download da versão impressa completa em pdf - anppom
download da versão impressa completa em pdf - anppom
download da versão impressa completa em pdf - anppom
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . FUCCI AMATO<br />
relevância de hábitos de prática musical <strong>em</strong> ocasiões informais e festivas na criação de uma<br />
atmosfera agradável, que impelia as pessoas a tomar<strong>em</strong> parte <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de performance.<br />
Cabe notar ain<strong>da</strong> que a família do compositor era de classe média baixa, o que evidencia<br />
mais um caso de certa independência entre a vivência cultural e uma condição econômica<br />
muito eleva<strong>da</strong>.<br />
Há que se destacar, ain<strong>da</strong> no âmbito <strong>da</strong> música erudita, o caso de José Antonio de<br />
Almei<strong>da</strong> Prado (n1943), um dos o compositores brasileiros mais relevantes <strong>da</strong> história de<br />
nossa música cont<strong>em</strong>porânea. Também <strong>em</strong> sua família configurações socioeconômicas e<br />
culturais específicas lhe permitiram iniciar-se na música desde a infância:<br />
O artista v<strong>em</strong> de uma <strong>da</strong>s famílias mais ilustres de São Paulo [...]. Sua iniciação musical<br />
começou <strong>em</strong> casa, pois sua mãe e sua irmã tocavam piano muito b<strong>em</strong>. José Antonio e a irmã<br />
Teresa Maria tinham um teatrinho de fantoches e ele fazia a trilha sonoro: t<strong>em</strong>pestades,<br />
galopes e acordes para sublinhar as passagens mais <strong>em</strong>ocionantes. (MARIZ, 2000, p. 391)<br />
Este caso denota mais claramente a especifici<strong>da</strong>de do convívio <strong>em</strong> um meio social<br />
e economicamente mais favorecido, no qual o conhecimento e a prática musical<br />
representava, provavelmente, um status maior e um grau mais elevado de “bom gosto”<br />
cultural. Assim, sua condição familiar, apesar de culturalmente s<strong>em</strong>elhante à de músicos de<br />
classes sociais mais baixas, denota uma maior associação entre o capital econômico, o<br />
capital social (prestígio) e o capital cultural.<br />
Voltando a análise à música popular, destaca-se primeiramente o compositor Tom<br />
Jobim (1927-1994), que teve também uma formação erudita – tendo sido aluno de Villa-<br />
Lobos e Koellreutter –, e revelou que não possuía grande interesse <strong>em</strong> adotar a música<br />
como uma profissão: “Eu tinha um preconceito enorme contra música, contra piano, eu<br />
achava que piano era negócio de menininha. Eu queria jogar futebol <strong>da</strong> praia” (JOBIM,<br />
2006). Depôs, por outro lado, que o incentivo a esta prática artística foi condicionado<br />
decisivamente por sua condição familiar sócio-cultural. O músico considerou seu<br />
progenitor como um hom<strong>em</strong> de denso saber cultural: “Meu pai, Jorge Jobim, poeta, literato,<br />
parnasiano, pertenceu ao Itamaraty. [...] Morreu quanto eu tinha 8 anos” (JOBIM, 2006).<br />
Porém, <strong>da</strong>do o curto t<strong>em</strong>po de convivência com este, não foi seu progenitor<br />
qu<strong>em</strong> mais o influenciou <strong>em</strong> sua formação cultural e determinou seu encaminhamento para<br />
a música, mas sim seu padrasto: “Meu padrasto foi o hom<strong>em</strong> que me inventou. Ele era um<br />
humilde funcionário público. Não tinha dinheiro. O primeiro piano que eu conheci era um<br />
piano velho, alugado, mas ele tava ali o t<strong>em</strong>po todo [me incentivando]” (JOBIM, 2006).<br />
Pode-se notar no depoimento do compositor, assim, a importância que o meio familiar teve<br />
opus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91