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VJ setembro 61.p65 - Visão Judaica

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*Breno Lerner é<br />

editor e gourmand,<br />

especializado em<br />

culinária judaica.<br />

Escreve para<br />

revistas, sites e<br />

jornais. Dá<br />

regularmente<br />

cursos e<br />

workshops. Tem<br />

três livros<br />

publicados, dois<br />

deles sobre<br />

culinária judaica.<br />

Breno Lerner *<br />

Uma comunidade judaica pouco<br />

conhecida e muito antiga, praticamente<br />

a única da história a não conhecer<br />

o anti-semitismo.<br />

Você conhece pratos tradicionais<br />

da culinária judaica com os<br />

nomes de Macalcal, Chitarnee, Arrok,<br />

Mukumura? Não?<br />

Pois fique sabendo que são receitas<br />

com aproximadamente 2.000 anos<br />

de idade, provenientes dos judeus da<br />

Índia, uma comunidade riquíssima em<br />

história e tradição, que hoje não conta<br />

com mais do que 5.000 pessoas.<br />

Existiram 3 grandes grupos dos<br />

quais restam poucos representantes<br />

e, curiosamente, um novo grupo apareceu<br />

na década de 50 do século XX.<br />

Tudo começou com os cochins<br />

que, supõe-se, chegaram à Índia há<br />

2.500 anos atrás, provavelmente emigrados<br />

da Terra Santa, após a destruição<br />

do Primeiro Templo. Estabeleceram-se<br />

inicialmente na costa de Malabar,<br />

assimilaram a cultura local, inclusive<br />

a língua malaia, trajes e alimentos.<br />

Tornaram-se mercadores,<br />

principalmente de pimenta do reino,<br />

o que acabou por decretar uma forte<br />

perseguição a eles por parte dos portugueses,<br />

então invasores da região<br />

a partir de Goa. Sendo este o único<br />

caso de perseguição a judeus na Índia.<br />

Como sempre na história judaica,<br />

não bastasse seus problemas ex-<br />

VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />

Salaam Shalom, Ka Mandi 1<br />

ternos, ainda deram-se ao luxo de se<br />

dividir entre Paradesi, ou judeus<br />

brancos e os Desi, os judeus negros.<br />

Os Paradesi chegaram à Índia<br />

por volta do século XIII vindos da<br />

Espanha eram a minoria, mas dominavam<br />

o grupo Cochim. Os Desis<br />

eram os habitantes históricos que<br />

por sua miscigenação com os locais<br />

tinham pele mais escura e eram<br />

a maioria dos Cochins.<br />

Relatos de Marco Pólo (1239) e<br />

Benjamim de Tudela (1167) contam<br />

a existência de judeus na região.<br />

Já os Bene Israel, chegaram à<br />

Índia há 2.100 anos atrás, aparentemente<br />

como vítimas de um naufrágio.<br />

Alega sua tradição que 7<br />

homens e 7 mulheres, descendentes<br />

de uma das 10 tribos, sobreviveram<br />

a um naufrágio nas costas<br />

de Maharashtra, onde se estabeleceram.<br />

Curiosamente ficaram escondidos<br />

e ignorados pelo mundo<br />

todo até meados do século XVIII,<br />

quando os Cochins os descobriram<br />

pelo fato de observarem o Shabat,<br />

comerem apenas peixes sem escamas<br />

e rezarem o Shema, únicas palavras<br />

em hebraico que conheciam<br />

e repetiam sem saber o que significavam.<br />

Os Bagadadhi chegaram há 250<br />

anos atrás, vindos principalmente do<br />

Irã e do Iraque, estabeleceram-se<br />

como comerciantes nas cidades de<br />

Bombaim e Calcutá e chegaram a<br />

5.000 pessoas, sendo a comunidade<br />

com mais ricos e milionários<br />

dentre os judeus. A maioria emigrou<br />

para a Inglaterra e Canadá,<br />

hoje não passam de 200 pessoas.<br />

Na década de 50, apareceram<br />

os Bnai Menashe, duas tribos da<br />

região de Manipur, os Mizu e os<br />

Kuki, que alegam ser descendentes<br />

de Menasseh, filho de José.<br />

Explicam seus forte traços asiáticos<br />

por sua história, pois teriam<br />

saído de Jerusalém até a China<br />

e de lá para a Índia. Estão em<br />

um forte movimento de retorno<br />

ao judaísmo, movimento este<br />

que é aceito por alguns rabinos<br />

de Israel e rejeitados por outros.<br />

Vamos conhecer uma de suas<br />

receitas:<br />

Chitarnee<br />

Chitarnee<br />

Chitarnee Chitarnee<br />

Chitarnee (Galinha<br />

(Galinha<br />

agridoce)<br />

agridoce)<br />

Este prato é da região de Calcutá,<br />

pois lá não havia Shohet,<br />

apenas em Bombaim. Assim, o que<br />

era feito com carne em Bombaim,<br />

era feito com galinha em Calcutá.<br />

O shohet visitava a cidade apenas<br />

no Rosh Hashaná.<br />

1 kg de cebolas raladas;<br />

3 dentes de alho esmagados;<br />

1 ½ colher de chá de gengibre<br />

ralado;<br />

9<br />

1 colher de chá de curcuma;<br />

1 ½ colher de chá de coentro<br />

em pó;<br />

1 colher de chá de canela<br />

em pó;<br />

½ colher de chá de cardamomo<br />

moído;<br />

2 folhas de louro;<br />

6 filés de peito ou sobrecoxa<br />

de galinha cortados em<br />

cubos;<br />

½ kg de tomates sem pele e<br />

sementes picados;<br />

2 colheres de sopa de<br />

vinagre;<br />

2 colheres de sopa de<br />

açúcar;<br />

Sal e pimenta do reino à<br />

gosto.<br />

Em uma panela grande doure a<br />

cebola em 3 colheres de sopa de<br />

óleo. Mexa ocasionalmente até<br />

amolecerem e dourarem. Acrescente<br />

o alho, gengibre, todos os temperos<br />

e louro, cozinhe por mais 3<br />

minutos. Coloque então a galinha<br />

e cozinhe por 10 minutos, para<br />

dourar bem os pedaços. Acrescente<br />

os tomates, baixe o fogo e deixe<br />

cozinhar até evaporar todo o<br />

líquido (+/- 30 minutos). Coloque<br />

o açúcar e o vinagre, corrija o sal,<br />

se necessário, e cozinhe em fogo<br />

bem baixo por mais 10 minutos.<br />

Sirva com arroz branco.<br />

600 mísseis apontados para Israel<br />

Nahum Sirotsky *<br />

questão mais discutida nos<br />

últimos dias é a do mistério<br />

do vôo de jatos israelenses<br />

sobre a Síria. Os<br />

meios responsáveis de Israel<br />

nada dizem. A mídia local<br />

usa de referência o que diz a mídia<br />

internacional. Mas o governo de Israel<br />

se fechou. Curiosamente o ministro<br />

do Exterior da França escolheu a<br />

ocasião para declarar que “o mundo<br />

deve se preparar para o pior” e o pior<br />

é guerra com o Irã. Aliás, há um mês,<br />

num importante discurso, o presidente<br />

francês disse que um mais forte empenho<br />

diplomático das grandes potências<br />

“é a única alternativa a uma<br />

Bomba iraniana ou ao bombardeio do<br />

Irã”. As dúvidas sobre o que o Irã pretende<br />

com seu esforço no campo nuclear<br />

não desaparecem. Suspeita-se<br />

que é construir a Bomba que, uma<br />

vez montada e testada, se este for o<br />

objetivo dos iranianos, será tarde<br />

demais para a diplomacia e tornará<br />

uma guerra nuclear inevitável.<br />

Os Estados Unidos e Europa insistem<br />

que vão persistir no caminho<br />

da diplomacia e meios não militares.<br />

Querem ver de perto o que acontece<br />

no Irã que diz que tem propósitos<br />

pacíficos e quer adquirir a tecnologia<br />

para centrais atômicas de produção<br />

de energia elétrica, porém,<br />

até mesmo os russos, os fornecedores<br />

dos equipamentos necessários ao<br />

Irã e, ao que se sabe também do combustível,<br />

não se revelam muito confiantes.<br />

Um Irã atômico muda o equilíbrio<br />

mundial do poder. Assume o<br />

comando dos países petrolíferos do<br />

Oriente Médio dos quais tanto depende<br />

o funcionamento da economia<br />

mundial. E é sabido que urânio<br />

enriquecido para ser combustível<br />

já está pronto na Rússia para ser<br />

encaminhado. Seria enriquecido<br />

apenas para movimentar os reatores.<br />

Urânio para a Bomba tem de<br />

sofrer um processo especial. O Irã<br />

até agora não mostrou tudo o que<br />

se quer ver. E tem de ser de perto,<br />

pois nem satélites artificiais conseguem<br />

provas suficientes.<br />

Mas, o que houve na Síria que<br />

deixou Damasco irritada e prometendo<br />

uma troca aos israelenses?<br />

Nada mais verdadeiro do que<br />

aquele ditado de onde tem fumaça<br />

tem fogo.<br />

“Assar Iran” é um site iraniano<br />

com vínculos com o governo persa.<br />

E anunciou na segunda, 17, que<br />

600 mísseis Shibab-3, de produção<br />

dos iranianos, já estão apontados<br />

para alvos israelenses para<br />

serem disparados caso o país seja<br />

1. Paz no nosso tempo<br />

atacado. Também estão no alvo<br />

posições americanas no Iraque.<br />

Tudo preparado também para defender<br />

a Síria com a qual o Irã<br />

tem acordos de cooperação militar.<br />

“Assar” deixa claro que estes<br />

600 são apenas uma primeira<br />

onda. Todos com obuses de explosivos<br />

convencionais. Não há<br />

meios capazes de destruírem todos<br />

que sejam postos a caminho.<br />

E Israel é apenas do tamanho de<br />

muitas fazendas do Mato Grosso.<br />

Tentem encontrar no mapa sem<br />

uma lente de aumento...<br />

* Nahum Sirotsky é jornalista,<br />

correspondente da RBS e do<br />

Último Segundo/IG em Israel.<br />

A publicação exclusiva desta<br />

coluna tem a autorização<br />

do autor.

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