vandalismo institucionalizado.<br />

E isso é suficiente para levantar o<br />

ânimo, por ora.<br />

* Paulina Gamus é venezuelana,<br />

advogada, e foi vice-presidente da<br />

Ação Democrática, partido pelo<br />

qual em 1998 foi Coordenadora do<br />

Programa de Governo da<br />

agremiação. É jornalista e<br />

colunista desde 1969 em diversos<br />

jornais e revistas venezuelanas. Foi<br />

juíza suplente de menores, chefiou<br />

a Divisão de Menores do Corpo<br />

Técnico da Polícia Judicial até ser<br />

Ministra da Cultura, entre 1984 e<br />

1986. Foi secretaria executiva da<br />

Comissão Feminina Assessora da<br />

Presidência da República (1974-75),<br />

diretora de Informação do<br />

Ministério da Educação (1975-78),<br />

vice-ministra da Informação e<br />

Turismo (1978) e vereadora pela<br />

Ação Democrática na Câmara<br />

Municipal de Caracas (1979-83). Em<br />

sua atividade parlamentar Paulina<br />

Gamus presidiu as Comissões de<br />

Política Interior (1989-94) e da<br />

Controladoria (1994-97) da Câmara<br />

dos Deputados, e foi senadora pelo<br />

Estado de Cojedes (1998-99).<br />

Publicado no site<br />

www.porisrale.org

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