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concebido até então, não passa de um equívoco, proveniente do não entendimento <strong>da</strong><br />

ver<strong>da</strong>deira natureza <strong>da</strong> criação musical. Como a obra não é uma enti<strong>da</strong>de fecha<strong>da</strong> e<br />

desprovi<strong>da</strong> de sentido único, mas um espaço formal multidimensional, relacional, ‘s<strong>em</strong><br />

sentido próprio’, não pod<strong>em</strong> as partes formadoras de seu conteúdo estar envolvi<strong>da</strong>s numa<br />

dinâmica de interação que possui como el<strong>em</strong>ento de agregação um ‘estímulo central’ ou<br />

‘princípio único’. Portanto, não é o princípio <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de que gera o todo expressivo, mas o<br />

princípio do conflito. Assim sendo, a forma, que permite a obra ser manifesta<strong>da</strong>, assume<br />

seus contornos característicos especialmente devido à tensão de seus el<strong>em</strong>entos<br />

constitutivos, os quais <strong>em</strong>anam não de um estímulo único e interno, mas tanto de estímulos<br />

diversos quanto exteriores.<br />

O desconstrucionismo, portanto, representa a mais profun<strong>da</strong> e radical mu<strong>da</strong>nça<br />

na concepção de obra de arte, estabelecendo novos paradigmas que vêm substituir e<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente por de lado o princípio <strong>da</strong> organici<strong>da</strong>de. Nesta mesma via de<br />

pensamento, Joseph Straus (1990), <strong>em</strong> seu livro R<strong>em</strong>aking the past: musical modernism and<br />

influence of the tonal traditions, após resumir a teoria literária <strong>da</strong> influência como ansie<strong>da</strong>de de<br />

Harold Bloom com o objetivo de aplicá-la ao texto musical, faz a seguinte citação: “O que<br />

nós pod<strong>em</strong>os pensar como objetos artísticos independentes são de fato ‘eventos relacionais<br />

ou enti<strong>da</strong>des dialéticas’, ao invés de uni<strong>da</strong>des independentes” (STRAUS, 1990, p. 12). Ain<strong>da</strong><br />

citando Bloom, Straus afirma que não é possível classificar um po<strong>em</strong>a como uma ‘unity<br />

entity’, pois o que de fato existe é uma intersecção de diferentes estilos e estruturas ou uma<br />

‘enti<strong>da</strong>de dialética’, noção perfeitamente aplicável a qualquer texto musical. 6 Assim, a<br />

organici<strong>da</strong>de não pode traduzir a ver<strong>da</strong>deira natureza <strong>da</strong> obra de arte <strong>em</strong> to<strong>da</strong> a sua<br />

complexi<strong>da</strong>de. O que, to<strong>da</strong>via chama a atenção, é que esta maneira de discernir o conteúdo<br />

<strong>da</strong> obra de arte como diverso ou múltiplo, de certa forma já estava presente no<br />

pensamento Pitagórico como expresso na noção de arrhythmos e harmonia, s<strong>em</strong>, contudo<br />

ser abandona<strong>da</strong> a idéia de uni<strong>da</strong>de.<br />

Rhythmos é a palavra grega para ‘forma móvel’ ou forma dinâmica, portanto difere<br />

de sch<strong>em</strong>a, que está relaciona<strong>da</strong> a formas visíveis e morphe, que está relaciona<strong>da</strong> à forma <strong>em</strong><br />

geral (ROWELL, 1983, p. 55). Rhythmos <strong>da</strong> orig<strong>em</strong> à palavra arrhythmos (número <strong>em</strong> grego)<br />

que descreve a ord<strong>em</strong> interna presente nas formas móveis. A presença do alfa privativo (a)<br />

acrescentado à palavra rhythmos aponta para este fato. Ou seja, arrhythmos não é a própria<br />

forma, mas uma maneira simbólica de representar a forma ou sua ord<strong>em</strong> interna. O<br />

interesse pela representação <strong>da</strong> organização presente nas formas móveis advém<br />

6 Ain<strong>da</strong> que Straus trate no seu livro mais especificamente, quando fala de el<strong>em</strong>entos internos conflitantes,<br />

<strong>da</strong> música moderna, ele reconhece que a teoria de Bloom pode ser aplica<strong>da</strong> a todo o ‘cânone’ <strong>da</strong> criação<br />

musical, reconhecido por ele como to<strong>da</strong> a composição musical que vai de Bach até Schoenberg.<br />

opus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

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