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Capital cultural versus dom inato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />

N<br />

ão é raro, ao se analisar<strong>em</strong> aspectos biográficos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de qualquer artista,<br />

ser<strong>em</strong> nota<strong>da</strong>s características específicas <strong>em</strong> sua família referentes à apreciação<br />

de determina<strong>da</strong>s manifestações artísticas, muitas vezes com a presença de um<br />

conhecimento teórico e prático mínimo destas, principalmente por parte dos progenitores.<br />

Assim, para o entendimento sociológico <strong>da</strong>s trajetórias musicais individuais, uma <strong>da</strong>s<br />

abor<strong>da</strong>gens mais relevantes é aquela que destaca a transmissão <strong>da</strong> cultura no seio familiar.<br />

Este artigo visa, pois, investigar e discutir o ambiente cultural <strong>da</strong> família de<br />

importantes intérpretes e compositores nacionais. Utiliza como método de pesquisa a<br />

análise de entrevistas (grava<strong>da</strong>s de forma audiovisual e transcritas) e biografias de oito<br />

músicos de destaque na história <strong>da</strong> música brasileira, sendo quatro destes do âmbito<br />

erudito (Carlos Gomes, Villa-Lobos, Mag<strong>da</strong>lena Tagliaferro e Almei<strong>da</strong> Prado) e quatro do<br />

âmbito popular (Tom Jobim, Chico Buarque, Milton Nascimento e João Bosco).<br />

Cabe salientar que estes <strong>da</strong>dos pod<strong>em</strong> ser entendidos segundo a fun<strong>da</strong>mentação<br />

teórica <strong>da</strong> história oral, que entende os depoimentos como documentos orais, reveladores<br />

de identi<strong>da</strong>des sociais e pessoais. A relevância desses estudos permite contribuir para<br />

ampliar o conhecimento dos processos educacionais, para estabelecer relações na sua rede<br />

de configurações sócio-culturais e para conferir visibili<strong>da</strong>de pública a documentos e<br />

concepções educacionais por vezes esquecidos e não revelados (FUCCI AMATO, 2007).<br />

A m<strong>em</strong>ória, nas palavras de Lowenthal (1998, p. 78), “impregna a vi<strong>da</strong>”. O autor<br />

nota a grande freqüência cotidiana do uso do t<strong>em</strong>po presente para l<strong>em</strong>brarmos fatos do<br />

passado e a interrupção dessa “<strong>em</strong>issão” de l<strong>em</strong>branças somente quando há um alto nível<br />

de concentração <strong>em</strong> determina<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de. Ain<strong>da</strong> sob tal ângulo, Halbwachs (1990) enuncia<br />

que nossas l<strong>em</strong>branças são, <strong>em</strong> grande parte, coletivas, já que, apesar de muitas vezes<br />

outras pessoas não ter<strong>em</strong> participado ativamente do momento recor<strong>da</strong>do, viv<strong>em</strong>os <strong>em</strong><br />

uma socie<strong>da</strong>de e, além de quase nunca estarmos sozinhos, somos frutos de um grupo de<br />

indivíduos, de uma coletivi<strong>da</strong>de. Corroborando esta consideração, Thompson (1992) afirma<br />

que a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de é b<strong>em</strong> abor<strong>da</strong><strong>da</strong> pela história oral, a qual permite que se<br />

recrie a multiplici<strong>da</strong>de original de pontos de vista. Bosi (1983, p. 1) discursa que, como<br />

compilação de diferentes perspectivas, a história oral pode ser tão veraz quanto a<br />

historiografia tradicional: “Os livros de História que registram esses fatos são também um<br />

ponto de vista, uma <strong>versão</strong> dos acontecimentos”.<br />

Portanto, os indivíduos cujas situações sócio-culturais são discuti<strong>da</strong>s no presente<br />

artigo pod<strong>em</strong> ser encarados como representantes de um grupo social específico – uma<br />

“classe” dos músicos –, que, por meio de suas r<strong>em</strong>iniscências reflet<strong>em</strong> o entorno social que<br />

lhes proporcionou o desenvolvimento de habili<strong>da</strong>des musicais e, por conseguinte, um<br />

80<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .opus

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