download da versão impressa completa em pdf - anppom
download da versão impressa completa em pdf - anppom
download da versão impressa completa em pdf - anppom
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Sist<strong>em</strong>a de solfejo fixo-ampliado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />
A<br />
s práticas de solfejo estão presentes <strong>em</strong> várias culturas do mundo e foram<br />
estabeleci<strong>da</strong>s a partir do princípio de associação entre fon<strong>em</strong>as (sílabas, números<br />
ou letras) e alturas musicais. A metodologia de associar sons a sílabas é utiliza<strong>da</strong><br />
tanto no processo de transmissão oral quanto no ensino formal <strong>da</strong> música. O processo de<br />
decodificação <strong>da</strong>s alturas sonoras tranformando-as <strong>em</strong> notas musicais permite a formação<br />
de estruturas musicais, sendo que o uso de sílabas de solfejo auxiliam na organização<br />
cognitiva <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> musical. Este artigo apresenta o Sist<strong>em</strong>a Fixo-Ampliado, um sist<strong>em</strong>a<br />
de solfejo elaborado e testado após a análise <strong>da</strong>s estruturas de diversos sist<strong>em</strong>as de solfejo<br />
de acordo com o conceito de interferência estabelecido por Robert Gagné (1985).<br />
De acordo com Hughes (2008) o “solfejo não deve ser confundido com um<br />
sist<strong>em</strong>a de notação, pois trata-se de um método de reconhecimento auditivo e não de<br />
reconhecimento visual”. Assim, este artigo se propõe a revisitar vários sist<strong>em</strong>as de solfejo<br />
no intuito de avaliar as implicações que ca<strong>da</strong> estrutura oferece para a aprendizag<strong>em</strong> musical,<br />
reconhecendo que a reali<strong>da</strong>de musical brasileira é diferente <strong>da</strong>s reali<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Europa e<br />
América do Norte, de onde provém a maior parte <strong>da</strong>s metodologias e do material didático<br />
utilizado no Brasil.<br />
O uso de sílabas associa<strong>da</strong>s ao reconhecimento de alturas musicais ocorre desde<br />
a Grécia antiga, quando os escritos de Aristides Quintilianus já apresentam os nomes <strong>da</strong>s<br />
alturas dos tetracordes vinculados a sílabas (Ti-Ta-Te-To). Na China, no séc. II d.C. , o<br />
sist<strong>em</strong>a de modos pentatônicos usava sílabas (Kung, Shang, Chüeh, Chih, Yü) para estabelecer<br />
um sist<strong>em</strong>a relativo. Indicações de sist<strong>em</strong>as silábicos na representação de alturas musicais<br />
estão presentes também na Coréia, Japão, Vietnã e Indonésia. (GERSON-KIWI, 2008)<br />
Na Índia, a partir de uma tradição milenar de transmissão oral do conhecimento,<br />
existe um sist<strong>em</strong>a des sílabas (Sa- Ri- Ga- Na- Pa- Dha- Ni- Sa), que pod<strong>em</strong> ser utiliza<strong>da</strong>s, com<br />
alterações ascendentes ou descendentes, para formação de diversos Ragas. Neste<br />
contexto, as sílabas não representam alturas fixas, de maneira similar ao sist<strong>em</strong>a móvel,<br />
sendo que as alturas fun<strong>da</strong>mentais ou tônicas são escolhi<strong>da</strong>s de acordo com as<br />
características acústicas de determinados instrumentos ou <strong>da</strong> preferência dos<br />
instrumentistas.<br />
O primeiro teórico ocidental a propor o uso de um sist<strong>em</strong>a de solmização<br />
amplamente aceito foi Guido D’Arezzo, no século XI. O monge italiano associou as<br />
primeiras sílabas do hino a São João Batista às notas que iniciavam ca<strong>da</strong> verso, formando os<br />
seis primeiros sons <strong>da</strong> escala maior diatônica. As sílabas Ut, Re, Mi, Fa, Sol e La passaram a<br />
servir como referências para alturas a ser<strong>em</strong> canta<strong>da</strong>s. Segundo Gold<strong>em</strong>berg (2004, p. 4),<br />
“o princípio mais importante do sist<strong>em</strong>a de Guido e dos seus sucessores é o <strong>da</strong> mobili<strong>da</strong>de,<br />
114 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .opus