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Para Marleau-Ponty, o corpo t<strong>em</strong> papel fun<strong>da</strong>mental para a recolocação <strong>da</strong>s<br />

noções de sujeito e objeto. Para ele o corpo é o próprio espaço expressivo e é pela<br />

experiência do corpo no mundo que eu alcanço o mundo. Ao discorrer sobre o mundo<br />

percebido, o considera não como um mundo objetivo, existente independente de um<br />

percebedor, n<strong>em</strong> como um mundo construído <strong>em</strong> mim como representação de um mundo<br />

objetivo fora de mim, mas como um mundo vivido, experimentado. Segundo o próprio<br />

autor, pela experiência perceptiva me afundo na espessura do mundo. (Merleau-Ponty, 1999,<br />

p. 275). Estando então "afun<strong>da</strong>do" no mundo, não necessito copiá-lo dentro de mim.<br />

Há duas observações que apresentamos referentes à fenomenologia pontyana. A<br />

primeira diz respeito à superação do dualismo interno/externo na descrição do sujeito.<br />

Marleau-Ponty aponta para a necessi<strong>da</strong>de de focar o estudo <strong>da</strong> percepção na própria<br />

experiência perceptiva e não <strong>em</strong> supostas causas ou conseqüências. Em outras palavras, a<br />

orientação dualista direciona o estudo <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des perceptivas como se foss<strong>em</strong><br />

conseqüências ou causas <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des neuronais (que seriam as próprias representações<br />

mentais) e a fenomenologia aponta para a necessi<strong>da</strong>de de se focalizar a experiência de um<br />

corpo agindo <strong>em</strong> um mundo.<br />

A segun<strong>da</strong> observação refere-se a um encaminhamento que se distancia de uma<br />

fenomenologia idealista ou fenomenista. Marleau-Ponty indica um caminho, posteriormente<br />

trilhado por Maturana e Varela. Entendendo o mundo, as coisas, como correlativos de meu<br />

corpo, Merleau-Ponty (1999, p. 492) afirma que a coisa nunca pode ser separa<strong>da</strong> de alguém<br />

que a perceba, nunca pode ser efetivamente <strong>em</strong> si, porque suas articulações são as mesmas<br />

de nossa existência. Merleau-Ponty nos indica que o mundo fora de mim, o outro, só pode<br />

ser descoberto na experiência do eu: “a experiência que faço de minha conquista do<br />

mundo é que me torna capaz de reconhecer uma outra e de perceber um outro eu<br />

mesmo, bastando que, no interior de meu mundo, se esboce um gesto s<strong>em</strong>elhante ao meu”<br />

(Merleau-Ponty, 2002, p. 171). Assim, não há como argumentar <strong>em</strong> favor <strong>da</strong> percepção e <strong>da</strong><br />

significação que ocorre na percepção, como re-elaboração construí<strong>da</strong> por um sujeito que<br />

opera interpretando um mundo que lhe é estranho e externo. Mas abre-se a perspectiva<br />

para entender a percepção como certa maneira de agir no mundo, certa maneira de ser no<br />

mundo. Nesse sentido não há como negar a existência real de um mundo que não sou eu,<br />

ain<strong>da</strong> que este só seja alcançado na experiência.<br />

Também é à tradição dualista e representacionista cartesiana que se encaminham<br />

as críticas de Varela et al. (1991) quando falam de um tipo de ansie<strong>da</strong>de cartesiana vivi<strong>da</strong><br />

com as questões sobre os fun<strong>da</strong>mentos objetivos do mundo ou do sujeito que conhece o<br />

mundo: Ao tratar a mente e o mundo como pólos opostos - o subjetivo e o objetivo - a<br />

ansie<strong>da</strong>de cartesiana oscila indefini<strong>da</strong>mente entre os dois na busca de uma fun<strong>da</strong>ção. De<br />

opus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 .

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