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direcionamento à carreira artística.<br />

A sociologia <strong>da</strong> educação pode trazer relevantes contribuições para a<br />

compreensão do processo de transmissão de saberes culturais no seio familiar, que<br />

constitu<strong>em</strong> um tipo de educação musical informal. Tal fun<strong>da</strong>mentação oferece uma<br />

perspectiva diferente <strong>da</strong> predominante no senso comum, que considera a habili<strong>da</strong>de musical<br />

um dom divino, talento inato desenvolvido através <strong>da</strong> intuição por grandes “gênios” <strong>da</strong><br />

música, e não um fruto <strong>da</strong> influência do contexto social ou <strong>da</strong> dedicação ao estudo técnico<br />

artístico. Nesse sentido, serão enfatiza<strong>da</strong>s no presente trabalho as idéias do sociólogo<br />

francês Pierre Bourdieu (1930-2002), destacando-se o conceito de capital cultural.<br />

Ao conjugar os depoimentos e as informações biográficas a uma revisão<br />

bibliográfica sobre a teoria do capital cultural de Pierre Bourdieu, o objetivo do artigo é<br />

corroborar com este ponto de vista sociológico, enunciando a idéia de que as habili<strong>da</strong>des<br />

musicais são desenvolvi<strong>da</strong>s socialmente, tendo a família como sua principal orig<strong>em</strong>.<br />

A ideologia do dom<br />

Predomina no senso comum a visão de que o artista é um ser que foi escolhido<br />

por uma enti<strong>da</strong>de divina para receber um dom especial, que o distingue do restante dos<br />

seres humanos. Idéias como destino, talento inato, predestinação, liga<strong>da</strong>s a teorias religiosas<br />

e à ideologia veicula<strong>da</strong> pelos meios de comunicação <strong>em</strong> massa, contribu<strong>em</strong> para formar nas<br />

pessoas a concepção de que um músico, um pintor, um ator já nasceram para realizar<br />

aquela ativi<strong>da</strong>de e são pessoas “únicas” e “especiais”. Para o sociólogo al<strong>em</strong>ão Norbert Elias<br />

(1897-1990), tal idéia opõe a geniali<strong>da</strong>de à humani<strong>da</strong>de do artista. “A divisão resultante, na<br />

qual se colocam <strong>em</strong> escaninhos separados o mistério atribuído a um gênio, de um lado, e<br />

sua humani<strong>da</strong>de comum, de outro, expressa uma desumani<strong>da</strong>de profun<strong>da</strong>mente enraiza<strong>da</strong><br />

na tradição intelectual européia” (ELIAS, 1999, p. 55).<br />

Assim, acaba-se valorizando o artista e colocando-o <strong>em</strong> uma posição superior aos<br />

d<strong>em</strong>ais indivíduos, por realizar ativi<strong>da</strong>des tecnicamente difíceis, que proporcionam raro<br />

prazer estético ao espectador. Ao considerar execução artística possível somente por<br />

alguns “escolhidos”, porém, termina-se, sob outro ângulo, por deslocar o músico, o pintor,<br />

o ator do mercado de trabalho “comum”, composto pelas profissões tradicionais, o que<br />

gera uma certa desvalorização do fazer artístico, identificando-o como uma ativi<strong>da</strong>de mais<br />

recreativa, pouco séria, que exige pouco esforço intelectual de seu praticante, que já teria<br />

nascido com habili<strong>da</strong>des inatas para aquela execução. Tal idéia neutraliza a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

formação artística, com as incontáveis horas de estudo e pesquisa – teóricos e práticos – às<br />

quais este profissional se sujeita. Focando o músico, Schroeder (2004) também destaca<br />

opus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

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