VJ JUN 2011.p65 - Visão Judaica
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2<br />
editorial<br />
VISÃO JUDAICA • junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
Publicação mensal independente da<br />
EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />
JUDAICA LTDA.<br />
Redação, Administração e Publicidade<br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
Curitiba • PR • Brasil<br />
Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />
Dir. de Operações e Marketing<br />
SHEILLA FIGLARZ<br />
Dir. Administrativa e Financeira<br />
HANA KLEINER<br />
Diretor de Redação<br />
SZYJA B. LORBER<br />
Publicidade<br />
DEBORAH FIGLARZ<br />
Arte e Diagramação<br />
SONIA OLESKOVICZ<br />
Webmaster<br />
RAFFAEL FIGLARZ<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Antônio Carlos Coelho, Aristide Brodeschi,<br />
Aroldo Murá G. Haygert, Bernard Henri<br />
Levy, Breno Lerner, David Hornik, David<br />
Horovitz, Dudi Cohen, Gavriel Queenann,<br />
Gerardo Stuczynski, Jane Bichmacher de<br />
Glasman, Jonathan Spyer, Moshe<br />
Rosenblatt, Pilar Rahola, Sérgio Alberto<br />
Feldman, Tila Dubrawsky e Yossi<br />
Groisseoign.<br />
Duas atitudes chocantes. Nos EUA e no Brasil<br />
o apresentar sua proposta<br />
de paz para o Oriente<br />
Médio o presidente norte-americano<br />
Barack Obama<br />
justificou sua incansável<br />
pressão sobre Israel baseando-se<br />
em farsas históricas disseminadas<br />
por Hamas, Fatah & Cia, a<br />
respeito do território da Judeia,<br />
Samaria e Gaza. Em síntese, Obama<br />
proclamou que até que Israel<br />
satisfaça as exigências dos palestinos,<br />
não haverá paz no Oriente Médio.<br />
Na mente do presidente Obama<br />
os israelenses são o único obstáculo<br />
para a paz na terra, portanto,<br />
as necessidades<br />
de Israel<br />
eclipsam<br />
as preocupações<br />
em<br />
comparação<br />
à aco-<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />
o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou comentários<br />
publicados, sejam de terceiros (mencionando a fonte) ou<br />
próprios e assinados pelos autores. O fato de publicá-los<br />
não indica que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />
dos conceitos ou dos temas.<br />
Contém termos sagrados, por isso trate<br />
com respeito esta publicação.<br />
www.visaojudaica.com.br<br />
Este jornal é um veículo independente<br />
da Comunidade Israelita do Paraná<br />
modação<br />
dos palestinos.Ex-presidentes<br />
dos EUA<br />
aceitaram<br />
Nossa capa<br />
uma versão modesta desta mentalidade.<br />
Mesmo a administração<br />
Bush embarcou nesta ideia especulativa.<br />
Nos dias finais do governo<br />
Bush, a secretária de Estado Condoleeza<br />
Rice tentou forçar um acordo<br />
entre Israel e Abbas. Apesar de<br />
ter um figurante disposto a isso no<br />
primeiro-ministro Ehud Olmert,<br />
Rice fracassou porque Abbas continuou<br />
a aumentar suas exigências.<br />
Olmert teria oferecido dividir Jerusalém<br />
e receber milhares dos assim<br />
chamados refugiados. Nenhum governo<br />
israelense nunca antes havia<br />
sido tão imprudente nas relações<br />
com Arafat e Abbas. Mas a oferta<br />
de Olmert a Abbas simplesmente<br />
levou a mais exigências. Uma lição<br />
aprendida a partir daquela experiência<br />
é que Israel não pode satisfazer<br />
os palestinos com nada menos<br />
que desaparecer.<br />
E se mais provas disso são necessárias,<br />
basta observar o que o<br />
presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad<br />
disse recentemente a uma<br />
multidão em seu país, de que não<br />
haveria calma no Oriente Médio até<br />
que Israel, o Estado sionista, deixe<br />
de existir. Em outras palavras, mes-<br />
A capa reproduz a obra de arte cujo título é: “Bar<br />
Mitzvá”, pintado com a técnica aquarela e dimensões<br />
de 45x35 cm, criação de Aristide Brodeschi e<br />
pertencente à coleção Jaime Wasserman. O autor<br />
nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista<br />
plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já<br />
desenvolveu trabalhos em várias técnicas, dentre<br />
elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações<br />
por seus trabalhos no Brasil e nos EUA.<br />
Suas obras estão espalhadas por vários países e<br />
tem no judaísmo, uma das principais fontes de<br />
inspiração. Ele é o autor das capas do jornal <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong>. (Para conhecer mais sobre o artista, visite<br />
o site www.brodeschi.com.br).<br />
Datas importantes<br />
23 de junho<br />
2 de julho<br />
9 de julho<br />
16 de julho<br />
19 de julho<br />
21 de julho<br />
Shabat / Côrach / Bençãos Tamuz<br />
Shabat / Chucat / Rosh Chodesh<br />
Shabat / Balac<br />
Shabat / Pinechas<br />
Jejum de Tamuz<br />
Shabat / Matot<br />
mo com a criação de um Estado<br />
palestino ao lado de Israel isso não<br />
trará a paz. Só Obama é que não<br />
ouviu isso, ou não entendeu. Com<br />
relação a esse assunto, vale a pena<br />
a leitura do artigo do médico brasileiro-israelense<br />
Moshe Rosenblatt,<br />
nesta edição, colocando as coisas<br />
nos seus devidos lugares.<br />
Aqui no Brasil a advogada e ativista<br />
dos direitos humanos, iraniana<br />
Shirin Ebadi, ganhadora do Nobel<br />
da Paz de 2003, lamentou a recusa<br />
da presidente Dilma Rousseff<br />
em recebê-la e disse que o encontro<br />
era a principal razão de sua visita.<br />
“Só vim ver a presidente, queria<br />
agradecer a ajuda dela no caso<br />
Sakineh”. Ela se referia ao caso da<br />
iraniana Sakineh Ashtiani, acusada<br />
de adultério e de ter ordenado a<br />
morte do marido, cuja sentença<br />
não foi aplicada. “Não queria falar<br />
de assuntos políticos [com Dilma].<br />
Vim falar sobre direitos humanos<br />
e direitos das mulheres”, disse Ebadi,<br />
figura emblemática da oposição<br />
ao presidente Mahmoud Ahmadinejad.<br />
Dilma decidiu não se encontrar<br />
com ela antes mesmo de sua<br />
chegada. “Se Dilma defende os di-<br />
ACENDIMENTO DAS<br />
VELAS EM CURITIBA<br />
<strong>JUN</strong>HO / JULHO DE 2011<br />
SHABAT<br />
DATA HORA<br />
24 / 6 17h16<br />
1 / 7 17h18<br />
8 / 7 17h21<br />
15 / 7 18h24<br />
22 /<br />
7 17h27<br />
reitos humanos e as mulheres, ela<br />
me receberá”, insistiu a iraniana<br />
em entrevista ao jornal O Estado<br />
de S. Paulo. Mas não a recebeu.<br />
O governo brasileiro acredita que<br />
se o fizesse colocaria o Brasil<br />
dentro de uma “disputa interna<br />
delicada”.<br />
A decisão do Planalto vai na contramão<br />
da mudança na diplomacia<br />
para os direitos humanos que Dilma<br />
vinha conduzindo até agora.<br />
Antes de tomar posse, a presidente<br />
criticou publicamente a abstenção<br />
do Itamaraty em uma resolução<br />
do Conselho de Direitos Humanos<br />
da ONU condenando o apedrejamento<br />
de mulheres no Irã. Dilma<br />
chamou de “ato bárbaro” a lapidação,<br />
posição reiterada em entrevista<br />
ao jornal Washington Post. Em<br />
março, Dilma rompeu com o padrão<br />
de voto do governo Lula nas<br />
Nações Unidas e apoiou a criação<br />
de um relator especial para o Irã,<br />
sob críticas do ex-chanceler Celso<br />
Amorim. Uma semana depois, Shirin<br />
Ebadi foi convidada a um jantar<br />
na embaixada do Brasil em Genebra.<br />
Agora, parece, os rumos mudaram<br />
outra vez.<br />
Humor judaíco<br />
Falecimentos<br />
A Redação<br />
UMA ÚLTIMA CHANCE<br />
Um advogado judeu, que<br />
nunca foi afeito à religião, no<br />
leito da morte pede um exemplar<br />
da Torá (os cinco primeiros livros<br />
da Bíblia) e começa a lê-la<br />
avidamente.<br />
Todos se surpreendem com<br />
o súbito interesse daquele homem<br />
quase ateu, e alguém pergunta<br />
o motivo.<br />
O advogado doente responde:<br />
— Estou procurando alguma<br />
brecha na lei...<br />
Ana Paciornik Fischer, aos 90<br />
anos de idade, dia 27 de maio de<br />
2011 (23 de Iyar de 5771), em<br />
Brasília. Seu corpo foi sepultado<br />
naquela mesma cidade.
Sérgio Alberto Feldman *<br />
sta semana ocorreu em<br />
diversas capitais brasileiras<br />
um festival de cinema<br />
francês. Fato corriqueiro<br />
em centros<br />
como São Paulo, Rio de<br />
Janeiro, Belo Horizonte e<br />
Curitiba, mas uma novidade em Vitória.<br />
Fui convidado para o lançamento,<br />
por ser um habituée dos cinemas de arte<br />
da cidade. Uma surpresa foi ver que as<br />
sessões lotaram e arte virou objeto de<br />
consumo. Isso reflete uma mudança sutil<br />
em certos setores da sociedade brasileira,<br />
mas não é este o meu assunto.<br />
Assisti a um filme que não me surpreendeu,<br />
mas emocionou e chocou a<br />
quase todos os que presenciaram a<br />
apresentação. O filme se chama “Vênus<br />
negra” e tem como tema, a vida de uma<br />
mulher negra, sul-africana, do grupo<br />
étnico hotentote, que é levada à Europa,<br />
para aparecer em pequenas apresentações<br />
em Londres, onde é estilizada<br />
como uma atração que simboliza a<br />
selvageria e o exotismo de uma raça<br />
vista como inferior. É explorada como<br />
um animal, mas ocorre uma reviravolta,<br />
pois será reciclada como sex simbol<br />
em função de suas nádegas e genitália<br />
diferenciadas e com proporções maiores<br />
que a das europeias. Tornou-se objeto<br />
de desejo de cientistas franceses<br />
que querem estudar africanos. Como<br />
resiste a se expor e ser tocada por artistas<br />
e cientistas que querem examinar<br />
seus órgãos sexuais, acaba sendo execrada<br />
e termina se prostituindo. Morre<br />
de doença, seja tuberculose ou talvez<br />
de uma infecção venérea e seu corpo é<br />
comprado pela Academia Francesa de<br />
Ciências. Vira um objeto de estudo e é<br />
examinada, conservada em formol e<br />
guardada como um animal do tipo cobaia<br />
de estudos. No final do filme os<br />
espectadores descobrem que é um fato<br />
real e que ela foi repatriada há cerca de<br />
uma década e meia pelo governo sulafricano<br />
que lhe deu honras de Estado<br />
e um túmulo, após cerca de dois séculos,<br />
pois morreu na segunda década do<br />
século XIX, por volta de 1815. O que isto<br />
nos ensina? Como entender esta tensão<br />
entre o europeu e o africano de<br />
pele negra?<br />
Num país como o nosso de tradição<br />
escravocrata e que simula ter sido ou<br />
pretendido ser uma democracia racial,<br />
isto não causa estupor. Sabemos que o<br />
racismo nosso de cada dia, transpira nos<br />
poros da cidadania e aparece no cotidiano:<br />
piadas de salão preconceituosas<br />
são usuais em festas, bate-papos de<br />
barzinho e nas entrelinhas das conversas<br />
quando não se teme ser repreendido<br />
por ser “politicamente incorreto”,<br />
racista ou coisa pior.<br />
Há uma tradição europeia de preconceito.<br />
Na “Crônica dos feitos da Gui-<br />
Civilização e barbárie<br />
Reflexões sobre o racismo<br />
né” (ou Chronica do Descobrimento e<br />
Conquista da Guiné) de Gomes Eanes<br />
de Zurara, escrita na segunda metade<br />
do século XV, ou seja, há mais de quinhentos<br />
anos, há um relato comovedor<br />
do autor, que descreve a separação das<br />
famílias de escravos negros africanos,<br />
que são vendidos a senhores portugueses.<br />
Maridos se separam de suas mulheres,<br />
filhos de pais, e assim consecutivamente.<br />
São descritos como seres<br />
sem alma, pois são escravos e pecadores,<br />
e são negros. O autor se inspira em<br />
Aristóteles, que definia categorias de<br />
seres, com e sem alma. Mulheres<br />
teriam cerca de meia alma. Estrangeiros<br />
também eram seres inferiores. Os<br />
gregos concebiam uma maneira de categorizar<br />
seres humanos, que antepõe<br />
a civilização à barbárie. Os gregos entendiam<br />
que os não helenizados eram<br />
bárbaros e os gregos e os povos helenizados<br />
eram civilizados. A Europa do século<br />
XIX também se considerava a civilização.<br />
A Era das Luzes se instaurara no<br />
Ocidente desde o Renascimento, e o<br />
século XVIII seria denominado de Era<br />
do Iluminismo. Os europeus orgulhosos<br />
de sua civilização queriam ampliar<br />
esta era de luzes para todo o Mundo.<br />
Para isso teriam que expandir as ciências<br />
e entender as diferenças entre os<br />
seres. A Vênus hotentote seria um ser<br />
exótico, selvagem e inferiorizado. Estudá-la<br />
seria entender melhor estes<br />
espécimes, que se alinhavam entre os<br />
humanos e os animais, um gênero de<br />
semi-humanos.<br />
Para que a Europa estava querendo<br />
estudar outros agrupamentos humanos,<br />
que não os europeus ou “caucasianos”?<br />
Para entender e justificar uma<br />
nova ordem mundial que já se configurava<br />
no século XVIII. A Europa se expandia<br />
e conhecer as populações das suas<br />
colônias efetivas e potenciais era uma<br />
forma de manter e ampliar a dominação.<br />
Surgem estudos diversos: formato,<br />
perímetro e volume do cérebro para<br />
mensurar as proporções e comparar a<br />
capacidade cefálica dos caucasianos,<br />
negros e amarelos. No início, seria entender<br />
as razões da expansão europeia;<br />
na sequência seria justificar a ocupação<br />
e a colonização europeia na África e na<br />
Ásia nos séculos XIX e XX, pois se tratava<br />
de uma missão civilizadora: os brancos<br />
superiores deveriam educar e tutelar<br />
as “raças inferiores”, através de um<br />
processo de aculturação, ocidentalização<br />
e “branqueamento da alma” de negros<br />
e amarelos. Ironia: isso lembra o<br />
Michael Jackson que branqueou sua<br />
pele, até desfigurá-la. Acho este exemplo<br />
muito doloroso.<br />
No âmago da questão estava a obtenção<br />
de uma justificativa para a ampliação<br />
do colonialismo europeu, tão<br />
necessária para o sistema capitalista,<br />
então em evidência. As potências precisavam:<br />
a) novos mercados consumi-<br />
dores e b) novas fontes de matériasprimas.<br />
Duas das premissas do processo,<br />
denominado, por alguns historiadores,<br />
como “Revolução Industrial”.<br />
As outras duas deveriam ser obtidas<br />
ou desenvolvidas internamente<br />
nas potências: mão-de-obra barata<br />
e tecnologia.<br />
Mercados consumidores e matériaprima<br />
eram vastos na África e na Ásia.<br />
Algodão egípcio e hindu para as indústrias<br />
têxteis inglesas ou de outras potências<br />
europeias. Assim sendo, a ciência<br />
não só gerava tecnologia, mas também<br />
um know-how que explicasse a<br />
superioridade da raça caucasiana, diante<br />
de suas congêneres, negra e amarela.<br />
Fato ou apenas pretexto? Na crença<br />
da época era um fato mensurado por<br />
análises e cifras. Hoje percebemos que<br />
era uma questão ideológica e ao mesmo<br />
tempo de interesses diversos. Um<br />
destes era o colonialismo.<br />
O racismo do século XIX teve como<br />
seus seguidores ilustres personagens.<br />
Uma boa parte deles era também antissemita.<br />
Aliás, a relação entre o racismo<br />
europeu e o antissemitismo é<br />
íntima. No seio desta pseudociência se<br />
criou na Alemanha, no último quarto<br />
do século XIX, a Liga Antissemita que<br />
popularizou esta expressão e o conceito<br />
de antissemitismo. Pensadores<br />
como alemão Guilherme Marr, o inglês<br />
H. S. Chamberlain e o francês conde<br />
Gobineau foram os pais intelectuais<br />
dos teóricos das teses arianas de raça<br />
superior e da inferioridade judaica.<br />
Assim sendo a conexão é clara: os judeus<br />
sofreram um preconceito milenar<br />
de caráter religioso até o século<br />
XVIII e ao se inserirem nas sociedades<br />
europeias e obterem os direitos civis<br />
no Ocidente, foram vítimas de uma<br />
nova forma de preconceito: o racismo<br />
do século XIX, originado do desenvolvimento<br />
europeu e que lhes concedeu<br />
o status de raça inferior.<br />
O racismo atingiu o Brasil já no século<br />
XIX. O conde Gobineau, francês, e<br />
um dos pilares do movimento, era amigo<br />
íntimo do imperador Pedro II. Ele<br />
recomendou à classe política que executasse<br />
“um branqueamento da raça”.<br />
Constatou que no Brasil havia mais<br />
negros, índios, pardos e mulatos, do<br />
que brancos. Achava isso um sintoma<br />
de decadência e teve muitos seguidores.<br />
Esta política se expressou no estímulo<br />
à vinda de imigrantes brancos europeus<br />
para o Brasil. Branquear para<br />
não decair; clarear para poder se tornar<br />
uma potência. Há vasta bibliografia<br />
sobre o tema.<br />
A minha preocupação é que o preconceito<br />
é multifacetado e repleto de<br />
artimanhas. A discriminação não é só<br />
com negros. Há outras vítimas desta.<br />
Judeus não são tampouco os únicos segregados.<br />
Ouço muitas piadas em reu-<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
niões sociais. Às vezes elas são contra<br />
judeus; às vezes contra homossexuais.<br />
Como historiador e como um judeu brasileiro<br />
me repugna a maneira que as<br />
pessoas se fingem de politicamente<br />
corretas e ironizam com piadas, ora negros,<br />
ora gays, ora apregoam a inferioridade<br />
feminina. Racismo, homofobia<br />
e misoginia são facetas dos discursos<br />
preconceituosos que devemos evitar.<br />
Se eu discrimino os negros, como posso<br />
protestar quando discriminam os judeus.<br />
No final das contas ao se abrir a<br />
porta para o preconceito, entrarão todos<br />
os tipos deles. Não se pode aceitar<br />
que um membro de uma comunidade<br />
que sempre foi discriminada seja preconceituoso.<br />
Uma piada pode ser casual,<br />
simples expressão de humor e<br />
sem malícia ou intenção de discriminar.<br />
Mas propaga as crenças de maneira sutil,<br />
leve e engraçada. É uma forma de<br />
perpetuar o racismo e o preconceito.<br />
Meu leitor: Reflita sobre estas atitudes<br />
e reveja os seus conceitos.<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
FILME<br />
A escolha de Sofia<br />
TÍTULO ORIGINAL: SOPHIE’S CHOICE<br />
Ficha técnica<br />
Direção: Alan J. Pakula<br />
Gênero: Drama<br />
Origem: EUA<br />
Duração: 153 minutos<br />
Tipo: DVD colorido com legendas<br />
em português<br />
Ano da produção: 1982<br />
Estúdio/Distribuição: Europa<br />
Filmes<br />
3<br />
* Sérgio Alberto<br />
Feldman é doutor<br />
em História pela<br />
UFPR e professor<br />
de História Antiga<br />
e Medieval na<br />
Universidade<br />
Federal do<br />
Espírito Santo, em<br />
Vitória. Foi diretor<br />
de Cultura<br />
<strong>Judaica</strong> da Escola<br />
Israelita Brasileira<br />
Salomão<br />
Guelmann, em<br />
Curitiba.<br />
ELENCO<br />
Meryl Streep (Sofia Zawistowski), Kevin Kline (Nathan<br />
Landau), Peter MacNicol (Stingo), Rita Karin (Yetta),<br />
Stephen D. Newman (Larry), Greta Turken (Leslie Lapidus),<br />
Josh Mostel (Morris Fink), Marcell Rosenblatt (Astrid<br />
Weinstein), Moishe Rosenfeld (Moishe Rosenblum),<br />
Robin Bartlett (Lillian Grossman), Eugene Lipinski (professor<br />
polonês).<br />
SINOPSE<br />
Em 1947 Stingo (Peter MacNicol), um jovem aspirante<br />
a escritor vindo do sul, vai morar no Brooklyn na casa<br />
de Yetta Zimmerman (Rita Karin), que alugava quartos.<br />
Lá conhece Sofia Zawistowska (Meryl Streep), sua vizinha<br />
do andar de cima, que é polonesa e fora prisioneira<br />
em um campo de concentração e Nathan Landau (Kevin<br />
Kline), seu namorado, um carismático judeu dono<br />
de um temperamento totalmente instável. Em pouco<br />
tempo tornam-se amigos, sendo que Stingo não tem a<br />
menor ideia dos segredos que Sofia esconde nem da<br />
insanidade de Nathan. Vencedor do Oscar na categoria<br />
de melhor atriz em 1983 além de quatro indicações e<br />
de vários outros prêmios.
4<br />
* Jonathan Spyer é<br />
jornalista, escritor<br />
e pesquisador no<br />
Global Research in<br />
International<br />
Affairs Center.<br />
(Centro de<br />
Assuntos<br />
Internacionais e<br />
Pesquisas Globais).<br />
Bashar Assad na corda bamba<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
Hezbolá foi pego numa<br />
armadilha e com as mãos<br />
na massa pela revolta na<br />
Síria. As palavras de solidariedade<br />
do líder do Hezbolá,<br />
xeque Hassan Nasralá,<br />
ao seu aliado encurralado de Damasco,<br />
levou à queima de imagens do líder<br />
islâmico xiita libanês pelas multidões<br />
em fúria durante as manifestações na<br />
Síria semanas atrás.<br />
A posição do movimento sobre a Síria<br />
coloca em destaque uma contradição<br />
básica entre os interesses práticos do<br />
Hezbolá e da imagem que quer projetar.<br />
Esta contradição, por sua vez, revela<br />
as limitações da “resistência em bloco”<br />
liderada pelos xiitas do Irã, no mundo<br />
de língua árabe de maioria sunita.<br />
No nível prático, não é difícil entender<br />
por que a queda<br />
do regime de Assad<br />
seria um desastre<br />
para o Hezbolá e seu<br />
patrono iraniano.<br />
A Síria é o canal<br />
seguro através do<br />
qual Teerã arma o seu<br />
aliado libanês no Mediterrâneo.<br />
Componentes<br />
importantes do arsenal<br />
do Hezbolá são armazenados<br />
de forma<br />
segura sob os cuidados<br />
de Assad. Os mísseis<br />
M-600 e Fateh-110, que poderiam<br />
levar a um ataque israelense antecipado,<br />
se forem deslocados ao Líbano,<br />
aguardam em local seguro além da fronteira,<br />
o momento oportuno.<br />
Mas a Síria é muito mais que um<br />
depósito do Hezbolá. Desde a assunção<br />
de Bashar Assad, o relacionamento en-<br />
Por considerá-las “inseguras” o exprimeiro-ministro<br />
espanhol José Maria<br />
Aznar rejeitou as negociações para criar<br />
um Estado palestino baseado nas fronteiras<br />
1967. Ele disse que os riscos que<br />
Israel enfrenta são os mesmos que ameaçam<br />
as potências ocidentais “Defendemos<br />
o direito de Israel escolher os termos<br />
do acordo”, disse Aznar num discurso<br />
sobre o Oriente Médio na Sociedade<br />
de Beneficência <strong>Judaica</strong> Brasileira Albert<br />
Einstein em São Paulo. O presidente honorário<br />
do Partido Popular espanhol disse<br />
que as fronteiras de 67 “não são seguras<br />
e não podem ser a base para as<br />
negociações sobre o conflito entre israelenses<br />
e palestinos, como disse recentemente<br />
o presidente dos EUA, Barack Obama.<br />
“Podemos ter certeza de que muitas<br />
vozes se levantarão para pressionar Israel<br />
e estamos preocupados de que Israel não<br />
A queda de Assad, um desastre para o Hezbolá e o Irã<br />
Jonathan Spyer *<br />
tre eles tornou-se cada vez mais simbiótico.<br />
O Hezbolá foi o instrumento pelo<br />
qual a Síria pode reconquistar a sua influência<br />
no Líbano, após sua vergonhosa<br />
retirada em 2005. Damasco forneceu<br />
ao Hezbolá uma área adjacente vital<br />
para a logística durante a guerra de 2006.<br />
Suspeita-se que ambos colaboraram<br />
para o assassinato do ex-premiê libanês<br />
Rafik Hariri.<br />
Portanto, a relação é estratégica, e<br />
é baseada numa variedade de interesses<br />
compartilhados. Nenhuma das partes<br />
é inteiramente um cliente ou um<br />
grande parceiro do outro. Pelo contrário,<br />
o patrão dos dois é o Irã. As manifestações<br />
de Nasralá em apoio a Assad<br />
derivam do mesmo impulso que o<br />
apoio prático, em grande escala, atualmente<br />
oferecido à Síria pela Guarda<br />
Revolucionária iraniana. Eles são<br />
membros de uma aliança, e se unem<br />
em defesa de um membro da equipe<br />
que está em apuros.<br />
Não surgiram evidências que confirmem<br />
os rumores de que os combatentes<br />
do Hezbolá participam da repressão<br />
em solo, na Síria.<br />
E é difícil ver o que poderiam conseguir<br />
as forças do Hezbolá quando os<br />
próprios homens de Assad não conseguiram.<br />
Ao líder sírio não faltam grupos<br />
armados. Mas o “apoio moral” oferecido<br />
pelo Hezbolá à Síria expõe o vazio<br />
das afirmações permanentes de Nasralá,<br />
que diz representar a vontade popular<br />
dos árabes.<br />
Tanto Assad como Nasralá empregam<br />
a linguagem da “resistência”, mas<br />
ambos estão unidos para resistir à vontade<br />
claramente expressa do povo sírio.<br />
Há uma lógica mais profunda<br />
funcionando aqui que o eterno espetáculo<br />
dos movimentos e regimes ditatoriais<br />
que expõem o vazio de seus discursos.<br />
O bloco liderado pelo Irã pode-<br />
ria ter sido apresentado como a voz da<br />
autenticidade e da resistência regional.<br />
Mas se alguém olhar para os elementos<br />
que compõem rapidamente<br />
torna-se claro que era e é em grande<br />
parte uma aliança entre xiitas árabes<br />
(ou pelo menos não sunitas) por trás<br />
de um grande estado não árabe xiita.<br />
Os principais membros da aliança<br />
são o Irã, o Hezbolá xiita, o regime<br />
controlado pelos alauitas de Assad e<br />
o movimento xiita de Moqtada al-<br />
Sadr, no Iraque. O Irã tem tentado tirar<br />
partido da atual crise no mundo<br />
árabe. No entanto, o âmbito de sua<br />
atividade tem sido limitado principalmente<br />
às áreas de maioria xiita,<br />
como o Bahrein.<br />
Fora das estreitas faixas onde residem<br />
as comunidades árabes xiitas, há<br />
uma forte suspeita contra os iranianos.<br />
A guerra do Irã contra Israel destina-se<br />
a reverter essas suspeitas, e tem conseguido<br />
algum sucesso. Mas o prestígio<br />
conquistado por elementos xiitas na<br />
luta contra Israel não parece facilmente<br />
transferível para outras áreas.<br />
A única exceção importante na natureza<br />
do bloco xiita, liderado pelo Irã,<br />
foi e é o Hamas. O enclave do Hamas<br />
em Gaza tem sido mantido com dinheiro<br />
e armas do Irã. Mas uma das consequências<br />
mais notáveis da queda de<br />
Hosni Mubarak no Egito é a aparente<br />
tentativa do Hamas de desviar-se para<br />
fora do eixo Irã-Síria-Hezbolá e voltarse<br />
para o Egito árabe sunita.<br />
O Emirado (sunita) do Qatar, entretanto,<br />
que tem flertado com o eixo da<br />
resistência nos últimos anos, dirigiu<br />
fortemente a enorme influência da rede<br />
Al-Jazeera contra o regime da Síria nas<br />
últimas semanas. A Turquia de Recep<br />
Tayyip Erdogan também tem intensificado<br />
as críticas contra Assad e tem sido<br />
anfitriã de encontros da oposição síria.<br />
Aznar rejeita fronteiras de 1967<br />
tenha aliados suficientes, e nós acreditamos<br />
que devemos agir para que este<br />
cenário não se concretize”, disse. Obama<br />
assinalou como referência para a negociação<br />
sobre o conflito as fronteiras de<br />
1967, ano que ocorreu a Guerra<br />
dos Seis Dias, o terceiro enfrentamento<br />
com os países árabes,<br />
que terminou com a conquista israelense<br />
da Cisjordânia e de Jerusalém<br />
Oriental, Faixa de Gaza,<br />
a Península do Sinai e as colinas<br />
de Golan. Aznar que também está<br />
à frente da Fundação para a Aná-<br />
lise e Estudos Sociais (FAES), declarou<br />
que Israel “é uma terra de<br />
oportunidades, prosperidade e<br />
futuro”. E acrescentou: “Acredito em Israel<br />
e não me envergonho de dizer que<br />
quando as pessoas deslegitimam Israel,<br />
deslegitimam a nós”. Para ele, “defender<br />
Jose María Aznar<br />
esteve em S. Paulo<br />
o Estado de Israel é uma causa justa”, porque,<br />
em sua opinião, o Estado judeu compartilha<br />
com os países democráticos uma<br />
série de valores entre os quais citou “a<br />
liberdade, pluralismo, tolerância, igualdade<br />
entre homens e mulheres”.<br />
Ex-chefe do governo espanhol<br />
entre 1996 e 2004, Aznar<br />
indicou que “a principal dificuldade<br />
que a Europa enfrenta não<br />
é a crise internacional, mas a<br />
perda de valores. O principal<br />
problema que a Europa tem hoje<br />
é que a Europa é o reino do re-<br />
lativismo, que os europeus não<br />
acreditam em nada, nem querem<br />
acreditar em nada”, disse<br />
para complementar que o Friends of Israel<br />
(Amigos de Israel) “tenta evitar o isolamento<br />
de Israel, dar legitimidade ao país<br />
e apresentá-lo como um país normal”. Ar-<br />
A Síria, em suma, está exaurida de<br />
amigos sunitas. Seus xiitas, por outro<br />
lado, têm menos opções e permanecem<br />
fiéis.<br />
Portanto, as adesões do Irã e do<br />
Hezbolá ao seu aliado sírio parecem<br />
cerrar fileiras na aliança não sunita<br />
para lidar com a agitação no mundo<br />
árabe sunita. O analista libanês<br />
Michael Young observa a opinião crescente<br />
de que o regime sírio está envolvido<br />
naa limpeza étnica da cidade<br />
síria sunita de Tal Kalakh, perto da<br />
fronteira com o Líbano.<br />
Tal Kalakh é um enclave sunita em<br />
uma importante área alauita.<br />
Se as motivações do regime são na<br />
verdade sectárias é quase irrelevante.<br />
O fato de que se acredita amplamente<br />
nisso desnuda a lógica sectária em<br />
operação.<br />
Do ponto de vista de Israel, a limitação<br />
nativa da resistência liderada pelo<br />
bloco xiita é uma boa notícia. A notícia<br />
não tão boa é que os centros de poder<br />
rivais sunitas antiocidentais e anti Israel<br />
estão surgindo na região.<br />
A reconstrução das relações do Hamas<br />
com o Egito, afinal, baseia-se na<br />
rápida deterioração das relações entre<br />
o Cairo e Jerusalém. O AKP, partido sunita<br />
islâmico, entretanto, tende a ganhar<br />
mais um mandato na Turquia.<br />
Tampouco a “lua crescente xiita”<br />
está prestes a ruir. Por ora, sua capacidade<br />
inigualável de brutalidade parece<br />
que irá manter seu cliente sírio<br />
em seu assento. Mas sua pretensão<br />
de representar as forças da “resistência”<br />
árabe contra o Ocidente e Israel<br />
foi duramente atingida devido à turbulência<br />
no mundo árabe. Enquanto<br />
isso, uma “lua crescente sunita” antagonista,<br />
com reivindicação rival ao<br />
mesmo manto está em processo de<br />
nascimento.<br />
gumentou que “o mundo ocidental tem<br />
dado origem às sociedades mais livres,<br />
mais estáveis e prósperas da e criticou<br />
o fato de que em alguns países da América<br />
Latina desenvolveram uma campanha<br />
para o reconhecimento de um Estado<br />
palestino de forma unilateral e sem<br />
negociação. “Qualquer reconhecimento<br />
unilateral de um Estado palestino, significa<br />
uma ação contrária à paz que consideramos<br />
necessária”, disse. Ainda assim,<br />
considerou que Israel é “a última<br />
ilha remanescente da estabilidade entre<br />
o Marrocos e o Paquistão”, e afirmou<br />
que o grupo Hamas é uma organização<br />
terrorista que, como o movimento da Irmandade<br />
Muçulmana, “visa a destruição<br />
do Estado de Israel.” De todos os problemas<br />
políticos que o mundo tem ”a<br />
coisa mais importante é onde evoluir o<br />
mundo muçulmano”, concluiu.
* Breno Lerner é editor e<br />
gourmand, especializado<br />
em culinária judaica.<br />
Escreve para revistas,<br />
sites e jornais. Dá<br />
regularmente cursos e<br />
workshops. Tem três<br />
livros publicados, dois<br />
deles sobre culinária<br />
judaica.<br />
* Breno Lerner<br />
Uma das mais antigas colônias judaicas<br />
que ainda sobrevivem no mundo, a<br />
dos judeus georgianos, conhecidos como<br />
gurjim pelos locais, autodenominavamse<br />
Yehudim Gruzinim.<br />
Documentos históricos atestam sua<br />
chegada como trânsfugas da invasão de<br />
Nabucodonosor a Jerusalém:<br />
O rei Nabudonosor capturou Jerusalém.<br />
Os judeus fugiram de lá e chegaram<br />
em Kartli onde solicitaram ao Mamasakhlisi<br />
(chefe local) o território de<br />
Mtskheta contra o pagamento de tributos<br />
e vassalagem. Ele os colocou em Aragvi,<br />
numa colina chamada Zanavi, que<br />
depois foi renomeada como Zanavi, a Terra<br />
dos Judeus.<br />
Leonti Mroveli, historiador georgiano,<br />
Crônicas Georgianas, séc. XI.<br />
A região chegou a ter 120.000 judeus<br />
que, em 1970 estavam reduzidos a<br />
80.000, em 2004 a 13.000 e, em 2008 a<br />
3541. A grande maioria imigrou para Israel,<br />
com pequenas populações indo para<br />
Nova York, Antuérpia e Dusseldorf.<br />
AI vão algumas curiosas receitas<br />
como Kaurma e Chikhitima, a Kotmis Satsivi,<br />
galinha de pobre, que era feita com<br />
a galinha criada no terreiro e ervas da<br />
horta, sem necessidade de comprar nada<br />
e Azelila, uma versão local da milenar<br />
salada de ovos que acompanha os judeus<br />
desde o cativeiro do Egito.<br />
Kaurma<br />
Kaurma<br />
(Cozido (Cozido de de<br />
de<br />
Cordeiro)<br />
Cordeiro)<br />
1 kg de carne de cordeiro cortada<br />
em fatias finas;<br />
4 cebolas cortadas em fatias finas;<br />
2 xícaras de caldo de carne;<br />
3 tomates picados;<br />
2 colheres de sopa de vinagre;<br />
½ kg de batatas cortadas em<br />
cubos;<br />
2 dentes de alho picados;<br />
2 colheres de sopa de farinha de<br />
trigo;<br />
Sal e pimenta do reino a gosto;<br />
Cebolinha e salsinha picadas para<br />
decorar.<br />
Doure a carne em um pouco de azeite.<br />
Acrescente o caldo, as cebolas e as batatas.<br />
Quando as batatas estiverem quase<br />
no ponto, coloque o tomate, vinagre<br />
e alho. Cozinhe por mais 5 minutos. Dissolva<br />
a farinha em pouco do caldo do<br />
cozido e coloque na panela. Tempere<br />
com sal e pimenta do reino. Salpique<br />
com a salsinha e cebolinha e sirva<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
Georgia<br />
Chikhitma<br />
Chikhitma<br />
(Caldo (Caldo Restaurador)<br />
Restaurador)<br />
½ kg de galinha em pedaços;<br />
2 cebolas cortadas em rodelas;<br />
1 colher de sopa de farinha de trigo;<br />
1 colher de sopa de manteiga;<br />
2 gemas de ovo;<br />
1 colheres de sopa de cúrcuma;<br />
2 colheres de sopa de suco de limão;<br />
Sal e pimenta do reino a gosto;<br />
Folhas de coentro e 1 rodela de<br />
limão para enfeitar.<br />
Numa panela cubra a galinha com água<br />
(aproximadamente um litro) e cozinhe por<br />
30 minutos, escumando. Reserve a galinha<br />
e coe o caldo numa peneira forrada<br />
com pano. Reserve. Em outra panela, doure<br />
a cebola na manteiga, salpique com a<br />
farinha e deixe dourar. Vá colocando o<br />
caldo coado e mexendo bem. Acresça os<br />
pedaços de galinha, cúrcuma, sal e pimenta<br />
do reino. Quando levantar fervura,<br />
abaixe o fogo e coloque o suco de limão.<br />
Bata as gemas com um pouquinho do caldo<br />
e coloque na panela Não deixe ferver<br />
ou as gemas coagularão. Coloque em tigelinhas<br />
e decore com uma fatia de limão<br />
e folhas de coentro.<br />
1,5 kg de carne para cozido (peito ou<br />
capa de costela) cortada em cubos;<br />
8 cebolas pequenas, inteiras e<br />
descascadas;<br />
10 dentes de alho apenas descascados;<br />
1 xícara de caldo de carne;<br />
1 colher de chá de curcuma;<br />
1 colher de café de curry;<br />
1 colher de café de pimenta do reino<br />
branca;<br />
1 colher de café de pimenta síria ou<br />
allspice;<br />
8 batatas cortadas em rodelas;<br />
Sal a gosto.<br />
Azelila Azelila<br />
Azelila<br />
(Salada (Salada de de Ovos)<br />
Ovos)<br />
4 ovos cozidos e passados no ralador grosso;<br />
3 colheres de sopa de manteiga amolecida;<br />
2 colheres de sopa de coentro picado;<br />
2 colheres de sopa de cebolinha (apenas a<br />
parte branca) picada;<br />
½ xícara de nozes picadas;<br />
2 colheres de sopa de dill picado;<br />
Sal e pimenta do reino a gosto.<br />
5<br />
TEMPERO:<br />
2 colher de sopa de páprica;<br />
1 colher de sopa de sálvia picada;<br />
1 colher de sopa de sementes de<br />
mostarda;<br />
1 colher de sopa de pimenta do reino;<br />
1 colher de sopa de tomilho picado;<br />
4 dentes de alho picados;<br />
1 cebola ralada;<br />
2 colheres de sopa de sal;<br />
4 colheres de sopa de gengibre<br />
finamente fatiado;<br />
1 colheres de sopa de raspas de casca<br />
de limão;<br />
2 colheres de sopa de gordura de<br />
galinha (schmaltz).<br />
ASSADO:<br />
1 galinha grande;<br />
2 cebolas em fatias finas;<br />
2 cenouras cortadas em julienne (em<br />
tirinhas);<br />
1 talo de salsão em fatias finas;<br />
2 pimentões vermelhos ou amarelos<br />
em faias finas;<br />
Suco de ½ limão;<br />
½ xícara de vodca;<br />
Pile (passar no pilão) todos os ingredientes<br />
do tempero menos o gengibre e a gordura<br />
de galinha. Reserve. Numa panelinha aqueça<br />
a gordura de galinha e coloque duas colheres<br />
de sopa do tempero mais o gengibre.<br />
Refogue por dois minutos, retire o gengibre<br />
e reserve.<br />
Delicadamente separe a pele do corpo da<br />
galinha e espalhe a mistura reservada sob a<br />
pele, principalmente na área do peito. Misture<br />
a cebola, cenoura, salsão, pimentões,<br />
suco de limão e o restante do tempero que<br />
ficou reservado. Recheie a galinha com a<br />
mistura. Pré-aqueça o forno a 125º e asse,<br />
sem cobrir, por 1 hora. Na hora de servir, flambe<br />
com a vodca.<br />
Misture bem todos ingredientes e refrigere. Esta salada normalmente é servida<br />
enrolada num pão pita tipo folha.
6<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771
discurso do primeiroministro<br />
israelense<br />
‘Bibi’ Netanyahu,<br />
aplaudido de pé e ovacionado<br />
no Congresso<br />
norte-americano foi uma<br />
das peças oratórias mais brilhantes<br />
nos últimos tempos. Netanyahu<br />
não se esqueceu de nada ao se<br />
dirigir a ambas as Câmaras e deixou absolutamente<br />
claro, o presente, o passado<br />
e o futuro do povo judeu e de seu<br />
único Estado: Israel.<br />
Ele enfatizou a profunda amizade<br />
entre israelenses e americanos, com<br />
base numa comunhão de valores: liberdade,<br />
democracia, paz e luta contra os<br />
inimigos destes valores e o terrorismo.<br />
Deixou claro que não necessariamente<br />
sabemos para onde conduzem<br />
as revoltas no mundo árabe e, portanto,<br />
não é certo que irá trazer um futuro<br />
com mais democracia e liberdade. Alguém<br />
tinha que dizer ao mundo que os<br />
únicos árabes que gozam dos verdadeiros<br />
direitos democráticos são aqueles<br />
que vivem em Israel.<br />
Referiu-se à ameaça iraniana e ao<br />
perigo de seu decidido apoio ao terrorismo.<br />
Depois do Holocausto, o povo<br />
judeu leva a sério ameaças de aniquilação<br />
e não vai renunciar ao direito de<br />
autodefesa.<br />
Netanyahu mostrou-se disposto a<br />
fazer concessões para alcançar a paz,<br />
mas permitiu-se recordar à sua audiência<br />
que a razão pela qual ainda não foi<br />
alcançada é que os palestinos não aceitaram<br />
viver com um Estado judeu ao seu<br />
lado e rejeitaram todas as ofertas para<br />
chegar a um acordo. Enquanto isso, o<br />
mundo age como se isso não tivesse<br />
acontecido e como se fosse a verdadeira<br />
razão para o atual impasse.<br />
Netanyahu teve de responder taxativamente<br />
às declarações anteriores de<br />
Obama que se referiam às fronteiras de<br />
1967, dirigindo um duro golpe à posição<br />
de Israel diante do conflito. Obama<br />
não disse que essas fronteiras seriam<br />
definitivas, mas sofreriam alterações.<br />
Mas o que ficou gravado na opinião pública,<br />
foi a referência explícita a estas<br />
“fronteiras”. Devemos lembrar que a<br />
OLP foi fundada em 1964, quando esses<br />
territórios ainda estavam sob as administrações<br />
jordaniana e egípcia. Os<br />
palestinos nunca mencionaram que<br />
queriam um Estado independente lá.<br />
Muito pelo contrário. Planejavam e<br />
executavam ataques contra Israel, porque<br />
seu objetivo era o mesmo que agora:<br />
destruí-lo.<br />
Basta ler a Constituição do Hamas,<br />
novo parceiro de Abbas. É definida como<br />
meta a aniquilação de Israel. Com esse<br />
“parceiro”, o mundo não só nos incentiva<br />
a negociar, mas exige que nós devamos<br />
ceder às suas pretensões (atuais).<br />
É evidente que não iria negociar<br />
com um grupo, como foi observado por<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
Bibi foi brilhante no Congresso dos EUA<br />
Gerardo Stuczynski *<br />
Netanyahu foi aplaudido em pé, por 25 vezes, no Congresso<br />
norte-americano<br />
Netanyahu, que “condenou a morte de<br />
Osama Bin Laden e elogiou-o como um<br />
guerreiro santo”. Assim, o primeiroministro<br />
israelense disse: “Israel é um<br />
dos menores países do mundo” e com<br />
as linhas de 1967 teria apenas 15 km<br />
de largura.<br />
Somos um povo que ama e precisa<br />
da paz. Mas não queremos que isso nos<br />
conduza a uma situação que, em nome<br />
da paz, seja o prelúdio para a nossa destruição.<br />
As experiências de retiradas dos<br />
ex-territórios têm sido desastrosas.<br />
Foram interpretadas como o resultado<br />
da fraqueza e não por causa do desejo<br />
de paz e os territórios abandonados foram<br />
utilizados para agressão e lançamento<br />
de foguetes contra civis. Netanyahu<br />
enunciou, então, mais uma vez,<br />
as condições para um acordo definitivo,<br />
um Estado palestino desmilitarizado<br />
com fronteiras negociadas por acordo<br />
mútuo.<br />
A opinião pública israelense viu<br />
com orgulho, admiração e identificação<br />
como seu primeiro-ministro respondeu<br />
ao presidente Obama.<br />
A popularidade de Bibi disparou.<br />
Por isso, é quase engraçado ler seus críticos,<br />
que obviamente pertencem a<br />
minorias iluminadas que podem ver o<br />
que os outros não veem.<br />
Shlomo Ben-Ami, ex-ministro das<br />
Relações Exteriores e assessor de Ehud<br />
Barak em Camp David, apesar de seu<br />
desempenho catastrófico, também se<br />
encorajou a opinar sobre a “furiosa recusa”<br />
de Netanyahu à proposta de Obama,<br />
que para ele “reflete não só a pouca<br />
habilidade de estadista do primeiroministro<br />
israelense, mas também o seu<br />
antiquado conceito militar”. “Netanyahu,<br />
na realidade, não confia nos<br />
gentios”... “filho de um renomado historiador<br />
que foi o secretário pessoal de<br />
Ze’ev Jabotinsky, o fundador da direita<br />
sionista, absorveu desde sua infância<br />
da interpretação feita por seu pai da história<br />
judaica como uma série de tragédias.<br />
A lição era simples: você não pode<br />
confiar neles, porque a de Israel é uma<br />
história de traição e de extermínio nas<br />
mãos deles”.<br />
Pena que Ben Ami não esclareça<br />
qual é a outra interpretação possível da<br />
história judaica. E continua: “como pregou<br />
Jabotinsky, a nova nação de Israel<br />
deve construir<br />
um muro de aço<br />
de poder judaico<br />
para dissuadir<br />
seus inimigos<br />
para sempre”.<br />
Não só<br />
essa ideia foi<br />
uma verdadeira<br />
profecia sobre o<br />
que Israel foi<br />
forçado a fazer<br />
para sobreviver,<br />
mas Ben Ami<br />
não leu bem o<br />
eterno Jabotinsky,<br />
já que não era para sempre necessário<br />
erguer esse “muro” (indicando<br />
que não se trata de um muro físico),<br />
mas até que os árabes aceitassem o fato<br />
de que através das armas não conseguiriam<br />
nos eliminar.<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
Fogo amigo<br />
A. B. Yehoshua<br />
Ed. Companhia das Letras<br />
Yoel Marcus, do Haaretz, disse:<br />
“Netanyahu poderia ter lido a lista telefônica<br />
na tribuna do Congresso e receberia<br />
a mesma ovação de pé”. Não<br />
parece sério argumentar que qualquer<br />
pessoa que lesse qualquer coisa<br />
fosse ovacionada e aplaudida, muito<br />
menos ainda pelos representantes do<br />
povo americano.<br />
Alberto Mazor sustenta: “Nosso Primeiro-Ministro<br />
é um ser tão racional<br />
que não lhe cairia mal, às vezes, adotar<br />
as ilusões dos iludidos”. Sustento que<br />
não somos um povo que vive numa<br />
época em que precisemos de um líder<br />
que seja sonhador.<br />
Mas a democracia é maravilhosa e<br />
até permite aos seus adversários tentarem<br />
alinhavar ideias para se opor aos<br />
sentimentos da maioria do povo, e do<br />
grande líder que é Bibi Netanyahu.<br />
LIVRO<br />
7<br />
* Gerardo<br />
Stuczynski é<br />
advogado, foi<br />
presidente da<br />
Organização<br />
Sionista no<br />
Uruguai e é<br />
atualmente<br />
presidente da<br />
Confederação<br />
Sionista Latino-<br />
Americana (Cosla)<br />
e também membro<br />
da Organização<br />
Sionista Mundial.<br />
Texto distribuído<br />
pelo site Por Israel<br />
(www.porisrael.org),<br />
parceiro do jornal<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
Neste novo livro do autor, a narrativa é pontuada pelo acendimento gradual<br />
das velas do candelabro festivo de Chanucá, e acompanha sete dias<br />
decisivos na vida de um casal israelense de meia-idade. Yaari, o protagonista,<br />
está às voltas com os cuidados exigidos pela doença do pai e as<br />
visitas devidas aos filhos e netos, enquanto os uivos lancinantes emitidos<br />
pelo poço de elevadores de um edifício ultramoderno recém-construído<br />
em Tel Aviv desafiam sua reputação de bem-sucedido engenheiro projetista.<br />
Sua esposa Daniela, professora do ensino secundário, aproveita o<br />
feriado escolar para viajar até um lugarejo perdido nas savanas da Tanzânia,<br />
procurando no silêncio de Yirmiyahu, ex-cunhado decidido a cortar<br />
todos os vínculos com Israel, os traços fugidios da presença da irmã morta.<br />
Ecoando os guinchos do elevador semiclandestino instalado por seu pai num velho apartamento<br />
em Jerusalém, assim como os lamentos das numerosas famílias israelenses dilaceradas pela violência<br />
da guerra, os misteriosos ruídos que perturbam a frágil tranquilidade do feriado de Yaari<br />
sinalizam a magistral alegorização dos cenários do livro. Nas desoladas paisagens africanas, a<br />
ancestralidade arqueológica da espécie humana convive com as sombras do passado da pequena<br />
família israelense, perturbada pela morte de um de seus membros pelo “fogo amigo” das forças<br />
de ocupação na fronteira da Cisjordânia. Os acontecimentos soterrados na memória de Yaari e<br />
Daniela afloram de maneira inusitada, formando uma totalidade apenas resolvida, como numa<br />
delicada composição em contraponto, com o esperado reencontro das vozes amorosas do casal.
8<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
into-me profundamente<br />
honrado pelas cálidas<br />
boas-vindas. E sinto-me<br />
profundamente honrado<br />
por terem me dado a oportunidade<br />
de falar ao Congresso<br />
pela segunda vez.<br />
Senhor Vice-presidente: Lembra<br />
quando éramos os novos meninos da<br />
cidade?<br />
E vejo um monte de velhos amigos<br />
aqui. E vejo um monte de novos amigos<br />
de Israel aqui. Tanto Democratas<br />
como Republicanos.<br />
Israel não tem melhor amigo que<br />
os Estados Unidos. E os EUA não têm<br />
melhor amigo que Israel. Estamos juntos<br />
para defender a democracia. Estamos<br />
juntos para promover a paz. Estamos<br />
juntos para lutar contra o terrorismo.<br />
Felicitações Estados Unidos, Felicitações,<br />
senhor Presidente. Apanhou<br />
Bin Laden. Um bom até nunca!<br />
Falando em sessão conjunta no Capitólio, o primeiro-ministro de<br />
Israel deu uma resposta ao presidente Obama<br />
Num Oriente Médio instável, Israel<br />
é uma âncora de estabilidade. Numa região<br />
de alianças que mudam, Israel é o<br />
incondicional aliado dos Estados Unidos.<br />
Israel sempre foi pro-estadounidense.<br />
Israel siempre será pro-estadounidense.<br />
Meus amigos, vocês não precisam<br />
construir uma nação como Israel. Já estamos<br />
construidos. Vocês não precisam<br />
exportar democracia a Israel. Já a temos.<br />
Vocês não precisam enviar tropas<br />
americanas para defender Israel. Nós<br />
nos defendemos. Vocês têm sido muito<br />
generosos ao dar-nos ferramentas<br />
para efetuar a tarefa de defender Israel<br />
nós mesmos. Graças a todos vocês, e<br />
graças a você, presidente Obama, por<br />
seu firme compromisso com a segurança<br />
de Israel. Sei que os tempos econômicos<br />
são difíceis.<br />
O apoio à segurança de Israel é um<br />
sabio investimento em nosso futuro<br />
comum. Para uma batalha épica que<br />
está se desenvolvendo agora no Oriente<br />
Médio, entre tirania e liberdade.<br />
Uma grande convulsão sacode a terra<br />
desde o Passo Khyber até o Estreito de<br />
Gibraltar. Os tremores destruíram estados<br />
e derrubaram governos. E todos<br />
podem ver que o solo segue mudando.<br />
Agora, este momento histórico contém<br />
Discurso de Netanyahu na sessão<br />
conjunta do Congresso dos EUA<br />
a promessa de um novo amanhecer de<br />
liberdade e oportunidade. Milhões de<br />
jovens estão decididos a mudar seu futuro.<br />
Todos os observamos. Reúnem<br />
coragem, arriscam suas vidas, exigem<br />
dignidade, desejam liberdade.<br />
Estas extraordinárias cenas em Túnis<br />
e no Cairo, evocam as de Berlim e<br />
Praga em 1989. No entanto, ao compartilhar<br />
suas esperanças, também devemos<br />
recordar que essas esperanças poderiam<br />
ser sofocadas como o foram em<br />
Teerã em 1979. Lembrem o que ocorreu<br />
então. A breve primavera democrática<br />
no Irã se viu ceifada por uma tirania<br />
feroz e implacável. Esta mesma tirania<br />
sufocou a democrática Revolução<br />
dos Cedros no Líbano, e inflingiu a esse<br />
país, que tanto sofreu, o governo medieval<br />
do Hezbolá.<br />
Assim, hoje, o Oriente Médio<br />
Oriente encontra-se numa encruzilhada<br />
azíaga. Como todos vocês, rezo.<br />
Que os povos da região escolham a<br />
senda menos transitada, a da liberdade.<br />
Ninguém sabe em que consiste esta<br />
senda melhor que vocês. Este caminho<br />
não é pavimentado só por eleições. É<br />
pavimentado quando governos permitem<br />
protestos nas praças, quando se<br />
estabelecem limites aos poderes dos<br />
governantes, quando os juízes estão<br />
comprometidos com as leis e não com<br />
os hombres, e quando os direitos humanos<br />
não podem ser pisoteados por<br />
lealdades tribais ou a lei da máfia.<br />
Israel sempre adotou este caminho<br />
e o Oriente Médio sempre o rechaçou.<br />
Numa região onde as mulheres são apedrejadas,<br />
os homossexuais são enforcados,<br />
os cristãos são perseguidos, Israel<br />
se destaca. É diferente.<br />
Como o grande escritor inglês<br />
George Eliot predisse, há mais de um<br />
século, o Estado judeu, uma vez estabelecido,<br />
“reluzirá como uma estrela<br />
brilhante de liberdade em meio ao<br />
despotismo do Oriente”. Bem, tinha<br />
razão. Temos uma imprensa livre, tribunais<br />
independentes, uma economia<br />
aberta, acirrados debates parlamentares.<br />
Acreditam ter tipos difíceis<br />
no Congresso? Venham passar um<br />
dia na Knesset. Adiante.<br />
Manifestantes árabes estão agora<br />
lutando para assegurar estes mesmos<br />
direitos para seus povos, para suas sociedades.<br />
Estamos orgulhosos de que<br />
mais de um milhão de cidadãos árabes<br />
de Israel possam desfrutar destes direitos<br />
durante décadas. Dos 300 milhões<br />
de árabes no Oriente Médio e<br />
África do Norte, só os cidadãos árabes<br />
de Israel desfrutam de verdadeiros direitos<br />
democráticos. Quero que se detenham<br />
um momento e pensem nisso.<br />
Dos 300 milhões de árabes, menos da<br />
metade de um por cento são verdadeiramente<br />
livres, e todos eles são cidadãos<br />
de Israel!<br />
Este fato surpreendente revela uma<br />
verdade básica: não é Israel que está<br />
mal no Oriente Médio. Israel é o que<br />
está bem no Oriente Médio. Israel apoia<br />
plenamente o desejo dos povos árabes<br />
em nossa região, de viver em liberdade.<br />
Ansiamos pelo dia em que Israel<br />
seja uma das muitas democracias reais<br />
no Oriente Médio.<br />
Há 15 anos, estive nesta mesma tribuna,<br />
e disse que a democracia deve<br />
começar a lançar raiz no mundo árabe.<br />
Bem, começou. Este começo encerra a<br />
promessa de um brilhante futuro de paz<br />
e prosperidade. Porque creio que um<br />
Oriente Médio que seja genuinamente<br />
democrático será um Oriente Médio<br />
verdadeiramente em paz. Mas enquanto<br />
esperamos, e trabalhamos para, ou<br />
melhor, também devemos reconhecer<br />
que poderosas forças se opõem a este<br />
futuro. Opõem-se à modernidade, à<br />
democracia e à paz.<br />
A primeira destas forças é o Irã. A<br />
tirania em Teerã embrutece o seu próprio<br />
povo. Apoia os ataques contra as<br />
tropas americanas no Afeganistão e no<br />
Iraque. Submete o Líbano e Gaza. Patrocina<br />
o terrorismo em todo o mundo.<br />
A última vez que estive aqui, falei<br />
das funestas consequências do Irã desenvolver<br />
armas nucleares. Agora o<br />
tempo se acaba, e a história logo poderá<br />
repetir-se. Porque o maior perigo<br />
que a humanidade enfrenta poderá<br />
logo estar sobre nós: um regime<br />
isâmico militante armado com armas<br />
nucleares.<br />
O islã militante ameaça o mundo.<br />
Ameaça o islã. Não tenho nenhuma<br />
dúvida que finalmente será derrotado.<br />
Finalmente sucumbirá às forças da liberdade<br />
e do progresso. Mas, como<br />
outros fanatismos que foram condenados<br />
ao fracasso, o islã militante poderá<br />
exigir um preço terrível de todos nós,<br />
antes de seu inevitável final.<br />
Um Irã com armas nucleares acenderia<br />
um rastilho de armas nucleares<br />
no Oriente Médio. Daria aos terroristas<br />
um guarda-chuva nuclear. O pesadelo<br />
do terrorismo nuclear seria um claro e<br />
perigo presente em todo o mundo.<br />
Quero que entendam o que isto significa.<br />
Eles poderiam por a bomba em<br />
qualquer lugar. Poderiam colocá-la num<br />
míssil. Poderiam colocá-la em um navio<br />
de containers em um porto, ou em<br />
uma maleta em um metrô.<br />
Ainda agora, a ameaça ao meu país<br />
não pode ser exagerada. Aqueles que<br />
a desdenham, escondem suas cabeças<br />
na areia. Menos de sete décadas depois<br />
que seis milhões de judeus foram assassinados,<br />
os líderes do Irã negam o<br />
Holocausto do povo judeu, enquanto<br />
pregam a aniquilação do Estado judeu.<br />
Os líderes que cospem tal veneno,<br />
deveriam ser proscritos em todos os<br />
foros respeitáveis do planeta. Mas há<br />
algo que faz com que a indignação seja<br />
ainda maior A falta de indignação. Em<br />
grande parte da comunidade internacional,<br />
os chamados para nossa destrui-<br />
ção encontram um silêncio absoluto. E<br />
ainda pior, porque há muitos que se<br />
apressam a condenar Israel para defenderem-se<br />
dos representantes do terrorismo<br />
do Irã.<br />
Mas não vocês nos Estados Unidos.<br />
Vocês atuaram de modo diferente. Vocês<br />
condenaram o regime iraniano por<br />
seus objetivos genocidas. Vocês aprovaram<br />
duras sanções contra o Irã. A história<br />
os saudará, Estados Unidos. O presidente<br />
Obama disse que os Estados<br />
Unidos estão decididos a impedir que o<br />
Irã desenvolva armas nucleares. Conseguiu<br />
fazer o Conselho de Segurança<br />
adotar sanções contra o Irã. Vocês no<br />
Congreso aprovaram sanções ainda<br />
mais duras. Estas palavras e estes fatos<br />
são vitalmente importantes.<br />
O regime dos aiatolás suspendeu,<br />
brevemente, seu programa nuclear só<br />
uma vez, em 2003, quando temia a possibilidade<br />
de uma ação militar. Nesse<br />
mesmo ano, Muammar Kadafi renunciou<br />
ao seu programa de armas nucleares<br />
pela mesma razão. Quanto mais o<br />
Irã considere que todas as opções estão<br />
sobre a mesa, menor é a possibilidade<br />
de confrontação. Por isso lhes<br />
peço que continuem enviando uma<br />
mensagem inequívoca: “Que os Estados<br />
Unidos nunca permitirão ao Irã desenvolver<br />
armas nucleares”.<br />
Quanto a Israel, se a história ensinou<br />
algo ao povo judeu, é que temos<br />
que levar a sério os pedidos de nossa<br />
destruição. Somos uma nação que surgiu<br />
das cinzas do Holocausto. Quando<br />
dizemos nunca mais, queremos dizer<br />
Nunca Mais. Israel sempre se reserva o<br />
direito de se defender.<br />
Meus amigos, ao mesmo tempo<br />
que Israel estará sempre vigilante para<br />
se defender, nunca renunciaremos à<br />
nossa busca pela paz. Creio que o faremos<br />
quando a conseguirmos. Israel<br />
quer a paz. Israel precisa da paz. Conseguimos<br />
históricos acordos de paz<br />
com o Egito e Jordânia, que tem se<br />
mantido durante décadas.<br />
Recordo o que era antes que tivéssemos<br />
a paz. Estive próximo da morte<br />
num tiroteio no canal de Suez. Quero<br />
dizer, literalmente. Lutei contra terroristas<br />
ao longo de ambas as margens do<br />
rio Jordão. Muitos israelenses perderam<br />
entes queridos. Conheço sua pena.<br />
Perdi meu irmão.<br />
Ninguém em Israel quer o retorno<br />
àqueles días terríveis. A paz com o Egito<br />
e a Jordânia serviu, durante muito<br />
tempo, como uma âncora de estabilidade<br />
e paz no coração do Oriente Médio.<br />
Esta paz deveria ser reforçada com<br />
o apoio econômico e político a todos<br />
aqueles que continuem comprometidos<br />
com a paz. Os acordos de paz com o<br />
Egito e a Jordânia são vitais. Mas não<br />
são suficientes. Também devemos encontrar<br />
uma maneira de forjar uma paz<br />
duradoura com os palestinos. Há dois<br />
anos, comprometi-me publicamente
com uma solução de dois estados para<br />
dois povos: Um Estado palestino junto<br />
ao Estado judeu.<br />
Estou disposto a fazer concessões<br />
dolorosas para alcançar esta paz histórica.<br />
Como líder de Israel, é minha responsabilidade<br />
guiar o meu povo até a<br />
paz. Isto não é fácil para mim. Reconheço<br />
que, por uma paz genuína, estaremos<br />
obrigados a renunciar a partes da<br />
pátria judaica. Na Judeia e Samaria, o<br />
povo judeu não é um ocupante estrangeiro.<br />
Nós não somos os britânicos na<br />
Índia. Não somos os belgas no Congo.<br />
Esta é a terra de nossos antepassados,<br />
a Terra de Israel, a que Abrahão trouxe<br />
a ideia de um D-us, onde David enfrentou<br />
Golias, e onde Isaías teve uma visão<br />
de paz eterna. Nenhuma distorsão<br />
da história pode negar os quatro mil<br />
anos de vínculo entre o povo judeu e a<br />
terra judaica.<br />
Mas há outra verdade: Os palestinos<br />
compartilham esta pequena terra<br />
conosco. Buscamos uma paz na qual<br />
não estejam sujeitos a Israel, nem sejam<br />
seus cidadãos. Deveriam desfrutar<br />
de uma vida nacional de dignidade<br />
como povo livre, viável e independente,<br />
em seu próprio estado. Deveriam<br />
desfrutar de uma economia próspera,<br />
onde sua creatividade e iniciativa possam<br />
florecer.<br />
Já vimos o início do que é possível.<br />
Nos últimos dois anos, os palestinos<br />
começaram a construir uma vida melhor<br />
para si próprios. O primeiro-ministro<br />
Fayyad conduziu este esforço. Desejolhe<br />
uma pronta recuperação de sua recente<br />
cirurgia.<br />
Temos ajudado a economia palestina<br />
eliminando centenas de barreiras<br />
e controles para a livre circulação de<br />
bens e pessoas. Os resultados têm sido<br />
pouco menos que notáveis. A economia<br />
palestina está no auge. Cresce a um<br />
ritmo de mais de 10% ao ano.<br />
As cidades palestinas são muito diferentes<br />
hoje do que eram só há uns<br />
poucos anos. Têm centros comerciais,<br />
cinemas, restaurantes, bancos. Inclusive<br />
têm negócios eletrônicos. Tudo isto<br />
ocorre sem paz. Imaginem o que poderia<br />
acontecer com paz. A paz anunciaria<br />
um novo dia para ambos os povos. Seria<br />
uma possibilidade realista do sonho de<br />
uma mais ampla paz árabe-israelense.<br />
E eis aqui a questão. Vocês têm que<br />
formulá-la. Se os benefícios da paz com<br />
os palestinos são tão claros, por que a<br />
paz nos tem evitado? Por que todos os<br />
seis primeiros-ministros israelenses,<br />
desde a assinatura dos acordos de Oslo,<br />
concordaram em estabelecer um Estado<br />
palestino, inclusive eu mesmo? Então,<br />
por que não se obteve a paz? Porque<br />
até o momento os palestinos não<br />
estiveram dispostos a aceitar um Estado<br />
palestino, se isso significava aceitar<br />
um Estado judeu junto a ele.<br />
Vejam vocês, nosso conflito nunca<br />
foi sobre a criação de um Estado palestino.<br />
Sempre foi sobre a existência do<br />
Estado judeu. Isto é do que se trata este<br />
conflito. Em 1947, as Nações Unidas votaram<br />
a partilha da terra em um Estado<br />
judeu e um Estado árabe. Os judeus disseram<br />
sim. Os palestinos disseram que<br />
não. Nos últimos anos, os palestinos<br />
recusaram, duas vezes, generosas ofertas<br />
dos primeiros-ministros israelenses,<br />
para estabelecer um Estado palestino<br />
em quase todo o territorio ganho<br />
por Israel na Guerra dos Seis Dias.<br />
Simplemente não estavam dispostos<br />
a por fim ao conflito. E lamento dizer<br />
isto: Continuam educando seus filhos<br />
no ódio. Continuam dando nomes<br />
de terroristas a praças públicas. E o pior<br />
de tudo é que seguem perpetuando a<br />
fantasia que Israel, algum dia, será inundado<br />
pelos descendentes dos refugiados<br />
palestinos.<br />
Meus amigos, isto deve terminar. O<br />
presidente Abbas deve fazer o que eu<br />
fiz. Fiquei diante de meu povo, disselhes<br />
que não foi fácil para mim, e disse...<br />
“Vou aceitar um Estado palestino”.<br />
É hora do presidente Abbas, ficar diante<br />
de seu povo e dizer... “Vou aceitar<br />
um Estado judeu”.<br />
Essas seis palavras mudarão a história.<br />
Elas deixarão claro aos palestinos<br />
que este conflto deve terminar. Que<br />
não estão construindo um Estado para<br />
continuar o conflito com Israel, mas<br />
para acabar com ele. Convencerão o<br />
povo de Israel de que têm um verdadeiro<br />
parceiro para a paz. Com esse parceiro,<br />
o povo de Israel estará disposto<br />
a fazer um compromisso de longo alcance.<br />
Eu estarei disposto a fazer um<br />
compromisso de longo alcance. Este<br />
compromisso deve refletir as dramáticas<br />
mudanças demográficas que ocorreram<br />
desde 1967. A grande maioria dos<br />
650.000 israelenses que vivem mais<br />
além das linhas de 1967, residem em<br />
bairros e subúrbios de Jerusalém e da<br />
Grande Tel Aviv.<br />
Estas áreas estão densamente povoadas,<br />
mas geograficamente são muito<br />
pequenas. Em virtude de qualquer<br />
acordo de paz realista, estas áreas, assim<br />
como outros lugares de fundamental<br />
importância estratégica e nacional,<br />
serão incorporadas dentro das fronteiras<br />
definitivas de Israel.<br />
O status dos assentamentos só será<br />
decidido em negociações. Mas também<br />
devemos ser honestos. De modo que<br />
hoje estou dizendo algo que deveria dizer<br />
publicamente qualquer pessoa séria<br />
sobre a paz. Em qualquer acordo de paz<br />
que ponha fim ao confllto, alguns assentamentos<br />
acabarão ficando além das fronteiras<br />
de Israel. A delimitação precisa<br />
dessas fronteiras deve ser negociada.<br />
Seremos muito generosos sobre o tamanho<br />
de um futuro Estado palestino. Mas,<br />
como disse o presidente Obama, a fronteira<br />
será diferente da que existia em 4<br />
de junho de 1967. Israel não voltará às<br />
indefensáveis linhas de 1967.<br />
Reconhecemos que um Estado palestino<br />
deve ser o suficientemente<br />
grande para ser viável, independente<br />
e próspero. O presidente Obama referiu-se<br />
acertadamente a Israel como a<br />
pátria do povo judeu, como referiu-se<br />
ao futuro Estado palestino como a patria<br />
do povo palestino. Os judeus de<br />
todo o mundo têm direito de imigrar<br />
ao Estado judeu. Os palestinos de todo<br />
o mundo deveriam ter o direito de imigrar,<br />
se assim o desejem, a um Estado<br />
palestino. Isto significa que o problema<br />
dos refugiados palestinos se resolverá<br />
fora das fronteiras de Israel.<br />
Quanto a Jerusalém, só um Estado<br />
democrático de Israel tem protegido a<br />
liberdade de culto para todas as religiões<br />
na cidade. Jerusalém nunca mais<br />
deve ser dividida. Jerusalém deve continuar<br />
sendo a capital unida de Israel.<br />
Sei que este é um tema difícil para os<br />
palestinos. Mas creio que, com criatividade<br />
e boa vontade, se possa encontrar<br />
uma solução.<br />
Esta é a paz que planejo forjar com<br />
um parceiro palestino comprometido<br />
com a paz. Mas vocês sabem muito bem<br />
que, no Oriente Médio a única paz que<br />
pode ser mantida é uma paz que pode<br />
se defender.<br />
Assim a paz deve basear-se na segurança.<br />
Nos últimos anos, Israel retirou-se<br />
do sul do Líbano e de Gaza. Mas<br />
não conseguimos a paz. Em lugar disso,<br />
conseguimos 12 mil foguetes disparados<br />
dessas áreas contra nossas cidades,<br />
contra nossas crianças, por parte do<br />
Hezbolá e do Hamas. A forças de paz da<br />
ONU no Líbano não puderam evitar o<br />
contrabando deste armamento. Os observadores<br />
europeus em Gaza se evaporaram<br />
de um dia para outro. Assim<br />
que se Israel, simplemente, saísse dos<br />
territórios, o fluxo de armas para o futuro<br />
Estado palestino seria incontrolável.<br />
Mísseis disparados daí, poderiam<br />
chegar a quase todos os lares de Israel<br />
em menos de um minuto. Quero que<br />
pensem também nisso. Imaginem que,<br />
justo neste momento, todos nós tivéssemos<br />
menos de 60 segundos para procurar<br />
refúgio por causa de um foguete lançado.<br />
Viveriam dessa forma? Poderia alguém<br />
viver dessa maneira? Bem, nós tampoco<br />
vamos viver dessa maneira.<br />
A verdade é que Israel precisa de<br />
arranjos de segurança únicos, em razão<br />
de seu tamanho único. Israel é um dos<br />
menores países do mundo. Sr. Vice-Presidente,<br />
concedo-lhe isto. É maior que<br />
Delaware. E inclusive maior que Rhode<br />
Island. Mas é disso que se trata. Israel<br />
com as linhas de 1967 seria, em sua largura,<br />
a metade da largura do cinturão<br />
urbano de Washington.<br />
Agora aquí há um pouco de nostalgia.<br />
Vim a Washington, pela primeira<br />
vez, há trinta anos, como um jovem diplomata.<br />
Levei um tempo, mas finalmente<br />
descobri: Existe um Estados Unidos<br />
mais além do cinturão urbano. Mas<br />
Israel, com as linhas de 1967, teria só 15<br />
quilômetros de largura. Isto é tudo<br />
quanto à profundidade estratégica.<br />
Portanto, é absolutamente vital<br />
para a segurança de Israel, que um Estado<br />
palestino esteja totalmente desmilitarizado.<br />
E é vital que Israel mantenha<br />
uma presença militar, a longo prazo,<br />
ao longo do rio Jordão. São necessários<br />
sólidos acertos de segurança sobre<br />
o terreno, não só para proteger a<br />
paz, mas para proteger Israel em caso<br />
de que a paz se desfaça. Porque em<br />
nossa instável região, ninguém pode<br />
garantir que nossos parceiros da paz de<br />
hoje estarão ali amanhã.<br />
E quando digo amanhã, não me refiro<br />
a um tempo distante no futuro.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
Binyamin "Bibi" Netanyahu foi brilhante em seu discurso no<br />
Congresso, quando foi aplaudido em pé e recebeu muitos<br />
cumprimentos ao final<br />
Quero dizer — a amanhã. A paz só ser<br />
obtida en torno da mesa de negociações.<br />
A tentativa palestina de impor um<br />
Estado através das Nações Unidas não<br />
trará a paz. Deve contar com a enérgica<br />
oposição de todos aqueles que querem<br />
ver este conflito terminado.<br />
Agradeço a clara posição do Presidente<br />
sobre este tema. A paz não pode<br />
ser imposta. Deve ser negociada. Mas<br />
só pode ser negociada com parceiros<br />
comprometidos con a paz.<br />
E o Hamas não é um parceiro para a<br />
paz. O Hamas continua comprometido<br />
com a destruição de Israel e com o terrorismo.<br />
Tem estatutos. Estatutos que<br />
não só exigem a destruição de Israel,<br />
como dizem: “matem os judeus onde<br />
quer que os encontrem”. O líder do Hamas,<br />
condenou a morte de Osama Bin<br />
Laden e o elogiou como um guerrero<br />
santo. Agora, de novo, quero deixar isto<br />
claro. Israel está disposto a sentar-se<br />
hoje e negociar a paz com a Autoridade<br />
Palestina. Creo que podemos forjar um<br />
brilhante futuro de paz para nossos filhos.<br />
Mas Israel não negociará com um<br />
governo palestino respaldado pela versão<br />
palestina da Al Qaeda.<br />
Dessa forma digo ao presidente<br />
Abbas: Rompa seu pacto com o Hamas!<br />
Sente-se e negocie! Faça a paz com o<br />
Estado judeu! E se o fizer, prometo-lhe<br />
que Israel não será o último país a dar<br />
as boas-vindas a um Estado palestino<br />
como um novo membro das Nações<br />
Unidas. Será o primeiro a fazê-lo.<br />
Meu amigos, os trascendentais juízos<br />
do século passado, e os acontecimentos<br />
em desenvolvimento neste<br />
século, atestam a decisiva função dos<br />
Estados Unidos na promoção da paz e<br />
da defesa da liberdade. A providência<br />
determinou que os Estados Unidos fossem<br />
o guardião da liberdade. Todos os<br />
povos que apreciam a liberdade têm<br />
uma profunda dívida de gratidão con<br />
vossa grande nação. Entre as nações<br />
mais agradecidas está minha nação, o<br />
povo de Israel, que lutou por sua liberdade<br />
e sobrevivência contra todas as<br />
chances, tanto nos tempos antigos<br />
como nos modernos.<br />
Falo em nome do povo judeu e do<br />
Estado judeu quando digo a vocês, representantes<br />
dos Estados Unidos, Obrigado.<br />
Obrigado por seu apoio incondicional<br />
a Israel. Obrigado por assegurar<br />
que a chama da liberdade arda brilhante<br />
em todo o mundo. Que D-us abençoe<br />
a todos vocês. E que D-us abençoe<br />
sempre os Estados Unidos da América.<br />
9
10<br />
PERGUNTE AO RABINO<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
importância de um<br />
nome judaico refere-se<br />
àquela parte de nós que<br />
verdadeiramente define<br />
a identidade judaica: a<br />
alma judaica. Um nome judaico<br />
é o seu chamado espiritual,<br />
um título que reflete seus traços<br />
particulares de caráter e os dons<br />
concedidos por D-us.<br />
O fato de que o nome da pessoa<br />
representa sua força vital é insinuado<br />
pela palavra neshamá (alma), cujas<br />
duas letras intermediárias formam<br />
a palavra shem (nome). As letras do<br />
nome de uma pessoa são como o<br />
cano através do qual a vida é levada<br />
ao corpo. Portanto, a palavra shem,<br />
nome, tem o mesmo valor numérico<br />
que tzinor, cano.<br />
Nomear um recém-nascido judeu<br />
é uma tarefa sagrada, parte do ciclo<br />
de vida da religião judaica. Um menino<br />
recebe o nome durante a cerimônia<br />
do brit milá, quando entra no pacto<br />
de Avraham Avinu; uma menina é<br />
nomeada logo após seu nascimento,<br />
na primeira oportunidade em que a<br />
Torá será lida. Seu pai então é chamado<br />
na Torá e nesta oportunidade<br />
anuncia seu nome judaico.<br />
Ao escolher um nome para a<br />
criança recém-nascida, os pais passam<br />
em revista os nomes de seus<br />
entes queridos. Isso se baseia no pre-<br />
P: O judaísmo acredita em reencarnação?<br />
Se sim, por quais motivos uma<br />
alma reencarna? E se uma alma já<br />
teve vários corpos, com qual deles irá<br />
voltar quando Mashiach chegar? O<br />
mais recente? O que me garante que<br />
uma família irá reencontrar todos<br />
seus entes queridos, pois alguns deles<br />
já podem estar pertencendo a outra<br />
família!<br />
RESPOSTA: Uma alma desce a<br />
este mundo vinda de “sob o trono da<br />
glória” — um local muito mais elevado<br />
que o anjo mais elevado — para<br />
cumprir sua missão neste mundo físico.<br />
Esta missão é constituída tanto<br />
de uma missão geral — o cumprimento<br />
de todos Mandamentos Divinos —<br />
como também de uma missão específica<br />
para esta alma. Após o tempo<br />
que lhe foi designado, a alma retorna<br />
para ser julgada. Pode precisar purificar-se<br />
no Guehinom (Purgatório),<br />
mas ao final, estará apta a colher sua<br />
recompensa temporária, que é vivenciar<br />
no Gan Éden (Paraíso), o Mundo<br />
das Almas, a Luz Divina gerada com<br />
todas suas boas ações. Porém, em<br />
Escolhendo o nome judaico<br />
ceito da Torá de que o nome do falecido<br />
não deve ser apagado de Israel.<br />
Ocasionalmente, uma criança recebe<br />
o nome de algum erudito de Torá, ou<br />
do maior tsadic da geração, cuja vida<br />
foi consagrada à Torá; ou então uma<br />
menina recebe o nome de mulheres<br />
sábias e grandiosas da Torá, cuja vida<br />
serviu como inspiração a todos.<br />
Quando a criança recebe o nome<br />
de um parente falecido – segundo o<br />
costume askenazi – cumpre também<br />
a mitsvá de honrar pai e mãe. Esta<br />
mitsvá é obrigatória não somente<br />
durante a vida deles, como também<br />
depois de sua morte. É uma grande<br />
satisfação para a alma, e proporciona<br />
prazer às almas dos parentes falecidos,<br />
quando os descendentes recebem<br />
seus nomes.<br />
A Cabalá afirma que os pais recebem<br />
inspiração Divina ao escolher um<br />
nome para seu filho. O nome é registrado<br />
como pertencendo para sempre<br />
a esta criança. É por este nome que o<br />
menino será chamado à Torá quando<br />
chegar a seu bar mitsvá, aos treze<br />
anos; quando chegar à vida adulta e<br />
ao casamento, seu nome aparecerá<br />
na ketubá; este nome é mencionado<br />
na prece E-l malei rachamim oferecida<br />
em benefício da alma após 120<br />
anos. Assim, o nome judaico acompanha<br />
o judeu por toda a vida e em<br />
todas as ocasiões.<br />
muitos casos a missão toda da alma<br />
não foi completada nesta vida. Pode<br />
ainda existir algum problema que necessite<br />
de correção, herdado ou não<br />
de uma encarnação anterior. Portanto,<br />
aquele aspecto da alma que ainda<br />
precisa ser completado deve retornar.<br />
Por este motivo as almas voltam<br />
uma e outra vez, até que sua obra<br />
esteja completa. Este conceito é conhecido<br />
na Cabalá como Guilgul. Em<br />
casos específicos (onde a pessoa cometeu<br />
transgressões gravíssimas),<br />
esta terá somente três chances de<br />
reencarnar (além da primeira vida),<br />
para assim retificar suas falhas. Se<br />
após estas três chances ela não consegue<br />
esta retificação, a alma ficará<br />
errante e isolada neste mundo até<br />
reencarnar no reino animal, vegetal,<br />
mineral ou às vezes até em criaturas<br />
espirituais negativas. Nesse estágio<br />
doloroso, a alma não consegue sua<br />
elevação sem assistência externa.<br />
Esta ajuda poderá ser tanto intencional,<br />
através do estudo da Torá, recitação<br />
do Kadish, a prática de atos de<br />
bondade e caridade em prol dela, ou<br />
mesmo sem intenção. Por exemplo,<br />
às vezes passamos por um certo lo-<br />
O nome pelo qual a pessoa é chamada<br />
é o recipiente que contém a<br />
força vital condensada, inerente nas<br />
letras do nome. Como disse o Eterno<br />
aos Anjos: “A sabedoria de Adam é<br />
maior que a sua”, pois ele entendeu<br />
a fonte suprema de cada ser criado,<br />
e segundo este Ele o chamou por seus<br />
nomes. Portanto, descobrimos que<br />
quando desejamos reviver alguém<br />
que desmaiou, chamamos seu nome.<br />
Ao chamar seu nome, despertamos a<br />
força vital em sua fonte, e atraímos<br />
vitalidade para o corpo. Similarmente,<br />
se alguém está adormecido, nós o<br />
chamamos por seu nome.<br />
Ao falecer, quando a alma parte<br />
do corpo e chega perante a Corte Celestial,<br />
não lhe é perguntado: “Qual<br />
é seu nome hebraico” A pergunta feita<br />
é simplesmente: “Qual é seu<br />
nome?” Porque seu nome verdadeiro,<br />
sua essência, está contida em seu<br />
nome hebraico.<br />
Atualmente, o maior problema<br />
para o povo judeu é a assimilação e a<br />
ignorância. Embora seja um grande<br />
problema, existem pequenas coisas<br />
que podemos fazer para lutar contra<br />
isso. Podemos assistir a uma aula de<br />
Torá uma vez por semana ou por mês.<br />
Podemos celebrar o Shabat. E podemos<br />
usar nossos nomes hebraicos.<br />
Quando os usamos, lembramo-nos<br />
constantemente de quem somos, for-<br />
cal tendo a chance de estudar lá uma<br />
passagem da Torá ou recitar os Salmos,<br />
sem saber que na verdade há<br />
algo neste local que está aguardando<br />
nosso ato, às vezes, durante centenas<br />
de anos. Vale ressaltar que um<br />
filho, ou até um amigo, pode fazer bem<br />
para uma alma querida, através dos<br />
atos lembrados acima, independentemente<br />
se a alma se encontra numa<br />
situação descrita acima, ou se está<br />
no Mundo da Verdade. A regra acima<br />
(das três chances), não se aplica a um<br />
tsadic (justo). Sua alma poderá voltar<br />
muitas vezes com a missão de retificar<br />
a geração. A maioria das almas<br />
de nossa geração são retornantes, e<br />
somente pessoas especiais sabem<br />
exatamente qual é sua missão na<br />
vida. Uma das maneiras de saber qual<br />
é nossa missão específica, é simplesmente<br />
observando quais são os assuntos<br />
em que há mais obstáculos e<br />
são mais difíceis de serem cumpridos.<br />
O Yêtser Hará (Má Inclinação) não se<br />
introduz em excesso nos assuntos que<br />
já foram retificados em vidas passadas,<br />
somente o necessário para que<br />
a pessoa tenha o livre arbítrio, Porém,<br />
na missão específica da alma nesta<br />
Se você tiver dúvida sobre alguma questão envie a sua pergunta para: pergunteaorabino@chabadcuritiba.com ou visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
tificando assim nossa identidade judaica<br />
e automaticamente lutamos<br />
contra a assimilação. Parafraseando<br />
Neil Armstrong, talvez seja um pequeno<br />
passo para um judeu, mas um salto<br />
gigante para o Judaísmo!<br />
Devemos nos inspirar no exemplo<br />
fornecido por nosso povo na saída<br />
do Egito; não se assimilaram.<br />
Este fato deveu-se a três fatores fundamentais<br />
que fizeram questão de<br />
conservar: o modo de se vestirem, a<br />
língua (hebraico) e o nome (judaico).<br />
Quanto ao último, disseram nossos<br />
Sábios: (Bamidbar Rabah 20:22)<br />
“Nossos antepassados mereceram<br />
ser redimidos do Egito porque não<br />
mudaram seus nomes”. Devido a estes<br />
cuidados tiveram o mérito de serem<br />
redimidos e conduzidos à outorga<br />
da Torá no Monte Sinai.<br />
Que possamos através de nossas<br />
boas ações e utilização destas mesmas<br />
“vestimentas” que nos conectam<br />
à nossa essência, sermos merecedores<br />
de presenciar a recompensa neste<br />
mundo: uma época sem guerras,<br />
onde a paz verdadeira será restabelecida<br />
e o conhecimento de D-us<br />
transbordará no mundo inteiro. Enquanto<br />
aguardamos, continuaremos<br />
colocando nomes judaicos em nossos<br />
filhos e, nossos filhos em nossos<br />
netos.(Baseado em artigo publicado<br />
no site www.chabad.org.br).<br />
encarnação, há uma forte objeção por<br />
parte do Yêtser Hará. Finalmente, todas<br />
as almas receberão como recompensa<br />
definitiva, o retorno aos seus<br />
corpos neste mundo material — a<br />
Ressurreição dos Mortos — após a<br />
vinda de Mashiach (Messias). Então,<br />
todos receberemos a recompensa<br />
completa, experimentando um mundo<br />
iluminado e belo que todos construímos<br />
com a soma de todas as nossas<br />
boas ações. Sobre sua questão<br />
com qual corpo a alma voltará? Cada<br />
pessoa, mesmo aquela cuja conduta<br />
não foi das melhores, inevitavelmente<br />
também tem muitos méritos. Portanto,<br />
em cada descida e encarnação,<br />
consegue retificar vários aspectos da<br />
alma. Na Ressurreição dos Mortos,<br />
cada corpo voltará com a parte da<br />
alma que foi retificada. Você poderá<br />
perguntar: se este for o caso, existirão<br />
então corpos somente com partes<br />
de alma, e não com a alma completa?<br />
Saiba que qualquer fração da<br />
alma é composta de todas as partes,<br />
e cada uma destas tem sua estrutura<br />
independente, mesmo pertencendo a<br />
uma alma matriz, é considerada somente<br />
um aspecto dela.<br />
BS"D
oi há um ano numa terça-feira<br />
que comandos<br />
israelenses interceptaram<br />
o navio Mavi Marmara,<br />
de um comboio de<br />
seis embarcações que se fizeram<br />
ao mar a partir da Turquia com o<br />
objetivo de furar o bloqueio naval de<br />
Israel a Gaza. Os comandos, atacados<br />
com barras de metal, porretes e facas<br />
por um punhado de jihadistas de grupos<br />
terroristas ligados à organização<br />
IHH, lutaram por suas vidas e mataram<br />
nove dos atacantes — produzindo mais<br />
uma rodada de investigações internacionais<br />
e acusações a Israel.<br />
Agora, um ano depois, a mesma IHH,<br />
junto com o Movimento Free Gaza, organiza<br />
mais uma flotilha — e seu suposto<br />
embarque para a Faixa de Gaza está previsto<br />
para o final de junho.<br />
Foi numa terça-feira que o Centro<br />
de Informação sobre Terrorismo e Inteligência<br />
Meir Amit, de Israel, ligado à<br />
inteligência militar, publicou um explosivo<br />
dossiê sobre a nova frota. O líder<br />
do IHH, Bulent Yildirim, e outra figura<br />
importante na organização, Huseyin<br />
Oruç, dizem que essa versão vai ser<br />
muito maior — em número de navios,<br />
15, incluindo novamente o Mavi Marmara,<br />
e um total de 1.500 passageiros.<br />
Tal como aconteceu com a frota do<br />
ano passado, do contingente não-turco<br />
se pode esperar que esteja composto<br />
por ONGs de esquerda e outros viajantes<br />
ocidentais companheiros da jihad,<br />
em grande parte sob a égide do Movimento<br />
Gaza Livre. Yildirim disse que deputados<br />
de parlamentos árabes e “judeus<br />
de todo o mundo” anti-israelenses,<br />
também estarão a bordo.<br />
As alegações do IHH de que deste<br />
vez nenhum dos passageiros portará<br />
armas, e que está sendo preparado por<br />
observadores da ONU ou europeus<br />
para inspecionar a carga da frota. O<br />
Centro Meir Amit expressou “ceticismo”,<br />
observando que o IHH na flotilha<br />
anterior também alegou que as bagagens<br />
dos passageiros a bordo da Mavi<br />
Marmara Mavi haviam sido inspecionadas<br />
pelas autoridades turcas, no<br />
embarque do navio em Istambul. Na<br />
realidade, a “inspeção”, se de fato foi<br />
realizada, não teve sentido, porque<br />
muitas das armas foram levadas a bordo<br />
do navio, como equipamento militar<br />
e ferramentas que foram utilizadas<br />
como armas improvisadas.<br />
Algumas outras razões para o ceticismo<br />
de que essa nova frota não será<br />
pacífica:<br />
• Shaheeds. Em sua grande campanha<br />
de propaganda para a nova frota, o<br />
IHH tem o “glamourizado” a memória<br />
dos nove shaheeds (mártires)...<br />
Mortos a bordo do Mavi Marmara<br />
[em 2010], e estimulado o ódio a<br />
Israel”. Yildirim também tem “feito<br />
vários discursos incendiários<br />
nos quais ressalta a determinação<br />
do IHH em prosseguir com a flotilha,<br />
mesmo ao preço de shaheeds<br />
adicionais”.<br />
• “Surpresa”. Em discursos, os membros<br />
do IHH também têm advertido Israel<br />
de que desta vez haverá uma “surpresa”.<br />
O Centro Meir Amit acha que<br />
isso pode se referir a um avião sendo<br />
enviado a Gaza. “Em um discurso<br />
feito por Yildirim em 7 de abril de<br />
2011, numa cerimônia em memória<br />
dos... Agentes do Mavi Marmara<br />
Mavi, ele disse que a Faixa de Gaza<br />
também seria alcançada pelo ar” e<br />
que “a organização estava adquirindo<br />
um avião”.<br />
• A natureza do IHH. Como o Centro Meir<br />
Amit observou em um boletim anterior,<br />
o IHH é um grupo radical islâmico<br />
antiocidental, que “no passado<br />
forneceu suporte para a jihad global”.<br />
Numa entrevista a de impren-<br />
sa em 5 de maio deste ano com outras<br />
organizações islâmicas turcas<br />
num subúrbio de Istambul, o IHH denunciou<br />
a morte de Osama Bin Laden<br />
pelos Estados Unidos. Em um<br />
discurso feito dois meses antes do<br />
embarque da flotilha do ano passado,<br />
Yildirim disse: “Os Estados Unidos<br />
estão matando muçulmanos...<br />
As forças da OTAN estão matando<br />
muçulmanos ... Israel está matando<br />
muçulmanos... Um muçulmano não<br />
pode ser derrotado por opressores<br />
e infiéis... O dia em que aceitarmos<br />
ser escravos do Ocidente [é o dia],<br />
que experimentaremos o gosto da<br />
derrota... Se os donos de Al-Quds<br />
[Jerusalém] forem muçulmanos, o<br />
controle do mundo estará em mãos<br />
muçulmanas”.<br />
Israel de fato não deve contar com<br />
nenhum pacifismo por parte da próxima<br />
flotilha. A mídia israelense tem reportado<br />
que a Flotilha 13 — a mesma força de<br />
comandos-navais que fez a abordagem<br />
do Mavi Marmara no passado — tem<br />
convocado todas as suas reservas e vem<br />
treinando intensamente com a força aérea<br />
para enfrentar a nova ameaça. Foi<br />
divulgado ainda que Israel está preparando<br />
suas próprias “surpresas”, e que<br />
— embora a meta seja assumir os navios<br />
de forma não-violenta — “os soldados<br />
estão sob ordens de utilizar a força para<br />
neutralizar o perigo armado e neutralizar<br />
atacantes caso necessário”.<br />
Como o chefe do Estado-Maior israelense<br />
Benny Gantz observou: “Os<br />
organizadores da frota querem nos provocar,<br />
não prestar ajuda a Gaza. Não há<br />
nenhum problema humanitário, centenas<br />
de caminhões com alimentos e<br />
material de abastecimento entram em<br />
Gaza todos os dias”. A situação de Gaza<br />
foi ainda mais facilitada com a abertura<br />
pelo Egito, da passagem de Rafah, há<br />
duas semanas, e o único propósito do<br />
bloqueio naval de Israel a Gaza é impedir<br />
que armas de longo alcance che-<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
Israel enfrenta ameaça de nova flotilha<br />
David Hornik *<br />
A flotilha que tentou romper o bloqueio<br />
israelense à Faixa de Gaza levava armas<br />
de fogo e entre elas ao menos uma automática,<br />
assegura o jornal Yediot Aharonot,<br />
baseado nas imagens obtidas de um vídeo<br />
inédito.<br />
As imagens, das quais o diário exibiu<br />
três fotogramas, foram descobertas há<br />
várias semanas em um computador confiscado<br />
pelos soldados israelenses que em<br />
31 de maio de 2010 abordaram a principal<br />
embarcação da flotilha, o Mavi Marmara,<br />
num incidente em alto mar no qual morreram<br />
nove ativistas islâmicos turcos.<br />
A revelação do jornal teve lugar dias antes<br />
que una segunda flotilha composta por<br />
uma dezena de barcos, zarpe rumo à faixa.<br />
Após a abordagem ao Mavi Marara, os<br />
guem ao Hamas, a organização terrorista<br />
anti-israelense que os lança repetidamente<br />
para bombardear comunidades<br />
israelenses.<br />
Israel tem se empenhado arduamente<br />
para conduzir essas questões<br />
para o campo diplomático, e até agora<br />
com algum sucesso. O secretário-geral<br />
da ONU, Ban Ki-moon, pediu aos governos<br />
que desencorajassem os ativistas<br />
de lançar a nova flotilha, e os Estados<br />
Unidos e a União Europeia também se<br />
pronunciaram contra ela.<br />
Mas onde está a Turquia em tudo<br />
isso? A resposta é que a Turquia não só<br />
nada faz para evitar tal risco, mas é, na<br />
verdade, a força por trás disso tudo.<br />
Como o Centro Meir Amit notou no<br />
mesmo relatório, o “IHH e o projeto da<br />
nova flotilha recebem propaganda e<br />
apoio político e logístico do governo<br />
turco”. Numa entrevista na TV em 21<br />
de maio passado, o ministro das Relações<br />
Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu<br />
afirmou que “a Turquia vai dar<br />
a resposta necessária a qualquer ato<br />
de provocação repetida por Israel em<br />
alto-mar”. “Não pode haver endosso<br />
mais claro à nova flotilha do que esta<br />
ameaça aberta.<br />
Se aumentada, a flotilha de 15 navios<br />
conforme planejado navegar, então,<br />
as apostas serão altas. A Turquia,<br />
que não muito tempo atrás mantinha<br />
estreitos laços estratégicos com Israel,<br />
sob o governo do AKP islâmico de Recep<br />
Tayyip Erdogan tem se movido gradualmente<br />
na direção da hostilidade.<br />
Com Israel também enfrentando ameaças<br />
de invasões de civis e manifestações<br />
hostis no Egito pós-Mubarak do<br />
Egito, seus arredores imediatos são<br />
potencialmente explosivos. Forte<br />
apoio ocidental a Israel para defenderse<br />
contra esta segunda flotilha turca<br />
seria enviar um sinal correto de resolução<br />
contra a montagem da maré jihadista.<br />
Mas é difícil ser otimista.<br />
A flotilha de Gaza tinha armas de fogo<br />
comandos aerotransportados asseguraram<br />
que ativistas abriram fogo contra eles da<br />
coberta e que dois soldados sofreram ferimentos<br />
a bala de bala de 9 milímetros<br />
disparadas por armas não empregadas<br />
pelo Exército de Defesa de Israel.<br />
A bordo do navio, Israel só encontrou<br />
punhais, varas de aço e apetrechos de duplo<br />
uso aos quais os ativistas recorreram<br />
para tentar impedir a abordagem do comboio<br />
que se dirigia a Gaza carregado com<br />
uma “ajuda humanitária simbólica”, uma<br />
vez que o grosso da assistência ingressa<br />
diariamente no enclave costeiro através de<br />
dezenas de milhares de caminhões.<br />
O vídeo inédito mostra momentos anteriores<br />
à abordagem dos comandos, no<br />
qual um presumido militante da organiza-<br />
ção islâmica turca IHH segura numa mão<br />
uma pistola e na outra um fuzil automático,<br />
confirma o jornal de maior circulação<br />
em Israel.<br />
Os organizadores da flotilha, várias<br />
ONGs internacionais que queriam furar o<br />
bloqueio da Faixa de Gaza, asseguraram<br />
que no barco não havia armas de fogo,<br />
enquanto que o Exército de Defesa de Israel<br />
sustenta que foram lançadas ao mar<br />
para que não fossem encontradas.<br />
Há duas semanas, o Canal 10 de televisão<br />
já havia anunciado que o corpo de<br />
Inteligência Militar possuía em seu poder<br />
as imagens “há algum tempo” e se perguntava<br />
por que não as divulgava.<br />
Segundo um porta-voz do Exército, “o material<br />
foi descoberto recentemente e foi entre-<br />
11<br />
* David Hornik é<br />
escritor free lancer,<br />
tradutor norteamericano<br />
que vive<br />
em Tel Aviv desde<br />
1984, tendo<br />
servido nas Forças<br />
Armadas de Israel,<br />
como artilheiro e<br />
também na defesa<br />
territorial.<br />
Frequentemente<br />
colabora com o<br />
Front Page<br />
Magazine<br />
(www.frontpage<br />
mag.com).<br />
gue aos organismos que investigam os fatos”.<br />
Na penúltima semana de junho está<br />
prevista a partida rumo à faixa de uma<br />
dezena de barcos com cerca de 1.500 ativistas<br />
a bordo, no que está sendo chamada<br />
de segunda flotilha.<br />
A nova flotilha, como a anterior, tem o<br />
objetivo de provocar Israel, que mantém<br />
um bloqueio naval na área após a violenta<br />
tomada de poder através de um golpe<br />
do movimento terrorista islâmico Hamas<br />
em Gaza, em junho de 2007.<br />
Após o assalto ao Mavi Marmara e por<br />
pressões internacionais, Israel relaxou<br />
enormemente o bloqueio, ao qual se soma<br />
a abertura recente pelas autoridades egípcias<br />
da passagem fronteiriça de Rafiah.<br />
(EFE e Aurora).
12<br />
* Tila Dubrawsky é<br />
a rebetzin, esposa<br />
do Rabino Yossef<br />
Dubrawsky, diretor<br />
do Beit Chabad de<br />
Curitiba, mãe, avó,<br />
coordenadora de<br />
programas<br />
educacionais e<br />
culturais,<br />
orientadora de<br />
pureza e harmonia<br />
familiar para<br />
noivas e mulheres<br />
de todas as idades.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
á três mitsvot especificamenterelacionadas<br />
com a mulher<br />
judia: Chalá - a separação<br />
de uma porção<br />
da massa na hora de preparar<br />
o pão, Nidá - as leis de Pureza<br />
Familiar (mikvê) e Hadlacat haNer - o<br />
acendimento de pelo menos duas velas<br />
em honra ao Shabat e Iom Tov.<br />
Duas destas mitsvot, Chalá e Nidá são<br />
prescritas pela própria Torá e a terceira<br />
de Hadlacat haNer é uma das<br />
sete leis rabínicas.<br />
A primeira letra de cada uma destas<br />
mitsvot em hebraico forma o<br />
nome Chana. Chalá começa com a<br />
letra Chet, Nidá com a letra Nun e<br />
Hadlakat haNer com a letra Hei. O<br />
nome Chana é composto das três letras<br />
Chet, Nun e Hei.<br />
Muitas vezes na Cabalá estas<br />
mitsvot são associadas com utensílios<br />
sagrados do Santuário e Templo<br />
Sagrado. O acendimento das velas de<br />
Shabat corresponde à Menorá, o candelabro<br />
de sete braços que era aceso<br />
diariamente no Templo. Chalá é associada<br />
com o Lechem haPanim - Pão<br />
da Exposição que era assado uma vez<br />
por semana e colocado no Shulchan<br />
HaPanim - Mesa da Exposição. Nidá<br />
se relaciona ao Mizbeach haKetoret<br />
- Altar do Incenso. A palavra Ketoret<br />
em aramaico significa vínculo. O laço<br />
entre o povo judeu e D-us criado pelo<br />
Altar do Incenso corresponde ao laço<br />
singular criado entre marido e esposa<br />
pelas leis da Pureza Familiar.<br />
A mitsvá de Chalá se encontra na<br />
Torá no livro de Bamidbar – Números,<br />
nos cinco versículos 17-21 de capitulo<br />
15. “Reishit Arissotechem Chalá<br />
Tarimu” - “Vocês devem separar<br />
como oferenda a primeira porção da<br />
massa”. Na Mishná (lei oral) há um<br />
tratado inteiro, Chalá, dedicado a<br />
esta mitsvá. A lei requer que ao prepararmos<br />
uma massa que contém<br />
O segredo místico da chalá<br />
Tila Dubrawsky *<br />
quantia de farinha de 1 quilo e 666<br />
gramas para cima devemos recitar<br />
uma bênção e tirar um pedaço de<br />
massa de aproximadamente 28 gramas<br />
como “oferenda”. Somente depois<br />
moldamos os pães colocandoos<br />
para assar.<br />
Antigamente esta massa era<br />
doada ao Cohen, que dedicava seu<br />
tempo para cuidar da Casa de D-us.<br />
Hoje esta massa ainda pertence a<br />
D-us e não podemos utilizá-la, então<br />
ela é queimada.<br />
O Sefer Hachinuch que elabora os<br />
Taamei haMitsvot - as razões de cada<br />
preceito Divino explica que D-us queria<br />
achar um objeto físico do uso diário<br />
para investir nele uma mitsvá para<br />
que a Sua bênção pudesse repousar<br />
sempre sobre aqueles que a cumprem.<br />
Uma vez que o pão é o sustento<br />
básico do ser humano e uma parte<br />
intrínseca da nossa dieta, Ele escolheu<br />
a mitsvá de separar a chalá. Comendo<br />
pão o judeu recebe sustento<br />
físico; ao separar a massa ele recebe<br />
sustento espiritual.<br />
O midrash nota que a mitsvá de<br />
separar chalá na Torá é seguida pela<br />
proibição de idolatria. A justaposição<br />
destas duas leis nos ensina “que<br />
quem cumprir a esta lei é considerado<br />
como estivesse anulando a idolatria<br />
e quem não cumprir a esta lei é<br />
como apoiasse a adoração de ídolos”.<br />
(Maimônides: leis de idolatria) Qual<br />
é a ligação entre algo tão simples<br />
como separar um pedaço de massa e<br />
a anulação de idolatria, algo tão severo<br />
no judaísmo?<br />
Vamos observar os passos preliminares<br />
no processo que resulta em<br />
separar um pedaço elástico de massa<br />
no conforto da nossa cozinha. A<br />
terra tinha de ser arada, semeada e<br />
regada, o trigo colhido, debulhado e<br />
moído e a farinha peneirada e misturada<br />
com outros ingredientes até<br />
obter aquela massa homogênea<br />
pronta para assar.<br />
O fazendeiro, na antiguidade,<br />
ao se deparar com o fruto de seu<br />
labor era capaz de atribuir o seu<br />
sucesso e a sua riqueza a seu próprio<br />
esforço e perspicácia. Tudo<br />
bem, com um pouco de ajuda da<br />
“mãe natureza”. A Torá alerta sobre<br />
esta possibilidade dizendo:<br />
“Quando tiveres prosperado, sê<br />
cuidadoso para que tu não digas a<br />
ti próprio: ’foi minha própria força<br />
e poder pessoal que me trouxeram<br />
toda esta prosperidade’. Tu deves<br />
lembrar que é D-us quem te dá o<br />
poder para te tornares próspero”.<br />
(Deuteronômio 8:17-18)<br />
Pão, a base do nosso sustento físico<br />
é metáfora para todo materialismo.<br />
Em muitas culturas “massa” é<br />
gíria para dinheiro, “grana” em português,<br />
“dough” em inglês, pois o dinheiro<br />
nos possibilita comprar massa<br />
ou pão, e outras necessidades<br />
para nosso sustento físico. O termo<br />
ganha-pão se aplica àquele que traz<br />
o dinheiro para o sustento da casa.<br />
Assim como o fazendeiro poderia erroneamente<br />
atribuir o seu êxito a seu<br />
próprio esforço nós também somos<br />
capazes de atribuir o nosso sucesso<br />
material a nossa própria inteligência,<br />
beleza, criatividade ou carisma e esquecer<br />
de D-us. Isto é sinônimo de<br />
idolatria que na sua essência é a associação<br />
de boa sorte e sucesso a elementos<br />
além d’Ele.<br />
A idolatria se apresenta sob diversas<br />
formas. Antigamente faziam<br />
figurinos de madeira e pedra e prostraram-se<br />
diante deles. Hoje, com<br />
igual paixão adoramos os ídolos de<br />
riqueza, poder e sucesso. Ainda há<br />
outras formas mais sutis como a noção<br />
equivocada que após D-us criar<br />
os astros e outras partes da natureza<br />
Ele investiu neles poder independente.<br />
Na verdade nada tem poder<br />
independente, tudo é controlado por<br />
D-us. Acreditar que algo existe independentemente<br />
de D-us é de certa<br />
forma idolatria.<br />
O mundo que nós percebemos<br />
com os olhos nus parece gritar “existo<br />
independentemente”. Na realidade<br />
a única verdadeira realidade é D-us.<br />
O Rabi Schneur Zalmen de Liadi escreve<br />
no seu livro de Tanya que D-us<br />
está constantemente renovando a<br />
criação do mundo a cada instante.<br />
Se cessasse, o mundo reverteria à<br />
nulidade. Apesar de seu falso brilho<br />
o mundo é nada sem a força Divina<br />
que o vitaliza.<br />
É aí que entra Hafrashat Chalá.<br />
Os ingredientes têm sido bem misturados,<br />
a massa cresceu bem bonita.<br />
Um aroma permeia o ambiente. A<br />
mulher faz uma pausa para um momento<br />
de introspecção. Ela separa<br />
um pedacinho, fala uma Brachá, levanta<br />
a massa e diz “Harei zu Chalá”<br />
- “esta é a oferenda de Chalá”. Este<br />
ato consciente reflete a admirável<br />
qualidade feminina de reconhecimento<br />
e agradecimento. Declara<br />
que esta massa e por extensão toda<br />
nossa “massa” tudo que o ganhapão<br />
traz, todo nosso sucesso material<br />
não é simplesmente resultado<br />
do esforço humano, mas, sim uma<br />
dádiva de D-us. Este gesto simples,<br />
ainda grandioso, desvenda as falsas<br />
aparências, revela a Divindade oculta<br />
em nosso universo e nos torna receptáculos<br />
para captarmos cada vez<br />
mais da generosidade e bondade do<br />
nosso Criador.
ministro da Defesa do<br />
Irã, Ahmad Vahidi, visitou<br />
de surpresa a Bolívia,<br />
apesar da ordem<br />
internacional de captura<br />
que há contra ele por<br />
acusações que o vinculam<br />
com os atentados ao centro judaico de<br />
assistência e à Embaixada de Israel em<br />
Buenos Aires, em 1992 e 1994. Vahidi,<br />
que é imputado pela justiça argentina<br />
como um dos responsáveis ideológicos<br />
pelo atentado contra a sede da Associação<br />
Mutual Israelita Argentina<br />
(AMIA) que deixou 85 mortos, teria participado<br />
em Santa Cruz de la Sierra da<br />
inauguração da Escola de Defesa e Segurança<br />
da Alba, que reúne países com<br />
governos de esquerda na América Latina.<br />
Porta-vozes do governo boliviano<br />
não esclareceram se tinham conhecimento<br />
da ordem de captura contra Vahidi,<br />
cuja presença no pais andino e fronteiriço<br />
à Argentina foi considerada uma<br />
provocação por grupos judaicos argentinos.<br />
Várias organizações pediram à Argentina<br />
que “chamasse a atenção” do governo<br />
de La Paz com o qual Buenos Aires<br />
mantém fortes laços políticos e econômicos.<br />
A expulsão que não houve<br />
O governo boliviano reagiu aos protestos<br />
argentinos afirmando no dia 31/<br />
5 ter tomado medidas para garantir que<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
Ministro terrorista do Irã esteve na Bolívia<br />
Ahmad Vahidi é coautor dos atentados à AMIA e à embaixada de Israel<br />
o ministro iraniano da Defesa, que é<br />
acusado de planejar o atentado de 1994,<br />
da AMIA e da Embaixada de Israel em<br />
Buenos Aires, para que ele deixasse o<br />
país imediatamente.<br />
A declaração veio em uma carta do<br />
ministro das Relações Exteriores da<br />
Bolívia para o seu colega na Argentina,<br />
desculpando-se pelo fato de Vahidi ter<br />
sido convidado a ir lá e que não se demoraria<br />
na Bolívia por muito tempo...<br />
“Como resultado desta situação lamentável...<br />
O governo da Bolívia tomou<br />
as medidas correspondentes para fazer<br />
com que Vahidi saísse imediatamente<br />
território boliviano”, consta da carta.<br />
Vahidi é procurado pela Interpol<br />
por conexão com o atentado a bomba<br />
que matou em 1994 um total de 85 pessoas<br />
e deixou feridas outras 300, além<br />
do provável envolvimento com o atentado<br />
à Embaixada de Israel, na mesma<br />
cidade, em 1992, quando foram mortas<br />
29 pessoas e dezenas de feridos.<br />
Alberto Nisman, o promotor que lidera<br />
as investigações do ataque à AMIA,<br />
chegou a contatar o escritório da Interpol<br />
na Bolívia para exigir a prisão de Vahidi<br />
assim que na Argentina se soube que<br />
ele se encontrava na América do Sul.<br />
Mas Vahidi – que fora convidado a<br />
ir à Bolívia por sua Ministra da Defesa<br />
para participar da cerimônia de inauguração<br />
da Escola Militar de Defesa e Se-<br />
gurança na cidade de Santa Cruz de la<br />
Sierra, dia 31/5, pelo presidente Evo<br />
Morales – viajava com passaporte diplomático<br />
e o governo boliviano disse que<br />
lhe garantiria imunidade contra a prisão.<br />
Assim, funcionários bolivianos<br />
quando tomaram conhecimento de que<br />
ele poderia ser preso na Bolívia convenceram-no<br />
a deixar o país, num gesto que<br />
pode ser considerado cumplicidade.<br />
Escárnio, afronta e suspeitas<br />
“É um escárnio e uma afronta a um<br />
país amigo a Bolívia receber um ministro<br />
acusado de planejar um ataque<br />
que deixou 85 pessoas mortas”, disse<br />
Guilherme Borger, presidente da<br />
AMIA. Quando do atentado de Buenos<br />
Aires, Vahidi era o comandante de<br />
uma unidade especial da Guarda Revolucionária<br />
do Irã conhecida como a<br />
Força Quds.<br />
O Irã nega que qualquer um de seus<br />
cidadãos estivesse envolvido no ataque,<br />
mas desde 2007, a Interpol emitiu um<br />
“alerta vermelho” contra Vahidi, informando<br />
seus 187 países membros que a<br />
Argentina está à procura de sua prisão.<br />
Embora a Bolívia tivesse pedido desculpas<br />
à Argentina por seu erro, errou<br />
mais uma vez em não prendê-lo e entregá-lo<br />
à Interpol. As desculpas foram<br />
feitas através da carta que apareceu mais<br />
tarde na Internet na página do Twitter.<br />
A carta culpa o ‘passo em falso’ dado<br />
pelo Ministério da Defesa da Bolívia, afir-<br />
mando que “não<br />
sabia nada sobre<br />
os antecedentes<br />
do caso e não<br />
consultou outras<br />
instâncias do<br />
governo a respeito<br />
disso”.<br />
Vahidi compreendeu<br />
que<br />
devia deixar a<br />
Bolívia na noite<br />
de terça-feira,<br />
31/5, mas não ficou<br />
claro se ele<br />
voltou imediatamente ao Irã.<br />
O incidente é um sério embaraço ao<br />
presidente Morales, que tem laços estreitos<br />
com a presidente argentina, Cristina<br />
Kirchner. Ela, no entanto, é citada como<br />
estar disposta a deixar de lado as investigações<br />
do atentado e sustar a busca de<br />
sua nação pelos responsáveis em troca<br />
da melhoria das relações comerciais com<br />
o Irã. Seu antecessor, Carlos Menem, foi<br />
investigado por obstruir o que na Argentina<br />
é uma investigação incômoda.<br />
A Bolívia anunciou no ano passado<br />
que planejava construir uma usina de<br />
energia nuclear com a ajuda do Irã, o<br />
que levantou a suspeita das autoridades<br />
de segurança de Israel e de outros<br />
países ocidentais que a Bolívia pode<br />
estar fornecendo urânio para o programa<br />
nuclear iraniano.<br />
Jaime Lerner premiado pelo FIT em Leipzig<br />
O arquiteto e urbanista curitibano<br />
Jaime Lerner foi premiado dia 26/5<br />
pelo Fórum Internacional de Transporte<br />
(FIT), uma iniciativa da Organização<br />
para a Cooperação e Desenvolvimento<br />
Econômico (OCDE), em Leipzg,<br />
na Alemanha, por suas ‘visionárias’<br />
reformas urbanas e suas ‘inovações’<br />
no âmbito do transporte público.<br />
Em um ato dentro da<br />
cúpula anual do FIT, que<br />
começou na véspera, o<br />
secretário-geral da organização,<br />
Jack Short, entregou<br />
ao arquiteto brasileiro<br />
o prêmio de Liderança<br />
no Transporte 2011.<br />
“Em carreira extraordinária<br />
de muitas décadas,<br />
Jaime Lerner fez<br />
uma grande diferença<br />
na vida das pessoas<br />
através de suas ideias e<br />
seu trabalho: como arquiteto<br />
e urbanista lendário,<br />
como prefeito de Curitiba,<br />
como governador do Paraná e como<br />
professor e visionário cujas ideias<br />
inspiraram outras pessoas no mun-<br />
Jaime Lerner recebeu o<br />
prêmio do Forum Internacional<br />
de Transportes<br />
do”, elogiou Short.<br />
Concretamente, o secretário-geral<br />
do FIT destacou a ‘particular e profunda’<br />
contribuição de Lerner, o sistema<br />
de ônibus rápidos de Curitiba,<br />
‘uma inovação que abriu um novo caminho<br />
na área do transporte público’<br />
e foi copiada ‘no mundo todo’, proporcionando<br />
a ‘milhões de pessoas’ um<br />
serviço de transporte público<br />
‘acessível e eficiente’.<br />
Trata-se da primeira<br />
ocasião na qual o FIT concede<br />
este prêmio, que pretende<br />
ser um reconhecimento<br />
a figuras públicas<br />
que com sua liderança conquistaram<br />
um ‘impacto positivo<br />
e durável’ e proporcionado<br />
um ‘grande avanço’<br />
ao setor dos transportes.<br />
Jaime Lerner, de 73<br />
anos, foi considerado pela<br />
revista americana Time<br />
como um dos 25 pensadores<br />
mais influentes do ano passado e<br />
foi três vezes prefeito da cidade de<br />
Curitiba, onde implementou programas<br />
sociais, ambientais e de melho-<br />
ras do transporte público. Além, disso<br />
foi duas vezes governador do Estado<br />
do Paraná.<br />
A cúpula anual do FIT, sob o lema<br />
‘Transporte para a sociedade’, foi presidida<br />
nessa edição pela Espanha e<br />
contou com a participação do ex-prefeito<br />
de Bogotá Enrique Peñalosa.<br />
A cúpula anual do FIT, um organismo<br />
da família da OCDE considerado<br />
por sua relevância o ‘Davos do<br />
transporte’, reúne os ministros do setor<br />
de 55 países - entre eles todos os<br />
da União Europeia -, representantes<br />
empresariais do setor e a indústria,<br />
acadêmicos e investigadores.<br />
13<br />
O presidente Evo Morales, da Bolívia, recebeu o<br />
ministro-terrorista iraniano Ahmad Vahidi,<br />
procurado pela Interpol. Entre os dois, a ministra<br />
da Defesa Maria Cecilia Chacon, que o convidou
14<br />
* Moshe<br />
Rosenblatt é<br />
medico e vive em<br />
Hadera, Israel. (email:<br />
mosrosen@<br />
bezeqint.net)<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
Obama, vá para a Disneylândia!<br />
Moshe Rosenblatt *<br />
Prezado Sr. Obama:<br />
Como milhões de outras pessoas<br />
no mundo inteiro, eu também assisti<br />
ao seu discurso no dia 19/5 deste ano.<br />
Fiquei triste vendo o Presidente<br />
dos Estados Unidos dando uma tão<br />
grande demonstração de ignorância.<br />
Ignorância sobre tudo o que o senhor<br />
falou. Ignorância sobre a história,<br />
as decisões internacionais, as<br />
leis internacionais e, principalmente,<br />
sobre o islã.<br />
Se o senhor acredita que pode<br />
mudar o islã e a realidade, através de<br />
um longo discurso no qual o senhor<br />
descreve as suas fantasias de paz —<br />
o senhor deve estar sofrendo de uma<br />
grave psicose.<br />
Se o senhor prefere acreditar em<br />
fantasias, meu único conselho é: vá<br />
para a Disneylândia.<br />
Israel não é uma Disneylândia. Nós<br />
não vivemos em um país de fantasias.<br />
O senhor tem o direito de acreditar<br />
que as revoluções dos povos no<br />
O LEITOR<br />
Leitor há 10 anos<br />
Prezada Equipe <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>:<br />
Informo ter efetuado a renovação da<br />
minha assinatura. Acredito que sou há uns<br />
10 anos leitor do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
Parabéns pelo trabalho e pela excelência<br />
de matérias. É uma leitura altamente<br />
didática.<br />
Cordialmente,<br />
Convite da EIBSG<br />
Fernando Miranda Curitiba – PR<br />
Querida Comunidade:<br />
Nossa escola completa mais um ano de<br />
vida. Por aqui, muitos passaram e, com<br />
certeza, saudades ficaram. Desde o sonho<br />
inicial de nossos pioneiros, concretizado<br />
arduamente, gerações de cidadãos a escola<br />
formou. Estudaram em nossas carteiras:<br />
governadores, prefeitos, vereadores,<br />
deputados, juízes, médicos, engenheiros<br />
e inúmeros profissionais liberais.<br />
O sonho de ontem é a realidade de<br />
hoje. A Escola Israelita Brasileira “Salo-<br />
ESCREVE<br />
Uma carta aberta ao presidente norte-americano<br />
mundo árabe, que começaram há pouco<br />
tempo atrás, trarão democracias,<br />
mas o senhor vai ficar chocado quando<br />
descobrir que essas revoluções<br />
vão só trocar ditaduras cruéis por teocracias<br />
islâmicas ainda mais cruéis,<br />
onde a Sha’ria é a lei, onde mulheres<br />
não têm nenhum direito, a oposição<br />
é simplesmente esmagada e, homossexuais<br />
são enforcados em praça pública<br />
para “servir de lição”...<br />
O senhor endossou o fato de que<br />
“por décadas, o conflito árabe-israelense<br />
pôs uma sombra sobre a região”,<br />
mas, ao que parece, o senhor nunca se<br />
perguntou por quê. Por que há tanta<br />
guerra entre Israel e os países vizinhos?<br />
E por que há tantas guerras no mundo,<br />
a maioria das quais envolvem países<br />
islâmicos, de uma forma ou de outra.<br />
Bem, senhor presidente, a razão<br />
é muito simples: Não existe nenhum<br />
país islâmico que seja democrático.<br />
Todas as guerras do mundo são causadas<br />
por ditadores e é por isso que<br />
todas as guerras do mundo são sempre<br />
entre dois ditadores ou entre uma<br />
ditadura e uma democracia. Duas<br />
mão Guelmann”, excelência em educação,<br />
formadora de cidadãos conscientes,<br />
guardiã de suas tradições, tem como missão-<br />
o amanhã.<br />
Nosso propósito é unir forças e crescer<br />
ainda mais. A continuidade da escola<br />
depende exclusivamente de amigos e<br />
ex-alunos, que acreditam nestes valores<br />
e querem que outras gerações usufruam<br />
desta riqueza: Educação voltada para a<br />
diversidade.<br />
Assim, neste grande evento, a confraternização<br />
torna-se um momento para dar<br />
continuidade a este legado, dando mais<br />
um passo, constituindo a “Associação de<br />
Amigos da EIBSG”. A partir de agora, todos<br />
vocês fazem parte desta jornada, o passado,<br />
o presente e o futuro se unem em<br />
uma só ação – manter esta chama viva!<br />
Convidamos todos a brindarem este aniversário<br />
e muitos outros que virão. “Seja<br />
você a mudança que quer ver no mundo”.<br />
O evento de aniversário da EIBSG será dia<br />
2 de julho de 2011, no CIP – Centro Israelita<br />
do Paraná, às 20h.<br />
Escola Israelita Brasileira “Salomão Guelmann”<br />
Curitiba - PR<br />
Para escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> basta passar um fax pelo<br />
telefone: 0**41 3018-8018 ou e-mail para visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
democracias nunca entram em guerra,<br />
uma contra a outra.<br />
A razão pela qual o senhor nunca<br />
viu um só pais islâmico<br />
democrático é porque o<br />
islã é a antítese completa<br />
da democracia. E<br />
o islã não é apenas uma<br />
religião. É um sistema<br />
social, político e militar<br />
com uma única finalidade:<br />
impor o islã — à força!!!<br />
— no mundo inteiro,<br />
criando um único califado,<br />
regido pelas leis<br />
da Sha’ria.<br />
De acordo com o<br />
Islã, só existem dois lu-<br />
gares no mundo: os que já são islâmicos<br />
(Dar el Islam ou Casa do Islã)<br />
e os que ainda não são (Dar el Harb<br />
ou Casa da Guerra). Ou seja, em todos<br />
os lugares que ainda não são governados<br />
por muçulmanos e onde a<br />
lei ainda não é a da Sha’ria, os muçulmanos<br />
são obrigados a fazer guerra,<br />
conquistar o lugar e implantar o<br />
islã à força. Assim sendo, a Jihad (“a<br />
Guerra Sagrada” dos muçulmanos)<br />
não é só contra Israel, mas também<br />
contra todos os países democráticos<br />
do mundo e, principalmente, contra o<br />
que eles chamam de “o Grande Satã”:<br />
os Estados Unidos da América. Acredite-me,<br />
senhor presidente, eles não<br />
vão parar até eles ou nós estarmos<br />
rendidos à força. É uma guerra tipo<br />
soma-zero contra todos os “infiéis”<br />
(os que não acreditam em Alá).<br />
O senhor deveria também saber<br />
que só existe uma única decisão internacional<br />
que determina a quem<br />
pertencem as terras da Judeia, Samaria<br />
e Gaza: a decisão da Conferência<br />
de San Remo de 1920, que deu todas<br />
essas terras aos judeus e até proibiu<br />
de se dar uma parte dessas terras ao<br />
domínio de outros. Essa decisão foi<br />
reiterada em 1945, quando surgiu a<br />
ONU (item 80 do capitulo 12 da Carta<br />
das Nações Unidas). Todas as outras<br />
decisões tomadas até hoje pela ONU,<br />
foram apenas recomendações, haja<br />
vista que estavam baseadas no capitulo<br />
6 dessa Carta e não no capitulo 7.<br />
Na guerra de 1948, a Jordânia e o<br />
Egito tomaram de nós essas terras,<br />
por força militar.<br />
Em 1967, na Guerra dos Seis Dias,<br />
nós recuperamos as terras que eram<br />
nossas desde o princípio, por decisão<br />
internacional, ou melhor, por duas<br />
decisões internacionais!<br />
Senhor Presidente: “acordo de<br />
paz” é coisa que não existe. A lei internacional<br />
e a Carta da ONU não reconhecem<br />
esse tipo de acordo. Isso,<br />
porque paz é definida como situação<br />
de “Default”, ou seja, opção previamente<br />
selecionada como normal.<br />
Presidente dos EUA Barack<br />
Obama<br />
Guerra é Crime Contra a Humanidade!<br />
Todas as guerras entre Israel e os<br />
países árabes foram causadas pelos<br />
árabes (regimes ditatoriais),<br />
tiveram caráter<br />
genocida (pois queriam<br />
eliminar os judeus e sua<br />
pátria) e assim, de acordo<br />
com a lei internacional,<br />
os árabes cometeram<br />
(e continuam a cometer!)<br />
crimes contra a<br />
humanidade!<br />
Israel sempre foi atacada,<br />
mas conseguiu<br />
sobrepujar todos os<br />
seus inimigos reconquistando<br />
as terras que<br />
lhe pertenciam por decisão internacional<br />
e que foram usurpadas dela à<br />
força, em 1948.<br />
Estas terras têm que continuar<br />
nas mãos de Israel por vários motivos.<br />
Entre eles:<br />
1) Porque foi lá que nasceu e se<br />
constituiu numa nação, o povo judeu;<br />
2) Porque não só no Velho Testamento,<br />
mas também no próprio Corão<br />
está escrito isso várias vezes e,<br />
3) Porque assim foi decidido tanto<br />
na Liga das Nações quanto na ONU.<br />
Cada vez que Israel cedeu e concedeu<br />
terras aos árabes, o resultado<br />
foi sempre o mesmo: mais e mais judeus<br />
foram assassinados. Famílias<br />
inteiras foram massacradas por homens-bombas-suicidas<br />
(muçulmanos,<br />
é claro!), em restaurantes, pizzarias,<br />
ônibus, etc. Desde a assinatura do<br />
famigerado acordo de Oslo em 1995,<br />
cerca de 1500 judeus foram assassinados.<br />
Dezenas de milhares se feriram<br />
e muitos deles ficaram inválidos<br />
para o resto de suas vidas.<br />
Senhor Presidente: se nós tivéssemos<br />
a ousadia de dizer que todos<br />
os árabes devem ser expulsos de Israel,<br />
o senhor diria que somos racistas,<br />
mas quando o líder deles, Abu<br />
Mazen diz que o futuro país palestino<br />
deve ficar “limpo de judeus” o senhor<br />
fica de boca fechada...<br />
O senhor disse que é importante<br />
dizer a verdade.<br />
Sim, senhor Presidente, é verdade.<br />
No entanto, é muito mais importante<br />
saber a verdade!<br />
O senhor não pode dizer a verdade,<br />
sem saber história, leis e decisões<br />
internacionais e, acima de tudo, se<br />
ignora a realidade.<br />
O senhor quer viver num mundo<br />
de fantasia?<br />
Muito bem. Nesse caso, eu lhe<br />
aconselho a ir à Disneylândia e falar<br />
com Mickey Mouse e o pato Donald.<br />
Deixe-nos tomar conta de nós<br />
próprios. Não necessitamos das suas<br />
fantasias.
TV síria divulgou no<br />
domingo, dia 5 de junho<br />
que 23 pessoas<br />
foram mortas e cerca<br />
de 350 teriam sido<br />
feridas ao longo da<br />
fronteira da Síria com Israel<br />
nas Colinas de Golan, perto da<br />
vila de Majdal Shams, supostamente<br />
pelo fogo das Forças de Defesa de<br />
Israel (FDI). Porta-voz das FDI disse<br />
que as únicas informações que tinha<br />
sobre as mortes na fronteira eram as<br />
relatadas pelas fontes sírias e, portanto,<br />
não poderia confirmar o número<br />
de pessoas mortas, se é que houve<br />
alguma morte, pois é provável que<br />
tudo seja parte da propaganda antiisraelense.<br />
Após várias horas de confrontos, as<br />
FDI permitiram o acesso das equipes<br />
da Cruz Vermelha equipes à área da<br />
fronteira com a Síria, a fim de evacuar<br />
os manifestantes feridos, informou o<br />
Canal 10 da televisão israelense.<br />
Dois homens armados foram identificados<br />
perto da cerca na fronteira<br />
em Kuneitra, do lado sírio da fronteira,<br />
declarou o porta-voz das FDI ao<br />
jornal The Jerusalem Post na tarde do<br />
mesmo domingo.<br />
Mas não houve informações oficiais<br />
posteriores sobre as identidades<br />
dos atiradores, ou sobre sua proximidade<br />
em relação à fronteira, mas um<br />
oficial de segurança sugeriu que os<br />
homens poderiam ser policiais ou<br />
membros das forças do exército sírio.<br />
Antes de marcar os dois homens<br />
armados, segundo a porta-voz das FDI,<br />
cerca de 150 pessoas conseguiram<br />
atravessar o lado sírio da cerca, entrando<br />
em uma zona minada entre as duas<br />
cercas na área de Majdal Shams.<br />
“Emitimos alertas por alto-falantes<br />
para que eles parassem de avançar.<br />
Quando constatamos que os alertas<br />
Outra tentativa de invadir Israel<br />
manipulada pela Síria foi frustrada<br />
Agora inventaram mais uma, o Dia da Naksa, novo embuste para enganar os incautos<br />
foram ignorados e eles continuavam<br />
a avançar, disparamos tiros de advertência<br />
para o ar”, explicou a porta-voz<br />
das FDI ao The Jerusalem Post.<br />
Quando os manifestantes-invasores<br />
continuaram se aproximando da<br />
cerca do lado de Israel, disse a portavoz,<br />
tiros foram disparados contra as<br />
pernas deles. “Sabemos de 12 feridos”,<br />
acrescentou.<br />
Mais tarde, outra manifestação<br />
foi observada na fronteira com a Síria<br />
em Kuneitra, onde, desta vez, entre<br />
200 e 300 pessoas se reuniram. O<br />
exército israelense informou que não<br />
houve tentativa de cruzar a fronteira<br />
nesse evento, e nenhuma morte ou<br />
ferido foram registrados.<br />
As advertências do exército de Israel<br />
foram feitas em língua árabe<br />
através de alto-falantes ao longo da<br />
fronteira, alertando para que ninguém<br />
se aproximasse da cerca, pois caso<br />
contrário, seria morto.<br />
A televisão síria — o canal 2 — também<br />
reportou que os manifestantes tentavam<br />
romper a cerca em vários pontos<br />
nas Colinas de Golan, durante seu<br />
noticiário captado em Israel.<br />
Na manhã do domingo, 5/6, data<br />
do começo da Guerra dos Seis Dias<br />
em 1967, o primeiro-ministro Binyamin<br />
Netanyahu alertou que existem<br />
“elementos radicais que estão procurando<br />
violar as fronteiras [de Israel]<br />
para marcar o aniversário do início da<br />
Guerra dos Seis Dias”, falando na reunião<br />
semanal de seu gabinete. “Nós<br />
não permitiremos que eles façam<br />
isso”, frisou.<br />
Netanyahu acrescentou que as<br />
forças de segurança agiriam “com firmeza,<br />
mas com moderação”.<br />
As forças da Polícia e do Exército<br />
permaneceram em alerta máximo e<br />
reforçaram sua presença em vários<br />
pontos das fronteiras de Israel ante-<br />
cipando-se às marchas programadas<br />
pelos sírios para domingo na fronteira<br />
para “recordar” o que denominaram<br />
de Naksa ou “retrocesso” em<br />
1967 na Guerra dos Seis Dias. Uma<br />
ampla campanha na internet inventou<br />
mais essa farsa do Dia da Naksa<br />
para tentar convencer árabes a protestar<br />
na Cisjordânia e em Jerusalém,<br />
e invadir o terreno através das fronteiras<br />
de Israel com a Síria, com Líbano<br />
e com a Jordânia, além de programar<br />
protestos em frente às embaixadas<br />
de Israel no Cairo e em Amã.<br />
Afora o incidente na fronteira em<br />
Golan todas as demais ações planejadas<br />
para obter mártires e exibir a<br />
‘maldade’ de Israel ao mundo ocidental,<br />
numa manipulação orquestrada<br />
pelo governo sírio com apoio dos palestinos,<br />
para desviar as atenções do<br />
ocidente ao massacre do povo sírio<br />
pelo seu governo, redundaram num<br />
fisco total.<br />
Enquanto isso, o regime de Bashar<br />
Assad, o sanguinário ditador de Damasco,<br />
continua a matar o povo sírio,<br />
atacando-o em todas as cidades onde<br />
há protestos a favor da democracia e<br />
da liberdade. O número de mortos sírios,<br />
1.200 em sua grande maioria de<br />
civis, já ultrapassou, inclusive, o total<br />
correto de mortos em Gaza por Israel<br />
durante a Operação Chumbo Derretido<br />
no final de 2008 e início de 2009, que<br />
foi de 1.100, dos quais a esmagadora<br />
maioria era composta de terroristas e<br />
membros das forças de segurança do<br />
Hamas. No entanto, surpreendentemente,<br />
ao contrário do que ocorreu em<br />
Gaza, a mesma gritaria geral testemunhada<br />
quando da ocasião do ataque<br />
defensivo contra oito anos interruptos<br />
de lançamentos por parte do Hamas,<br />
de mísseis e foguetes explosivos contra<br />
a população civil israelense, residente<br />
nas cidades do Sul do país, não<br />
se repetiu desta vez.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
A única manifestação registrada,<br />
sem grandes alardes, foi o fato de um<br />
grupo de países europeus ter apresentado<br />
dia 8/6 ao Conselho de Segurança<br />
da ONU uma nova proposta de resolução<br />
que condena a repressão do<br />
governo da Síria às manifestações<br />
pró-democracia.<br />
O texto, apresentado pelo Reino<br />
Unido, França, Alemanha e Portugal<br />
em uma reunião a portas fechadas,<br />
em Nova York, foi uma nova versão<br />
da proposta anterior que não havia<br />
sido analisada. A proposta de resolução<br />
condena as violações sistemáticas<br />
dos direitos humanos na Síria,<br />
pede o fim imediato da violência e o<br />
fim do cerco das forças de segurança<br />
do governo a diversas cidades do<br />
país, permitindo a entrada de ajuda<br />
humanitária. Diferentemente da posição<br />
adotada em relação à Líbia, porém,<br />
a proposta não autoriza qualquer<br />
tipo de ação concreta contra o governo<br />
sírio. A linguagem da nova versão<br />
apresentada no dia 8/6 foi modificada<br />
para conquistar o apoio de outros<br />
membros do Conselho de Segurança<br />
até então contrários à resolução para<br />
proteger a ditadura síria.<br />
Membros do Reform Party of Syria,<br />
que faz oposição ao regime de Assad<br />
informaram que os manifestantes sírios<br />
dos distúrbios de 5/6 na fronteira<br />
de Israel, eram agricultores de Majdal<br />
Shams, pagos pelo regime de Bashar<br />
Assad. A intenção de Assad, seria desviar<br />
à atenção do massacre que este<br />
promove contra a população na Síria.<br />
Os opositores sírios informaram<br />
que foi prometido a cada agricultor<br />
que aparecesse na tentativa de romper<br />
a cerca o valor de 1.000 dólares,<br />
e caso algum fosse morto a família<br />
receberia 10.000 dólares. Valores bastante<br />
altos, já que os agricultores têm<br />
renda mensal aproximada de 200 dólares,<br />
segundo o site Ynetnews.<br />
Guarda iraniano que virou espião dos EUA diz que Teerã quer atacar Israel<br />
Dudi Cohen *<br />
Um ex-combatente islâmico do Irã, pertencente<br />
ao Corpo da Guarda Revolucionária<br />
(IRGC) e que virou espião dos EUA, ofereceu<br />
um raro olhar sobre um dos países mais<br />
complexos do Oriente Médio.<br />
Durante uma conferência realizada no<br />
Washington Institute for Near East Policy<br />
(Instituto Washington para a Política do<br />
Oriente Próximo) em 9/6, Reza Kahlili (um<br />
pseudônimo) estimou que o Irã termine por<br />
atacar Israel, a Europa e os Estados do Golfo<br />
Pérsico. Ele defende um ataque preventivo<br />
contra o regime de Teerã, mas não sobre o<br />
povo iraniano ou a infra-estrutura do país.<br />
Kahlili acusou a Administração Obama<br />
de ser ingênua. Segundo ele, as aberturas<br />
dos americanos são vistas pelo regime iraniano<br />
como um sinal de fraqueza, enquanto<br />
o povo iraniano considera os esforços para<br />
envolver o regime em um ato de traição contra<br />
a sua luta pela liberdade.<br />
“Este é um regime messiânico. Não deve<br />
haver nenhuma dúvida - eles estão pretendendo<br />
cometer o atentado suicida mais horrível<br />
na história da humanidade. Eles vão atacar<br />
Israel, as capitais europeias, e a região<br />
do Golfo Pérsico, ao mesmo tempo”, disse<br />
Kahlili numa de suas primeiras aparições<br />
públicas para promover seu novo livro “A<br />
Time To Betray: The Astonishing Double Life<br />
of a CIA Agent inside the Revolutionary<br />
Guards of Iran” (“Tempo de Traição: A surpreendente<br />
Vida Dupla de um Agente da CIA<br />
dentro da Guarda Revolucionária do Irã”).<br />
Kahlili disse que se juntou à Guarda Revolucionária<br />
na sequência da revolução islâmica<br />
de 1979, mas que se ofereceu para trabalhar<br />
para a CIA, quando ele se desiludiu com o regime<br />
de Khomeini após ter testemunhado atos<br />
de violação, tortura e assassinato.<br />
* Dudi Cohen é jornalista e escreve para o Yediot Acharonot, em Israel.<br />
15<br />
Kahlili chegou à conferência usando uma<br />
máscara cirúrgica, óculos escuros e um boné<br />
de baseball para esconder sua identidade.<br />
Ainda por causa da preocupação por sua segurança,<br />
bem como da sua família dentro do<br />
Irã, sua voz também foi disfarçada.<br />
Durante 10 anos, sob o codinome<br />
“Wally”, ele transmitiu as operações secretas<br />
da IRGC para a inteligência americana e<br />
acabou por fugir para os Estados Unidos. No<br />
rescaldo do 11/9, entretanto Kahlili restabeleceu<br />
contato com suas fontes no Irã e mais<br />
uma vez começou a prestar informações à<br />
CIA, segundo o Instituto Washington.
16<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
OLHAR<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
HIGH-TECH<br />
○<br />
Pesquisadores usam DNA<br />
no combate ao câncer<br />
Apesar de se saber que o dano a células<br />
normais é causado pelo estresse na<br />
replicação do DNA, quando células cancerosas<br />
o invadem, a base molecular<br />
para este processo não estava clara.<br />
Pesquisadores da Universidade Hebraica<br />
de Jerusalém demonstraram que no<br />
inicio do desenvolvimento do câncer, as<br />
células sofrem de uma quantidade insuficiente<br />
de blocos de construção que<br />
ajuda a replicação de DNA normal. É<br />
possível deter este processo por melo<br />
de alimentação externa de “blocos de<br />
construção”, resultando em danos menores<br />
das células de DNA e uma diminuição<br />
significativa no potencial das<br />
células de desenvolver características<br />
cancerígenas. (Universidade Hebraica<br />
de Jerusalém).<br />
Combate ao câncer - 2<br />
No trabalho realizado pela professora<br />
latsheva Kerem, do Instituto Alexander<br />
Sllverman para Ciências da Vida da<br />
Universidade Hebraica de Jerusalém,<br />
foi demonstrado que a ativação anormal<br />
da proliferação celular que leva a<br />
distintos tipos de câncer conduz a níveis<br />
insuficientes e blocos de construção<br />
de DNA (nucleotídeos) requeridos<br />
para apoiar a replicação do DNA normal.<br />
Usando cultivos de laboratório<br />
nos quais se introduziram células cancerosas,<br />
os pesquisadores puderam<br />
demonstrar que, por meio da alimentação<br />
externa desses blocos de construção<br />
de DNA, é possível reativar a<br />
síntese normal do DNA, anulando,<br />
dessa maneira, o dano causado por<br />
células cancerosas e com potencial<br />
cancerígeno. Até agora, esse processo<br />
não tinha sido demonstrado. (Universidade<br />
Hebraica de Jerusalém).<br />
Toranjas contra o açúcar<br />
A Universidade Hebraica de Jerusalém<br />
e a Universidade de Harvard desenvolveram<br />
um suplemento alimentar para<br />
ser tomado antes das refeições que diminui<br />
a absorção de gorduras e açúcar.<br />
A pesquisa conjunta foi com as moléculas<br />
de naringenin, as responsáveis<br />
pelo gosto amargo do grapefruit (toranja).<br />
O suplemento pode ser usado no<br />
tratamento de diabetes, arteriosclerose<br />
e hiper-metabolismo. A absorção de<br />
naringenin de forma natural é muito<br />
baixa. A engenharia aplicada na molécula<br />
permitiu multiplicar por 11 a capacidade<br />
de absorção pelo corpo. Nos<br />
ratos, uma dose antes de refeições ricas<br />
em açúcar diminuiu o mau colesterol<br />
em 42% e aumentou a sensibilidade<br />
da insulina em 64%. (Universidade<br />
Hebraica de Jerusalém).<br />
Vacina contra o câncer<br />
O laboratório de biomedicina israelense<br />
Vacciguard desenvolveu um sistema<br />
biotecnológico que será capaz de produzir<br />
vacinas contra alguns tipos de<br />
doenças mais letais, como o câncer e a<br />
meningite tipo B. “Nossa tecnologia<br />
consiste de transmissores próprios de<br />
peptídeos (compostos resultantes da<br />
união de dois ou mais aminoácidos) derivados<br />
de um elemento de proteína chamada<br />
Heat Shock Protein 60 (HSP60) que<br />
permite um método muito mais eficaz<br />
de combater bactérias e vírus”, explica<br />
Anat Eitan, CEO do laboratório Vacciguard.<br />
(Jornal Alef).<br />
Vacina contra o câncer 2<br />
A vacina utilizará antígenos específicos<br />
do tumor - proteínas descobertas em<br />
uma célula tumoral. Injetando os antígenos<br />
na área atingida, o sistema imunológico<br />
produzirá uma quantidade elevada<br />
de anticorpos ou de linfócitos T<br />
citotóxicos, para atacar as células do<br />
câncer que carregam esse antígeno específico.<br />
As vantagens são claras: “A<br />
maioria das vacinas atualmente utilizadas<br />
é baseada em um patógeno atenuado<br />
ou numa única proteína inteira de<br />
uma bactéria ou vírus. Em vez de desenvolver<br />
uma vacina específica para cada<br />
linhagem, podemos ter alguns aminoácidos<br />
a partir do patógeno que é comum<br />
em todas as suas cepas e desenvolver<br />
uma vacina única que é eficaz contra<br />
todas as cepas do patógeno”, ressalta<br />
Anat Eitan. (Jornal Alef).<br />
Dispositivo substitui quimioterapia<br />
O tratamento do câncer tem mais um<br />
aliado: um dispositivo portátil que interrompe<br />
a divisão das células cancerígenas<br />
e trava a propagação de tumores<br />
no cérebro. O aparelho, fabricado<br />
em Israel, foi concebido para tratar<br />
adultos com um dos cânceres mais comuns<br />
e que mais resistem aos tratamentos<br />
de quimioterapia e radioterapia,<br />
o glioblastoma multiforme (GBM).<br />
A nova alternativa de tratamento é<br />
composta por um conjunto de elétrodos<br />
implantados no couro cabeludo do<br />
doente que emitem descargas elétricas<br />
de baixa intensidade para “atacar” o<br />
tumor cerebral. Funciona com baterias<br />
ou com energia elétrica e pode ser utilizado<br />
em casa pelos doentes, que conseguem<br />
assim manter as suas atividades<br />
diárias com normalidade. A principal<br />
vantagem da utilização do “NovoT-<br />
TF-100A” consiste na melhoria da qualidade<br />
de vida, além de não provocar<br />
problemas de náuseas, anemia, fadiga,<br />
diarreia e infecções graves, como habitualmente<br />
ocorre com a toxicidade da<br />
quimioterapia. (Jornal Alef).<br />
Os diabólicos judeus e suas<br />
inovações para salvar vidas<br />
Cúpula de Ferro? Não pensávamos<br />
que fosse funcionar. Pode estilhaçar<br />
nossos mísseis no céu? Impossível.<br />
Mas, que os céus nos ajudem, o fizeram.<br />
Esses judeus diabólicos. Estão<br />
tornando tão difícil matá-los.<br />
Tiraram até os últimos pais, mães<br />
e crianças, fora da Faixa de Gaza, onde<br />
podíamos chegar a eles facilmente.<br />
Também tiraram seu exército.<br />
Até o último tanque, até o último<br />
soldado. O único que temos aqui agora<br />
é Gilad Shalit.<br />
Alguns deles pensaram que isto<br />
poderia saciar nossas ambições. Idiotas.<br />
Pensaram que a “comunidade internacional”<br />
nos faria ver o inferno, se<br />
continuávamos tratando de matá-los.<br />
Tontos. É claro que não íamos parar, e<br />
certamente que ninguém ia nos deter.<br />
Não pararemos até que os tenhamos<br />
aterrorizado, até que vão embora da<br />
Palestina. E nem estamos fazendo nenhum<br />
segredo disso; tudo está aí, em<br />
nossa carta.<br />
Entretanto, que os céus nos ajudem,<br />
não cedem facilmente. E realmente valorizam<br />
a vida.<br />
Inclusive a do nosso povo!<br />
Sempre nos asseguramos que nossos<br />
combatentes estejam rodeados de<br />
mulheres e crianças antes de abrir fogo.<br />
Asseguramo-nos de que nossos combatentes<br />
sejam indistinguíveis da população<br />
civil, não usamos uniformes.<br />
E ainda assim os judeus insistem em<br />
conter-se em responder ao fogo, até<br />
que possam estar razoavelmente seguros<br />
de que só vão matar nossos homens.<br />
Incrível: Fazemos todo o possível<br />
para que nossa gente comum morra,<br />
e eles fazem todo o possível para<br />
não matá-los. Que tipo de mundo de<br />
pernas para o ar é este?<br />
Como sabem, sequer, quem são os<br />
nossos combatentes? Pensem nos recursos<br />
que estão gastando para certificarem-se<br />
de não matar as pessoas erradas!<br />
Graças aos céus, o resto do<br />
mundo é muito bôbo ou demasiado estreito<br />
de visão, para entender o que<br />
está ocorrendo; obrigado, valha-me o<br />
Senhor, pois não se deram conta de que<br />
estamos colocando, deliberadamente,<br />
nossa gente em perigo e esses judeus<br />
estão fazendo seu melhor esforço para<br />
não prejudicá-los.<br />
E no que diz respeito às suas vidas?<br />
Como disse, cada vez é mais difícil<br />
matá-los. Têm sistemas de alerta prévio,<br />
alarmes, abrigos antiaéreos, habitações<br />
seguras, cubos de proteção de<br />
concreto, e fantásticos e heroicos serviços<br />
médicos. Imaginem se adotássemos<br />
este tipo de medidas, não teríamos<br />
ninguém do nosso povo morto, e<br />
então, onde estaríamos?<br />
David Horovitz *<br />
Agora, pensando melhor, se só deixássemos<br />
de disparar contra eles, não<br />
teríamos necessidade de adotar nenhuma<br />
destas medidas. Não é que eles disparariam<br />
primeiro. Mas se deixássemos<br />
de disparar, como poderíamos nos queixar<br />
para o mundo acerca desses inimigos<br />
sionistas sem piedade? Como poderíamos<br />
manter a ONU e o resto desses<br />
imbecis do nosso lado? Como poderíamos<br />
manter, furiosamente, em nosso<br />
povo, o ódio aos judeus? Como poderíamos<br />
servir a nossa nobre e sangrenta<br />
causa?<br />
Mas, malditos sejam, eles e suas<br />
inteligentes inovações, não nos detiveram<br />
com os alarmes e os refúgios.<br />
Agora inventaram este artefato, “Cúpula<br />
de Ferro”.<br />
Pensávamos que nem em um milhão<br />
de anos ia funcionar. Lançam foguetes<br />
contra nossos foguetes e os eliminam<br />
no ar?<br />
Sim, claro. Isto não é um Xbox ou<br />
PlayStation. A última vez que olhei, tinha<br />
um céu bem amplo aí.<br />
Mas... Bendita seja minha alma!<br />
Eles conseguiram! Dez dos nossos foguetes<br />
explodiram em pleno ar, só nos<br />
últimos dois dias. Repugnante. Estávamos<br />
certos de que teríamos alguma carne<br />
morta por esses tiros.<br />
Quero dizer, nem sequer se supõe<br />
que funcione corretamente ainda; na<br />
fase experimental, e os meios de comunicação<br />
israelenses riam de seus desenvolvedores,<br />
estavam certos de que<br />
seria inútil.<br />
Às vezes, juro, começo a me perguntar<br />
se D-us está do lado deles. Louco, eu?<br />
Não sei o que está passando dentro de<br />
mim. Mas vejam a evidência: neste fim<br />
de semana tivemos um Grad que caiu<br />
perto do prédio da administração de um<br />
kibutz. Tivemos um ao lado de uma escola<br />
em Ofakim. Nem uma só vítima mortal.<br />
Alguns minutos antes, numa quinta-feira,<br />
poderíamos ter acertado um ônibus<br />
cheio de escolares, perto do Kibutz Sa’ad.<br />
Mas não, desceram justo antes que atingíssemos<br />
esse fácil alvo de cor amarelo<br />
brilhante, e tudo o que conseguimos foi<br />
um adolescente e o motorista.<br />
O quê? O que é que você diz? Deixar<br />
as armas? Internalizar a santidade<br />
da vida humana?<br />
Isso é papo ridículo. Em seguida<br />
você me dirá para que façamos as pazes<br />
com eles. Que reconheçamos que<br />
têm direito de viver aqui. Que construamos<br />
um Estado ao lado do seu. Que<br />
devemos dar a nosso povo um futuro<br />
melhor. Que dirijamos nossa atenção<br />
para longe da guerra, da violência, da<br />
morte e do matar, para algo produtivo.<br />
Nunca, te digo. Nunca.<br />
* David Horovitz é jornalista israelense, editor-chefe do jornal The Jerusalém Post. Publicado em 10/4/11. O<br />
original está em http://www.jpost.com/NationalNews/Article.aspx?id=215881
Universidade Federal<br />
do Paraná (UFPR) está<br />
completando seu centenário<br />
de fundação e<br />
um dos eventos para<br />
marcar o acontecimento<br />
será uma exposição fotográfica<br />
sobre a história da imigração judaica<br />
ao Paraná e de objetos religiosos do judaísmo,<br />
além de um ciclo de palestras. O<br />
evento está sendo organizado pelo Instituto<br />
Cultural Judaico Brasileiro Bernardo<br />
Schulman (ICJBS), em homenagem ao centenário<br />
da universidade, com a participação<br />
de jovens da comunidade.<br />
O programa prevê a abertura da exposição<br />
no dia 22/6 às 19h no prédio histórico<br />
da UFPR na Praça Santos Andrade,<br />
com a presença do reitor Zaki Akel<br />
Sobrinho, autoridades, dirigentes de<br />
instituições judaicas, membros da comunidade,<br />
estudantes e convidados.<br />
O professor Gabriel Schulman, mestre<br />
em Ciências Jurídicas, no dia 27/6, no<br />
mesmo local, fará a abertura do ciclo de<br />
palestras sobre Imigração <strong>Judaica</strong> e a<br />
apresentação dos conferencistas. As<br />
palestras estarão a cargo do professor e<br />
historiador Sérgio Feldman, da Universidade<br />
Federal do Espírito Santo e da<br />
antropóloga e professora Laura Garbini,<br />
da Unibrasil, com o tema “A reconstrução<br />
da identidade cultural no contexto<br />
da imigração”.<br />
Na mesma ocasião ocorrerá o lançamento<br />
oficial do livro “O Teatro na Vida<br />
da Coletividade <strong>Judaica</strong> de Curitiba”, fora<br />
do âmbito da comunidade, de autoria de<br />
Sara Schulman, presidente do ICJBS.<br />
Quem é essa gente? Poucos e<br />
com muita repercussão<br />
Os judeus de Curitiba não escaparam<br />
dos clichês com que os representantes<br />
da cultural judaica são identificados<br />
historicamente em todo mundo.<br />
E acredito que nenhum outro povo tenha<br />
sido até agora objeto de tantos estudos<br />
quanto o judeu.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
Fotografias e palestras sobre imigração judaica<br />
Aroldo Murá G. Haygert *<br />
Na verdade, há estudos e “estudos”<br />
que procuram explicar as peculiaridades<br />
dos filhos de Abraão, Isaac e Jacó.<br />
Os “estudos” embasados em antissemitismo<br />
atribuirão a alquimias e espírito<br />
de autoproteção (“a sinagoga”) o<br />
desempenho exemplar dos judeus ao<br />
longo da História.<br />
Mas a carga de dor e sofrimento, trazida<br />
pelo preconceito, fixada pela sociedade<br />
cristã, pode explicar boa parte do<br />
sucesso judaico em quase todos os campos<br />
da atividade humana.<br />
Com simplismo, diria que se trata<br />
daquela questão do “quem não me destrói<br />
me faz mais forte”. Mas será só isso?<br />
Lembremos da Inquisição católica e<br />
as perseguições em sociedades protestantes.<br />
E dos vetos que por séculos imperaram<br />
à participação plena de judeus<br />
em escolas ditas de “elite”, como nos<br />
Estados Unidos e Inglaterra. Ou das sistemáticos<br />
impedimentos aos judeus de<br />
obterem plenos direitos civis em muitos<br />
países. E será necessário falar do Holocausto,<br />
o Shoá?<br />
A história dos judeus de Curitiba<br />
mostra bem mais do que a encarnação<br />
do “daquilo que não me destrói…”<br />
Aqui, como em toda a diáspora,<br />
identifica-se a ampla visão da família<br />
judaica a levar os filhos ao estudo formal,<br />
à pesquisa e ao questionamento<br />
sistemático, como a base de uma perfeita<br />
engenharia de vida.<br />
E sugiro que se procure, como exemplo,<br />
o rol de descendentes dos imigrantes<br />
judeus presentes na UFPR, desde<br />
1911 até hoje. A proporção foi impressionante,<br />
avaliando-se a população judaica<br />
local em relação ao todo da sociedade<br />
abrangente, num certo período.<br />
E mais que isso: até os anos 1970,<br />
quando os graduados em cursos universitários<br />
circunscreviam-se a uma “elite<br />
meritocrática”, os filhos de Israel eram<br />
dos primeiros entre seus pares em cursos<br />
notoriamente mais exigentes. Assim,<br />
os notáveis judeus médicos, engenhei-<br />
ros, bioquímicos, professores, arquitetos<br />
e urbanistas – dentre outras tantas categorias<br />
universitárias – foram preenchendo<br />
as necessidades da sociedade curitibana.<br />
Quase sempre, de forma exemplar,<br />
prestando serviço de qualidade.<br />
Papa João Paulo II: família<br />
judaica<br />
Acredito, como o papa João Paulo II<br />
um dia disse, que o grande segredo do<br />
povo judeu é a unidade familiar. A família<br />
como base de sustentação de um projeto<br />
comum, a partir de qual se monta uma<br />
madura e ativa sociedade.<br />
O papa polonês disse ainda que o<br />
exemplo do povo de Israel poderia ser<br />
tomado pelo mundo cristão.<br />
Nada mais prova a importância dessa<br />
primeira célula – a família – para os judeus<br />
de Curitiba do que o livro de minha<br />
amiga Sara Schulman, “O Teatro na Vida<br />
da Coletividade <strong>Judaica</strong> de Curitiba”.<br />
No livro de perfil histórico, farta<br />
documentação fotográfica percorrendo<br />
dezenas de anos, o que se percebe é a<br />
família a definir os passos desse povo.<br />
Na vida, nos palcos, nas orações e celebrações<br />
litúrgicas.<br />
Essa gente, que começou aqui no<br />
século XIX localizando-se em Araucária,<br />
por primeiro, foi conquistando espaço.<br />
E mais que isso, foi ajudando a construir<br />
o Estado.<br />
O livro de Sara é o melhor retrato<br />
de quanto a família judaica é uma realidade<br />
forte na vida de cada um de seus<br />
filhos: nas páginas do trabalho, percebem-se<br />
as linhagens desses judeus com<br />
origem europeia na montagem de cada<br />
espetáculo. Ali as famílias de revezam,<br />
os nomes indicam um senso de unidade<br />
invejável.<br />
O ciclo de conferências agora anunciado<br />
é oportunidade para ouvir gente<br />
que é bem mais do que Doutor em História,<br />
como Sérgio Feldman. Será oportunidade<br />
preciosa de fazer um balanço<br />
histórico-cultural que, não tenho dúvi-<br />
das ajudará a derrubar eventuais preconceitos<br />
antissemitas.<br />
Não posso esquecer de nominar o<br />
papel do papa João XXIII que, com o<br />
documento “Nostra Aetate”, começou<br />
a derrubar os anátemas lançados, infelizmente<br />
pela própria Igreja, “mãe” da<br />
civilização ocidental.<br />
Judeus importantes do Brasil<br />
tem Saul, Lerner e “Sig”<br />
Hertz Uderman (hertz@grupotac.<br />
com.br) é um empresário carioca, 77,<br />
engenheiro, homem de negócios muito<br />
bem sucedido.<br />
É um homem de projeção e acatamento<br />
no meio empresarial carioca.<br />
Uderman incursiona agora pelo mundo<br />
editorial. É dele o livro, interessantíssimo,<br />
pelo trabalho de codificação de informações,<br />
centralizado no título da<br />
obra: “Os judeus no Desenvolvimento<br />
Brasileiro”.<br />
O livro é apresentado por Arnaldo<br />
Niskier, da Academia Brasileira de Letras,<br />
também de origem judaica.<br />
Lerner e “Sig”, Saul e Miguel<br />
Krigsner<br />
O livro de Uderman catalogou os<br />
judeus mais expressivos da sociedade<br />
brasileira, aqui nascidos ou para aqui<br />
emigrados.<br />
E também faz um apanhado dos<br />
notáveis judeus, ao longo da História.<br />
Nessa relação não falta Jesus Cristo, que<br />
entra na categoria “Pregador”.<br />
Dois paranaenses estão entre os<br />
judeus mais ilustres da relação de Hertz<br />
Uderman – categoria executivos: Jaime<br />
Lerner e Segismundo Morgenstern, exsecretário<br />
de Estado, presidente da<br />
Universidade do Esporte do Paraná.<br />
Há outros judeus paranaenses nominados<br />
(e nem poderiam faltar), como o<br />
ex-prefeito de Curitiba e empresário<br />
Saul Raiz, assim como o fundador e dono<br />
do grupo O Boticário, Miguel Krisgner.<br />
Museu austríaco devolverá um ‘Klimt’ roubado pelos nazistas<br />
O neto de uma mulher<br />
deportada e assassinada<br />
em 1941 recupera a obra,<br />
avaliada em mais de 20<br />
milhões de euros<br />
Gustav Klimt (1862-1918) pintou<br />
em 1915 uma paisagem que<br />
recebeu o título de Litzlberg am<br />
Attersee que atualmente está<br />
avaliada entre 20 e 30 milhões<br />
de euros. Uma pintura a óleo que<br />
está no Museu de Arte Moderna<br />
de Salzburg, Áustria e que agora<br />
é centro artístico vai devolver ao<br />
neto de sua proprietária original,<br />
uma vítima dos nazistas. A deci-<br />
são foi tomada após estudo do<br />
caso por parte de um grupo de<br />
especialistas.<br />
“Por mais doloroso que seja<br />
devolver esta pintura para a coleção,<br />
a província e toda Áustria,<br />
creio que o governo de Salzburg<br />
deve permanecer no caminho iniciado<br />
em 2002 e não permitir beneficiar-se<br />
de um regime criminoso”,<br />
disse o diretor do Museu,<br />
Wilfried Haslauer. Referia-se ao<br />
acordo firmado neste ano com<br />
várias organizações judaicas<br />
para devolver bens roubados pelos<br />
nazistas. O governo e o parlamento<br />
da província devem<br />
aprovar a restituição da obra.<br />
Os informes periciais encarregados<br />
pelo museu determinaram<br />
que Georges Jorisch é o<br />
dono legítimo do óleo. Jorisch é<br />
neto de Amalie Redlich, deportada<br />
pelos nazistas para a Polônia<br />
em outubro de 1941 e assassinada<br />
ali. A Gestapo — a polícia<br />
secreta nazista — confiscou<br />
a pintura, que havia sido adquirida<br />
por Redlich em 1938. Foi<br />
posteriormente comprada por<br />
um comerciante de arte que trocou<br />
a obra com Museu de Salzburg<br />
por outra pintura. Segundo<br />
disse o advogado de Jorisch a<br />
uma emissora de rádio austríaca,<br />
seu cliente ajudará a criar<br />
uma expansão do museu como<br />
gesto de gratidão.<br />
Em janeiro de 2009, o museu<br />
anunciou que entre seu<br />
acervo se contavam de 10 a 15<br />
obras de “origem suspeita”. Entre<br />
as peças sobre as quais há<br />
dúvidas em que circunstâncias<br />
foram adquiridas há peças de artistas<br />
como Egon Schiele ou<br />
Oskar Kokoschka. Essa foi a conclusão<br />
da comissão criada pelo<br />
museu para esclarecer a origem<br />
das obras e que analisou 1.100<br />
desenhos, 100 gravuras e 200<br />
pinturas anteriores a 1945 e que<br />
chegaram ao museu mediante<br />
doações ou compras.<br />
17<br />
* Aroldo Murá G.<br />
Haygert é<br />
professor e<br />
jornalista, tendo<br />
trabalhado e<br />
dirigido<br />
importantes<br />
veículos de<br />
comunicação. O<br />
presente texto foi<br />
publicado em sua<br />
coluna no jornal<br />
Indústria &<br />
Comércio do dia<br />
10.06.2011. O<br />
original pode ser<br />
lido em (http://<br />
www.icnews.com.br/<br />
2011.06.10/<br />
colunistas/aroldomura/fotografiase-palestras-sobreimigracao-judaica)<br />
Imagem fornecida pelo Museu de Arte Moderna<br />
de Salzburgo (Áustria) da obra 'Litzlberg am<br />
Attersee', de Gustav Klimt
18<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
O primeiro volume do Talmud em português<br />
vai ser lançado em Curitiba, no<br />
Beit Chabad dia 28 de junho (terça-feira),<br />
às 19h30 durante um evento no<br />
qual haverá a palestra “Desvendando<br />
os Mistérios do Talmud”, com o Rabino<br />
Shamai Ende, que traduziu para o<br />
português o primeiro livro do Talmud e<br />
vem a Curitiba especialmente para isso.<br />
A ideia do evento é que nossos avós<br />
estudaram o Talmud... e nós continuamos<br />
a estudar! Por isso haverá também<br />
homenagens á memória dos senhores<br />
Nathan Yalom z”l, Shmil Troib z”l, e Menachem<br />
Mendel Knopfholz z”l. Também<br />
será exibida uma exposição com<br />
alguns de seus objetos pessoais.<br />
O Beit Chabad, que está completando<br />
30 anos em Curitiba está convidando<br />
toda a comunidade para participar.<br />
Estando ou morando no Rio você não pode<br />
deixar de assistir ao musical Um Violinista no<br />
Telhado, baseado num conto de Sholem Aleichem<br />
e tendo como inspiração para seu título a<br />
pintura de Marc Chagall intitulada O Violinista.<br />
José Mayer interpretando Tevye o leiteiro, Soraya<br />
Ravenle como Golda, Karin Dreyer, Giulia<br />
Nadruz, Julia Bernat, Malu Rodrigues, Rachel<br />
Renhack, Sofia Viamonte e Hannah Zeitune fazendo<br />
o papel das filhas do casal são aqueles<br />
que levarão todos os espectadores ao mundo<br />
de Sholem Aleichem que condensou todo o drama<br />
da existência judaica na diáspora, na pequena<br />
aldeia ucraniana de Anatevka.<br />
Sob a direção de Charles Möeller, a versão brasileira<br />
ao cargo de Cláudio Botelho e a orquestra<br />
sob a regência de Marcelo Castro, a saga do<br />
povo judeu ao longo da história apresenta um<br />
desafio para qualquer sociólogo: como esse<br />
povo se mantém há tanto tempo, conservando<br />
suas tradições, seus ideais e seus valores?<br />
No último mês, uma delegação brasileira participou<br />
da celebração dos 60 anos da organização Amigos<br />
de Israel, juntamente com integrantes e líderes comunitários<br />
da América Latina e da Europa. Entre as<br />
várias cerimônias e homenagens, vale destacar a<br />
inauguração de uma via em Jerusalém, que recebeu<br />
o nome da entidade.<br />
O presidente de Israel, Shimon Peres, em discurso<br />
solene em Jerusalém, no Hotel King David - local onde<br />
foi fundada a instituição em 1951 -, relembrou a visão<br />
histórica de David Ben-Gurion, primeiro-ministro do<br />
Estado de Israel na época, e destacou a importância<br />
da organização no desenvolvimento do país.<br />
A delegação brasileira, juntamente com a direção<br />
da entidade, também foi recebida no Ministério das<br />
Relações Exteriores.<br />
Da esquerda para a direita,<br />
sra. Rosa Goldfarb, sr. David<br />
Bar-On, presidente do IBI,<br />
sr. Yuli Edelstein, ministro<br />
israelense da Diplomacia<br />
Pública e de Relações com a<br />
Diáspora; sra. Denise<br />
Terpins e sr. Jack Terpins,<br />
presidente do Congresso<br />
Judaico Latino-Americano<br />
Entre os dias 19 e 21 de junho, aconteceu<br />
em Jerusalém, Israel, um dos mais importantes<br />
encontros do mundo judeu,<br />
o Board of Governors do World Jewish<br />
Congress (Congresso Judaico Mundial-<br />
CJM), sob a Presidência de Ronald Lauder,<br />
e que reuniu todos os líderes das<br />
comunidades judaicas do mundo .<br />
A delegação latino-americana foi encabeçada<br />
pelo brasileiro Jack Terpins, presidente<br />
do Congresso Judaico Latino-<br />
Americano (CJL). Na pauta, debates e<br />
análises sobre a situação do Oriente<br />
Médio e as repercussões na região e nas<br />
comunidades judaicas do mundo. Para<br />
isso, especialistas nos referidos temas<br />
foram convidados a falar, e também,<br />
houve pronunciamentos do presidente<br />
Shimon Peres, e dos ex-presidentes<br />
Alejandro Toledo e Luis Alberto Lacalle,<br />
do Peru e Uruguai.<br />
Na ocasião, também foram brindados<br />
os 75 anos de existência do Congresso<br />
Judaico Mundial (CJM).<br />
A revista Mercado Digital em sua edição de abril deste<br />
ano traz reportagem de capa intitulada “As estrelas<br />
brasileiras do Vale do Silício”, apresentando a história<br />
de alguns empreendedores que deixaram o País<br />
em busca de sucesso no berço da tecnologia nos Estados<br />
Unidos. Um deles é Michel Krieger, criador do Instagram,<br />
um programa para iPhone que é fenômeno<br />
mundial. Michel é filho de Paulo Krieger e neto de Sophia<br />
z”l e Simão z”l Krieger, daqui de Curitiba e certamente<br />
ficariam muito orgulhosos do neto.<br />
O aplicativo Instagram, que permite a qualquer usuário<br />
de iPhone inserir efeitos visuais em fotos digitais e<br />
compartilhá-las na internet, foi lançado em outubro<br />
de 2010, nos Estados Unidos. O sucesso foi instantâneo.<br />
Em uma semana, ele já contava com 100 mil usuários,<br />
marca que o microblog Twitter levou dois anos para alcançar.<br />
Hoje, mais de três milhões de pessoas em todo o<br />
mundo utilizam o programa, o que também é uma façanha:<br />
o poderoso Facebook, a maior rede social do mundo,<br />
demorou um ano para chegar a essa marca.<br />
Após virar febre na internet, o Instagram foi tema de reportagens<br />
da badalada revista de tecnologia Wired e de<br />
diários, como o inglês The Guardian e o americano The<br />
New York Times. O que confere um sabor especial a essa<br />
história é que por trás do mais novo fenômeno mundial<br />
da internet está o brasileiro Michel Krieger, de 24 anos. Ele<br />
criou o Instagram junto com o americano Kevin Systrom<br />
no Vale do Silício, o polo tecnológico situado ao sul da Baía<br />
de São Francisco, na Califórnia, de onde nascem as inovações<br />
que determinam os rumos do mercado internacional<br />
Dia 1º de junho foi lançado em S. Paulo<br />
o livro O direito no divã – Ética da emoção,<br />
coletânea de textos, manifestações<br />
e intervenções do advogado e notório<br />
doutor em psicologia Jacob Pinheiro<br />
Goldberg, organizado por Flavio<br />
Goldberg, e prefaciado pelo vice-presidente<br />
da República Michel Temer. Foi<br />
no Shopping Higienópolis.<br />
A Wizo Paraná e a Wizo Aviv Sara Zugman em<br />
homenagem ao Dia dos Pais vão promover um<br />
espetáculo musical com Luciana Melamed, dia 30<br />
de julho, às 20h, na capela Santa Maria.<br />
Luciana é diplomada em Performance<br />
pela Universidade de Indiana<br />
(EUA) e é graduada em canto<br />
pela Universidade Mozarteum Salzburgo.<br />
Nasceu em Curitiba e possui<br />
aptidão nata nas cordas vocais<br />
que atrai centenas de fãs por sua<br />
leveza e seu estilo clássico.<br />
Ela virá do Canadá para apresentar-se<br />
em Curitiba no recital com<br />
canções judaicas e outras canções de compositores<br />
variados além de árias de óperas mais conhecidas.<br />
Ela vem motivada para brindar o evento,<br />
ajudando imensamente desta forma as instituições<br />
mantidas e apoiadas pela Wizo.<br />
O evento é beneficente e a renda será revertida<br />
em parte às benfeitorias na Escola Israelita Brasileira<br />
Salomão Guelmann e instituições que a Wizo<br />
mantêm e apoia em Curitiba.<br />
Michel Krieger criou em 2010 a<br />
empresa Instagram, hoje<br />
avaliada em 70 milhões de<br />
dólares<br />
A Universidade Federal do Paraná<br />
(UFPR) está completando<br />
seu centenário de fundação e<br />
um dos eventos para marcar o<br />
acontecimento será uma exposição<br />
fotográfica sobre a história<br />
da imigração judaica ao Paraná<br />
e de objetos religiosos do<br />
judaísmo, além de um ciclo de<br />
palestras. O evento está sendo<br />
organizado pelo Instituto<br />
Cultural Judaico Brasileiro Bernardo<br />
Schulman (ICJBS), em<br />
homenagem à universidade,<br />
com a participação de jovens<br />
da comunidade.<br />
O programa prevê a abertura<br />
da exposição no dia 22/6 às 19h<br />
no prédio histórico da UFPR na<br />
Praça Santos Andrade, com a<br />
presença do reitor Zaki Akel Sobrinho,<br />
autoridades, dirigentes<br />
de instituições judaicas,<br />
membros da comunidade, estudantes<br />
e convidados<br />
de tecnologia. Ter o próprio negócio<br />
faz parte da cultura do Vale<br />
do Silício, disse Krieger em entrevista<br />
à revista Dinheiro.<br />
O Instagram recebeu em fevereiro<br />
um investimento de US$ 7 milhões,<br />
liderado por nomes como<br />
Marc Andreensen, criador do<br />
Netscape, o primeiro navegador<br />
da internet, Matt Cohler, conselheiro<br />
do Facebook e sócio do<br />
fundo Benchmark Capital, e Jack<br />
Dorsey, fundador e presidente<br />
do conselho de administração do<br />
Twitter. Com o aporte, o Instagram está avaliado hoje em<br />
US$ 70 milhões.<br />
O sucesso de Michel Krieger, que ao se mudar para os EUA<br />
adotou como seu primeiro nome Mike, é o mais comentado<br />
caso de brasileiro que está bombando no Vale do Silício,<br />
mas não é o único. Movidos pelo sonho de brilhar no<br />
berço da tecnologia mundial e quem sabe se tornar o próximo<br />
Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, outros<br />
empreendedores nascidos no Brasil desenvolvem projetos<br />
lá. Os negócios ligados à internet, como redes sociais,<br />
jogos virtuais e mobilidade, estão entre as áreas nas quais<br />
eles mais empreendem. Alguns, como Krieger, trocaram o<br />
Brasil por São Francisco com o objetivo de estudar e acabaram<br />
se envolvendo em projetos de startups, o modo<br />
como são chamadas as empresas iniciantes geridas por<br />
pequenos empresários.<br />
Lançamento<br />
do livro O<br />
Direito no<br />
Divã, de<br />
Jacob<br />
Pinheiro<br />
Goldberg<br />
dia 1º/6<br />
Chorinho novo na nossa<br />
comunidade. Nasceu na<br />
sexta-feira, 3 de junho com<br />
a graça de D-us, Doba Guita<br />
filha do casal Rabino<br />
Mendi e Eidi Labkowski, do<br />
Beit Chabad de Curitiba.<br />
Mazal Tov e muitas naches<br />
para toda a família!<br />
Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br
A cantora Nicole Borger<br />
No domingo 12/6, a cantora e compositora<br />
Nicole Borger, diretora executiva<br />
do Instituto da Música <strong>Judaica</strong>-Brasil,<br />
apresentou-se no Projeto<br />
‘Hebraica Meio Dia’, com o show ‘Marias’,<br />
fruto de uma intensa pesquisa<br />
da artista que buscou um repertório<br />
que faz jus ao título.<br />
O próximo passo de Nicole é dar continuidade<br />
às atividades do IMJ-Brasil,<br />
com a abertura das inscrições para<br />
o Kleztival 2011, e cujas informações<br />
brevemente serão divulgadas.<br />
Gavriel Queenann *<br />
m relatório recentemente<br />
publicado pela Escritório<br />
Central de estatísticas<br />
da Autoridade Palestina<br />
mostra que os árabes<br />
de Jerusalém Oriental, da<br />
Judeia e da Samaria têm colhido os<br />
benefícios da soberania israelense.<br />
Segundo o documento, o controle<br />
israelense sobre a Judeia e Samaria<br />
teve um enorme impacto positivo sobre<br />
a infraestrutura civil e um melhor<br />
acesso aos recursos básicos como<br />
água e eletricidade, bem como a abertura<br />
da região ao mercado de trabalho<br />
israelense, que trouxe um aumento<br />
significativo no PIB – Produto Interno<br />
Bruto.<br />
Qualidade de vida<br />
A situação dos palestinos hoje é<br />
melhor do que os cidadãos árabes de<br />
outros países, sob várias formas, in-<br />
cluindo: O percentual dos gastos com<br />
alimentação, o percentual de despesas<br />
com a habitação, a propriedade<br />
privada das casas, a posse de telefones<br />
celulares, acessibilidade à Internet,<br />
população, taxa de alfabetização<br />
e índice de longevidade.<br />
PIB<br />
A ‘ocupação’ israelense entre<br />
1967 e 1993, após a qual a Autoridade<br />
Palestina começou a administrar<br />
partes da Judeia e Samaria pelos Acordos<br />
de Oslo, resultaram em um aumento<br />
do PIB per capita de 904 a<br />
3.392 NIS (New Israeli shekels. – a<br />
atual moeda corrente israelense) Sob<br />
a administração da Autoridade Palestina<br />
esse número caiu para 2.293 NIS.<br />
Água<br />
Israel fornece água a quase todas<br />
as comunidades árabes na Judeia e<br />
na Samaria, com tubulações aquíferas<br />
entre 1967 e 1993, elevando o<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
COLABORADORES DE VISÃO<br />
ARI ZUGMAN E FAMÍLIA<br />
ARTUR GRYNBAUM<br />
AVRAM FISELOVICI E FAMÍLIA<br />
BORIS E GENY AISENBERG<br />
BUNIA FINKEL<br />
GAL CZERNY E FAMÍLIA<br />
HAROLDO JACOBOVICZ E FAMÍLIA<br />
HELCIO KRONBERG E FAMÍLIA<br />
IDA LERNER E FAMÍLIA<br />
ISMAR STRACHMAN E FAMÍLIA<br />
JAIME ARON TEIG E FAMÍLIA<br />
JAIME GUELMANN E FAMÍLIA<br />
JAIME INGBERMAN E FAMÍLIA<br />
JAYME NUDELMAN E FAMÍLIA<br />
JAYME ZLOTNIK E FAMÍLIA<br />
JOSÉ SCHWEIDSON E FAMÍLIA<br />
JULIO ZUGMAN E FAMÍLIA<br />
LEILA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />
LINA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />
MAURÍCIO SCHULMAN E FAMÍLIA<br />
MAURÍCIO FRISCHMANN E FAMÍLIA<br />
MIGUEL KRIGSNER E FAMÍLIA<br />
RUBENS JACOB TEIG E FAMÍLIA<br />
RUBENS LICHTENSTEIN E FAMÍLIA<br />
SABINE WAHRHAFTIG<br />
Como Israel beneficia os árabes<br />
número de domicílios abastecidos<br />
com água encanada para 90%. A oferta<br />
total de água duplicou, passando<br />
de 64 milhões de metros cúbicos por<br />
ano para 120 milhões como resultado<br />
do acesso à expansão da rede<br />
água tratada.<br />
Expectativa de vida<br />
Os árabes na Judeia e na Samaria,<br />
verificaram um aumento constante<br />
na expectativa de vida de 54 para<br />
74 anos desde 1967, índice muito próximo<br />
ao dos israelenses, e superior à<br />
expectativa de vida média de 65 na<br />
maioria dos países árabes.<br />
Taxas de alfabetização<br />
92% dos árabes da Judeia e da Samaria<br />
são alfabetizadas, em comparação<br />
com uma média de 67% no<br />
mundo árabe como um todo.<br />
Alcance da Internet<br />
55% dos árabes na Judeia e na Sa-<br />
maria beneficiaram-se da infraestrutura<br />
high-tech de Israel, e têm acesso<br />
à Internet — um número significativamente<br />
maior do que quase todas<br />
as nações árabes atualmente.<br />
Preferência por Israel<br />
58% dos árabes residentes em<br />
Jerusalém Oriental preferem continuar<br />
vivendo sob a soberania de Israel<br />
ao invés de viverem em território<br />
anexado ao controle da Autoridade<br />
Palestina.<br />
19<br />
SALIM IBRAHIM BELACIANO<br />
SAMUEL GRYNBAUM E FAMÍLIA<br />
SARA BURSTEIN<br />
SAUL ZUGMAN E FAMÍLIA<br />
SULAMITA P. MACIORO E FAMÍLIA<br />
SULAMITA PACIORNIK E FAMÍLIA<br />
TÂNIA MARIA BAIBICH-FARIA<br />
VERGIL TRIFAN E FAMÍLIA<br />
VICTOR RICARDO HERTZ E FAMÍLIA<br />
VITCIA E BETY ITZCOVICH<br />
ZALMEN CHAMECKI E FAMÍLIA<br />
ANÔNIMOS<br />
* Gavriel Queenann é jornalista e consultor eventual de internet,<br />
trabalhou como mergulhador, cozinheiro, investigador particular,<br />
recuperador de bens locados e não pagos e como um guru de banco<br />
de dados da Microsoft. Autodidata com aspirações à cultura<br />
acadêmica, Gavriel tem um profundo amor profundo pelos textos<br />
básicos do judaísmo, e gosta da epistemologia, da teoria jurídica, do<br />
textualismo, dos jogos de estratégia, da ficção noir, e de escrever<br />
contos. Convertido ao judaísmo e iniciante haredi, ele fez aliá com a<br />
esposa e duas filhas em 2004, adotando uma abordagem firme,<br />
racionalista e moderna ao judaísmo. Reside em Beit El, é gerente da<br />
Rádio Nacional de Israel (Israel National Radio). Publicado no site do<br />
Israel National News (http://www.israelnationalnews.com/News/<br />
News.aspx/144681).
20<br />
* Antônio Carlos<br />
Coelho é professor<br />
universitário,<br />
escritor, diretor do<br />
Instituto de Ciência<br />
e Fé e colaborador<br />
do jornal <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong>.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
empre nos orgulhamos<br />
por ser Israel a única<br />
democracia da região.<br />
Orgulhamo-mos com<br />
boas razões. Israel nasceu<br />
democrático. Antes<br />
mesmo da sua independência<br />
grupos de diferentes orientações<br />
políticas já debatiam fortemente ao<br />
moldar o futuro estado. Isto fez de<br />
Israel um país diferente de todos os<br />
seus vizinhos e, foi possivelmente por<br />
essa diferença, que despertou a ira<br />
dos seus vizinhos governados por ditadores<br />
implacáveis.<br />
Repetidas vezes escrevi lamentando,<br />
nesta coluna, a inexistência de<br />
democracia nos países árabes e, até<br />
mesmo, atribuindo a falta dela como<br />
um dos empecilhos para a paz. Continuo<br />
afirmando que com a democracia<br />
os acordos entre Israel e palestinos<br />
teriam maior chance de se concretizarem.<br />
Pensava numa democracia ao estilo<br />
de Israel e dos países ocidentais.<br />
Não fui só eu que pensou assim. Ao<br />
eclodirem as manifestações populares<br />
nos países árabes o Ocidente vi-<br />
Colheremos flores da Primavera Árabe?<br />
Antônio Carlos Coelho *<br />
brou na expectativa de uma revolução<br />
que pusesse fim nas tiranias. Passaram<br />
os dias. Alguns países derrubaram<br />
seus déspotas e são, agora,<br />
governados provisoriamente até a<br />
realização das prometidas eleições.<br />
Outros países, como Líbia e Síria, continuam<br />
no calor das revoluções.<br />
Estamos arriscando prognósticos.<br />
Loucos para fechar o balanço e ver o<br />
que dará dessa “Primavera Árabe”.<br />
Aliás, o nome dado à revolução em<br />
alguns países árabes – Primavera Árabe<br />
– é muito otimista. A primavera é<br />
a estação das flores, dos pássaros,<br />
do nascimento do novo. Mas, não sabemos<br />
qual será o novo, se ele realmente<br />
representará um renascimento<br />
naquelas nações.<br />
O que vimos até agora, desde as<br />
primeiras manifestações na Praça<br />
Tahir, não foi alvissareiro. Israel perdeu<br />
seu aliado Hosni Mubarak. O Egito,<br />
pós-Mubarak, permitiu que navios<br />
iranianos carregados de armas chegassem<br />
ao Mediterrâneo, e abriu a<br />
fronteira com Gaza, prenunciando suas<br />
tendências futuras. O Irã venceu os<br />
opositores que manifestaram publicamente<br />
contra o regime. A Jordânia sofrerá<br />
mudanças internas atendendo<br />
Carta de Hitler adquirida pelo<br />
Centro Simon Wiesenthal pregava<br />
antissemitismo em 1919<br />
“É o documento histórico<br />
mais significativo do<br />
CSW”, disse o rabino<br />
Marvin Hier<br />
Em 7/6 o Centro Simon Wiesenthal<br />
anunciou ter adquiriu o documento<br />
mais importante de sua história<br />
de 34 anos, uma carta de<br />
quatro páginas, datilografada e<br />
assinada por Adolf Hitler, datada<br />
de 16 de setembro de 1919, seis<br />
anos antes da publicação de Mein<br />
Kampf. O documento, já com as<br />
folhas amareladas pelo tempo,<br />
descreve o seu ódio aos judeus traçando<br />
seus planos do que viria a<br />
ser mais tarde o Holocausto.<br />
À época com 30 anos, o ainda<br />
soldado fazia seus primeiros comentários<br />
sobre a aniquilação dos<br />
judeus e seus ideais antissemitas.<br />
A carta, comprada pelo Centro por<br />
US$ 150 mil, havia pertencido a um<br />
cidadão do Kansas, que a adquiriu<br />
do soldado americano William<br />
F. Ziegler. O militar encontrou as<br />
quatro páginas em um arquivo<br />
nazista na região de Nuremberg,<br />
na Alemanha, nos últimos meses<br />
da 2ª Guerra Mundial.<br />
No texto, Hitler afirma: “O perigo<br />
representado pelos judeus é<br />
expresso na aversão inegável de<br />
grandes camadas do nosso povo.<br />
A causa dessa aversão surge, principalmente,<br />
do contato e da impressão<br />
pessoal que deixam os judeus<br />
como indivíduos, que quase<br />
sempre são desfavoráveis”.<br />
Em outro trecho, Hitler diz que<br />
um governo forte poderia lidar<br />
com a “ameaça judia” e que o “objetivo<br />
final deveria ser a remoção<br />
inabalável de todos os judeus”. O<br />
documento, conhecido como a<br />
“Carta Gemlich”, foi certificado<br />
como autêntico em 1988 pelo especialista<br />
em caligrafia Charles<br />
Hamilton, o mesmo que revelou<br />
que os “Diários de Hitler” eram<br />
falsos. Adolf Gemlich criava propagandas<br />
para o exército alemão<br />
e Hitler lhe escreveu a carta por<br />
uma sugestão do capitão Ulrich<br />
Mayr, com o intuito de popularizar<br />
a ideia de que havia responsáveis<br />
pela derrota da Alemanha<br />
na 1ª Guerra Mundial.<br />
Em julho, o Centro Simon Wiesenthal<br />
planeja exibir a carta no<br />
Museu da Tolerância, em Los Angeles,<br />
na entrada para a seção do<br />
Holocausto, com abertura em 11<br />
de julho de 2011. “O que começou<br />
como uma carta particular, a<br />
opinião de um homem, mais tarde<br />
se tornou a ‘Magna Carta’ de<br />
toda uma nação e levou à extinção<br />
quase total do povo judeu. Esta<br />
é uma lição importante para as<br />
gerações futuras”, disse o rabino<br />
Marvin Hier, decano e fundador<br />
Wiesenthal Center.<br />
O arquivo do Centro Wiesenthal<br />
é uma das maiores coleções<br />
do Holocausto, possuindo mais<br />
de 50.000 artefatos e objetos, incluindo<br />
fotografias, milhares de<br />
documentos, diários, cartas arte,<br />
e livros raros. Estes incluem cartas<br />
originais de Anne Frank, uma<br />
recriação do escritório de Simon<br />
Wiesenthal, em Viena, uma carta<br />
original escrita por Albert Einstein,<br />
um telefone do escritório do<br />
comandante em Auschwitz, e uma<br />
bandeira artesanal americano<br />
apresentado por detentos do<br />
campo de concentração Mauthausen<br />
aos seus libertadores<br />
norte-americanos. Muitos desses<br />
arquivos estão atualmente em<br />
exibição no Museu da Tolerância<br />
em Los Angeles<br />
reivindicações populares. Da Síria e da<br />
Líbia pouco se pode esperar.<br />
Estados Unidos e Europa estão<br />
longe de uma atuação efetiva na região.<br />
Parece claro que a “Primavera<br />
Árabe” não conta e não aceita a interferência<br />
das tradicionais potências<br />
ocidentais e as alianças, antes eficazes,<br />
vêm se deteriorando a cada dia.<br />
Também não se sabe o quanto ainda<br />
interessa à Arábia Saudita manter-se<br />
alinhada ao Ocidente, com base na<br />
troca de petróleo por segurança.<br />
O fato da Autoridade Palestina<br />
buscar o reconhecimento do Estado<br />
na ONU mostra que os palestinos já<br />
não acreditam que os Estados Unidos<br />
possam garantir um diálogo positivo<br />
com Israel. Buscam antes, o apoio de<br />
países emergentes da África e América<br />
Latina. Washington reconhece<br />
que perdeu influência e que pouco<br />
pode atuar em favor do futuro da região.<br />
O discurso de Obama, reforçando<br />
a necessidade de Israel retornar<br />
às fronteiras de 1967, anteriores à<br />
Guerra dos Seis Dias, foi o atestado<br />
da sua impotência na questão entre<br />
israelenses e palestinos. Obama fez<br />
o discurso medíocre, mas era o que<br />
tinha para o momento. Em resposta,<br />
Trecho da carta Gemlich, escrita e assinada por<br />
Adolf Hitler em 16 de setembro de 1919<br />
ouviu o tom firme de Netanyahu.<br />
Desejar a democratização dos países<br />
árabes faz parte das nossas esperanças.<br />
Mas, cabe perguntar, que<br />
tipo de democracia pode se esperar<br />
de povos que jamais a experimentaram.<br />
A influência dos movimentos populares,<br />
muitos deles de caráter fundamentalista,<br />
fortemente financiados<br />
pelo Irã, que, por sua vez, reivindica<br />
o direito de ordenar, ao seu modo, o<br />
Oriente Médio, indicam que não assistiremos<br />
ao florescer da primavera.<br />
A “explosão democrática” é uma<br />
incógnita para todos. Nem sabemos<br />
se é democrática. Não sei se houve<br />
alguma vez na história democracia<br />
construída a partir de movimentos<br />
populares. Só se pode constatar que<br />
nada será como antes no Oriente<br />
Médio. Que o acordo de paz com os<br />
palestinos ficou para lá de longe, e<br />
não se sabe se a queda de governos,<br />
mesmo aqueles antipáticos a Israel,<br />
darão a Israel a segurança para firmar<br />
acordos — pelo menos num tempo<br />
breve. Mas, parece-nos claro de<br />
que a mão amiga estendida por Obama<br />
a Natanyahu já não tem a mesma<br />
força e que Israel terá que encontrar<br />
outros caminhos para a paz.
Origem Origem da da semana<br />
semana<br />
LATIM DEUS DEUS IDEOGRAMA<br />
ROMANO SAXÃO CHINÊS<br />
Solis dies Sol Sol Sol<br />
Lunae dies Lua Lua Lua<br />
Martis dies Marte Tyr Fogo<br />
Mercuri dies Mercúrio Odin Água<br />
Jovis dies Júpiter Thor Madeira<br />
Veneris dies Vênus Freya Metal<br />
Saturni dies Saturno Saturno Terra<br />
O diretor de cinema dinamarquês Lars<br />
Von Trier foi expulso do Festival de Cannes<br />
em maio depois de comentários feitos durante<br />
uma coletiva de imprensa, aparentemente<br />
de brincadeira, em que declarava ser<br />
um nazista e um simpatizante de Hitler.<br />
“O conselho dirigente do festival lamenta<br />
profundamente que o evento tenha<br />
sido usado por Lars Von Trier para expressar<br />
comentários que são inaceitáveis, intoleráveis,<br />
e contrários aos ideais de humanidade<br />
e generosidade que presidem sobre<br />
a existência do festival”, disse na ocasião<br />
a organização num comunicado, em<br />
que condenou os comentários e declarou o<br />
diretor dinamarquês pessoa “non grata”.<br />
VISÃO JUDAICA<br />
Semana judaica?<br />
junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
Jane Bichmacher de Glasman *<br />
O hábito de agrupar os dias em períodos de sete unidades,<br />
que hoje chamamos semana, é originário dos<br />
babilônios e foi adotado pelos gregos e pelos romanos,<br />
que deram nome a estes períodos sobre a base do nú-<br />
Portugal foi o único país que adotou os dias<br />
da semana derivados do latim eclesiástico. Os<br />
nomes antigos dos dias da semana, usados por<br />
povos pagãos, não foram seguidos na língua<br />
formar. Os dias da semana têm seus nomes na<br />
língua portuguesa devido à liturgia católica por<br />
iniciativa de Martinho de Dume, que denominava<br />
os dias da semana da Páscoa com dias<br />
santos em que não se deveria trabalhar, origimero<br />
sete. Os gregos denominaram hebdomadás, de<br />
hepta, sete, palavra que perdura até hoje entre nós em<br />
hebdomadário, que significa semanal, semanário. Em<br />
portuguesa, última das línguas romanas a se nando os nomes litúrgicos:<br />
Roma, adotou-se o nome septimana, que chegou ao<br />
português como semana. Mas foram os judeus, respeitando<br />
o relato bíblico que deram à semana (em<br />
LATIM PAGÃO<br />
dies Solis<br />
LATIM VULGAR<br />
Solis dies<br />
SIGNIFICADO<br />
Dia do sol<br />
LATIM LITÚRGICO I<br />
Prima Feria<br />
LATIM LITÚRGICO II<br />
Dominica dies<br />
PORTUGUÊS<br />
Domingo<br />
HEBRAICO<br />
Iom Echad / Rishon Dia Um (1º)<br />
hebraico shavúa, de shéva = sete [dias]) o sentido da<br />
mesma como uma unidade, a partir da unicidade no<br />
divino. Tendo sido o mundo criado por D-us em seis<br />
dias e no sétimo descansado, apresentou-se um mo-<br />
dies Lunae<br />
dies Martis<br />
dies Mercurii<br />
Lunae dies<br />
Martis dies<br />
Mercurii dies<br />
Dia da lua<br />
Dia de Marte<br />
Dia de Mercúrio<br />
Secunda Feria<br />
Tertia Feria<br />
Quarta Feria<br />
Secunda Feria<br />
Tertia Feria<br />
Quarta Feria<br />
Segunda-feira<br />
Terça-feira<br />
Quarta-feira<br />
Iom Sheni / 2º dia<br />
Iom Shlishi/ 3º dia<br />
Iom Revií / 4º dia<br />
delo inédito de concepção da divindade para os ho- dies Iovis Iovis dies Dia de Júpiter Quinta Feria Quinta Feria Quinta-feira Iom Hamishi / 5º dia<br />
mens: um ser único, sem imagem física, onipotente e<br />
onipresente, que ensina um caminho e, antes de qualquer<br />
coisa, dá seu exemplo para ser seguido.<br />
dies Veneris<br />
dies Saturni<br />
Veneris dies<br />
Saturni dies<br />
Dia de Vênus<br />
Dia de Saturno<br />
Sexta Feria<br />
Sabbatum<br />
Sexta Feria<br />
Sabbatum<br />
Sexta-feira<br />
Sábado<br />
Iom Shishi / 6º dia<br />
Iom Shvii/Shabat 7º dia / Shabat<br />
Nomes Nomes antigos<br />
antigos<br />
Na nomenclatura pagã, cada dia era dedicado a um<br />
astro ou a um deus que variava de acordo com a mitologia<br />
local de cada cultura e que foram conservados<br />
em outros idiomas.<br />
Do início da era cristã até o período medieval, vigoravam<br />
no mundo ocidental as propostas do filósofo grego<br />
Aristóteles (384 – 322 aec) e do astrônomo egípcio<br />
Cláudio Ptolomeu (100 – 170 ec), mescladas com a interpretação<br />
dada pela Igreja Católica. Acreditava-se que<br />
D-us criara o Universo em movimento circular perfeito e<br />
eterno. No centro encontrava-se a Terra com os quatro<br />
elementos: terra, ar, água e fogo; a seguir, oito esferas<br />
concêntricas contendo o “éter” e sustentando os astros.<br />
Este conjunto comporia o céu. Uma dessas esferas conteria<br />
o Sol. Outra, a Lua. Cinco delas conteriam os planetas<br />
conhecidos na época: Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus<br />
e Saturno. A oitava esfera conteria as estrelas.<br />
Dias Dias da da semana semana em em português português<br />
português<br />
O Sabbatum originou diretamente<br />
do hebraico Shabat, de conotação religiosa,<br />
em uma época em que os judeus<br />
e cristãos formavam um só povo<br />
e uma só cultura.<br />
O Shabat, último dia de seu calendário<br />
semanal, é o dia de descanso<br />
para os judeus.<br />
No início da era cristã, cristãos primitivos<br />
e judeus compartilhavam o sábado<br />
para suas reuniões em fé, porém<br />
em 189 ec, o Papa Vítor I mudou o dia<br />
de descanso dos cristãos para o domingo,<br />
em homenagem à ressurreição<br />
de Jesus. Em 325 ec, as orientações<br />
do Primeiro Concílio de Niceia confirmaram<br />
a decisão de Vítor I, mudando<br />
o nome de Solis Dies, que significa Dia<br />
do Sol - forma como os pagãos se referiam<br />
ao domingo - para Dominica<br />
Dies, que evoluiu para Dominus Dei<br />
(que em português quer dizer “dia do<br />
senhor”) mudando-o para domingo.<br />
Prima Feria (que hoje é o domingo, dia<br />
de descanso para os cristãos) era o dia<br />
em que cristãos passaram a se unir<br />
para fazer sua reunião de fé e de mercado,<br />
em dia seguinte ao dos judeus.<br />
Por que os dias da semana acabam<br />
com feira?<br />
O termo “feira” surgiu em português<br />
porque, na semana de Páscoa,<br />
todos os dias eram feriados - férias ou<br />
feiras - e, além disso, os mercados funcionavam<br />
ao ar livre. Com o tempo, a<br />
Igreja baniu das liturgias os nomes pagãos<br />
dos dias, oficializando as “feiras”.<br />
O domingo, que seria a primeira<br />
feira, conservou o mesmo nome por<br />
ser dedicado a D-us, fazendo a contagem<br />
iniciar-se na secunda feira, a<br />
segunda-feira.<br />
O sábado foi mantido em respeito<br />
à antiga tradição hebraica. Apesar da<br />
oposição da Igreja, as designações pagãs<br />
sobreviveram em todo o mundo<br />
cristão, menos no que viria a ser Portugal,<br />
graças ao apostolado de São<br />
Martinho de Braga (século VI), que<br />
combatia o costume de “dar nomes de<br />
demônios aos dias que D-us criou”.<br />
21<br />
Por que os dias da semana em português<br />
não são como em francês ou<br />
italiano?<br />
A resposta é simples. Como disse no<br />
início, sua origem remonta ao Antigo<br />
Testamento, à Torá, como o hebraico<br />
moderno: dia primeiro, segundo, etc.,<br />
conforme o relato da Criação, em Gênesis<br />
1. Em outras palavras, os dias da semana<br />
sobreviveram ao ataque do latim!<br />
Convém lembrar que a vinda dos<br />
portugueses para o Brasil trouxe consigo<br />
todos os empréstimos culturais<br />
e linguísticos que já haviam sido incorporados<br />
ao cotidiano ibérico, desde<br />
uma época anterior à Inquisição;<br />
assim, muitas palavras e expressões<br />
de origem hebraica foram incorporadas<br />
ao léxico da língua portuguesa<br />
mesmo antes de os portugueses chegarem<br />
ao Brasil. Elas encontram-se<br />
tão arraigadas em nosso idioma que<br />
muitas vezes têm sua origem confundida<br />
como sendo árabe ou grega.<br />
Em suma: a semana é judaica!<br />
* Jane Bichmacher de Glasman é escritora, doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura <strong>Judaica</strong> (USP), fundou e coordenou o Setor de Hebraico e o<br />
Programa de Estudos Judaicos da UERJ, professora adjunta e coordenadora do Setor de Hebraico da UFRJ (aposentada).<br />
Lars Von Trier expulso de Cannes<br />
O cineasta dinamarquês Lars von Trier,<br />
conhecido pelas frases e filmes polêmicos,<br />
ficou abalado com o banimento e considerou<br />
que, desta vez, foi longe demais. Pediu<br />
desculpas e disse que fizera uma brincadeira<br />
estúpida. Disse ainda que se sentiu<br />
muito mal pelo fato de "ter magoado<br />
algumas pessoas".<br />
Durante a entrevista à imprensa sobre<br />
o filme “Melancholia”, o diretor, em tom<br />
jocoso, se disse nazista e revelou ter certa<br />
simpatia por Hitler. Trier é conhecido na<br />
Europa por suas provocações e ainda por<br />
atacar grosseiramente Israel e seu povo.<br />
Só que desta vez ele se deu mal. Horas depois<br />
a direção do festival desclassificou<br />
seu filme e o expulsou do evento.<br />
Depois de afirmar que entendia Hitler<br />
e sentia compaixão por ele, sob o olhar<br />
incrédulo dos repórteres, aparentemente<br />
ainda não satisfeito, o cineasta concluiu<br />
sua fala com uma crítica a Israel e um elogio<br />
a Albert Speer, arquiteto oficial do Terceiro<br />
Reich.<br />
“É claro que gosto muito dos judeus -<br />
mas nem tanto, porque Israel é um pé no<br />
saco. Mesmo assim - como é que eu termino<br />
esta frase? - eu apenas gostaria de<br />
dizer, sobre a arte, que gosto muito de<br />
Speer”, indicou, destacando o “talento” do<br />
arquiteto nazista, condenado por crimes<br />
contra a humanidade.<br />
“O.K., então, sou um nazista”, disse<br />
Von Trier, dando de ombros.<br />
Ele passou dias seguidos se explicando<br />
em entrevistas e dizendo que se arrependeu<br />
do que disse, tentando justificar<br />
seu comportamento repreensível e declarando<br />
que não é e nunca foi nazista. Indagado<br />
por um repórter se iria assistir à cerimônia<br />
de encerramento, o cineasta ainda<br />
disse, fazendo troça: “Não, não poderei<br />
ir. Pelo que entendi, a decisão significa<br />
que eu estou proibido de chegar a 100<br />
metros do Palais. Mas acho que posso tomar<br />
sorvete ali por perto e olhar à distância<br />
(...) O que ouvi é que quando a gente<br />
vira persona non grata é para sempre.”
22<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
VISÃO<br />
‘Varinha mágica’ contra Katiusha<br />
Foguete interceptador Varinha Mágica<br />
panorâmica<br />
Contra a ameaça a Israel dos foguetes<br />
Katiusha do Hezbolá, Pini Yungman, diretor<br />
da empresa Rafael disse que “em<br />
breve será realizada o teste completo do<br />
sistema e determinado se o ‘Varinha<br />
Mágica’ tem condições operacionais em<br />
futuro próximo”. O sistema de defesa<br />
antimísseis de alcance médio ‘Varinha<br />
Mágica’ (Sharvit Ksamim), também chamado<br />
Funda de David (Kela David), pode<br />
operar antes do previsto. Yungman disse<br />
que o projeto avança mais rápido que o<br />
previsto. O dispositivo, disse ele, pode<br />
ser integrado à defesa no início de 2013<br />
e neutralizar os Katiusha. “O objetivo é<br />
neutralizar todos os mísseis de curto alcance,<br />
os mísseis cruzeiro e os outros que<br />
o sistema de defesa antimísseis Jetz poderia<br />
ignorar”. O sistema de defesa tem<br />
a opção de mudar o curso do míssil em<br />
pleno voo. O ‘Varinha Mágica’ completará<br />
o sistema de defesa antimísseis Cúpula<br />
de Ferro (Iron Dome ou Kipat Barzel)<br />
e os sistemas Jetz e Patriot, protegendo<br />
totalmente o espaço aéreo de Israel<br />
contra qualquer ameaça de ataques<br />
com mísseis pelo Hezbolá. (Aurora).<br />
Legalizada no Egito a Irmandade<br />
Muçulmana<br />
Os membros da Irmandade Muçulmana<br />
já contam com uma agremiação política<br />
legalizada no Egito, o Partido Justiça e<br />
Liberdade (PJL), segundo informou a<br />
agência de noticias oficial, Mena. A Irmandade<br />
Muçulmana era oficialmente<br />
ilegal, ainda que fundamentalmente tolerada<br />
sob o governo do derrubado presidente<br />
Hosni Mubarak. Considerado<br />
como o grupo mais bem organizado da<br />
oposição a Mubarak, havia anunciado em<br />
abril a fundação do PJL, partido “não teocrático”<br />
que contaria com 9.000 membros<br />
inicialmente. A Irmandade Muçulmana<br />
desde o seu surgimento não aceita<br />
a existência de Israel e seus seguidores<br />
fundaram entre outros grupos terroristas<br />
o Hamas e a Al Qaida. (Aurora).<br />
Israel terá recorde de<br />
crescimento em 2011<br />
O presidente do Banco de Israel, Stanley<br />
Fischer, atualizou para 5,2 % a pre-<br />
(com informações das agências AP, Reuters, AFP,<br />
EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem Post,<br />
Haaretz, Notícias da Rua Judaíca e IG)<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
• Yossi Groisseoign •<br />
visão do crescimento do PIB para 2011,<br />
e a taxa de desemprego para 5,8 %, percentuais<br />
que representam nos dois casos<br />
recordes históricos para a economia<br />
israelense. É a primeira vez que um presidente<br />
de Banco Central situa em 5,2<br />
% a perspectiva de crescimento devido<br />
aos resultados do primeiro trimestre que<br />
mostram uma clara aceleração da atividade<br />
no mercado. A previsão anterior de<br />
Fischer para 2011 era de 4,7 %, e sua<br />
correção segue à publicada uma semana<br />
antes pela OCDE (Organização para<br />
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico),<br />
que fixou para Israel uma previsão<br />
de crescimento de 5,4 %. Quanto<br />
ao desemprego, atualmente de 6 %, Fischer<br />
prevê que baixará este ano para 5,8<br />
%, mantendo-se assim durante 2012 se<br />
não houver nenhuma mudança dramática.<br />
A taxa mais baixa registrada pelo Escritório<br />
Central de Estatísticas é de 5,9<br />
% há três anos, antes de estourar a crise<br />
econômica mundial. (EFE).<br />
Medida cautelar contra o Google por<br />
antissemitismo<br />
Em Buenos Aires, em entrevista exclusiva<br />
para a Rádio Chai, o vice-presidente<br />
da Delegação das Associações Israelitas<br />
Argentinas, Ángel Schindel, informou<br />
que a DAIA entrou na Justiça contra<br />
o Google e assegurou que o fato se<br />
deu por causa da “proliferação de sites<br />
de buscas que induzem o internauta a<br />
páginas com conteúdo antissemita, de<br />
negação do Holocausto ou semelhantes<br />
espalhados pela internet. Além disso, na<br />
internet, sites como o Google vendem<br />
espaço publicitário que fazem propaganda<br />
e dão visibilidade ao antissemtismo”.<br />
A decisão da Justiça obriga o Google a<br />
desindexar 76 sites, eliminar de suas<br />
buscas 13 sites e de abster-se de colocar<br />
publicidade em outros 22 sites, todos<br />
eles contendo linguagem antissemita<br />
e promovendo a negação do Holocausto.<br />
Jack Terpins, presidente do Congresso<br />
Judaico Latino-americano, expressou<br />
que a resolução do juiz representa<br />
um importante passo para “limpar”<br />
da internet, sites que promovem o<br />
ódio e a intolerância. (Rádio Chai/CJL).<br />
“Protocolos” na radio estatal<br />
venezuelana<br />
A Confederação das Comunidades <strong>Judaica</strong>s<br />
da Venezuela (CAIV) apresentou protesto<br />
formal ao procurador geral do país<br />
denunciando a divulgação dos “Protocolos<br />
dos Sábios de Sion” por uma emissora<br />
de rádio de propriedade do governo<br />
Chávez. Durante o programa ‘La no-<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
ticia final’, a Rádio Nacional de Venezuela<br />
apresentado por Cristina González,<br />
recomendou altamente seus ouvintes<br />
a lerem o texto antissemita, que circulou<br />
na Rússia pela primeira vez em<br />
1903, procurando criar a ilusão de uma<br />
conspiração judaica para a dominação<br />
mundial. A grosseira falsificação foi produzida<br />
por extremistas de direita na<br />
Rússia e depois utilizada por Adolf Hitler<br />
para seus propósitos contra os judeus.<br />
Na denúncia, a CAIV ressalta que<br />
a atitude teve como objetivo promover<br />
o antissemtismo, gerando ódio e discriminação<br />
contra os judeus venezuelanos<br />
violando assim a Constituição da República<br />
Bolivariana da Venezuela e pediu<br />
a abertura de inquérito para apurar as<br />
responsabilidades, recordando que o<br />
presidente Hugo Chávez, publicamente<br />
havia declarado anteriormente que não<br />
toleraria situações discriminatórias. O<br />
presidente da CAIV, Salomon Cohen Botbol<br />
expressou sua confiança numa punição<br />
a González por parte das autoridades.<br />
(CAIV).<br />
Advogado de Sakineh condenado a 11 anos<br />
O advogado da iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani,<br />
sentenciada à morte<br />
por apedrejamento, foi condenado a<br />
uma sentença de onze anos de prisão.<br />
Javid Houtan Kian foi preso sob a acusação<br />
de pôr em risco a segurança nacional<br />
iraniana por difundir propaganda<br />
contra o regime. Ele enfrenta ainda outra<br />
acusação, de espionagem, que está<br />
sendo analisada pela promotoria. Kian<br />
é o terceiro advogado a representar<br />
Sakineh, condenada à morte por adultério<br />
e por ter tramado a morte do marido.<br />
Em uma carta que conseguiu contrabandear<br />
para fora da cadeia, em março<br />
deste ano, Kian disse ter sido torturado,<br />
queimado com cigarros em suas<br />
pernas, pés e testículos e recebeu golpes<br />
aplicados em seu rosto fizeram com<br />
que ele perdesse 12 dentes. O advogado<br />
foi preso em outubro do ano passado,<br />
juntamente com um dos filhos de<br />
Sakineh, Saijad Ghaderzadeh, e com dois<br />
repórteres alemães do jornal Bild am<br />
Sonntag, que mais tarde foram soltos,<br />
mas não Kian. A situação de Sakineh<br />
permanece incerta. Ativistas de direitos<br />
humanos no Irã disseram que ela teria<br />
tentado cometer suicídio, mas que ela<br />
teria sobrevivido. A iraniana já cumpriu<br />
cinco anos de prisão. (BBC).<br />
Irã executa mulher judia<br />
Uma ONG de direitos humanos disse<br />
que Adiva Soleyman Kalimia, judia nascida<br />
em Jerusalém, Israel, e o seu marido,<br />
o cristão armênio Varjan Petrosian,<br />
foram enforcados numa prisão do Irã sob<br />
a acusação e adultério, dia 14 de março.<br />
A organização mencionou que parentes<br />
da mulher disseram não saber os<br />
reais motivos das execuções. Soleyman<br />
Kalimia pertencia a uma família judaica<br />
proveniente do Irã. Ela havia se muda-<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
do para Miami e recebeu a cidadania<br />
norte-americana. De acordo com a família,<br />
ela tinha também passaporte<br />
americano. Nos últimos cinco anos, por<br />
razões desconhecidas da família Soleyman<br />
começou a visitar o Irã. Ela teve a<br />
possibilidade de entrar e sair do país por<br />
três vezes, mas após isso foi presa e enviada<br />
à prisão. Michael Posner, assistente<br />
do Secretário de Estado para os<br />
Direitos Humanos nos EUA, falando recentemente<br />
no Comitê de Relações Exteriores<br />
do Senado, declarou que a situação<br />
dos direitos humanos no Irã se<br />
deteriorou muito, especialmente após a<br />
repressão aos protestos populares em<br />
fevereiro deste ano. Até maio, 135 pessoas<br />
foram executadas no Irã, muitas<br />
deles sem que seus familiares soubessem.<br />
(Ynetnews).<br />
Netanyahu: Abbas falsifica a história<br />
O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu,<br />
criticou com veemência artigo<br />
assinado pelo presidente da Autoridade<br />
Palestina, Mahmoud Abbas, no New<br />
York Times, ressaltando que se trata de<br />
uma “falsificação cruel dos fatos históricos”.<br />
Abbas afirmou que após a Partilha<br />
da Palestina nas Nações Unidas, em<br />
1947, “as forças sionistas expulsaram<br />
os árabes palestinos para assegurar<br />
uma maioria judaica”. Netanyahu manifestou<br />
que as declarações de Abbas são<br />
“uma cruel falsificação dos fatos históricos<br />
conhecidos e bem documentados”.<br />
“Os palestinos”, acrescentou o primeiro-ministro,<br />
“foram os que rejeitaram a<br />
Partilha em dois estados ao passo que<br />
os judeus aceitaram”. “Os exércitos árabes<br />
com a ajuda dos palestinos foram<br />
os que atacaram o Estado judeu com o<br />
objetivo de destrui-lo, algo que não<br />
menciona no artigo”, enfatizou Netanyahu.<br />
Alguém poderia deduzir do artigo<br />
de Abbas que “a liderança palestina<br />
considera que a criação de um Estado<br />
palestino é a continuação do conflito<br />
ao invés do seu final”, observou o<br />
chefe do Governo. (Aurora).<br />
Brasil quer ser membro de organização<br />
islâmica<br />
O Itamaraty solicitou autorização à OCI<br />
(Organização da Conferência Islâmica)<br />
para fazer parte do organismo com o status<br />
de membro observador. O objetivo,<br />
segundo diplomatas, é aprofundar as<br />
relações do Brasil com o mundo muçulmano.<br />
Desde o governo Lula, o Itamaraty<br />
faz esforços para aumentar sua área<br />
de influência no Oriente Médio. Entre<br />
os principais esforços estão intermediações<br />
junto ao Irã de um acordo nuclear<br />
e outro de libertação de prisioneiros<br />
dos EUA, a participação de uma missão<br />
de paz da ONU no Líbano e o reconhecimento<br />
do Estado palestino com as<br />
fronteiras de 1967. De acordo com um<br />
comunicado da OCI, a solicitação foi<br />
feita pelo embaixador brasileiro na Arábia<br />
Saudita e no Iêmen, Sérgio Luiz Canaes,<br />
ao secretário geral do órgão Ekmeledin<br />
Ihsan Oglo, em Riad. Ele disse<br />
que a OCI ajudará o Brasil a se adaptar<br />
e cumprir os requisitos necessários para
ser aceito como observador. A OCI é<br />
uma organização intergovernamental<br />
de países do Oriente Médio, África e<br />
Ásia criada em 1969. Ela tem 57 membros,<br />
e nenhum deles é da América Latina.<br />
(Folha de S.Paulo).<br />
Curitiba: Chanucá agora faz parte do<br />
calendário oficial<br />
Leon Knopfholz, da B'nai B'rith; o vereador Emerson<br />
Prado e a presidente da Kehilá, Ester Proveller<br />
Em sessão na Câmara Municipal de Curitiba,<br />
os vereadores que passaram a<br />
conhecer a história e cultura judaicas,<br />
aprovaram o projeto de lei que instituiu<br />
no Calendário Oficial da Cidade, Chanucá,<br />
a Festa das Luzes. A proposição<br />
foi do vereador Emerson Prado, cuja<br />
aproximação com a Federação Israelita<br />
do Paraná, a Kehilá e a B’nai B’rith<br />
tem sido muito produtiva. Na ocasião,<br />
estiveram presentes Ester Proveller,<br />
presidente da Comunidade e Leon<br />
Knopfholz, presidente da B’nai B’rith. O<br />
vereador Emerson Prado preside a Comissão<br />
Especial de Direitos Humanos<br />
para Estudo e Aplicação dos 8 Objetivos<br />
do Milênio na Cidade de Curitiba,<br />
entre outras Comissões. (B’nai B’rith).<br />
Audiências em feriado judaico podem<br />
ser remarcadas<br />
Decisão liminar do ministro Marco Aurélio,<br />
do Supremo Tribunal Federal<br />
(STF), restabeleceu recomendação do<br />
Conselho da Magistratura do Tribunal<br />
de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ)<br />
para que sejam acolhidos pedidos de<br />
adiamento ou de designação de nova<br />
data para as audiências que recaiam<br />
no feriado judaico do Iom Kipur, “Dia<br />
do Perdão”, considerado sagrado do<br />
calendário judaico, sendo vedada qualquer<br />
atividade na data, inclusive a alimentação.<br />
A decisão foi tomada no<br />
Mandado de Segurança (MS) 30491,<br />
impetrado no STF pela Federação<br />
Israelita do Estado do Rio de Janeiro<br />
(FIERJ) e pela Associação Nacional de<br />
Advogados Juristas Brasil-Israel contra<br />
ato do Conselho Nacional de Justiça<br />
(CNJ), que declarou a nulidade da<br />
recomendação, por entender que se<br />
tratava de matéria relacionada à competência<br />
do Poder Legislativo. Para o<br />
ministro Marco Aurélio, “o fato de o<br />
Brasil ser um estado laico não é obstáculo<br />
à compreensão, presente a vida<br />
em sociedade, presente o respeito que<br />
a Carta da República encerra, como<br />
princípio básico, a crença religiosa”. A<br />
sugestão aos juízes do TJ-RJ estabele-<br />
ce que o requerimento de advogados<br />
da fé judaica seja feito com antecedência<br />
e sem prejuízo para as partes<br />
processuais. (STF).<br />
Empresa de Israel só contrata<br />
deficientes<br />
Para se candidatar a uma vaga de emprego<br />
na empresa de call center Call<br />
Yachol, do israelense Gil Wich, sediada<br />
em Rishon Lezion, é preciso ter um<br />
pré-requisito: ser deficiente físico ou<br />
mental. Pode ser judeu ou árabe. Call<br />
Yachol – que significa apto a falar e a<br />
fazer algo – tem 180 trabalhadores e<br />
pretende expandir seu quadro em breve<br />
com uma filial em Jerusalém. Com<br />
um modelo de gestão familiar, Winch<br />
comanda seus funcionários com atenção<br />
e afeto e prioriza o tempo de diversão<br />
durante o trabalho. Para o psicólogo<br />
e empresário, as limitações de seus<br />
funcionários não afetam a produtividade<br />
de sua empresa. “O maior problema<br />
é que a sociedade discrimina essas<br />
pessoas, que às vezes ficam 20 anos<br />
desempregadas, perdendo completamente<br />
a autoestima e autoconfiança”.<br />
(Jornal Alef).<br />
Pepinos: FDI ajudam palestinos<br />
A Administração Civil israelense da Judeia<br />
e Samaria está garantindo o mercado<br />
de compra para 18 mil toneladas<br />
de pepinos produzidos por 3.000 famílias<br />
palestinas na região norte da<br />
Cisjordânia. O valor da safra atual<br />
atinge US$ 25 milhões. Cerca de 60%<br />
dos pepinos consumidos em Israel vêm<br />
de Jenin e ainda há quem publique que<br />
Israel quis destruir a cidade de Jenin e<br />
sua população. Para poder escoar essa<br />
enorme produção de pepinos, os agricultores<br />
palestinos necessitavam de<br />
uma extensão no horário de abertura<br />
dos postos de controle operados pelo<br />
Exército de Israel, durante os 70 dias<br />
que duram a colheita. O pleito palestino<br />
foi aprovado pelo Ministério da<br />
Defesa. O próprio posto de controle israelense<br />
de Gilboa por onde passam<br />
os pepinos é equipado com scanners<br />
de raios-x para verificar rapidamente<br />
os caminhões sem precisar abrir as<br />
cargas. (FDI).<br />
Exército israelense nomeia<br />
mulher general<br />
O Exército israelense outorgou pela primeira<br />
vez em sua história a categoria<br />
de general a uma mulher, Orna Barbivay,<br />
de 49 anos. A militar, que dirigirá<br />
o departamento de Recursos Humanos<br />
das Forças Armadas, desempenhava<br />
até agora a função de gerente desse departamento<br />
no Estado-Maior. Casada e<br />
mãe de três filhos, Orna se alistou em<br />
1981 no Corpo de Recursos Humanos,<br />
onde serviu em diferentes categorias<br />
até se tornar a gerente do Comando do<br />
A general israelense Orna<br />
Barbivay, primeira mulher a<br />
assumir este posto militar<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
Corpo de Infantaria.<br />
A<br />
categoria de<br />
general é a<br />
segunda<br />
mais importante<br />
na hierarquiamilitar<br />
israelense<br />
e a mais elevada<br />
a que<br />
pode aspirar<br />
um soldado<br />
antes de ser<br />
designado<br />
chefe do Estado-Maior<br />
ou do Exército. A promoção<br />
de Orna, decidida pelo chefe do Exército,<br />
Benny Gantz, e pelo ministro da<br />
Defesa Ehud Barak, foi recebida com<br />
entusiasmo por políticas e deputadas<br />
israelenses. (EFE).<br />
Yale fechará seu Centro<br />
de Estudos do Antissemitismo<br />
23<br />
A Universidade americana de Yale vai<br />
fechar o seu Centro de Estudos do Antissemitismo.<br />
A decisão da universidade<br />
provocou grande revolta na comunidade<br />
judaica-americana pois os estudos<br />
produzidos em Yale eram utilizados em<br />
todo mundo como base de informação<br />
sobre um preconceito muito presente em<br />
nossos dias. Fontes judaicas apontaram<br />
motivos políticos para a decisão que<br />
visa contemplar interesses da universidade<br />
no mundo islâmico. Fato curioso é<br />
que o lema da Yale desde a sua fundação<br />
em 1702, “Luz e verdade”, que consta<br />
das bandeiras de todas as escolas que<br />
compõem a universidade está escrito<br />
com letras e palavras hebraicas: “Or<br />
veemet”. (B’nai B’rith/AM).<br />
Curiosidades várias<br />
As barbaridades ditas por Rosa Regàs contra Israel poderiam<br />
encher um livro inteiro de intolerância<br />
Pilar Rahola *<br />
Massacre brutal da família Fogel em Itamar. Os terroristas chegaram de noite<br />
à casa. Primeiro degolaram as crianças: Hadas, de três meses, Elad de quatro<br />
anos e Yoav de onze. Depois esfaquearam os pais, Udi e Ruth. Desde o dia 13,<br />
quando o corroeu a matança da família, têm caído em Ashdod, Ashkelon, Beer-<br />
Sheva mais de cinquenta mísseis, somados aos sete morteiros em Eshkol, todos<br />
disparados de Gaza. E ontem uma bomba no Centro de Convenções de Convenção<br />
de Jerusalém matou uma mulher e causando 39 feridos, alguns com prognósticos<br />
graves, incluindo duas mulheres grávidas.<br />
É claro que toda essa escalada de grave violência não tocou ninguém, e nem<br />
um só dos ruidosos porta-vozes da causa palestina consideraram necessário lamentar<br />
esses atos de terrorismo, como se os israelenses fossem culpados pelo<br />
mero fato de nascerem e seu destino natural fosse morrer em atentado Já disse<br />
Yusuf Al-Qadarawi, o guru da Fundação Qatar, essa que inspira a publicidade do<br />
Barça: qualquer israelense, incluindo mulheres grávidas, deve ser morto, não em<br />
vão, “seus filhos por nascer crescerão...” E assim vai sendo escrita a crônica de<br />
uma escalada de violência que terminará mal, porque sempre acaba com alguma<br />
ação militar israelense para neutralizar essas ações terroristas e, em seguida<br />
levantar a indignação do mundo.<br />
Já é sabido que Israel nunca tem direito à defesa. Dia destes, alguns libertários<br />
de meia tigela montaram uma flotilha — com dinheiro de quem? — e tentaram<br />
penetrar na zona de segurança que Israel, endossada pela ONU, para impedir<br />
a entrada de armas. E nem se perguntarão se o Hamas tem alguma culpa, se<br />
a sua lógica é de paz ou de guerra permanente, se outros países os estão armando<br />
até os dentes, se é lícito, em nome de uma causa, degolar uma criança três<br />
meses, se isso é assumido pelo estômago do libertador e se no final, este maldito<br />
conflito é muito mais complicado do que o simplismo que outorgam. E sobre<br />
estes maniqueísmos da verdade venderão seu radicalismo ideológico como um<br />
ato de solidariedade. Aqueles que atacam Israel unilateralmente sempre têm bula.<br />
Aqueles que tentam lembrar que isto não é preto e branco e os fundamentalistas<br />
do Hamas são os verdadeiros inimigos de seu próprio povo são rotulados<br />
de qualquer coisa e todo dia temos que pedir perdão por não militar apenas nesse<br />
pensamento único. Pense em tudo isso, em função da incorporação da Rosa<br />
Regas na lista de Hereu. As barbaridades que chegou a dizer contra Israel poderia<br />
encher um livro inteiro de intolerância. Mas dizer barbaridades contra Israel é<br />
gratuito. Por isso continua sendo uma bela progressista que enfeita qualquer<br />
lista eleitoral necessitada<br />
Por que é solidariedade? Não, porque odiar Israel, é um plus no currículo do<br />
liberalismo mais reacionário.<br />
* Pilar Rahola é conhecido jornalista, escritora espanhola. Tem programa na televisão e escreve para vários<br />
jornais na Espanha. Foi vice-prefeita de Barcelona, deputada no Parlamento Europeu e deputada no<br />
Parlamento espanhol. Publicado no jornal La Vanguardia em 25/3/2011.
24<br />
* Bernard-Henri<br />
Lévy é conhecido<br />
filósofo e<br />
jornalista francês.<br />
Considerado um<br />
dos principais<br />
escritores<br />
franceses da<br />
atualidade, é<br />
autor de obras<br />
como “Quem<br />
Matou Daniel<br />
Pearl?” e<br />
“American<br />
Vertigo”. Escreveu<br />
este artigo, que foi<br />
publicado no<br />
jornal The New<br />
York Times, por<br />
ocasião dos<br />
quatro do<br />
sequestro de Gilad<br />
Shalit, em 2010.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />
orque tanta comoção em<br />
torno do soldado Shalit?<br />
Por acaso todos os conflitos<br />
armados não produzem<br />
prisioneiros de<br />
guerra, e Gilad Shalit, o jovem<br />
cabo israelense sequestrado<br />
em junho de 2006, não é apenas<br />
um prisioneiro como os outros? Bem,<br />
na verdade, não. Em primeiro lugar, há<br />
convenções internacionais que governam<br />
a situação dos prisioneiros de guerra,<br />
e o mero fato de que ele tenha sido<br />
sequestrado durante quatro anos, e que<br />
a Cruz Vermelha, que visita regularmente<br />
os palestinos em prisões israelenses,<br />
nunca tenha tido acesso a ele, é uma<br />
violação flagrante das leis de guerra.<br />
Além disso, e mais do que tudo,<br />
nunca nos cansaremos de repetir: Shalit<br />
não foi capturado no auge do combate,<br />
mas sim durante uma incursão em<br />
Israel, quando o país, depois de ter evacuado<br />
Gaza, estava declaradamente em<br />
paz com seu vizinho. Chamá-lo de prisioneiro<br />
de guerra, em outras palavras,<br />
é o equivalente a afirmar que se Israel<br />
ocupa ou não um território nada muda<br />
em termos do ódio que alguém acredita<br />
que o país merece. Significa aceitar a<br />
ideia de que Israel está em guerra até<br />
mesmo quando está em paz, ou que devemos<br />
fazer a guerra contra Israel simplesmente<br />
porque Israel é Israel.<br />
Se recusarmos esta lógica que é, de<br />
fato, a do Hamas e – se as palavras significam<br />
alguma coisa – a lógica da guerra<br />
total, devemos começar a mudar totalmente<br />
a retórica e o léxico. Shalit não<br />
é um prisioneiro de guerra, mas um refém.<br />
Seu destino não é comparável ao<br />
Gilad Shalit nasceu em Nahariya,<br />
Israel, em 28 de agosto de 1986. É um jovem<br />
soldado que foi sequestrado em Kerem<br />
Shalom, na fronteira com a Faixa de<br />
Gaza por terroristas palestinos em 25 de<br />
junho de 2006, tendo sido feito refém incomunicável<br />
pelo Hamas. Shalit, cujo posto<br />
militar é o de cabo, estava a serviço das<br />
Forças Armadas de Israel, no momento em<br />
que terroristas vindos de um túnel escavado<br />
por baixo da fronteira o agarraram.<br />
Tornou-se então o primeiro soldado israelense<br />
raptado por terroristas palestinos.<br />
Depois dele, houve também outro sequestro<br />
na fronteira com o Líbano, desta vez dos<br />
soldados Ehud Goldwasser e Eldad Regev,<br />
devolvidos mortos em troca de um terrorista<br />
assassino que estava preso em Israel.<br />
Shalit possui cidadania francesa, pois<br />
seus pais têm origem na França, fato que<br />
motivou a França e a União Europeia a se<br />
envolverem de alguma forma nos esforços<br />
para libertá-lo. Entretanto, contrariando<br />
todas as leis internacionais e as Conven-<br />
Gilad Shalit, refém ou prisioneiro de guerra?<br />
Bernard Henri Levy *<br />
de um prisioneiro palestino, mas sim<br />
ao de uma vítima de sequestro pela<br />
qual se pede resgate. E deve ser defendido<br />
como defendemos os reféns das<br />
Farc ou dos sírios ou iranianos – devemos<br />
defendê-lo com a mesma energia<br />
dedicada à defesa de, digamos, Clotilde<br />
Reiss ou Ingrid Betancourt.<br />
Refém ou prisioneiro, não importa<br />
– porque tanto escândalo por causa de<br />
um homem? Por que este enfoque num<br />
indivíduo de nenhuma importância<br />
para a comunidade? Um homem “feito<br />
de todos os homens e tão bom como<br />
todos eles e não melhor do que nenhum”<br />
(Jean-Paul Sartre)?<br />
Bem, é porque Shalit não é exatamente<br />
qualquer um, e ele está passando<br />
pelo pior que podem passar, em<br />
tempos de tensão extrema na história,<br />
os indivíduos que não estão dispostos<br />
de nenhuma forma a tomar parte disso,<br />
mas que subitamente acabam cativos<br />
desta tensão – aqueles que atraem<br />
o relâmpago, os pontos de impacto das<br />
forças que, numa situação dada, convergem<br />
e se chocam. Os dissidentes da<br />
era do comunismo foram exemplos disso,<br />
assim como os perseguidos na China<br />
ou em Mianmar hoje em dia.<br />
Isso ocorre com Gilad Shalit. É assim<br />
como este homem, cujo rosto ainda<br />
é o de uma criança, encarna muito<br />
involuntariamente a violência interminável<br />
do Hamas; a ânsia irracional de<br />
seus partidários por exterminar; o cinismo<br />
dos “humanitários” que, como os<br />
da frota Libertem Gaza, recusaram levar<br />
uma carta a Shalit de sua família; ou,<br />
uma vez mais, o duplo padrão pelo qual<br />
ele não é beneficiado pela abundância<br />
de simpatia que Betancourt recebeu.<br />
ções de Genebra a respeito de prisioneiros<br />
de guerra os terroristas do Hamas, não<br />
o libertam, — querem trocá-lo por cerca<br />
de mil prisioneiros, muitos dos quais com<br />
sangue nas mãos — nem permitem visitas<br />
da família, de agentes da Cruz Vermelha<br />
ou de qualquer outra instituição.<br />
O cativeiro do Hamas, em algum lugar<br />
da Faixa de Gaza, onde Shalit está encarcerado<br />
é desconhecido. Cinco anos é mui-<br />
Um franco-israelense vale menos do<br />
que uma franco-colombiana? O nome de<br />
Israel é suficiente para degradar Shalit?<br />
Por que não colocaram seu retrato<br />
ao lado da heroica colombiana na fachada<br />
do Hotel de Ville de Paris? E como<br />
é possível explicar por que sua foto, finalmente<br />
colocada no pequeno parque<br />
de 12º Arrondissement de Paris, tenha<br />
sido alvo de vândalos com tanta frequência,<br />
e com tal impunidade? Shalit<br />
o símbolo. Shalit o espelho.<br />
Uma última pergunta: qual é o preço<br />
que os israelenses estão dispostos a<br />
pagar pela libertação deste cativo, e<br />
também a pergunta relacionada às centenas<br />
– alguns mencionam milhares –<br />
de assassinos potenciais que então serão<br />
libertados em troca. Esta não é a<br />
primeira vez que esse problema acontece.<br />
Em 1983, Israel libertou 4.700 combatentes<br />
no campo Ansar do Líbano em<br />
troca de seis de seus soldados.<br />
Em 1985, Israel libertou 1.150 combatentes<br />
(incluindo o futuro fundador<br />
do Hamas, Ahmed Yassin) em troca do<br />
retorno de três israelenses. E isso sem<br />
mencionar os corpos, só os corpos, de<br />
Eldad Regev e Ehud Goldwasser, mortos<br />
no início da última guerra no Líbano,<br />
e trocados, em 2000, por vários líderes<br />
do Hezbolá, alguns dos quais sentenciados<br />
por crimes graves.<br />
A ideia é simples, e o crédito corresponde<br />
a Israel. Contra a crueldade,<br />
antes de mais nada, das famosas razões<br />
de Estado, contra as obras dos frios<br />
monstros e sua terrível preguiça; e na<br />
oposição à intransigência glacial que o<br />
escritor italiano Leonardo Sciascia não<br />
temeu condenar, a raiz do sequestro do<br />
ex-primeiro-ministro Aldo Moro pelas<br />
to tempo para uma mãe e um pai, que<br />
passaram os últimos 1825 dias num pesadelo<br />
inimaginável, se encontrando com<br />
meio mundo, principalmente com líderes<br />
locais e estrangeiros, na esperança de que<br />
um deles ajudasse o filho sequestrado a<br />
ver novamente a luz do dia.<br />
Por pelo menos duas vezes, pareceu<br />
que a troca de prisioneiros com o Hamas<br />
estava prestes a ocorrer. Mas nada aconteceu.<br />
Depois, os pais do soldado, Aviva e<br />
Noam Shalit, decidiram criar um novo<br />
momentum: uma longa caminhada de<br />
Mitzpé Hilá, no Norte de Israel, onde moram,<br />
até Jerusalém, onde montaram uma<br />
tenda em frente à casa do atual premiê,<br />
Benjamin Netanyahu. Os principais jornais<br />
de Israel aderiram à campanha sem meias<br />
palavras. Noam Shalit afirmou que não<br />
voltaria para casa enquanto Netanyahu<br />
não trouxesse seu filho de volta a Israel.<br />
Quando se completaram quatro anos<br />
de cativeiro, além da caminhada em Israel,<br />
outras manifestações aconteceram em<br />
Brigadas Vermelhas, a forma como Moro<br />
foi abandonado por seus “amigos”, qualificando-o<br />
como outro rosto do terrorismo,<br />
este imperativo categórico e irrefutável:<br />
entre o indivíduo e o Estado,<br />
escolhe-se sempre o indivíduo. Entre o<br />
sofrimento de um homem e a agitação<br />
da sociedade em geral, o que está só<br />
deve prevalecer.<br />
Um homem pode não valer nada,<br />
mas nada – principalmente o orgulho arrogante<br />
de sua nação – vale o sacrifício<br />
de um homem. E então, contra um pseudo<br />
“sentido do trágico” que serve como<br />
um álibi para tantos casos de covardia. E<br />
contra os dialéticos da quinquilharia que<br />
repetem ad infinitum os efeitos perversos<br />
possíveis que uma ação (digamos, o<br />
possível resgate de um Daniel Pearl)<br />
pode provocar num futuro distante,<br />
quando estamos enfrentando uma situação<br />
da qual nada sabemos, é necessário<br />
retornar a este princípio de incerteza que<br />
está no coração da própria sabedoria judaica,<br />
admiravelmente resumido em<br />
Eclesiastes: não te inquietes pelo que<br />
está além de suas obras; em sua ignorância<br />
do domínio dos finais, dos propósitos<br />
e de seus enganos, simplesmente<br />
salvem Gilad Shalit.<br />
Quem é Shalit há cinco anos refém dos terroristas do Hamas<br />
Brasileiros residentes em Israel, junto aos pais de<br />
Gilad Shalit, Aviva (primeira à esquedra) e Noam<br />
(ao seu lado), tentaram em 2010 pedir ajuda ao<br />
então presidente Lula para que intercedesse, mas<br />
nem resposta obtiveram dele<br />
Gilad Shalit, sequestrado e mantido refém<br />
incomunicável há cinco anos, na última foto<br />
dele, quando o Hamas liberou um vídeo, dois<br />
anos atrás, para provar que estava vivo<br />
Nova York, Paris e em Roma, com a participação<br />
de milhares de pessoas.<br />
Mas, apesar de todo o apoio da imprensa<br />
e do público, ainda não foi possível<br />
trazer Shalit de volta. Israel tem o dever<br />
de resgatar todo e qualquer cidadão<br />
(principalmente se for um soldado) que<br />
estiver no cativeiro. Muitos especialistas<br />
são contra a troca com o Hamas, por razões<br />
óbvias. O grupo terrorista quer mais<br />
de mil presos palestinos envolvidos diretamente<br />
com a morte de milhares de israelenses<br />
em atentados, sejam libertados<br />
em troca de um soldado israelense.<br />
Seria um presente político para o Hamas<br />
e um golpe contra a luta ao terrorismo,<br />
além de um perigo real para Israel. Afinal,<br />
boa parte dos presos por terrorismo<br />
volta a se envolver com atentados depois<br />
de libertados.<br />
Esse é um dilema difícil de desatar. As<br />
alegações contra e a favor da troca de prisioneiros<br />
são justas. Cabe a Israel decidir<br />
o que fazer.