13.04.2013 Views

VJ setembro 61.p65 - Visão Judaica

VJ setembro 61.p65 - Visão Judaica

VJ setembro 61.p65 - Visão Judaica

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

20<br />

Alberto Mazor<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

* Alberto Mazor é argentino,<br />

emigrou para Israel e vive no Kibutz<br />

Meter. Licenciado em Ciências da<br />

Educação, História, História do Povo<br />

Judeu e Filosofia na Univ. de Afia, onde é<br />

catedrático. Educador e professor com<br />

mais de 25 anos de experiência, dirigiu o<br />

Dpto. Latino-americano de o Kibutz Arte<br />

Assumir Atrair (93-97), sheliach da<br />

Organização Sionista Mundial no México<br />

e do Movimento Juvenil Dor Chadash (80-<br />

84), representante da Agência <strong>Judaica</strong><br />

para o México e América Central (2000-<br />

2002). Escritor e jornalista, publicou<br />

artigos em diferentes jornais e revistas<br />

da Espanha e América Latina.<br />

Comunidade Internacional versus Israel<br />

Alberto Mazor *<br />

eria absurdo, mas é real;<br />

alguém se levanta de manhã,<br />

escuta as notícias no<br />

rádio, vê as imagens pela<br />

TV, acaba de ler e reler quase<br />

todos os jornais, semanários<br />

e revistas e não tem mais remédio<br />

que chegar à complicada conclusão de<br />

que há só um ítem, apenas um, capaz<br />

de formar coalizões tão estranhas que<br />

conseguem reunir sob um mesmo teto<br />

Hugo Chávez com Jacques Chirac, Fidel<br />

Castro com Rodríguez Zapatero, Irã<br />

com a União Européia, Grã Bretanha<br />

com a Coréia do Norte, o Granma com<br />

The New York Times ou Izvestia com<br />

qualquer jornal espanhol, boliviano ou<br />

a BBC… Problemas ecológicos? De forma<br />

alguna. A fome no mundo? Não,<br />

que seja!... É Israel ao agir.<br />

Assim, como “a gata de Dona Flora”,<br />

qualquer manobra que faça o Estado<br />

judeu, provenha esta de tal ou<br />

qual orientação política, quase sempre<br />

estará sujeita a críticas parciais,<br />

mal-intencionadas e unilaterais tanto<br />

dos diferentes meios como dos<br />

governantes e políticos de plantão.<br />

Aparentemente, se todo o mundo<br />

critica ou condena, alguém pensa…<br />

Bem, algo deve haver… Nunca<br />

há fumaça sem fogo…<br />

Entretanto, aqueles que são um<br />

pouco obstinados, aos que custam<br />

entender essas coalizões repentinas<br />

e estranhas, perguntam-se: se por um<br />

lado, quando Israel reage contra atos<br />

terroristas com mão dura, da mesma<br />

forma que faria qualquer país civilizado<br />

que se considere responsável<br />

pela segurança de seus cidadãos,<br />

atua de forma irresponsável, e de outro,<br />

quando abandona territórios<br />

conquistados com o objetivo de reativar<br />

um agônico processo de paz<br />

também é censurado, o que realmente<br />

está acontecendo?<br />

O que pode explicar<br />

então tais críticas<br />

constantes da<br />

maior parte da<br />

Comunidade<br />

Internacional<br />

contra<br />

Israel?<br />

Os terroristaspalestinos<br />

do<br />

Hamas,<br />

amparados<br />

por um governo<br />

eleito<br />

democraticamente,responderam<br />

à retirada<br />

dos colonos israelenses<br />

de Gaza em 2005, disparando<br />

constantemente foguetes Kassam<br />

contra cidadãos dentro de Isra-<br />

el. Há um ano mataram dois soldados,<br />

seqüestraram um terceiro, assassinaram<br />

a sangre frio um civil e<br />

prometeram continuar fazendo o mesmo<br />

a outros.<br />

O Hezbolá há um ano irrompeu<br />

com um intenso bombardeio de foguetes<br />

Katiushas sobre cidades e<br />

populações ao longo da fronteira<br />

internacional entre Israel e o Líbano<br />

determinada pela ONU, a qual gozava<br />

de uma relativa calma desde<br />

2000, após a retirada das forças judias.<br />

Ainda assim, o Hezbolá violou<br />

as leis internacionais invadindo o<br />

território israelense, assassinando e<br />

seqüestrando soldados.<br />

Seria de esperar que estes ataques<br />

terroristas contra Israel fossem vistos<br />

pelas nações responsáveis de<br />

maneira similar à violência jihadista<br />

que somos testemunhas diárias em<br />

todo o mundo, ou seja, como os islâmicos<br />

radicais que decapitam diplomatas<br />

russos na Chechênia, como<br />

o extermínio de milhares de vítimas<br />

inocentes em Nova York, Madri, Londres,<br />

Paris, Istambul ou Singapura,<br />

entre outros, ou como os que ameaçam<br />

com assassinatos por causa das<br />

caricaturas dinamarquesas.<br />

Mas esse não é o caso em absoluto.<br />

Israel é observado sempre como<br />

uma estranha exceção que, por alguma<br />

razão, faça o que faça, merece<br />

o que lhe acontece.<br />

Outros estados podem responder<br />

com impunidade, torturando ou matando<br />

de maneira brutal milhares de<br />

terroristas muçulmanos, enquanto Israel<br />

é condenado quando abate quem<br />

continuamente planeja feri-lo. Quando<br />

no final de 1999 os russos entraram<br />

à força em Grozny, milhares de<br />

muçulmanos da Chechênia morreram;<br />

mas a imprensa permaneceu praticamente<br />

em silêncio. Tanto a Síria de<br />

Hafez e Bashar al-Asad como o Egito<br />

de Anwar Sadat e de Hosni Mubarak<br />

observam há dezenas de anos os grupos<br />

da Irmandade Muçulmana, destruindo<br />

suas células e matando talvez<br />

a mais de 10.000 pessoas. Eles<br />

não provocam muitas resoluções da<br />

ONU ou esforços internacionais para<br />

ajudar os perseguidos.<br />

Até hoje, ninguém conhece a<br />

horrível cifra exata dos cadáveres por<br />

causa da insurreição islâmica na<br />

Arge'elia. Darfur, no Sudão, recebe<br />

por fim espaço na televisão de tempos<br />

em tempos, mas só depois que<br />

dezenas de milhares pereceram. Mas<br />

isso sim, o cerco à cidade de Jenin,<br />

na Cisjordânia, por parte de Israel<br />

em 2002, onde menos de 80 pessoas<br />

morreram no total, em ambos os lados,<br />

foi evocado como “genocídio”<br />

por parte dos mesmos que, no Oriente<br />

Médio, sempre negam o verdadeiro<br />

genocídio que ceifou as vidas de<br />

6 milhões de judeus.<br />

Quando Israel responde ao terrorismo<br />

por ar, é rotulado pela imprensa<br />

como “blitz”, como se fosse<br />

comparável ao bombardeio em massa<br />

nazista de Londres durante a Batalha<br />

da Inglaterra.<br />

A cerca de segurança fronteriça<br />

de Israel, que consegue diminuir os<br />

ataques terroristas, é denominada<br />

de “Muro de Berlim” pelos meios de<br />

comunicação espanhóis ou americanos,<br />

mas nunca se os vê descrever<br />

da mesma maneira a enorme e<br />

sofisticada paliçada erguida pela<br />

Espanhola em Melila para manter distante<br />

a miséria africana ou a cerca<br />

eletrônica colocada pelos EUA na<br />

sua fronteira com o México, tão longa<br />

como a esperança dos pobres<br />

chicanos que vêm nos miseráveis<br />

dólares que recebem dos gringos sua<br />

continuidade existencial.<br />

Depois está a ferida aberta, gangrenada<br />

e terrivelmente dolorosa dos<br />

territórios ocupados na Cisjordânia;<br />

mas esquecendo constantemente que<br />

toda uma série de guerras feitas para<br />

destruir Israel se originaram, em parte,<br />

da “Palestina”, ou que Israel<br />

entregou terra adquirida na guerra<br />

em sua estratégia continua de “terras<br />

por paz”.<br />

O que há de tão especial na Cisjordânia<br />

que engole todas as demais<br />

crises por causa de espaços em disputa<br />

- desde ilhas como Chipre ou<br />

as Malvinas até países inteiros como<br />

o Tibet? Porque o pequeno Israel tem<br />

mais resoluções condenatórias da<br />

ONU que todas as firmadas contra as<br />

demais nações do mundo juntas?<br />

Não é que Israel seja um estado<br />

criminoso. Durante mais de meio século<br />

tem sido a única democracia liberal<br />

no Oriente Médio; seu sistema<br />

judicial é invejável; os cientistas israelenses<br />

deram ao mundo uma infinidade<br />

de elementos com os quais é<br />

possível melhorar as atuais condições<br />

humanas de vida, desde os avanços<br />

mais sofisticados na medicina, na<br />

biologia, na ecologia ou na informática<br />

até a tecnologia das irrigações<br />

por gotejamento, entre outros.<br />

O petróleo explica parte desta<br />

estranha discrepância em como o<br />

mundo vê determinados países.<br />

Desvia-se da política. Reduzam<br />

vocês o petróleo árabe e iraniano<br />

— e portanto o risco de outro<br />

embargo petrolífero ou elevação<br />

de preços manipulados — e os temores<br />

ocidentais aos estados petroleiros<br />

do Oriente Médio se desvanecerão.<br />

O mero interesse próprio<br />

determina a política externa<br />

da maior parte das nações.<br />

O tamanho de Israel é também<br />

outro fator. Israel tem uma população<br />

não muito superior aos 7 milhões<br />

de habitantes e está rodeado por<br />

cerca de 350 milhões de árabes mu-<br />

çulmanos. A maior parte do mundo<br />

conta uns e outros e ajusta suas<br />

posturas em conseqüência.<br />

O antigo anti-semitismo é, claro,<br />

outro ingrediente que explica a<br />

animada aversão mostrada contra<br />

Israel. Os sensíveis multiculturais<br />

ocidentais nem sequer se preocupam<br />

que seus aliados árabes retratem com<br />

freqüência os judeus como porcos<br />

ou macacos nos meios de comunicação<br />

controlados pelo Estado.<br />

Obras odiosas como “Mein Kampf”<br />

ou “Os Protocolos dos Sábios de<br />

Sião” ainda são vendidos até esgotarem-se<br />

na Palestina, e o dinheiro<br />

iraniano e do Golfo continua subvencionando<br />

uma mini-indústria de<br />

revisionismo do Holocausto.<br />

Finalmente, como já sabem os<br />

norte-americanos por sua própria<br />

fronteira do sul, no mesmo momento<br />

em que uma nação bem sucedida<br />

de caráter ocidental limita com um<br />

país mais pobre do Terceiro Mundo,<br />

as emoções primordiais como a honra<br />

ou a inveja nublam a razão.<br />

Assim, ao invés de reconhecer<br />

que a democracia de corte ocidental,<br />

as liberdades pessoais ou a<br />

igualdade diante da lei explicam<br />

porque um Israel próspero e estável<br />

se levantou do pó e das pedras, os<br />

palestinos em particular e o mundo<br />

árabe em geral têm fixação com o<br />

sionismo, o colonialismo e o racismo.<br />

Não é de estranhar que o façam;<br />

sem este bode expiatório, teriam<br />

que enfrentar diretamente um<br />

tribalismo intratável, o apartheid do<br />

sexo, o terrorismo interno e o fundamentalismo<br />

religioso, enquanto<br />

constroem uma sociedade aberta<br />

baseada no mandato da lei.<br />

Em certo sentido, os valores e o<br />

êxito de Israel recordam, sobretudo,<br />

a epopéia americana ao longo<br />

de 230 anos com seus altos e seus<br />

baixos, seus êxitos e seus fracassos,<br />

suas forças e suas debilidades,<br />

seus acertos e seus erros.<br />

Cada uma das razões aqui mencionadas<br />

não poderiam por si só determinar<br />

a dita relação crítica e uma<br />

condenação constante da Comunidade<br />

Internacional para com o Estado<br />

de Israel.<br />

Em troca, a união de todas elas<br />

possibilita que a síndrome da “gata<br />

de Dona Flora” se apodere dos países<br />

mais civilizados, de seus dirigentes,<br />

de seus políticos, de seus intelectuais,<br />

seus acadêmicos e sua imprensa<br />

escrita ou eletrônica, a qual,<br />

depois de tudo, precisa de leitores,<br />

ouvintes e telespectadores para poder<br />

competir dentro de um mundo<br />

dirigido pela liberdade de mercado.<br />

O fundamental é não esquecer<br />

nunca que na multifacetada e feroz<br />

selva do mercado livre, as galinhas<br />

estão livres e as raposas também.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!