VJ setembro 61.p65 - Visão Judaica
VJ setembro 61.p65 - Visão Judaica
VJ setembro 61.p65 - Visão Judaica
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
jornalista Nahum Sirotsky,<br />
que vive em Israel,<br />
é correspondente<br />
da rede RBS e colunista<br />
do Último Segundo do<br />
portal IG na internet,<br />
além de colaborador do jornal <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong>, foi condecorado, dia 25/8,<br />
pelo Exército brasileiro com a Medalha<br />
do Pacificador. A solenidade<br />
aconteceu na Embaixada do Brasil,<br />
em Tel-Aviv.<br />
Repórter com 64 anos de experiência<br />
no jornalismo, foi testemunha<br />
e escreveu sobre a história recente<br />
do Brasil e de Israel, Sirotsky<br />
se acostumou com situações difíceis,<br />
como a dura realidade das<br />
guerras. Mas se emocionou na cerimônia<br />
de entrega da medalha, que<br />
contou com a presença de familiares,<br />
entre eles, do filho e dos netos.<br />
Sirotsky foi elogiado pelo embaixador<br />
Pedro Mota e pelo Adido<br />
militar brasileiro em Israel, coronel<br />
Luciano Puchalski, militar de família<br />
paranaense.<br />
Testemunha da história<br />
Em seu discurso, disse Nahum<br />
Sirotsky: “Agradeço ao Comandante<br />
do Exército brasileiro a grande honra<br />
que me concede com a Medalha<br />
do Pacificador, o Duque de Caxias,<br />
no Dia do Soldado Brasileiro, na presença<br />
do embaixador do Brasil”.<br />
“Todos aqui são mais jovens do<br />
que eu. Tenho 64 anos de jornalismo.<br />
Comecei em ‘O Globo’, em 1943.<br />
Entre outras missões me designaram<br />
para o Ministério da Guerra e o<br />
Ministério do Exterior, dois setores<br />
que pouco se manifestavam”.<br />
Relatando sobre o início de sua<br />
vida profissional declarou: “Na minha<br />
ignorância sobre o que deveria<br />
fazer, tentei imitar os repórteres<br />
americanos. No Ministério da Guerra<br />
procurei o lado humano da vida do<br />
militar. No Itamaraty ia de Divisão<br />
em Divisão, e perguntava verdadei-<br />
Nahum Sirotsky recebe<br />
Medalha do Pacificador<br />
ras imbecilidades. No fim de curto prazo,<br />
talvez devido à minha juventude,<br />
logo fiz amizades com jovens oficiais e<br />
generais. Conheci Juarez Távora, Góes<br />
Monteiro, os Estilac Leal, Zenóbio da<br />
Costa, o brigadeiro Eduardo Gomes, o<br />
general Cordeiro de Farias e muitos<br />
mais. Os generais me facilitaram visitas<br />
que mudaram minha maneira de<br />
pensar. Creio ser dos poucos jornalistas<br />
sobreviventes que assistiram as manobras<br />
em Gericinó, preparatórias para<br />
o embarque da FEB para a Itália”.<br />
Falando sobre o Exército brasileiro,<br />
Nahum Sirotsky recordou que “um ministro<br />
da Guerra, general Eurico Dutra,<br />
se elegeu presidente da República. Entre<br />
os oficiais, alguns, chegaram a chefe<br />
do Governo. Conheci pessoalmente Castelo<br />
Branco, Geisel, João Figueiredo.<br />
Dos militares, de soldados a generais,<br />
aprendi que ser patriota é servir. No<br />
Itamaraty também aconteceu o mesmo.<br />
Fui acolhido com todo o carinho por<br />
jovens diplomatas e embaixadores. Os<br />
diplomatas — a elite intelectual do<br />
Brasil na época — me ensinaram uma<br />
lição que tem sido fundamental em<br />
minha carreira. Ensinarem-me que só<br />
se entende com o que se sabe e, a<br />
partir daí, envergonhado por minha<br />
ignorância, dediquei-me a estudar re-<br />
lações internacionais, ciências políticas,<br />
economia e etc. E não parei até hoje”.<br />
“Fiz amizades preciosas como as<br />
de Roberto Campos, Edmundo Barbosa,<br />
Dias Costa, Guimarães Rosa, Vasco<br />
Mariz, Vasco Leitão, Pio Correa,<br />
Aluízio Bittencourt, Meira Pena, Sérgio<br />
Correa da Costa, e muitos outros.<br />
Um ministro, João Neves da Fontoura,<br />
foi meu padrinho de casamento e<br />
para isto veio à Sinagoga. Fui assessor<br />
de Campos quando embaixador em<br />
Washington, adido à Embaixada do<br />
Brasil em Israel. Cobri a ONU em Nova<br />
Iorque de 45 a 47. Fiz preciosa amizade<br />
com Oswaldo Aranha que até o<br />
fim da vida me recebia com carinho<br />
paternal. Ao Itamaraty devo o fato de<br />
que me empenhei em me educar. Os<br />
militares e os diplomatas brasileiros<br />
foram as maiores influências em minha<br />
vida”, declarou o jornalista.<br />
“Há outras lições apreendidas em<br />
minha até agora longa vida”, prosseguiu<br />
Sirotsky em seu discurso. “A de<br />
que a Pátria do homem é sua formação<br />
cultural e seus amigos. No meu caso, o<br />
Brasil, onde tive amigos inesquecíveis<br />
como Ney Braga. E mantenho contatos<br />
com inúmeros velhos e indispensáveis<br />
amigos que sustentam meu empenho<br />
no que faço, o ser jornalista”.<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Em tocante cerimônia, na Embaixada do Brasil em Tel-Aviv, o jornalista recorda os notáveis que conheceu<br />
O jornalista Nahum Sirotsky recebe a Medalha do Pacificador das mãos do coronel do<br />
Exército brasileiro Luciano Puchalski (E), em ato assistido pelo embaixador Pedro Mota<br />
e também pelo coronel Mário Sérgio Greskow (D) entre outros convidados<br />
Ser judeu<br />
Nahum Sirotsky reafirmou também sua<br />
condição judaica durante a homenagem. “A<br />
Pátria é Pai, a terra do Pai”, observou ele,<br />
acrescentando a seguir: “Mas, como é sabido,<br />
minha mãe era judia, o que me faz<br />
judeu e, num amplo sentido, sem nenhuma<br />
contradição com meu amor pelo Brasil, faz<br />
de Israel minha mãe pátria”.<br />
“Ser brasileiro é ser de um povo notório<br />
por ser fraternal, um povo que sabe<br />
amar, cantar e chorar, sem igual”, declarou,<br />
fazendo ele poesia com uma das qualidades<br />
inerentes do povo brasileiro.<br />
“Ser judeu é ter um vinculo direto com<br />
os Mandamentos e o monoteísmo com mais<br />
de mil anos de história”, sublinhou.<br />
“Ostentarei a Medalha do Pacificador<br />
com orgulho, por homenagear um militar<br />
que se dedicou a construir a unidade nacional,<br />
até hoje, a grande<br />
missão das Forças Armadas<br />
do Brasil. E no dia<br />
do Soldado... Meu D-us,<br />
jamais imaginei ser tão<br />
honrado”, emocionou-se<br />
mais uma vez.<br />
Amigos<br />
paranaenses<br />
Nahum Sirotsky, a<br />
propósito de sua condecoração,<br />
falando acerca<br />
do Brasil e do Paraná, ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />
fez questão de destacar que, em seus<br />
muitos anos de jornalismo, o grupo com o<br />
qual mais se aproximou e respeitou, foi o<br />
de Ney Braga, que insistia em chamá-lo de<br />
“meu filho”. Ele recorda também os melhores<br />
amigos que fez entre os paranaenses,<br />
como Leônidas Lopes Bório, Karlos Rischbieter,<br />
Maurício Schulman, Alexandre Fontanna<br />
Beltrão, José Richa e Saul Raiz. Sobre Ney<br />
Braga, diz: “Ele foi passado para traz na<br />
questão da Presidência. Teria sido dos grandes<br />
da história, como foi grande no Paraná.<br />
Tenho o maior carinho pelo Paraná, onde<br />
nunca vivi, mas meu filho trabalhava com o<br />
Jaime Lerner. Todos eles foram e continuam<br />
sendo importantes na minha vida”.<br />
19<br />
Na cerimônia de<br />
condecoração com a<br />
Medalha do<br />
Pacificador, a partir da<br />
esquerda, Cel. Luciano<br />
Puchalski, Adido Militar<br />
do Brasil em Israel, o<br />
jornalista Nahum<br />
Sirotsky, o Embaixador<br />
brasileiro Pedro Mota e<br />
o Cel. Mário Sérgio<br />
Greskow. Ambos os<br />
militares são de famílias<br />
do Paraná