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VJ JUN 2011.p65 - Visão Judaica

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2<br />

editorial<br />

VISÃO JUDAICA • junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

Publicação mensal independente da<br />

EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />

JUDAICA LTDA.<br />

Redação, Administração e Publicidade<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Curitiba • PR • Brasil<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Dir. de Operações e Marketing<br />

SHEILLA FIGLARZ<br />

Dir. Administrativa e Financeira<br />

HANA KLEINER<br />

Diretor de Redação<br />

SZYJA B. LORBER<br />

Publicidade<br />

DEBORAH FIGLARZ<br />

Arte e Diagramação<br />

SONIA OLESKOVICZ<br />

Webmaster<br />

RAFFAEL FIGLARZ<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Antônio Carlos Coelho, Aristide Brodeschi,<br />

Aroldo Murá G. Haygert, Bernard Henri<br />

Levy, Breno Lerner, David Hornik, David<br />

Horovitz, Dudi Cohen, Gavriel Queenann,<br />

Gerardo Stuczynski, Jane Bichmacher de<br />

Glasman, Jonathan Spyer, Moshe<br />

Rosenblatt, Pilar Rahola, Sérgio Alberto<br />

Feldman, Tila Dubrawsky e Yossi<br />

Groisseoign.<br />

Duas atitudes chocantes. Nos EUA e no Brasil<br />

o apresentar sua proposta<br />

de paz para o Oriente<br />

Médio o presidente norte-americano<br />

Barack Obama<br />

justificou sua incansável<br />

pressão sobre Israel baseando-se<br />

em farsas históricas disseminadas<br />

por Hamas, Fatah & Cia, a<br />

respeito do território da Judeia,<br />

Samaria e Gaza. Em síntese, Obama<br />

proclamou que até que Israel<br />

satisfaça as exigências dos palestinos,<br />

não haverá paz no Oriente Médio.<br />

Na mente do presidente Obama<br />

os israelenses são o único obstáculo<br />

para a paz na terra, portanto,<br />

as necessidades<br />

de Israel<br />

eclipsam<br />

as preocupações<br />

em<br />

comparação<br />

à aco-<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />

o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou comentários<br />

publicados, sejam de terceiros (mencionando a fonte) ou<br />

próprios e assinados pelos autores. O fato de publicá-los<br />

não indica que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />

dos conceitos ou dos temas.<br />

Contém termos sagrados, por isso trate<br />

com respeito esta publicação.<br />

www.visaojudaica.com.br<br />

Este jornal é um veículo independente<br />

da Comunidade Israelita do Paraná<br />

modação<br />

dos palestinos.Ex-presidentes<br />

dos EUA<br />

aceitaram<br />

Nossa capa<br />

uma versão modesta desta mentalidade.<br />

Mesmo a administração<br />

Bush embarcou nesta ideia especulativa.<br />

Nos dias finais do governo<br />

Bush, a secretária de Estado Condoleeza<br />

Rice tentou forçar um acordo<br />

entre Israel e Abbas. Apesar de<br />

ter um figurante disposto a isso no<br />

primeiro-ministro Ehud Olmert,<br />

Rice fracassou porque Abbas continuou<br />

a aumentar suas exigências.<br />

Olmert teria oferecido dividir Jerusalém<br />

e receber milhares dos assim<br />

chamados refugiados. Nenhum governo<br />

israelense nunca antes havia<br />

sido tão imprudente nas relações<br />

com Arafat e Abbas. Mas a oferta<br />

de Olmert a Abbas simplesmente<br />

levou a mais exigências. Uma lição<br />

aprendida a partir daquela experiência<br />

é que Israel não pode satisfazer<br />

os palestinos com nada menos<br />

que desaparecer.<br />

E se mais provas disso são necessárias,<br />

basta observar o que o<br />

presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad<br />

disse recentemente a uma<br />

multidão em seu país, de que não<br />

haveria calma no Oriente Médio até<br />

que Israel, o Estado sionista, deixe<br />

de existir. Em outras palavras, mes-<br />

A capa reproduz a obra de arte cujo título é: “Bar<br />

Mitzvá”, pintado com a técnica aquarela e dimensões<br />

de 45x35 cm, criação de Aristide Brodeschi e<br />

pertencente à coleção Jaime Wasserman. O autor<br />

nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista<br />

plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já<br />

desenvolveu trabalhos em várias técnicas, dentre<br />

elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações<br />

por seus trabalhos no Brasil e nos EUA.<br />

Suas obras estão espalhadas por vários países e<br />

tem no judaísmo, uma das principais fontes de<br />

inspiração. Ele é o autor das capas do jornal <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong>. (Para conhecer mais sobre o artista, visite<br />

o site www.brodeschi.com.br).<br />

Datas importantes<br />

23 de junho<br />

2 de julho<br />

9 de julho<br />

16 de julho<br />

19 de julho<br />

21 de julho<br />

Shabat / Côrach / Bençãos Tamuz<br />

Shabat / Chucat / Rosh Chodesh<br />

Shabat / Balac<br />

Shabat / Pinechas<br />

Jejum de Tamuz<br />

Shabat / Matot<br />

mo com a criação de um Estado<br />

palestino ao lado de Israel isso não<br />

trará a paz. Só Obama é que não<br />

ouviu isso, ou não entendeu. Com<br />

relação a esse assunto, vale a pena<br />

a leitura do artigo do médico brasileiro-israelense<br />

Moshe Rosenblatt,<br />

nesta edição, colocando as coisas<br />

nos seus devidos lugares.<br />

Aqui no Brasil a advogada e ativista<br />

dos direitos humanos, iraniana<br />

Shirin Ebadi, ganhadora do Nobel<br />

da Paz de 2003, lamentou a recusa<br />

da presidente Dilma Rousseff<br />

em recebê-la e disse que o encontro<br />

era a principal razão de sua visita.<br />

“Só vim ver a presidente, queria<br />

agradecer a ajuda dela no caso<br />

Sakineh”. Ela se referia ao caso da<br />

iraniana Sakineh Ashtiani, acusada<br />

de adultério e de ter ordenado a<br />

morte do marido, cuja sentença<br />

não foi aplicada. “Não queria falar<br />

de assuntos políticos [com Dilma].<br />

Vim falar sobre direitos humanos<br />

e direitos das mulheres”, disse Ebadi,<br />

figura emblemática da oposição<br />

ao presidente Mahmoud Ahmadinejad.<br />

Dilma decidiu não se encontrar<br />

com ela antes mesmo de sua<br />

chegada. “Se Dilma defende os di-<br />

ACENDIMENTO DAS<br />

VELAS EM CURITIBA<br />

<strong>JUN</strong>HO / JULHO DE 2011<br />

SHABAT<br />

DATA HORA<br />

24 / 6 17h16<br />

1 / 7 17h18<br />

8 / 7 17h21<br />

15 / 7 18h24<br />

22 /<br />

7 17h27<br />

reitos humanos e as mulheres, ela<br />

me receberá”, insistiu a iraniana<br />

em entrevista ao jornal O Estado<br />

de S. Paulo. Mas não a recebeu.<br />

O governo brasileiro acredita que<br />

se o fizesse colocaria o Brasil<br />

dentro de uma “disputa interna<br />

delicada”.<br />

A decisão do Planalto vai na contramão<br />

da mudança na diplomacia<br />

para os direitos humanos que Dilma<br />

vinha conduzindo até agora.<br />

Antes de tomar posse, a presidente<br />

criticou publicamente a abstenção<br />

do Itamaraty em uma resolução<br />

do Conselho de Direitos Humanos<br />

da ONU condenando o apedrejamento<br />

de mulheres no Irã. Dilma<br />

chamou de “ato bárbaro” a lapidação,<br />

posição reiterada em entrevista<br />

ao jornal Washington Post. Em<br />

março, Dilma rompeu com o padrão<br />

de voto do governo Lula nas<br />

Nações Unidas e apoiou a criação<br />

de um relator especial para o Irã,<br />

sob críticas do ex-chanceler Celso<br />

Amorim. Uma semana depois, Shirin<br />

Ebadi foi convidada a um jantar<br />

na embaixada do Brasil em Genebra.<br />

Agora, parece, os rumos mudaram<br />

outra vez.<br />

Humor judaíco<br />

Falecimentos<br />

A Redação<br />

UMA ÚLTIMA CHANCE<br />

Um advogado judeu, que<br />

nunca foi afeito à religião, no<br />

leito da morte pede um exemplar<br />

da Torá (os cinco primeiros livros<br />

da Bíblia) e começa a lê-la<br />

avidamente.<br />

Todos se surpreendem com<br />

o súbito interesse daquele homem<br />

quase ateu, e alguém pergunta<br />

o motivo.<br />

O advogado doente responde:<br />

— Estou procurando alguma<br />

brecha na lei...<br />

Ana Paciornik Fischer, aos 90<br />

anos de idade, dia 27 de maio de<br />

2011 (23 de Iyar de 5771), em<br />

Brasília. Seu corpo foi sepultado<br />

naquela mesma cidade.


Sérgio Alberto Feldman *<br />

sta semana ocorreu em<br />

diversas capitais brasileiras<br />

um festival de cinema<br />

francês. Fato corriqueiro<br />

em centros<br />

como São Paulo, Rio de<br />

Janeiro, Belo Horizonte e<br />

Curitiba, mas uma novidade em Vitória.<br />

Fui convidado para o lançamento,<br />

por ser um habituée dos cinemas de arte<br />

da cidade. Uma surpresa foi ver que as<br />

sessões lotaram e arte virou objeto de<br />

consumo. Isso reflete uma mudança sutil<br />

em certos setores da sociedade brasileira,<br />

mas não é este o meu assunto.<br />

Assisti a um filme que não me surpreendeu,<br />

mas emocionou e chocou a<br />

quase todos os que presenciaram a<br />

apresentação. O filme se chama “Vênus<br />

negra” e tem como tema, a vida de uma<br />

mulher negra, sul-africana, do grupo<br />

étnico hotentote, que é levada à Europa,<br />

para aparecer em pequenas apresentações<br />

em Londres, onde é estilizada<br />

como uma atração que simboliza a<br />

selvageria e o exotismo de uma raça<br />

vista como inferior. É explorada como<br />

um animal, mas ocorre uma reviravolta,<br />

pois será reciclada como sex simbol<br />

em função de suas nádegas e genitália<br />

diferenciadas e com proporções maiores<br />

que a das europeias. Tornou-se objeto<br />

de desejo de cientistas franceses<br />

que querem estudar africanos. Como<br />

resiste a se expor e ser tocada por artistas<br />

e cientistas que querem examinar<br />

seus órgãos sexuais, acaba sendo execrada<br />

e termina se prostituindo. Morre<br />

de doença, seja tuberculose ou talvez<br />

de uma infecção venérea e seu corpo é<br />

comprado pela Academia Francesa de<br />

Ciências. Vira um objeto de estudo e é<br />

examinada, conservada em formol e<br />

guardada como um animal do tipo cobaia<br />

de estudos. No final do filme os<br />

espectadores descobrem que é um fato<br />

real e que ela foi repatriada há cerca de<br />

uma década e meia pelo governo sulafricano<br />

que lhe deu honras de Estado<br />

e um túmulo, após cerca de dois séculos,<br />

pois morreu na segunda década do<br />

século XIX, por volta de 1815. O que isto<br />

nos ensina? Como entender esta tensão<br />

entre o europeu e o africano de<br />

pele negra?<br />

Num país como o nosso de tradição<br />

escravocrata e que simula ter sido ou<br />

pretendido ser uma democracia racial,<br />

isto não causa estupor. Sabemos que o<br />

racismo nosso de cada dia, transpira nos<br />

poros da cidadania e aparece no cotidiano:<br />

piadas de salão preconceituosas<br />

são usuais em festas, bate-papos de<br />

barzinho e nas entrelinhas das conversas<br />

quando não se teme ser repreendido<br />

por ser “politicamente incorreto”,<br />

racista ou coisa pior.<br />

Há uma tradição europeia de preconceito.<br />

Na “Crônica dos feitos da Gui-<br />

Civilização e barbárie<br />

Reflexões sobre o racismo<br />

né” (ou Chronica do Descobrimento e<br />

Conquista da Guiné) de Gomes Eanes<br />

de Zurara, escrita na segunda metade<br />

do século XV, ou seja, há mais de quinhentos<br />

anos, há um relato comovedor<br />

do autor, que descreve a separação das<br />

famílias de escravos negros africanos,<br />

que são vendidos a senhores portugueses.<br />

Maridos se separam de suas mulheres,<br />

filhos de pais, e assim consecutivamente.<br />

São descritos como seres<br />

sem alma, pois são escravos e pecadores,<br />

e são negros. O autor se inspira em<br />

Aristóteles, que definia categorias de<br />

seres, com e sem alma. Mulheres<br />

teriam cerca de meia alma. Estrangeiros<br />

também eram seres inferiores. Os<br />

gregos concebiam uma maneira de categorizar<br />

seres humanos, que antepõe<br />

a civilização à barbárie. Os gregos entendiam<br />

que os não helenizados eram<br />

bárbaros e os gregos e os povos helenizados<br />

eram civilizados. A Europa do século<br />

XIX também se considerava a civilização.<br />

A Era das Luzes se instaurara no<br />

Ocidente desde o Renascimento, e o<br />

século XVIII seria denominado de Era<br />

do Iluminismo. Os europeus orgulhosos<br />

de sua civilização queriam ampliar<br />

esta era de luzes para todo o Mundo.<br />

Para isso teriam que expandir as ciências<br />

e entender as diferenças entre os<br />

seres. A Vênus hotentote seria um ser<br />

exótico, selvagem e inferiorizado. Estudá-la<br />

seria entender melhor estes<br />

espécimes, que se alinhavam entre os<br />

humanos e os animais, um gênero de<br />

semi-humanos.<br />

Para que a Europa estava querendo<br />

estudar outros agrupamentos humanos,<br />

que não os europeus ou “caucasianos”?<br />

Para entender e justificar uma<br />

nova ordem mundial que já se configurava<br />

no século XVIII. A Europa se expandia<br />

e conhecer as populações das suas<br />

colônias efetivas e potenciais era uma<br />

forma de manter e ampliar a dominação.<br />

Surgem estudos diversos: formato,<br />

perímetro e volume do cérebro para<br />

mensurar as proporções e comparar a<br />

capacidade cefálica dos caucasianos,<br />

negros e amarelos. No início, seria entender<br />

as razões da expansão europeia;<br />

na sequência seria justificar a ocupação<br />

e a colonização europeia na África e na<br />

Ásia nos séculos XIX e XX, pois se tratava<br />

de uma missão civilizadora: os brancos<br />

superiores deveriam educar e tutelar<br />

as “raças inferiores”, através de um<br />

processo de aculturação, ocidentalização<br />

e “branqueamento da alma” de negros<br />

e amarelos. Ironia: isso lembra o<br />

Michael Jackson que branqueou sua<br />

pele, até desfigurá-la. Acho este exemplo<br />

muito doloroso.<br />

No âmago da questão estava a obtenção<br />

de uma justificativa para a ampliação<br />

do colonialismo europeu, tão<br />

necessária para o sistema capitalista,<br />

então em evidência. As potências precisavam:<br />

a) novos mercados consumi-<br />

dores e b) novas fontes de matériasprimas.<br />

Duas das premissas do processo,<br />

denominado, por alguns historiadores,<br />

como “Revolução Industrial”.<br />

As outras duas deveriam ser obtidas<br />

ou desenvolvidas internamente<br />

nas potências: mão-de-obra barata<br />

e tecnologia.<br />

Mercados consumidores e matériaprima<br />

eram vastos na África e na Ásia.<br />

Algodão egípcio e hindu para as indústrias<br />

têxteis inglesas ou de outras potências<br />

europeias. Assim sendo, a ciência<br />

não só gerava tecnologia, mas também<br />

um know-how que explicasse a<br />

superioridade da raça caucasiana, diante<br />

de suas congêneres, negra e amarela.<br />

Fato ou apenas pretexto? Na crença<br />

da época era um fato mensurado por<br />

análises e cifras. Hoje percebemos que<br />

era uma questão ideológica e ao mesmo<br />

tempo de interesses diversos. Um<br />

destes era o colonialismo.<br />

O racismo do século XIX teve como<br />

seus seguidores ilustres personagens.<br />

Uma boa parte deles era também antissemita.<br />

Aliás, a relação entre o racismo<br />

europeu e o antissemitismo é<br />

íntima. No seio desta pseudociência se<br />

criou na Alemanha, no último quarto<br />

do século XIX, a Liga Antissemita que<br />

popularizou esta expressão e o conceito<br />

de antissemitismo. Pensadores<br />

como alemão Guilherme Marr, o inglês<br />

H. S. Chamberlain e o francês conde<br />

Gobineau foram os pais intelectuais<br />

dos teóricos das teses arianas de raça<br />

superior e da inferioridade judaica.<br />

Assim sendo a conexão é clara: os judeus<br />

sofreram um preconceito milenar<br />

de caráter religioso até o século<br />

XVIII e ao se inserirem nas sociedades<br />

europeias e obterem os direitos civis<br />

no Ocidente, foram vítimas de uma<br />

nova forma de preconceito: o racismo<br />

do século XIX, originado do desenvolvimento<br />

europeu e que lhes concedeu<br />

o status de raça inferior.<br />

O racismo atingiu o Brasil já no século<br />

XIX. O conde Gobineau, francês, e<br />

um dos pilares do movimento, era amigo<br />

íntimo do imperador Pedro II. Ele<br />

recomendou à classe política que executasse<br />

“um branqueamento da raça”.<br />

Constatou que no Brasil havia mais<br />

negros, índios, pardos e mulatos, do<br />

que brancos. Achava isso um sintoma<br />

de decadência e teve muitos seguidores.<br />

Esta política se expressou no estímulo<br />

à vinda de imigrantes brancos europeus<br />

para o Brasil. Branquear para<br />

não decair; clarear para poder se tornar<br />

uma potência. Há vasta bibliografia<br />

sobre o tema.<br />

A minha preocupação é que o preconceito<br />

é multifacetado e repleto de<br />

artimanhas. A discriminação não é só<br />

com negros. Há outras vítimas desta.<br />

Judeus não são tampouco os únicos segregados.<br />

Ouço muitas piadas em reu-<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

niões sociais. Às vezes elas são contra<br />

judeus; às vezes contra homossexuais.<br />

Como historiador e como um judeu brasileiro<br />

me repugna a maneira que as<br />

pessoas se fingem de politicamente<br />

corretas e ironizam com piadas, ora negros,<br />

ora gays, ora apregoam a inferioridade<br />

feminina. Racismo, homofobia<br />

e misoginia são facetas dos discursos<br />

preconceituosos que devemos evitar.<br />

Se eu discrimino os negros, como posso<br />

protestar quando discriminam os judeus.<br />

No final das contas ao se abrir a<br />

porta para o preconceito, entrarão todos<br />

os tipos deles. Não se pode aceitar<br />

que um membro de uma comunidade<br />

que sempre foi discriminada seja preconceituoso.<br />

Uma piada pode ser casual,<br />

simples expressão de humor e<br />

sem malícia ou intenção de discriminar.<br />

Mas propaga as crenças de maneira sutil,<br />

leve e engraçada. É uma forma de<br />

perpetuar o racismo e o preconceito.<br />

Meu leitor: Reflita sobre estas atitudes<br />

e reveja os seus conceitos.<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

FILME<br />

A escolha de Sofia<br />

TÍTULO ORIGINAL: SOPHIE’S CHOICE<br />

Ficha técnica<br />

Direção: Alan J. Pakula<br />

Gênero: Drama<br />

Origem: EUA<br />

Duração: 153 minutos<br />

Tipo: DVD colorido com legendas<br />

em português<br />

Ano da produção: 1982<br />

Estúdio/Distribuição: Europa<br />

Filmes<br />

3<br />

* Sérgio Alberto<br />

Feldman é doutor<br />

em História pela<br />

UFPR e professor<br />

de História Antiga<br />

e Medieval na<br />

Universidade<br />

Federal do<br />

Espírito Santo, em<br />

Vitória. Foi diretor<br />

de Cultura<br />

<strong>Judaica</strong> da Escola<br />

Israelita Brasileira<br />

Salomão<br />

Guelmann, em<br />

Curitiba.<br />

ELENCO<br />

Meryl Streep (Sofia Zawistowski), Kevin Kline (Nathan<br />

Landau), Peter MacNicol (Stingo), Rita Karin (Yetta),<br />

Stephen D. Newman (Larry), Greta Turken (Leslie Lapidus),<br />

Josh Mostel (Morris Fink), Marcell Rosenblatt (Astrid<br />

Weinstein), Moishe Rosenfeld (Moishe Rosenblum),<br />

Robin Bartlett (Lillian Grossman), Eugene Lipinski (professor<br />

polonês).<br />

SINOPSE<br />

Em 1947 Stingo (Peter MacNicol), um jovem aspirante<br />

a escritor vindo do sul, vai morar no Brooklyn na casa<br />

de Yetta Zimmerman (Rita Karin), que alugava quartos.<br />

Lá conhece Sofia Zawistowska (Meryl Streep), sua vizinha<br />

do andar de cima, que é polonesa e fora prisioneira<br />

em um campo de concentração e Nathan Landau (Kevin<br />

Kline), seu namorado, um carismático judeu dono<br />

de um temperamento totalmente instável. Em pouco<br />

tempo tornam-se amigos, sendo que Stingo não tem a<br />

menor ideia dos segredos que Sofia esconde nem da<br />

insanidade de Nathan. Vencedor do Oscar na categoria<br />

de melhor atriz em 1983 além de quatro indicações e<br />

de vários outros prêmios.


4<br />

* Jonathan Spyer é<br />

jornalista, escritor<br />

e pesquisador no<br />

Global Research in<br />

International<br />

Affairs Center.<br />

(Centro de<br />

Assuntos<br />

Internacionais e<br />

Pesquisas Globais).<br />

Bashar Assad na corda bamba<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

Hezbolá foi pego numa<br />

armadilha e com as mãos<br />

na massa pela revolta na<br />

Síria. As palavras de solidariedade<br />

do líder do Hezbolá,<br />

xeque Hassan Nasralá,<br />

ao seu aliado encurralado de Damasco,<br />

levou à queima de imagens do líder<br />

islâmico xiita libanês pelas multidões<br />

em fúria durante as manifestações na<br />

Síria semanas atrás.<br />

A posição do movimento sobre a Síria<br />

coloca em destaque uma contradição<br />

básica entre os interesses práticos do<br />

Hezbolá e da imagem que quer projetar.<br />

Esta contradição, por sua vez, revela<br />

as limitações da “resistência em bloco”<br />

liderada pelos xiitas do Irã, no mundo<br />

de língua árabe de maioria sunita.<br />

No nível prático, não é difícil entender<br />

por que a queda<br />

do regime de Assad<br />

seria um desastre<br />

para o Hezbolá e seu<br />

patrono iraniano.<br />

A Síria é o canal<br />

seguro através do<br />

qual Teerã arma o seu<br />

aliado libanês no Mediterrâneo.<br />

Componentes<br />

importantes do arsenal<br />

do Hezbolá são armazenados<br />

de forma<br />

segura sob os cuidados<br />

de Assad. Os mísseis<br />

M-600 e Fateh-110, que poderiam<br />

levar a um ataque israelense antecipado,<br />

se forem deslocados ao Líbano,<br />

aguardam em local seguro além da fronteira,<br />

o momento oportuno.<br />

Mas a Síria é muito mais que um<br />

depósito do Hezbolá. Desde a assunção<br />

de Bashar Assad, o relacionamento en-<br />

Por considerá-las “inseguras” o exprimeiro-ministro<br />

espanhol José Maria<br />

Aznar rejeitou as negociações para criar<br />

um Estado palestino baseado nas fronteiras<br />

1967. Ele disse que os riscos que<br />

Israel enfrenta são os mesmos que ameaçam<br />

as potências ocidentais “Defendemos<br />

o direito de Israel escolher os termos<br />

do acordo”, disse Aznar num discurso<br />

sobre o Oriente Médio na Sociedade<br />

de Beneficência <strong>Judaica</strong> Brasileira Albert<br />

Einstein em São Paulo. O presidente honorário<br />

do Partido Popular espanhol disse<br />

que as fronteiras de 67 “não são seguras<br />

e não podem ser a base para as<br />

negociações sobre o conflito entre israelenses<br />

e palestinos, como disse recentemente<br />

o presidente dos EUA, Barack Obama.<br />

“Podemos ter certeza de que muitas<br />

vozes se levantarão para pressionar Israel<br />

e estamos preocupados de que Israel não<br />

A queda de Assad, um desastre para o Hezbolá e o Irã<br />

Jonathan Spyer *<br />

tre eles tornou-se cada vez mais simbiótico.<br />

O Hezbolá foi o instrumento pelo<br />

qual a Síria pode reconquistar a sua influência<br />

no Líbano, após sua vergonhosa<br />

retirada em 2005. Damasco forneceu<br />

ao Hezbolá uma área adjacente vital<br />

para a logística durante a guerra de 2006.<br />

Suspeita-se que ambos colaboraram<br />

para o assassinato do ex-premiê libanês<br />

Rafik Hariri.<br />

Portanto, a relação é estratégica, e<br />

é baseada numa variedade de interesses<br />

compartilhados. Nenhuma das partes<br />

é inteiramente um cliente ou um<br />

grande parceiro do outro. Pelo contrário,<br />

o patrão dos dois é o Irã. As manifestações<br />

de Nasralá em apoio a Assad<br />

derivam do mesmo impulso que o<br />

apoio prático, em grande escala, atualmente<br />

oferecido à Síria pela Guarda<br />

Revolucionária iraniana. Eles são<br />

membros de uma aliança, e se unem<br />

em defesa de um membro da equipe<br />

que está em apuros.<br />

Não surgiram evidências que confirmem<br />

os rumores de que os combatentes<br />

do Hezbolá participam da repressão<br />

em solo, na Síria.<br />

E é difícil ver o que poderiam conseguir<br />

as forças do Hezbolá quando os<br />

próprios homens de Assad não conseguiram.<br />

Ao líder sírio não faltam grupos<br />

armados. Mas o “apoio moral” oferecido<br />

pelo Hezbolá à Síria expõe o vazio<br />

das afirmações permanentes de Nasralá,<br />

que diz representar a vontade popular<br />

dos árabes.<br />

Tanto Assad como Nasralá empregam<br />

a linguagem da “resistência”, mas<br />

ambos estão unidos para resistir à vontade<br />

claramente expressa do povo sírio.<br />

Há uma lógica mais profunda<br />

funcionando aqui que o eterno espetáculo<br />

dos movimentos e regimes ditatoriais<br />

que expõem o vazio de seus discursos.<br />

O bloco liderado pelo Irã pode-<br />

ria ter sido apresentado como a voz da<br />

autenticidade e da resistência regional.<br />

Mas se alguém olhar para os elementos<br />

que compõem rapidamente<br />

torna-se claro que era e é em grande<br />

parte uma aliança entre xiitas árabes<br />

(ou pelo menos não sunitas) por trás<br />

de um grande estado não árabe xiita.<br />

Os principais membros da aliança<br />

são o Irã, o Hezbolá xiita, o regime<br />

controlado pelos alauitas de Assad e<br />

o movimento xiita de Moqtada al-<br />

Sadr, no Iraque. O Irã tem tentado tirar<br />

partido da atual crise no mundo<br />

árabe. No entanto, o âmbito de sua<br />

atividade tem sido limitado principalmente<br />

às áreas de maioria xiita,<br />

como o Bahrein.<br />

Fora das estreitas faixas onde residem<br />

as comunidades árabes xiitas, há<br />

uma forte suspeita contra os iranianos.<br />

A guerra do Irã contra Israel destina-se<br />

a reverter essas suspeitas, e tem conseguido<br />

algum sucesso. Mas o prestígio<br />

conquistado por elementos xiitas na<br />

luta contra Israel não parece facilmente<br />

transferível para outras áreas.<br />

A única exceção importante na natureza<br />

do bloco xiita, liderado pelo Irã,<br />

foi e é o Hamas. O enclave do Hamas<br />

em Gaza tem sido mantido com dinheiro<br />

e armas do Irã. Mas uma das consequências<br />

mais notáveis da queda de<br />

Hosni Mubarak no Egito é a aparente<br />

tentativa do Hamas de desviar-se para<br />

fora do eixo Irã-Síria-Hezbolá e voltarse<br />

para o Egito árabe sunita.<br />

O Emirado (sunita) do Qatar, entretanto,<br />

que tem flertado com o eixo da<br />

resistência nos últimos anos, dirigiu<br />

fortemente a enorme influência da rede<br />

Al-Jazeera contra o regime da Síria nas<br />

últimas semanas. A Turquia de Recep<br />

Tayyip Erdogan também tem intensificado<br />

as críticas contra Assad e tem sido<br />

anfitriã de encontros da oposição síria.<br />

Aznar rejeita fronteiras de 1967<br />

tenha aliados suficientes, e nós acreditamos<br />

que devemos agir para que este<br />

cenário não se concretize”, disse. Obama<br />

assinalou como referência para a negociação<br />

sobre o conflito as fronteiras de<br />

1967, ano que ocorreu a Guerra<br />

dos Seis Dias, o terceiro enfrentamento<br />

com os países árabes,<br />

que terminou com a conquista israelense<br />

da Cisjordânia e de Jerusalém<br />

Oriental, Faixa de Gaza,<br />

a Península do Sinai e as colinas<br />

de Golan. Aznar que também está<br />

à frente da Fundação para a Aná-<br />

lise e Estudos Sociais (FAES), declarou<br />

que Israel “é uma terra de<br />

oportunidades, prosperidade e<br />

futuro”. E acrescentou: “Acredito em Israel<br />

e não me envergonho de dizer que<br />

quando as pessoas deslegitimam Israel,<br />

deslegitimam a nós”. Para ele, “defender<br />

Jose María Aznar<br />

esteve em S. Paulo<br />

o Estado de Israel é uma causa justa”, porque,<br />

em sua opinião, o Estado judeu compartilha<br />

com os países democráticos uma<br />

série de valores entre os quais citou “a<br />

liberdade, pluralismo, tolerância, igualdade<br />

entre homens e mulheres”.<br />

Ex-chefe do governo espanhol<br />

entre 1996 e 2004, Aznar<br />

indicou que “a principal dificuldade<br />

que a Europa enfrenta não<br />

é a crise internacional, mas a<br />

perda de valores. O principal<br />

problema que a Europa tem hoje<br />

é que a Europa é o reino do re-<br />

lativismo, que os europeus não<br />

acreditam em nada, nem querem<br />

acreditar em nada”, disse<br />

para complementar que o Friends of Israel<br />

(Amigos de Israel) “tenta evitar o isolamento<br />

de Israel, dar legitimidade ao país<br />

e apresentá-lo como um país normal”. Ar-<br />

A Síria, em suma, está exaurida de<br />

amigos sunitas. Seus xiitas, por outro<br />

lado, têm menos opções e permanecem<br />

fiéis.<br />

Portanto, as adesões do Irã e do<br />

Hezbolá ao seu aliado sírio parecem<br />

cerrar fileiras na aliança não sunita<br />

para lidar com a agitação no mundo<br />

árabe sunita. O analista libanês<br />

Michael Young observa a opinião crescente<br />

de que o regime sírio está envolvido<br />

naa limpeza étnica da cidade<br />

síria sunita de Tal Kalakh, perto da<br />

fronteira com o Líbano.<br />

Tal Kalakh é um enclave sunita em<br />

uma importante área alauita.<br />

Se as motivações do regime são na<br />

verdade sectárias é quase irrelevante.<br />

O fato de que se acredita amplamente<br />

nisso desnuda a lógica sectária em<br />

operação.<br />

Do ponto de vista de Israel, a limitação<br />

nativa da resistência liderada pelo<br />

bloco xiita é uma boa notícia. A notícia<br />

não tão boa é que os centros de poder<br />

rivais sunitas antiocidentais e anti Israel<br />

estão surgindo na região.<br />

A reconstrução das relações do Hamas<br />

com o Egito, afinal, baseia-se na<br />

rápida deterioração das relações entre<br />

o Cairo e Jerusalém. O AKP, partido sunita<br />

islâmico, entretanto, tende a ganhar<br />

mais um mandato na Turquia.<br />

Tampouco a “lua crescente xiita”<br />

está prestes a ruir. Por ora, sua capacidade<br />

inigualável de brutalidade parece<br />

que irá manter seu cliente sírio<br />

em seu assento. Mas sua pretensão<br />

de representar as forças da “resistência”<br />

árabe contra o Ocidente e Israel<br />

foi duramente atingida devido à turbulência<br />

no mundo árabe. Enquanto<br />

isso, uma “lua crescente sunita” antagonista,<br />

com reivindicação rival ao<br />

mesmo manto está em processo de<br />

nascimento.<br />

gumentou que “o mundo ocidental tem<br />

dado origem às sociedades mais livres,<br />

mais estáveis e prósperas da e criticou<br />

o fato de que em alguns países da América<br />

Latina desenvolveram uma campanha<br />

para o reconhecimento de um Estado<br />

palestino de forma unilateral e sem<br />

negociação. “Qualquer reconhecimento<br />

unilateral de um Estado palestino, significa<br />

uma ação contrária à paz que consideramos<br />

necessária”, disse. Ainda assim,<br />

considerou que Israel é “a última<br />

ilha remanescente da estabilidade entre<br />

o Marrocos e o Paquistão”, e afirmou<br />

que o grupo Hamas é uma organização<br />

terrorista que, como o movimento da Irmandade<br />

Muçulmana, “visa a destruição<br />

do Estado de Israel.” De todos os problemas<br />

políticos que o mundo tem ”a<br />

coisa mais importante é onde evoluir o<br />

mundo muçulmano”, concluiu.


* Breno Lerner é editor e<br />

gourmand, especializado<br />

em culinária judaica.<br />

Escreve para revistas,<br />

sites e jornais. Dá<br />

regularmente cursos e<br />

workshops. Tem três<br />

livros publicados, dois<br />

deles sobre culinária<br />

judaica.<br />

* Breno Lerner<br />

Uma das mais antigas colônias judaicas<br />

que ainda sobrevivem no mundo, a<br />

dos judeus georgianos, conhecidos como<br />

gurjim pelos locais, autodenominavamse<br />

Yehudim Gruzinim.<br />

Documentos históricos atestam sua<br />

chegada como trânsfugas da invasão de<br />

Nabucodonosor a Jerusalém:<br />

O rei Nabudonosor capturou Jerusalém.<br />

Os judeus fugiram de lá e chegaram<br />

em Kartli onde solicitaram ao Mamasakhlisi<br />

(chefe local) o território de<br />

Mtskheta contra o pagamento de tributos<br />

e vassalagem. Ele os colocou em Aragvi,<br />

numa colina chamada Zanavi, que<br />

depois foi renomeada como Zanavi, a Terra<br />

dos Judeus.<br />

Leonti Mroveli, historiador georgiano,<br />

Crônicas Georgianas, séc. XI.<br />

A região chegou a ter 120.000 judeus<br />

que, em 1970 estavam reduzidos a<br />

80.000, em 2004 a 13.000 e, em 2008 a<br />

3541. A grande maioria imigrou para Israel,<br />

com pequenas populações indo para<br />

Nova York, Antuérpia e Dusseldorf.<br />

AI vão algumas curiosas receitas<br />

como Kaurma e Chikhitima, a Kotmis Satsivi,<br />

galinha de pobre, que era feita com<br />

a galinha criada no terreiro e ervas da<br />

horta, sem necessidade de comprar nada<br />

e Azelila, uma versão local da milenar<br />

salada de ovos que acompanha os judeus<br />

desde o cativeiro do Egito.<br />

Kaurma<br />

Kaurma<br />

(Cozido (Cozido de de<br />

de<br />

Cordeiro)<br />

Cordeiro)<br />

1 kg de carne de cordeiro cortada<br />

em fatias finas;<br />

4 cebolas cortadas em fatias finas;<br />

2 xícaras de caldo de carne;<br />

3 tomates picados;<br />

2 colheres de sopa de vinagre;<br />

½ kg de batatas cortadas em<br />

cubos;<br />

2 dentes de alho picados;<br />

2 colheres de sopa de farinha de<br />

trigo;<br />

Sal e pimenta do reino a gosto;<br />

Cebolinha e salsinha picadas para<br />

decorar.<br />

Doure a carne em um pouco de azeite.<br />

Acrescente o caldo, as cebolas e as batatas.<br />

Quando as batatas estiverem quase<br />

no ponto, coloque o tomate, vinagre<br />

e alho. Cozinhe por mais 5 minutos. Dissolva<br />

a farinha em pouco do caldo do<br />

cozido e coloque na panela. Tempere<br />

com sal e pimenta do reino. Salpique<br />

com a salsinha e cebolinha e sirva<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

Georgia<br />

Chikhitma<br />

Chikhitma<br />

(Caldo (Caldo Restaurador)<br />

Restaurador)<br />

½ kg de galinha em pedaços;<br />

2 cebolas cortadas em rodelas;<br />

1 colher de sopa de farinha de trigo;<br />

1 colher de sopa de manteiga;<br />

2 gemas de ovo;<br />

1 colheres de sopa de cúrcuma;<br />

2 colheres de sopa de suco de limão;<br />

Sal e pimenta do reino a gosto;<br />

Folhas de coentro e 1 rodela de<br />

limão para enfeitar.<br />

Numa panela cubra a galinha com água<br />

(aproximadamente um litro) e cozinhe por<br />

30 minutos, escumando. Reserve a galinha<br />

e coe o caldo numa peneira forrada<br />

com pano. Reserve. Em outra panela, doure<br />

a cebola na manteiga, salpique com a<br />

farinha e deixe dourar. Vá colocando o<br />

caldo coado e mexendo bem. Acresça os<br />

pedaços de galinha, cúrcuma, sal e pimenta<br />

do reino. Quando levantar fervura,<br />

abaixe o fogo e coloque o suco de limão.<br />

Bata as gemas com um pouquinho do caldo<br />

e coloque na panela Não deixe ferver<br />

ou as gemas coagularão. Coloque em tigelinhas<br />

e decore com uma fatia de limão<br />

e folhas de coentro.<br />

1,5 kg de carne para cozido (peito ou<br />

capa de costela) cortada em cubos;<br />

8 cebolas pequenas, inteiras e<br />

descascadas;<br />

10 dentes de alho apenas descascados;<br />

1 xícara de caldo de carne;<br />

1 colher de chá de curcuma;<br />

1 colher de café de curry;<br />

1 colher de café de pimenta do reino<br />

branca;<br />

1 colher de café de pimenta síria ou<br />

allspice;<br />

8 batatas cortadas em rodelas;<br />

Sal a gosto.<br />

Azelila Azelila<br />

Azelila<br />

(Salada (Salada de de Ovos)<br />

Ovos)<br />

4 ovos cozidos e passados no ralador grosso;<br />

3 colheres de sopa de manteiga amolecida;<br />

2 colheres de sopa de coentro picado;<br />

2 colheres de sopa de cebolinha (apenas a<br />

parte branca) picada;<br />

½ xícara de nozes picadas;<br />

2 colheres de sopa de dill picado;<br />

Sal e pimenta do reino a gosto.<br />

5<br />

TEMPERO:<br />

2 colher de sopa de páprica;<br />

1 colher de sopa de sálvia picada;<br />

1 colher de sopa de sementes de<br />

mostarda;<br />

1 colher de sopa de pimenta do reino;<br />

1 colher de sopa de tomilho picado;<br />

4 dentes de alho picados;<br />

1 cebola ralada;<br />

2 colheres de sopa de sal;<br />

4 colheres de sopa de gengibre<br />

finamente fatiado;<br />

1 colheres de sopa de raspas de casca<br />

de limão;<br />

2 colheres de sopa de gordura de<br />

galinha (schmaltz).<br />

ASSADO:<br />

1 galinha grande;<br />

2 cebolas em fatias finas;<br />

2 cenouras cortadas em julienne (em<br />

tirinhas);<br />

1 talo de salsão em fatias finas;<br />

2 pimentões vermelhos ou amarelos<br />

em faias finas;<br />

Suco de ½ limão;<br />

½ xícara de vodca;<br />

Pile (passar no pilão) todos os ingredientes<br />

do tempero menos o gengibre e a gordura<br />

de galinha. Reserve. Numa panelinha aqueça<br />

a gordura de galinha e coloque duas colheres<br />

de sopa do tempero mais o gengibre.<br />

Refogue por dois minutos, retire o gengibre<br />

e reserve.<br />

Delicadamente separe a pele do corpo da<br />

galinha e espalhe a mistura reservada sob a<br />

pele, principalmente na área do peito. Misture<br />

a cebola, cenoura, salsão, pimentões,<br />

suco de limão e o restante do tempero que<br />

ficou reservado. Recheie a galinha com a<br />

mistura. Pré-aqueça o forno a 125º e asse,<br />

sem cobrir, por 1 hora. Na hora de servir, flambe<br />

com a vodca.<br />

Misture bem todos ingredientes e refrigere. Esta salada normalmente é servida<br />

enrolada num pão pita tipo folha.


6<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771


discurso do primeiroministro<br />

israelense<br />

‘Bibi’ Netanyahu,<br />

aplaudido de pé e ovacionado<br />

no Congresso<br />

norte-americano foi uma<br />

das peças oratórias mais brilhantes<br />

nos últimos tempos. Netanyahu<br />

não se esqueceu de nada ao se<br />

dirigir a ambas as Câmaras e deixou absolutamente<br />

claro, o presente, o passado<br />

e o futuro do povo judeu e de seu<br />

único Estado: Israel.<br />

Ele enfatizou a profunda amizade<br />

entre israelenses e americanos, com<br />

base numa comunhão de valores: liberdade,<br />

democracia, paz e luta contra os<br />

inimigos destes valores e o terrorismo.<br />

Deixou claro que não necessariamente<br />

sabemos para onde conduzem<br />

as revoltas no mundo árabe e, portanto,<br />

não é certo que irá trazer um futuro<br />

com mais democracia e liberdade. Alguém<br />

tinha que dizer ao mundo que os<br />

únicos árabes que gozam dos verdadeiros<br />

direitos democráticos são aqueles<br />

que vivem em Israel.<br />

Referiu-se à ameaça iraniana e ao<br />

perigo de seu decidido apoio ao terrorismo.<br />

Depois do Holocausto, o povo<br />

judeu leva a sério ameaças de aniquilação<br />

e não vai renunciar ao direito de<br />

autodefesa.<br />

Netanyahu mostrou-se disposto a<br />

fazer concessões para alcançar a paz,<br />

mas permitiu-se recordar à sua audiência<br />

que a razão pela qual ainda não foi<br />

alcançada é que os palestinos não aceitaram<br />

viver com um Estado judeu ao seu<br />

lado e rejeitaram todas as ofertas para<br />

chegar a um acordo. Enquanto isso, o<br />

mundo age como se isso não tivesse<br />

acontecido e como se fosse a verdadeira<br />

razão para o atual impasse.<br />

Netanyahu teve de responder taxativamente<br />

às declarações anteriores de<br />

Obama que se referiam às fronteiras de<br />

1967, dirigindo um duro golpe à posição<br />

de Israel diante do conflito. Obama<br />

não disse que essas fronteiras seriam<br />

definitivas, mas sofreriam alterações.<br />

Mas o que ficou gravado na opinião pública,<br />

foi a referência explícita a estas<br />

“fronteiras”. Devemos lembrar que a<br />

OLP foi fundada em 1964, quando esses<br />

territórios ainda estavam sob as administrações<br />

jordaniana e egípcia. Os<br />

palestinos nunca mencionaram que<br />

queriam um Estado independente lá.<br />

Muito pelo contrário. Planejavam e<br />

executavam ataques contra Israel, porque<br />

seu objetivo era o mesmo que agora:<br />

destruí-lo.<br />

Basta ler a Constituição do Hamas,<br />

novo parceiro de Abbas. É definida como<br />

meta a aniquilação de Israel. Com esse<br />

“parceiro”, o mundo não só nos incentiva<br />

a negociar, mas exige que nós devamos<br />

ceder às suas pretensões (atuais).<br />

É evidente que não iria negociar<br />

com um grupo, como foi observado por<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

Bibi foi brilhante no Congresso dos EUA<br />

Gerardo Stuczynski *<br />

Netanyahu foi aplaudido em pé, por 25 vezes, no Congresso<br />

norte-americano<br />

Netanyahu, que “condenou a morte de<br />

Osama Bin Laden e elogiou-o como um<br />

guerreiro santo”. Assim, o primeiroministro<br />

israelense disse: “Israel é um<br />

dos menores países do mundo” e com<br />

as linhas de 1967 teria apenas 15 km<br />

de largura.<br />

Somos um povo que ama e precisa<br />

da paz. Mas não queremos que isso nos<br />

conduza a uma situação que, em nome<br />

da paz, seja o prelúdio para a nossa destruição.<br />

As experiências de retiradas dos<br />

ex-territórios têm sido desastrosas.<br />

Foram interpretadas como o resultado<br />

da fraqueza e não por causa do desejo<br />

de paz e os territórios abandonados foram<br />

utilizados para agressão e lançamento<br />

de foguetes contra civis. Netanyahu<br />

enunciou, então, mais uma vez,<br />

as condições para um acordo definitivo,<br />

um Estado palestino desmilitarizado<br />

com fronteiras negociadas por acordo<br />

mútuo.<br />

A opinião pública israelense viu<br />

com orgulho, admiração e identificação<br />

como seu primeiro-ministro respondeu<br />

ao presidente Obama.<br />

A popularidade de Bibi disparou.<br />

Por isso, é quase engraçado ler seus críticos,<br />

que obviamente pertencem a<br />

minorias iluminadas que podem ver o<br />

que os outros não veem.<br />

Shlomo Ben-Ami, ex-ministro das<br />

Relações Exteriores e assessor de Ehud<br />

Barak em Camp David, apesar de seu<br />

desempenho catastrófico, também se<br />

encorajou a opinar sobre a “furiosa recusa”<br />

de Netanyahu à proposta de Obama,<br />

que para ele “reflete não só a pouca<br />

habilidade de estadista do primeiroministro<br />

israelense, mas também o seu<br />

antiquado conceito militar”. “Netanyahu,<br />

na realidade, não confia nos<br />

gentios”... “filho de um renomado historiador<br />

que foi o secretário pessoal de<br />

Ze’ev Jabotinsky, o fundador da direita<br />

sionista, absorveu desde sua infância<br />

da interpretação feita por seu pai da história<br />

judaica como uma série de tragédias.<br />

A lição era simples: você não pode<br />

confiar neles, porque a de Israel é uma<br />

história de traição e de extermínio nas<br />

mãos deles”.<br />

Pena que Ben Ami não esclareça<br />

qual é a outra interpretação possível da<br />

história judaica. E continua: “como pregou<br />

Jabotinsky, a nova nação de Israel<br />

deve construir<br />

um muro de aço<br />

de poder judaico<br />

para dissuadir<br />

seus inimigos<br />

para sempre”.<br />

Não só<br />

essa ideia foi<br />

uma verdadeira<br />

profecia sobre o<br />

que Israel foi<br />

forçado a fazer<br />

para sobreviver,<br />

mas Ben Ami<br />

não leu bem o<br />

eterno Jabotinsky,<br />

já que não era para sempre necessário<br />

erguer esse “muro” (indicando<br />

que não se trata de um muro físico),<br />

mas até que os árabes aceitassem o fato<br />

de que através das armas não conseguiriam<br />

nos eliminar.<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

Fogo amigo<br />

A. B. Yehoshua<br />

Ed. Companhia das Letras<br />

Yoel Marcus, do Haaretz, disse:<br />

“Netanyahu poderia ter lido a lista telefônica<br />

na tribuna do Congresso e receberia<br />

a mesma ovação de pé”. Não<br />

parece sério argumentar que qualquer<br />

pessoa que lesse qualquer coisa<br />

fosse ovacionada e aplaudida, muito<br />

menos ainda pelos representantes do<br />

povo americano.<br />

Alberto Mazor sustenta: “Nosso Primeiro-Ministro<br />

é um ser tão racional<br />

que não lhe cairia mal, às vezes, adotar<br />

as ilusões dos iludidos”. Sustento que<br />

não somos um povo que vive numa<br />

época em que precisemos de um líder<br />

que seja sonhador.<br />

Mas a democracia é maravilhosa e<br />

até permite aos seus adversários tentarem<br />

alinhavar ideias para se opor aos<br />

sentimentos da maioria do povo, e do<br />

grande líder que é Bibi Netanyahu.<br />

LIVRO<br />

7<br />

* Gerardo<br />

Stuczynski é<br />

advogado, foi<br />

presidente da<br />

Organização<br />

Sionista no<br />

Uruguai e é<br />

atualmente<br />

presidente da<br />

Confederação<br />

Sionista Latino-<br />

Americana (Cosla)<br />

e também membro<br />

da Organização<br />

Sionista Mundial.<br />

Texto distribuído<br />

pelo site Por Israel<br />

(www.porisrael.org),<br />

parceiro do jornal<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

Neste novo livro do autor, a narrativa é pontuada pelo acendimento gradual<br />

das velas do candelabro festivo de Chanucá, e acompanha sete dias<br />

decisivos na vida de um casal israelense de meia-idade. Yaari, o protagonista,<br />

está às voltas com os cuidados exigidos pela doença do pai e as<br />

visitas devidas aos filhos e netos, enquanto os uivos lancinantes emitidos<br />

pelo poço de elevadores de um edifício ultramoderno recém-construído<br />

em Tel Aviv desafiam sua reputação de bem-sucedido engenheiro projetista.<br />

Sua esposa Daniela, professora do ensino secundário, aproveita o<br />

feriado escolar para viajar até um lugarejo perdido nas savanas da Tanzânia,<br />

procurando no silêncio de Yirmiyahu, ex-cunhado decidido a cortar<br />

todos os vínculos com Israel, os traços fugidios da presença da irmã morta.<br />

Ecoando os guinchos do elevador semiclandestino instalado por seu pai num velho apartamento<br />

em Jerusalém, assim como os lamentos das numerosas famílias israelenses dilaceradas pela violência<br />

da guerra, os misteriosos ruídos que perturbam a frágil tranquilidade do feriado de Yaari<br />

sinalizam a magistral alegorização dos cenários do livro. Nas desoladas paisagens africanas, a<br />

ancestralidade arqueológica da espécie humana convive com as sombras do passado da pequena<br />

família israelense, perturbada pela morte de um de seus membros pelo “fogo amigo” das forças<br />

de ocupação na fronteira da Cisjordânia. Os acontecimentos soterrados na memória de Yaari e<br />

Daniela afloram de maneira inusitada, formando uma totalidade apenas resolvida, como numa<br />

delicada composição em contraponto, com o esperado reencontro das vozes amorosas do casal.


8<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

into-me profundamente<br />

honrado pelas cálidas<br />

boas-vindas. E sinto-me<br />

profundamente honrado<br />

por terem me dado a oportunidade<br />

de falar ao Congresso<br />

pela segunda vez.<br />

Senhor Vice-presidente: Lembra<br />

quando éramos os novos meninos da<br />

cidade?<br />

E vejo um monte de velhos amigos<br />

aqui. E vejo um monte de novos amigos<br />

de Israel aqui. Tanto Democratas<br />

como Republicanos.<br />

Israel não tem melhor amigo que<br />

os Estados Unidos. E os EUA não têm<br />

melhor amigo que Israel. Estamos juntos<br />

para defender a democracia. Estamos<br />

juntos para promover a paz. Estamos<br />

juntos para lutar contra o terrorismo.<br />

Felicitações Estados Unidos, Felicitações,<br />

senhor Presidente. Apanhou<br />

Bin Laden. Um bom até nunca!<br />

Falando em sessão conjunta no Capitólio, o primeiro-ministro de<br />

Israel deu uma resposta ao presidente Obama<br />

Num Oriente Médio instável, Israel<br />

é uma âncora de estabilidade. Numa região<br />

de alianças que mudam, Israel é o<br />

incondicional aliado dos Estados Unidos.<br />

Israel sempre foi pro-estadounidense.<br />

Israel siempre será pro-estadounidense.<br />

Meus amigos, vocês não precisam<br />

construir uma nação como Israel. Já estamos<br />

construidos. Vocês não precisam<br />

exportar democracia a Israel. Já a temos.<br />

Vocês não precisam enviar tropas<br />

americanas para defender Israel. Nós<br />

nos defendemos. Vocês têm sido muito<br />

generosos ao dar-nos ferramentas<br />

para efetuar a tarefa de defender Israel<br />

nós mesmos. Graças a todos vocês, e<br />

graças a você, presidente Obama, por<br />

seu firme compromisso com a segurança<br />

de Israel. Sei que os tempos econômicos<br />

são difíceis.<br />

O apoio à segurança de Israel é um<br />

sabio investimento em nosso futuro<br />

comum. Para uma batalha épica que<br />

está se desenvolvendo agora no Oriente<br />

Médio, entre tirania e liberdade.<br />

Uma grande convulsão sacode a terra<br />

desde o Passo Khyber até o Estreito de<br />

Gibraltar. Os tremores destruíram estados<br />

e derrubaram governos. E todos<br />

podem ver que o solo segue mudando.<br />

Agora, este momento histórico contém<br />

Discurso de Netanyahu na sessão<br />

conjunta do Congresso dos EUA<br />

a promessa de um novo amanhecer de<br />

liberdade e oportunidade. Milhões de<br />

jovens estão decididos a mudar seu futuro.<br />

Todos os observamos. Reúnem<br />

coragem, arriscam suas vidas, exigem<br />

dignidade, desejam liberdade.<br />

Estas extraordinárias cenas em Túnis<br />

e no Cairo, evocam as de Berlim e<br />

Praga em 1989. No entanto, ao compartilhar<br />

suas esperanças, também devemos<br />

recordar que essas esperanças poderiam<br />

ser sofocadas como o foram em<br />

Teerã em 1979. Lembrem o que ocorreu<br />

então. A breve primavera democrática<br />

no Irã se viu ceifada por uma tirania<br />

feroz e implacável. Esta mesma tirania<br />

sufocou a democrática Revolução<br />

dos Cedros no Líbano, e inflingiu a esse<br />

país, que tanto sofreu, o governo medieval<br />

do Hezbolá.<br />

Assim, hoje, o Oriente Médio<br />

Oriente encontra-se numa encruzilhada<br />

azíaga. Como todos vocês, rezo.<br />

Que os povos da região escolham a<br />

senda menos transitada, a da liberdade.<br />

Ninguém sabe em que consiste esta<br />

senda melhor que vocês. Este caminho<br />

não é pavimentado só por eleições. É<br />

pavimentado quando governos permitem<br />

protestos nas praças, quando se<br />

estabelecem limites aos poderes dos<br />

governantes, quando os juízes estão<br />

comprometidos com as leis e não com<br />

os hombres, e quando os direitos humanos<br />

não podem ser pisoteados por<br />

lealdades tribais ou a lei da máfia.<br />

Israel sempre adotou este caminho<br />

e o Oriente Médio sempre o rechaçou.<br />

Numa região onde as mulheres são apedrejadas,<br />

os homossexuais são enforcados,<br />

os cristãos são perseguidos, Israel<br />

se destaca. É diferente.<br />

Como o grande escritor inglês<br />

George Eliot predisse, há mais de um<br />

século, o Estado judeu, uma vez estabelecido,<br />

“reluzirá como uma estrela<br />

brilhante de liberdade em meio ao<br />

despotismo do Oriente”. Bem, tinha<br />

razão. Temos uma imprensa livre, tribunais<br />

independentes, uma economia<br />

aberta, acirrados debates parlamentares.<br />

Acreditam ter tipos difíceis<br />

no Congresso? Venham passar um<br />

dia na Knesset. Adiante.<br />

Manifestantes árabes estão agora<br />

lutando para assegurar estes mesmos<br />

direitos para seus povos, para suas sociedades.<br />

Estamos orgulhosos de que<br />

mais de um milhão de cidadãos árabes<br />

de Israel possam desfrutar destes direitos<br />

durante décadas. Dos 300 milhões<br />

de árabes no Oriente Médio e<br />

África do Norte, só os cidadãos árabes<br />

de Israel desfrutam de verdadeiros direitos<br />

democráticos. Quero que se detenham<br />

um momento e pensem nisso.<br />

Dos 300 milhões de árabes, menos da<br />

metade de um por cento são verdadeiramente<br />

livres, e todos eles são cidadãos<br />

de Israel!<br />

Este fato surpreendente revela uma<br />

verdade básica: não é Israel que está<br />

mal no Oriente Médio. Israel é o que<br />

está bem no Oriente Médio. Israel apoia<br />

plenamente o desejo dos povos árabes<br />

em nossa região, de viver em liberdade.<br />

Ansiamos pelo dia em que Israel<br />

seja uma das muitas democracias reais<br />

no Oriente Médio.<br />

Há 15 anos, estive nesta mesma tribuna,<br />

e disse que a democracia deve<br />

começar a lançar raiz no mundo árabe.<br />

Bem, começou. Este começo encerra a<br />

promessa de um brilhante futuro de paz<br />

e prosperidade. Porque creio que um<br />

Oriente Médio que seja genuinamente<br />

democrático será um Oriente Médio<br />

verdadeiramente em paz. Mas enquanto<br />

esperamos, e trabalhamos para, ou<br />

melhor, também devemos reconhecer<br />

que poderosas forças se opõem a este<br />

futuro. Opõem-se à modernidade, à<br />

democracia e à paz.<br />

A primeira destas forças é o Irã. A<br />

tirania em Teerã embrutece o seu próprio<br />

povo. Apoia os ataques contra as<br />

tropas americanas no Afeganistão e no<br />

Iraque. Submete o Líbano e Gaza. Patrocina<br />

o terrorismo em todo o mundo.<br />

A última vez que estive aqui, falei<br />

das funestas consequências do Irã desenvolver<br />

armas nucleares. Agora o<br />

tempo se acaba, e a história logo poderá<br />

repetir-se. Porque o maior perigo<br />

que a humanidade enfrenta poderá<br />

logo estar sobre nós: um regime<br />

isâmico militante armado com armas<br />

nucleares.<br />

O islã militante ameaça o mundo.<br />

Ameaça o islã. Não tenho nenhuma<br />

dúvida que finalmente será derrotado.<br />

Finalmente sucumbirá às forças da liberdade<br />

e do progresso. Mas, como<br />

outros fanatismos que foram condenados<br />

ao fracasso, o islã militante poderá<br />

exigir um preço terrível de todos nós,<br />

antes de seu inevitável final.<br />

Um Irã com armas nucleares acenderia<br />

um rastilho de armas nucleares<br />

no Oriente Médio. Daria aos terroristas<br />

um guarda-chuva nuclear. O pesadelo<br />

do terrorismo nuclear seria um claro e<br />

perigo presente em todo o mundo.<br />

Quero que entendam o que isto significa.<br />

Eles poderiam por a bomba em<br />

qualquer lugar. Poderiam colocá-la num<br />

míssil. Poderiam colocá-la em um navio<br />

de containers em um porto, ou em<br />

uma maleta em um metrô.<br />

Ainda agora, a ameaça ao meu país<br />

não pode ser exagerada. Aqueles que<br />

a desdenham, escondem suas cabeças<br />

na areia. Menos de sete décadas depois<br />

que seis milhões de judeus foram assassinados,<br />

os líderes do Irã negam o<br />

Holocausto do povo judeu, enquanto<br />

pregam a aniquilação do Estado judeu.<br />

Os líderes que cospem tal veneno,<br />

deveriam ser proscritos em todos os<br />

foros respeitáveis do planeta. Mas há<br />

algo que faz com que a indignação seja<br />

ainda maior A falta de indignação. Em<br />

grande parte da comunidade internacional,<br />

os chamados para nossa destrui-<br />

ção encontram um silêncio absoluto. E<br />

ainda pior, porque há muitos que se<br />

apressam a condenar Israel para defenderem-se<br />

dos representantes do terrorismo<br />

do Irã.<br />

Mas não vocês nos Estados Unidos.<br />

Vocês atuaram de modo diferente. Vocês<br />

condenaram o regime iraniano por<br />

seus objetivos genocidas. Vocês aprovaram<br />

duras sanções contra o Irã. A história<br />

os saudará, Estados Unidos. O presidente<br />

Obama disse que os Estados<br />

Unidos estão decididos a impedir que o<br />

Irã desenvolva armas nucleares. Conseguiu<br />

fazer o Conselho de Segurança<br />

adotar sanções contra o Irã. Vocês no<br />

Congreso aprovaram sanções ainda<br />

mais duras. Estas palavras e estes fatos<br />

são vitalmente importantes.<br />

O regime dos aiatolás suspendeu,<br />

brevemente, seu programa nuclear só<br />

uma vez, em 2003, quando temia a possibilidade<br />

de uma ação militar. Nesse<br />

mesmo ano, Muammar Kadafi renunciou<br />

ao seu programa de armas nucleares<br />

pela mesma razão. Quanto mais o<br />

Irã considere que todas as opções estão<br />

sobre a mesa, menor é a possibilidade<br />

de confrontação. Por isso lhes<br />

peço que continuem enviando uma<br />

mensagem inequívoca: “Que os Estados<br />

Unidos nunca permitirão ao Irã desenvolver<br />

armas nucleares”.<br />

Quanto a Israel, se a história ensinou<br />

algo ao povo judeu, é que temos<br />

que levar a sério os pedidos de nossa<br />

destruição. Somos uma nação que surgiu<br />

das cinzas do Holocausto. Quando<br />

dizemos nunca mais, queremos dizer<br />

Nunca Mais. Israel sempre se reserva o<br />

direito de se defender.<br />

Meus amigos, ao mesmo tempo<br />

que Israel estará sempre vigilante para<br />

se defender, nunca renunciaremos à<br />

nossa busca pela paz. Creio que o faremos<br />

quando a conseguirmos. Israel<br />

quer a paz. Israel precisa da paz. Conseguimos<br />

históricos acordos de paz<br />

com o Egito e Jordânia, que tem se<br />

mantido durante décadas.<br />

Recordo o que era antes que tivéssemos<br />

a paz. Estive próximo da morte<br />

num tiroteio no canal de Suez. Quero<br />

dizer, literalmente. Lutei contra terroristas<br />

ao longo de ambas as margens do<br />

rio Jordão. Muitos israelenses perderam<br />

entes queridos. Conheço sua pena.<br />

Perdi meu irmão.<br />

Ninguém em Israel quer o retorno<br />

àqueles días terríveis. A paz com o Egito<br />

e a Jordânia serviu, durante muito<br />

tempo, como uma âncora de estabilidade<br />

e paz no coração do Oriente Médio.<br />

Esta paz deveria ser reforçada com<br />

o apoio econômico e político a todos<br />

aqueles que continuem comprometidos<br />

com a paz. Os acordos de paz com o<br />

Egito e a Jordânia são vitais. Mas não<br />

são suficientes. Também devemos encontrar<br />

uma maneira de forjar uma paz<br />

duradoura com os palestinos. Há dois<br />

anos, comprometi-me publicamente


com uma solução de dois estados para<br />

dois povos: Um Estado palestino junto<br />

ao Estado judeu.<br />

Estou disposto a fazer concessões<br />

dolorosas para alcançar esta paz histórica.<br />

Como líder de Israel, é minha responsabilidade<br />

guiar o meu povo até a<br />

paz. Isto não é fácil para mim. Reconheço<br />

que, por uma paz genuína, estaremos<br />

obrigados a renunciar a partes da<br />

pátria judaica. Na Judeia e Samaria, o<br />

povo judeu não é um ocupante estrangeiro.<br />

Nós não somos os britânicos na<br />

Índia. Não somos os belgas no Congo.<br />

Esta é a terra de nossos antepassados,<br />

a Terra de Israel, a que Abrahão trouxe<br />

a ideia de um D-us, onde David enfrentou<br />

Golias, e onde Isaías teve uma visão<br />

de paz eterna. Nenhuma distorsão<br />

da história pode negar os quatro mil<br />

anos de vínculo entre o povo judeu e a<br />

terra judaica.<br />

Mas há outra verdade: Os palestinos<br />

compartilham esta pequena terra<br />

conosco. Buscamos uma paz na qual<br />

não estejam sujeitos a Israel, nem sejam<br />

seus cidadãos. Deveriam desfrutar<br />

de uma vida nacional de dignidade<br />

como povo livre, viável e independente,<br />

em seu próprio estado. Deveriam<br />

desfrutar de uma economia próspera,<br />

onde sua creatividade e iniciativa possam<br />

florecer.<br />

Já vimos o início do que é possível.<br />

Nos últimos dois anos, os palestinos<br />

começaram a construir uma vida melhor<br />

para si próprios. O primeiro-ministro<br />

Fayyad conduziu este esforço. Desejolhe<br />

uma pronta recuperação de sua recente<br />

cirurgia.<br />

Temos ajudado a economia palestina<br />

eliminando centenas de barreiras<br />

e controles para a livre circulação de<br />

bens e pessoas. Os resultados têm sido<br />

pouco menos que notáveis. A economia<br />

palestina está no auge. Cresce a um<br />

ritmo de mais de 10% ao ano.<br />

As cidades palestinas são muito diferentes<br />

hoje do que eram só há uns<br />

poucos anos. Têm centros comerciais,<br />

cinemas, restaurantes, bancos. Inclusive<br />

têm negócios eletrônicos. Tudo isto<br />

ocorre sem paz. Imaginem o que poderia<br />

acontecer com paz. A paz anunciaria<br />

um novo dia para ambos os povos. Seria<br />

uma possibilidade realista do sonho de<br />

uma mais ampla paz árabe-israelense.<br />

E eis aqui a questão. Vocês têm que<br />

formulá-la. Se os benefícios da paz com<br />

os palestinos são tão claros, por que a<br />

paz nos tem evitado? Por que todos os<br />

seis primeiros-ministros israelenses,<br />

desde a assinatura dos acordos de Oslo,<br />

concordaram em estabelecer um Estado<br />

palestino, inclusive eu mesmo? Então,<br />

por que não se obteve a paz? Porque<br />

até o momento os palestinos não<br />

estiveram dispostos a aceitar um Estado<br />

palestino, se isso significava aceitar<br />

um Estado judeu junto a ele.<br />

Vejam vocês, nosso conflito nunca<br />

foi sobre a criação de um Estado palestino.<br />

Sempre foi sobre a existência do<br />

Estado judeu. Isto é do que se trata este<br />

conflito. Em 1947, as Nações Unidas votaram<br />

a partilha da terra em um Estado<br />

judeu e um Estado árabe. Os judeus disseram<br />

sim. Os palestinos disseram que<br />

não. Nos últimos anos, os palestinos<br />

recusaram, duas vezes, generosas ofertas<br />

dos primeiros-ministros israelenses,<br />

para estabelecer um Estado palestino<br />

em quase todo o territorio ganho<br />

por Israel na Guerra dos Seis Dias.<br />

Simplemente não estavam dispostos<br />

a por fim ao conflito. E lamento dizer<br />

isto: Continuam educando seus filhos<br />

no ódio. Continuam dando nomes<br />

de terroristas a praças públicas. E o pior<br />

de tudo é que seguem perpetuando a<br />

fantasia que Israel, algum dia, será inundado<br />

pelos descendentes dos refugiados<br />

palestinos.<br />

Meus amigos, isto deve terminar. O<br />

presidente Abbas deve fazer o que eu<br />

fiz. Fiquei diante de meu povo, disselhes<br />

que não foi fácil para mim, e disse...<br />

“Vou aceitar um Estado palestino”.<br />

É hora do presidente Abbas, ficar diante<br />

de seu povo e dizer... “Vou aceitar<br />

um Estado judeu”.<br />

Essas seis palavras mudarão a história.<br />

Elas deixarão claro aos palestinos<br />

que este conflto deve terminar. Que<br />

não estão construindo um Estado para<br />

continuar o conflito com Israel, mas<br />

para acabar com ele. Convencerão o<br />

povo de Israel de que têm um verdadeiro<br />

parceiro para a paz. Com esse parceiro,<br />

o povo de Israel estará disposto<br />

a fazer um compromisso de longo alcance.<br />

Eu estarei disposto a fazer um<br />

compromisso de longo alcance. Este<br />

compromisso deve refletir as dramáticas<br />

mudanças demográficas que ocorreram<br />

desde 1967. A grande maioria dos<br />

650.000 israelenses que vivem mais<br />

além das linhas de 1967, residem em<br />

bairros e subúrbios de Jerusalém e da<br />

Grande Tel Aviv.<br />

Estas áreas estão densamente povoadas,<br />

mas geograficamente são muito<br />

pequenas. Em virtude de qualquer<br />

acordo de paz realista, estas áreas, assim<br />

como outros lugares de fundamental<br />

importância estratégica e nacional,<br />

serão incorporadas dentro das fronteiras<br />

definitivas de Israel.<br />

O status dos assentamentos só será<br />

decidido em negociações. Mas também<br />

devemos ser honestos. De modo que<br />

hoje estou dizendo algo que deveria dizer<br />

publicamente qualquer pessoa séria<br />

sobre a paz. Em qualquer acordo de paz<br />

que ponha fim ao confllto, alguns assentamentos<br />

acabarão ficando além das fronteiras<br />

de Israel. A delimitação precisa<br />

dessas fronteiras deve ser negociada.<br />

Seremos muito generosos sobre o tamanho<br />

de um futuro Estado palestino. Mas,<br />

como disse o presidente Obama, a fronteira<br />

será diferente da que existia em 4<br />

de junho de 1967. Israel não voltará às<br />

indefensáveis linhas de 1967.<br />

Reconhecemos que um Estado palestino<br />

deve ser o suficientemente<br />

grande para ser viável, independente<br />

e próspero. O presidente Obama referiu-se<br />

acertadamente a Israel como a<br />

pátria do povo judeu, como referiu-se<br />

ao futuro Estado palestino como a patria<br />

do povo palestino. Os judeus de<br />

todo o mundo têm direito de imigrar<br />

ao Estado judeu. Os palestinos de todo<br />

o mundo deveriam ter o direito de imigrar,<br />

se assim o desejem, a um Estado<br />

palestino. Isto significa que o problema<br />

dos refugiados palestinos se resolverá<br />

fora das fronteiras de Israel.<br />

Quanto a Jerusalém, só um Estado<br />

democrático de Israel tem protegido a<br />

liberdade de culto para todas as religiões<br />

na cidade. Jerusalém nunca mais<br />

deve ser dividida. Jerusalém deve continuar<br />

sendo a capital unida de Israel.<br />

Sei que este é um tema difícil para os<br />

palestinos. Mas creio que, com criatividade<br />

e boa vontade, se possa encontrar<br />

uma solução.<br />

Esta é a paz que planejo forjar com<br />

um parceiro palestino comprometido<br />

com a paz. Mas vocês sabem muito bem<br />

que, no Oriente Médio a única paz que<br />

pode ser mantida é uma paz que pode<br />

se defender.<br />

Assim a paz deve basear-se na segurança.<br />

Nos últimos anos, Israel retirou-se<br />

do sul do Líbano e de Gaza. Mas<br />

não conseguimos a paz. Em lugar disso,<br />

conseguimos 12 mil foguetes disparados<br />

dessas áreas contra nossas cidades,<br />

contra nossas crianças, por parte do<br />

Hezbolá e do Hamas. A forças de paz da<br />

ONU no Líbano não puderam evitar o<br />

contrabando deste armamento. Os observadores<br />

europeus em Gaza se evaporaram<br />

de um dia para outro. Assim<br />

que se Israel, simplemente, saísse dos<br />

territórios, o fluxo de armas para o futuro<br />

Estado palestino seria incontrolável.<br />

Mísseis disparados daí, poderiam<br />

chegar a quase todos os lares de Israel<br />

em menos de um minuto. Quero que<br />

pensem também nisso. Imaginem que,<br />

justo neste momento, todos nós tivéssemos<br />

menos de 60 segundos para procurar<br />

refúgio por causa de um foguete lançado.<br />

Viveriam dessa forma? Poderia alguém<br />

viver dessa maneira? Bem, nós tampoco<br />

vamos viver dessa maneira.<br />

A verdade é que Israel precisa de<br />

arranjos de segurança únicos, em razão<br />

de seu tamanho único. Israel é um dos<br />

menores países do mundo. Sr. Vice-Presidente,<br />

concedo-lhe isto. É maior que<br />

Delaware. E inclusive maior que Rhode<br />

Island. Mas é disso que se trata. Israel<br />

com as linhas de 1967 seria, em sua largura,<br />

a metade da largura do cinturão<br />

urbano de Washington.<br />

Agora aquí há um pouco de nostalgia.<br />

Vim a Washington, pela primeira<br />

vez, há trinta anos, como um jovem diplomata.<br />

Levei um tempo, mas finalmente<br />

descobri: Existe um Estados Unidos<br />

mais além do cinturão urbano. Mas<br />

Israel, com as linhas de 1967, teria só 15<br />

quilômetros de largura. Isto é tudo<br />

quanto à profundidade estratégica.<br />

Portanto, é absolutamente vital<br />

para a segurança de Israel, que um Estado<br />

palestino esteja totalmente desmilitarizado.<br />

E é vital que Israel mantenha<br />

uma presença militar, a longo prazo,<br />

ao longo do rio Jordão. São necessários<br />

sólidos acertos de segurança sobre<br />

o terreno, não só para proteger a<br />

paz, mas para proteger Israel em caso<br />

de que a paz se desfaça. Porque em<br />

nossa instável região, ninguém pode<br />

garantir que nossos parceiros da paz de<br />

hoje estarão ali amanhã.<br />

E quando digo amanhã, não me refiro<br />

a um tempo distante no futuro.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

Binyamin "Bibi" Netanyahu foi brilhante em seu discurso no<br />

Congresso, quando foi aplaudido em pé e recebeu muitos<br />

cumprimentos ao final<br />

Quero dizer — a amanhã. A paz só ser<br />

obtida en torno da mesa de negociações.<br />

A tentativa palestina de impor um<br />

Estado através das Nações Unidas não<br />

trará a paz. Deve contar com a enérgica<br />

oposição de todos aqueles que querem<br />

ver este conflito terminado.<br />

Agradeço a clara posição do Presidente<br />

sobre este tema. A paz não pode<br />

ser imposta. Deve ser negociada. Mas<br />

só pode ser negociada com parceiros<br />

comprometidos con a paz.<br />

E o Hamas não é um parceiro para a<br />

paz. O Hamas continua comprometido<br />

com a destruição de Israel e com o terrorismo.<br />

Tem estatutos. Estatutos que<br />

não só exigem a destruição de Israel,<br />

como dizem: “matem os judeus onde<br />

quer que os encontrem”. O líder do Hamas,<br />

condenou a morte de Osama Bin<br />

Laden e o elogiou como um guerrero<br />

santo. Agora, de novo, quero deixar isto<br />

claro. Israel está disposto a sentar-se<br />

hoje e negociar a paz com a Autoridade<br />

Palestina. Creo que podemos forjar um<br />

brilhante futuro de paz para nossos filhos.<br />

Mas Israel não negociará com um<br />

governo palestino respaldado pela versão<br />

palestina da Al Qaeda.<br />

Dessa forma digo ao presidente<br />

Abbas: Rompa seu pacto com o Hamas!<br />

Sente-se e negocie! Faça a paz com o<br />

Estado judeu! E se o fizer, prometo-lhe<br />

que Israel não será o último país a dar<br />

as boas-vindas a um Estado palestino<br />

como um novo membro das Nações<br />

Unidas. Será o primeiro a fazê-lo.<br />

Meu amigos, os trascendentais juízos<br />

do século passado, e os acontecimentos<br />

em desenvolvimento neste<br />

século, atestam a decisiva função dos<br />

Estados Unidos na promoção da paz e<br />

da defesa da liberdade. A providência<br />

determinou que os Estados Unidos fossem<br />

o guardião da liberdade. Todos os<br />

povos que apreciam a liberdade têm<br />

uma profunda dívida de gratidão con<br />

vossa grande nação. Entre as nações<br />

mais agradecidas está minha nação, o<br />

povo de Israel, que lutou por sua liberdade<br />

e sobrevivência contra todas as<br />

chances, tanto nos tempos antigos<br />

como nos modernos.<br />

Falo em nome do povo judeu e do<br />

Estado judeu quando digo a vocês, representantes<br />

dos Estados Unidos, Obrigado.<br />

Obrigado por seu apoio incondicional<br />

a Israel. Obrigado por assegurar<br />

que a chama da liberdade arda brilhante<br />

em todo o mundo. Que D-us abençoe<br />

a todos vocês. E que D-us abençoe<br />

sempre os Estados Unidos da América.<br />

9


10<br />

PERGUNTE AO RABINO<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

importância de um<br />

nome judaico refere-se<br />

àquela parte de nós que<br />

verdadeiramente define<br />

a identidade judaica: a<br />

alma judaica. Um nome judaico<br />

é o seu chamado espiritual,<br />

um título que reflete seus traços<br />

particulares de caráter e os dons<br />

concedidos por D-us.<br />

O fato de que o nome da pessoa<br />

representa sua força vital é insinuado<br />

pela palavra neshamá (alma), cujas<br />

duas letras intermediárias formam<br />

a palavra shem (nome). As letras do<br />

nome de uma pessoa são como o<br />

cano através do qual a vida é levada<br />

ao corpo. Portanto, a palavra shem,<br />

nome, tem o mesmo valor numérico<br />

que tzinor, cano.<br />

Nomear um recém-nascido judeu<br />

é uma tarefa sagrada, parte do ciclo<br />

de vida da religião judaica. Um menino<br />

recebe o nome durante a cerimônia<br />

do brit milá, quando entra no pacto<br />

de Avraham Avinu; uma menina é<br />

nomeada logo após seu nascimento,<br />

na primeira oportunidade em que a<br />

Torá será lida. Seu pai então é chamado<br />

na Torá e nesta oportunidade<br />

anuncia seu nome judaico.<br />

Ao escolher um nome para a<br />

criança recém-nascida, os pais passam<br />

em revista os nomes de seus<br />

entes queridos. Isso se baseia no pre-<br />

P: O judaísmo acredita em reencarnação?<br />

Se sim, por quais motivos uma<br />

alma reencarna? E se uma alma já<br />

teve vários corpos, com qual deles irá<br />

voltar quando Mashiach chegar? O<br />

mais recente? O que me garante que<br />

uma família irá reencontrar todos<br />

seus entes queridos, pois alguns deles<br />

já podem estar pertencendo a outra<br />

família!<br />

RESPOSTA: Uma alma desce a<br />

este mundo vinda de “sob o trono da<br />

glória” — um local muito mais elevado<br />

que o anjo mais elevado — para<br />

cumprir sua missão neste mundo físico.<br />

Esta missão é constituída tanto<br />

de uma missão geral — o cumprimento<br />

de todos Mandamentos Divinos —<br />

como também de uma missão específica<br />

para esta alma. Após o tempo<br />

que lhe foi designado, a alma retorna<br />

para ser julgada. Pode precisar purificar-se<br />

no Guehinom (Purgatório),<br />

mas ao final, estará apta a colher sua<br />

recompensa temporária, que é vivenciar<br />

no Gan Éden (Paraíso), o Mundo<br />

das Almas, a Luz Divina gerada com<br />

todas suas boas ações. Porém, em<br />

Escolhendo o nome judaico<br />

ceito da Torá de que o nome do falecido<br />

não deve ser apagado de Israel.<br />

Ocasionalmente, uma criança recebe<br />

o nome de algum erudito de Torá, ou<br />

do maior tsadic da geração, cuja vida<br />

foi consagrada à Torá; ou então uma<br />

menina recebe o nome de mulheres<br />

sábias e grandiosas da Torá, cuja vida<br />

serviu como inspiração a todos.<br />

Quando a criança recebe o nome<br />

de um parente falecido – segundo o<br />

costume askenazi – cumpre também<br />

a mitsvá de honrar pai e mãe. Esta<br />

mitsvá é obrigatória não somente<br />

durante a vida deles, como também<br />

depois de sua morte. É uma grande<br />

satisfação para a alma, e proporciona<br />

prazer às almas dos parentes falecidos,<br />

quando os descendentes recebem<br />

seus nomes.<br />

A Cabalá afirma que os pais recebem<br />

inspiração Divina ao escolher um<br />

nome para seu filho. O nome é registrado<br />

como pertencendo para sempre<br />

a esta criança. É por este nome que o<br />

menino será chamado à Torá quando<br />

chegar a seu bar mitsvá, aos treze<br />

anos; quando chegar à vida adulta e<br />

ao casamento, seu nome aparecerá<br />

na ketubá; este nome é mencionado<br />

na prece E-l malei rachamim oferecida<br />

em benefício da alma após 120<br />

anos. Assim, o nome judaico acompanha<br />

o judeu por toda a vida e em<br />

todas as ocasiões.<br />

muitos casos a missão toda da alma<br />

não foi completada nesta vida. Pode<br />

ainda existir algum problema que necessite<br />

de correção, herdado ou não<br />

de uma encarnação anterior. Portanto,<br />

aquele aspecto da alma que ainda<br />

precisa ser completado deve retornar.<br />

Por este motivo as almas voltam<br />

uma e outra vez, até que sua obra<br />

esteja completa. Este conceito é conhecido<br />

na Cabalá como Guilgul. Em<br />

casos específicos (onde a pessoa cometeu<br />

transgressões gravíssimas),<br />

esta terá somente três chances de<br />

reencarnar (além da primeira vida),<br />

para assim retificar suas falhas. Se<br />

após estas três chances ela não consegue<br />

esta retificação, a alma ficará<br />

errante e isolada neste mundo até<br />

reencarnar no reino animal, vegetal,<br />

mineral ou às vezes até em criaturas<br />

espirituais negativas. Nesse estágio<br />

doloroso, a alma não consegue sua<br />

elevação sem assistência externa.<br />

Esta ajuda poderá ser tanto intencional,<br />

através do estudo da Torá, recitação<br />

do Kadish, a prática de atos de<br />

bondade e caridade em prol dela, ou<br />

mesmo sem intenção. Por exemplo,<br />

às vezes passamos por um certo lo-<br />

O nome pelo qual a pessoa é chamada<br />

é o recipiente que contém a<br />

força vital condensada, inerente nas<br />

letras do nome. Como disse o Eterno<br />

aos Anjos: “A sabedoria de Adam é<br />

maior que a sua”, pois ele entendeu<br />

a fonte suprema de cada ser criado,<br />

e segundo este Ele o chamou por seus<br />

nomes. Portanto, descobrimos que<br />

quando desejamos reviver alguém<br />

que desmaiou, chamamos seu nome.<br />

Ao chamar seu nome, despertamos a<br />

força vital em sua fonte, e atraímos<br />

vitalidade para o corpo. Similarmente,<br />

se alguém está adormecido, nós o<br />

chamamos por seu nome.<br />

Ao falecer, quando a alma parte<br />

do corpo e chega perante a Corte Celestial,<br />

não lhe é perguntado: “Qual<br />

é seu nome hebraico” A pergunta feita<br />

é simplesmente: “Qual é seu<br />

nome?” Porque seu nome verdadeiro,<br />

sua essência, está contida em seu<br />

nome hebraico.<br />

Atualmente, o maior problema<br />

para o povo judeu é a assimilação e a<br />

ignorância. Embora seja um grande<br />

problema, existem pequenas coisas<br />

que podemos fazer para lutar contra<br />

isso. Podemos assistir a uma aula de<br />

Torá uma vez por semana ou por mês.<br />

Podemos celebrar o Shabat. E podemos<br />

usar nossos nomes hebraicos.<br />

Quando os usamos, lembramo-nos<br />

constantemente de quem somos, for-<br />

cal tendo a chance de estudar lá uma<br />

passagem da Torá ou recitar os Salmos,<br />

sem saber que na verdade há<br />

algo neste local que está aguardando<br />

nosso ato, às vezes, durante centenas<br />

de anos. Vale ressaltar que um<br />

filho, ou até um amigo, pode fazer bem<br />

para uma alma querida, através dos<br />

atos lembrados acima, independentemente<br />

se a alma se encontra numa<br />

situação descrita acima, ou se está<br />

no Mundo da Verdade. A regra acima<br />

(das três chances), não se aplica a um<br />

tsadic (justo). Sua alma poderá voltar<br />

muitas vezes com a missão de retificar<br />

a geração. A maioria das almas<br />

de nossa geração são retornantes, e<br />

somente pessoas especiais sabem<br />

exatamente qual é sua missão na<br />

vida. Uma das maneiras de saber qual<br />

é nossa missão específica, é simplesmente<br />

observando quais são os assuntos<br />

em que há mais obstáculos e<br />

são mais difíceis de serem cumpridos.<br />

O Yêtser Hará (Má Inclinação) não se<br />

introduz em excesso nos assuntos que<br />

já foram retificados em vidas passadas,<br />

somente o necessário para que<br />

a pessoa tenha o livre arbítrio, Porém,<br />

na missão específica da alma nesta<br />

Se você tiver dúvida sobre alguma questão envie a sua pergunta para: pergunteaorabino@chabadcuritiba.com ou visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

tificando assim nossa identidade judaica<br />

e automaticamente lutamos<br />

contra a assimilação. Parafraseando<br />

Neil Armstrong, talvez seja um pequeno<br />

passo para um judeu, mas um salto<br />

gigante para o Judaísmo!<br />

Devemos nos inspirar no exemplo<br />

fornecido por nosso povo na saída<br />

do Egito; não se assimilaram.<br />

Este fato deveu-se a três fatores fundamentais<br />

que fizeram questão de<br />

conservar: o modo de se vestirem, a<br />

língua (hebraico) e o nome (judaico).<br />

Quanto ao último, disseram nossos<br />

Sábios: (Bamidbar Rabah 20:22)<br />

“Nossos antepassados mereceram<br />

ser redimidos do Egito porque não<br />

mudaram seus nomes”. Devido a estes<br />

cuidados tiveram o mérito de serem<br />

redimidos e conduzidos à outorga<br />

da Torá no Monte Sinai.<br />

Que possamos através de nossas<br />

boas ações e utilização destas mesmas<br />

“vestimentas” que nos conectam<br />

à nossa essência, sermos merecedores<br />

de presenciar a recompensa neste<br />

mundo: uma época sem guerras,<br />

onde a paz verdadeira será restabelecida<br />

e o conhecimento de D-us<br />

transbordará no mundo inteiro. Enquanto<br />

aguardamos, continuaremos<br />

colocando nomes judaicos em nossos<br />

filhos e, nossos filhos em nossos<br />

netos.(Baseado em artigo publicado<br />

no site www.chabad.org.br).<br />

encarnação, há uma forte objeção por<br />

parte do Yêtser Hará. Finalmente, todas<br />

as almas receberão como recompensa<br />

definitiva, o retorno aos seus<br />

corpos neste mundo material — a<br />

Ressurreição dos Mortos — após a<br />

vinda de Mashiach (Messias). Então,<br />

todos receberemos a recompensa<br />

completa, experimentando um mundo<br />

iluminado e belo que todos construímos<br />

com a soma de todas as nossas<br />

boas ações. Sobre sua questão<br />

com qual corpo a alma voltará? Cada<br />

pessoa, mesmo aquela cuja conduta<br />

não foi das melhores, inevitavelmente<br />

também tem muitos méritos. Portanto,<br />

em cada descida e encarnação,<br />

consegue retificar vários aspectos da<br />

alma. Na Ressurreição dos Mortos,<br />

cada corpo voltará com a parte da<br />

alma que foi retificada. Você poderá<br />

perguntar: se este for o caso, existirão<br />

então corpos somente com partes<br />

de alma, e não com a alma completa?<br />

Saiba que qualquer fração da<br />

alma é composta de todas as partes,<br />

e cada uma destas tem sua estrutura<br />

independente, mesmo pertencendo a<br />

uma alma matriz, é considerada somente<br />

um aspecto dela.<br />

BS"D


oi há um ano numa terça-feira<br />

que comandos<br />

israelenses interceptaram<br />

o navio Mavi Marmara,<br />

de um comboio de<br />

seis embarcações que se fizeram<br />

ao mar a partir da Turquia com o<br />

objetivo de furar o bloqueio naval de<br />

Israel a Gaza. Os comandos, atacados<br />

com barras de metal, porretes e facas<br />

por um punhado de jihadistas de grupos<br />

terroristas ligados à organização<br />

IHH, lutaram por suas vidas e mataram<br />

nove dos atacantes — produzindo mais<br />

uma rodada de investigações internacionais<br />

e acusações a Israel.<br />

Agora, um ano depois, a mesma IHH,<br />

junto com o Movimento Free Gaza, organiza<br />

mais uma flotilha — e seu suposto<br />

embarque para a Faixa de Gaza está previsto<br />

para o final de junho.<br />

Foi numa terça-feira que o Centro<br />

de Informação sobre Terrorismo e Inteligência<br />

Meir Amit, de Israel, ligado à<br />

inteligência militar, publicou um explosivo<br />

dossiê sobre a nova frota. O líder<br />

do IHH, Bulent Yildirim, e outra figura<br />

importante na organização, Huseyin<br />

Oruç, dizem que essa versão vai ser<br />

muito maior — em número de navios,<br />

15, incluindo novamente o Mavi Marmara,<br />

e um total de 1.500 passageiros.<br />

Tal como aconteceu com a frota do<br />

ano passado, do contingente não-turco<br />

se pode esperar que esteja composto<br />

por ONGs de esquerda e outros viajantes<br />

ocidentais companheiros da jihad,<br />

em grande parte sob a égide do Movimento<br />

Gaza Livre. Yildirim disse que deputados<br />

de parlamentos árabes e “judeus<br />

de todo o mundo” anti-israelenses,<br />

também estarão a bordo.<br />

As alegações do IHH de que deste<br />

vez nenhum dos passageiros portará<br />

armas, e que está sendo preparado por<br />

observadores da ONU ou europeus<br />

para inspecionar a carga da frota. O<br />

Centro Meir Amit expressou “ceticismo”,<br />

observando que o IHH na flotilha<br />

anterior também alegou que as bagagens<br />

dos passageiros a bordo da Mavi<br />

Marmara Mavi haviam sido inspecionadas<br />

pelas autoridades turcas, no<br />

embarque do navio em Istambul. Na<br />

realidade, a “inspeção”, se de fato foi<br />

realizada, não teve sentido, porque<br />

muitas das armas foram levadas a bordo<br />

do navio, como equipamento militar<br />

e ferramentas que foram utilizadas<br />

como armas improvisadas.<br />

Algumas outras razões para o ceticismo<br />

de que essa nova frota não será<br />

pacífica:<br />

• Shaheeds. Em sua grande campanha<br />

de propaganda para a nova frota, o<br />

IHH tem o “glamourizado” a memória<br />

dos nove shaheeds (mártires)...<br />

Mortos a bordo do Mavi Marmara<br />

[em 2010], e estimulado o ódio a<br />

Israel”. Yildirim também tem “feito<br />

vários discursos incendiários<br />

nos quais ressalta a determinação<br />

do IHH em prosseguir com a flotilha,<br />

mesmo ao preço de shaheeds<br />

adicionais”.<br />

• “Surpresa”. Em discursos, os membros<br />

do IHH também têm advertido Israel<br />

de que desta vez haverá uma “surpresa”.<br />

O Centro Meir Amit acha que<br />

isso pode se referir a um avião sendo<br />

enviado a Gaza. “Em um discurso<br />

feito por Yildirim em 7 de abril de<br />

2011, numa cerimônia em memória<br />

dos... Agentes do Mavi Marmara<br />

Mavi, ele disse que a Faixa de Gaza<br />

também seria alcançada pelo ar” e<br />

que “a organização estava adquirindo<br />

um avião”.<br />

• A natureza do IHH. Como o Centro Meir<br />

Amit observou em um boletim anterior,<br />

o IHH é um grupo radical islâmico<br />

antiocidental, que “no passado<br />

forneceu suporte para a jihad global”.<br />

Numa entrevista a de impren-<br />

sa em 5 de maio deste ano com outras<br />

organizações islâmicas turcas<br />

num subúrbio de Istambul, o IHH denunciou<br />

a morte de Osama Bin Laden<br />

pelos Estados Unidos. Em um<br />

discurso feito dois meses antes do<br />

embarque da flotilha do ano passado,<br />

Yildirim disse: “Os Estados Unidos<br />

estão matando muçulmanos...<br />

As forças da OTAN estão matando<br />

muçulmanos ... Israel está matando<br />

muçulmanos... Um muçulmano não<br />

pode ser derrotado por opressores<br />

e infiéis... O dia em que aceitarmos<br />

ser escravos do Ocidente [é o dia],<br />

que experimentaremos o gosto da<br />

derrota... Se os donos de Al-Quds<br />

[Jerusalém] forem muçulmanos, o<br />

controle do mundo estará em mãos<br />

muçulmanas”.<br />

Israel de fato não deve contar com<br />

nenhum pacifismo por parte da próxima<br />

flotilha. A mídia israelense tem reportado<br />

que a Flotilha 13 — a mesma força de<br />

comandos-navais que fez a abordagem<br />

do Mavi Marmara no passado — tem<br />

convocado todas as suas reservas e vem<br />

treinando intensamente com a força aérea<br />

para enfrentar a nova ameaça. Foi<br />

divulgado ainda que Israel está preparando<br />

suas próprias “surpresas”, e que<br />

— embora a meta seja assumir os navios<br />

de forma não-violenta — “os soldados<br />

estão sob ordens de utilizar a força para<br />

neutralizar o perigo armado e neutralizar<br />

atacantes caso necessário”.<br />

Como o chefe do Estado-Maior israelense<br />

Benny Gantz observou: “Os<br />

organizadores da frota querem nos provocar,<br />

não prestar ajuda a Gaza. Não há<br />

nenhum problema humanitário, centenas<br />

de caminhões com alimentos e<br />

material de abastecimento entram em<br />

Gaza todos os dias”. A situação de Gaza<br />

foi ainda mais facilitada com a abertura<br />

pelo Egito, da passagem de Rafah, há<br />

duas semanas, e o único propósito do<br />

bloqueio naval de Israel a Gaza é impedir<br />

que armas de longo alcance che-<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

Israel enfrenta ameaça de nova flotilha<br />

David Hornik *<br />

A flotilha que tentou romper o bloqueio<br />

israelense à Faixa de Gaza levava armas<br />

de fogo e entre elas ao menos uma automática,<br />

assegura o jornal Yediot Aharonot,<br />

baseado nas imagens obtidas de um vídeo<br />

inédito.<br />

As imagens, das quais o diário exibiu<br />

três fotogramas, foram descobertas há<br />

várias semanas em um computador confiscado<br />

pelos soldados israelenses que em<br />

31 de maio de 2010 abordaram a principal<br />

embarcação da flotilha, o Mavi Marmara,<br />

num incidente em alto mar no qual morreram<br />

nove ativistas islâmicos turcos.<br />

A revelação do jornal teve lugar dias antes<br />

que una segunda flotilha composta por<br />

uma dezena de barcos, zarpe rumo à faixa.<br />

Após a abordagem ao Mavi Marara, os<br />

guem ao Hamas, a organização terrorista<br />

anti-israelense que os lança repetidamente<br />

para bombardear comunidades<br />

israelenses.<br />

Israel tem se empenhado arduamente<br />

para conduzir essas questões<br />

para o campo diplomático, e até agora<br />

com algum sucesso. O secretário-geral<br />

da ONU, Ban Ki-moon, pediu aos governos<br />

que desencorajassem os ativistas<br />

de lançar a nova flotilha, e os Estados<br />

Unidos e a União Europeia também se<br />

pronunciaram contra ela.<br />

Mas onde está a Turquia em tudo<br />

isso? A resposta é que a Turquia não só<br />

nada faz para evitar tal risco, mas é, na<br />

verdade, a força por trás disso tudo.<br />

Como o Centro Meir Amit notou no<br />

mesmo relatório, o “IHH e o projeto da<br />

nova flotilha recebem propaganda e<br />

apoio político e logístico do governo<br />

turco”. Numa entrevista na TV em 21<br />

de maio passado, o ministro das Relações<br />

Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu<br />

afirmou que “a Turquia vai dar<br />

a resposta necessária a qualquer ato<br />

de provocação repetida por Israel em<br />

alto-mar”. “Não pode haver endosso<br />

mais claro à nova flotilha do que esta<br />

ameaça aberta.<br />

Se aumentada, a flotilha de 15 navios<br />

conforme planejado navegar, então,<br />

as apostas serão altas. A Turquia,<br />

que não muito tempo atrás mantinha<br />

estreitos laços estratégicos com Israel,<br />

sob o governo do AKP islâmico de Recep<br />

Tayyip Erdogan tem se movido gradualmente<br />

na direção da hostilidade.<br />

Com Israel também enfrentando ameaças<br />

de invasões de civis e manifestações<br />

hostis no Egito pós-Mubarak do<br />

Egito, seus arredores imediatos são<br />

potencialmente explosivos. Forte<br />

apoio ocidental a Israel para defenderse<br />

contra esta segunda flotilha turca<br />

seria enviar um sinal correto de resolução<br />

contra a montagem da maré jihadista.<br />

Mas é difícil ser otimista.<br />

A flotilha de Gaza tinha armas de fogo<br />

comandos aerotransportados asseguraram<br />

que ativistas abriram fogo contra eles da<br />

coberta e que dois soldados sofreram ferimentos<br />

a bala de bala de 9 milímetros<br />

disparadas por armas não empregadas<br />

pelo Exército de Defesa de Israel.<br />

A bordo do navio, Israel só encontrou<br />

punhais, varas de aço e apetrechos de duplo<br />

uso aos quais os ativistas recorreram<br />

para tentar impedir a abordagem do comboio<br />

que se dirigia a Gaza carregado com<br />

uma “ajuda humanitária simbólica”, uma<br />

vez que o grosso da assistência ingressa<br />

diariamente no enclave costeiro através de<br />

dezenas de milhares de caminhões.<br />

O vídeo inédito mostra momentos anteriores<br />

à abordagem dos comandos, no<br />

qual um presumido militante da organiza-<br />

ção islâmica turca IHH segura numa mão<br />

uma pistola e na outra um fuzil automático,<br />

confirma o jornal de maior circulação<br />

em Israel.<br />

Os organizadores da flotilha, várias<br />

ONGs internacionais que queriam furar o<br />

bloqueio da Faixa de Gaza, asseguraram<br />

que no barco não havia armas de fogo,<br />

enquanto que o Exército de Defesa de Israel<br />

sustenta que foram lançadas ao mar<br />

para que não fossem encontradas.<br />

Há duas semanas, o Canal 10 de televisão<br />

já havia anunciado que o corpo de<br />

Inteligência Militar possuía em seu poder<br />

as imagens “há algum tempo” e se perguntava<br />

por que não as divulgava.<br />

Segundo um porta-voz do Exército, “o material<br />

foi descoberto recentemente e foi entre-<br />

11<br />

* David Hornik é<br />

escritor free lancer,<br />

tradutor norteamericano<br />

que vive<br />

em Tel Aviv desde<br />

1984, tendo<br />

servido nas Forças<br />

Armadas de Israel,<br />

como artilheiro e<br />

também na defesa<br />

territorial.<br />

Frequentemente<br />

colabora com o<br />

Front Page<br />

Magazine<br />

(www.frontpage<br />

mag.com).<br />

gue aos organismos que investigam os fatos”.<br />

Na penúltima semana de junho está<br />

prevista a partida rumo à faixa de uma<br />

dezena de barcos com cerca de 1.500 ativistas<br />

a bordo, no que está sendo chamada<br />

de segunda flotilha.<br />

A nova flotilha, como a anterior, tem o<br />

objetivo de provocar Israel, que mantém<br />

um bloqueio naval na área após a violenta<br />

tomada de poder através de um golpe<br />

do movimento terrorista islâmico Hamas<br />

em Gaza, em junho de 2007.<br />

Após o assalto ao Mavi Marmara e por<br />

pressões internacionais, Israel relaxou<br />

enormemente o bloqueio, ao qual se soma<br />

a abertura recente pelas autoridades egípcias<br />

da passagem fronteiriça de Rafiah.<br />

(EFE e Aurora).


12<br />

* Tila Dubrawsky é<br />

a rebetzin, esposa<br />

do Rabino Yossef<br />

Dubrawsky, diretor<br />

do Beit Chabad de<br />

Curitiba, mãe, avó,<br />

coordenadora de<br />

programas<br />

educacionais e<br />

culturais,<br />

orientadora de<br />

pureza e harmonia<br />

familiar para<br />

noivas e mulheres<br />

de todas as idades.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

á três mitsvot especificamenterelacionadas<br />

com a mulher<br />

judia: Chalá - a separação<br />

de uma porção<br />

da massa na hora de preparar<br />

o pão, Nidá - as leis de Pureza<br />

Familiar (mikvê) e Hadlacat haNer - o<br />

acendimento de pelo menos duas velas<br />

em honra ao Shabat e Iom Tov.<br />

Duas destas mitsvot, Chalá e Nidá são<br />

prescritas pela própria Torá e a terceira<br />

de Hadlacat haNer é uma das<br />

sete leis rabínicas.<br />

A primeira letra de cada uma destas<br />

mitsvot em hebraico forma o<br />

nome Chana. Chalá começa com a<br />

letra Chet, Nidá com a letra Nun e<br />

Hadlakat haNer com a letra Hei. O<br />

nome Chana é composto das três letras<br />

Chet, Nun e Hei.<br />

Muitas vezes na Cabalá estas<br />

mitsvot são associadas com utensílios<br />

sagrados do Santuário e Templo<br />

Sagrado. O acendimento das velas de<br />

Shabat corresponde à Menorá, o candelabro<br />

de sete braços que era aceso<br />

diariamente no Templo. Chalá é associada<br />

com o Lechem haPanim - Pão<br />

da Exposição que era assado uma vez<br />

por semana e colocado no Shulchan<br />

HaPanim - Mesa da Exposição. Nidá<br />

se relaciona ao Mizbeach haKetoret<br />

- Altar do Incenso. A palavra Ketoret<br />

em aramaico significa vínculo. O laço<br />

entre o povo judeu e D-us criado pelo<br />

Altar do Incenso corresponde ao laço<br />

singular criado entre marido e esposa<br />

pelas leis da Pureza Familiar.<br />

A mitsvá de Chalá se encontra na<br />

Torá no livro de Bamidbar – Números,<br />

nos cinco versículos 17-21 de capitulo<br />

15. “Reishit Arissotechem Chalá<br />

Tarimu” - “Vocês devem separar<br />

como oferenda a primeira porção da<br />

massa”. Na Mishná (lei oral) há um<br />

tratado inteiro, Chalá, dedicado a<br />

esta mitsvá. A lei requer que ao prepararmos<br />

uma massa que contém<br />

O segredo místico da chalá<br />

Tila Dubrawsky *<br />

quantia de farinha de 1 quilo e 666<br />

gramas para cima devemos recitar<br />

uma bênção e tirar um pedaço de<br />

massa de aproximadamente 28 gramas<br />

como “oferenda”. Somente depois<br />

moldamos os pães colocandoos<br />

para assar.<br />

Antigamente esta massa era<br />

doada ao Cohen, que dedicava seu<br />

tempo para cuidar da Casa de D-us.<br />

Hoje esta massa ainda pertence a<br />

D-us e não podemos utilizá-la, então<br />

ela é queimada.<br />

O Sefer Hachinuch que elabora os<br />

Taamei haMitsvot - as razões de cada<br />

preceito Divino explica que D-us queria<br />

achar um objeto físico do uso diário<br />

para investir nele uma mitsvá para<br />

que a Sua bênção pudesse repousar<br />

sempre sobre aqueles que a cumprem.<br />

Uma vez que o pão é o sustento<br />

básico do ser humano e uma parte<br />

intrínseca da nossa dieta, Ele escolheu<br />

a mitsvá de separar a chalá. Comendo<br />

pão o judeu recebe sustento<br />

físico; ao separar a massa ele recebe<br />

sustento espiritual.<br />

O midrash nota que a mitsvá de<br />

separar chalá na Torá é seguida pela<br />

proibição de idolatria. A justaposição<br />

destas duas leis nos ensina “que<br />

quem cumprir a esta lei é considerado<br />

como estivesse anulando a idolatria<br />

e quem não cumprir a esta lei é<br />

como apoiasse a adoração de ídolos”.<br />

(Maimônides: leis de idolatria) Qual<br />

é a ligação entre algo tão simples<br />

como separar um pedaço de massa e<br />

a anulação de idolatria, algo tão severo<br />

no judaísmo?<br />

Vamos observar os passos preliminares<br />

no processo que resulta em<br />

separar um pedaço elástico de massa<br />

no conforto da nossa cozinha. A<br />

terra tinha de ser arada, semeada e<br />

regada, o trigo colhido, debulhado e<br />

moído e a farinha peneirada e misturada<br />

com outros ingredientes até<br />

obter aquela massa homogênea<br />

pronta para assar.<br />

O fazendeiro, na antiguidade,<br />

ao se deparar com o fruto de seu<br />

labor era capaz de atribuir o seu<br />

sucesso e a sua riqueza a seu próprio<br />

esforço e perspicácia. Tudo<br />

bem, com um pouco de ajuda da<br />

“mãe natureza”. A Torá alerta sobre<br />

esta possibilidade dizendo:<br />

“Quando tiveres prosperado, sê<br />

cuidadoso para que tu não digas a<br />

ti próprio: ’foi minha própria força<br />

e poder pessoal que me trouxeram<br />

toda esta prosperidade’. Tu deves<br />

lembrar que é D-us quem te dá o<br />

poder para te tornares próspero”.<br />

(Deuteronômio 8:17-18)<br />

Pão, a base do nosso sustento físico<br />

é metáfora para todo materialismo.<br />

Em muitas culturas “massa” é<br />

gíria para dinheiro, “grana” em português,<br />

“dough” em inglês, pois o dinheiro<br />

nos possibilita comprar massa<br />

ou pão, e outras necessidades<br />

para nosso sustento físico. O termo<br />

ganha-pão se aplica àquele que traz<br />

o dinheiro para o sustento da casa.<br />

Assim como o fazendeiro poderia erroneamente<br />

atribuir o seu êxito a seu<br />

próprio esforço nós também somos<br />

capazes de atribuir o nosso sucesso<br />

material a nossa própria inteligência,<br />

beleza, criatividade ou carisma e esquecer<br />

de D-us. Isto é sinônimo de<br />

idolatria que na sua essência é a associação<br />

de boa sorte e sucesso a elementos<br />

além d’Ele.<br />

A idolatria se apresenta sob diversas<br />

formas. Antigamente faziam<br />

figurinos de madeira e pedra e prostraram-se<br />

diante deles. Hoje, com<br />

igual paixão adoramos os ídolos de<br />

riqueza, poder e sucesso. Ainda há<br />

outras formas mais sutis como a noção<br />

equivocada que após D-us criar<br />

os astros e outras partes da natureza<br />

Ele investiu neles poder independente.<br />

Na verdade nada tem poder<br />

independente, tudo é controlado por<br />

D-us. Acreditar que algo existe independentemente<br />

de D-us é de certa<br />

forma idolatria.<br />

O mundo que nós percebemos<br />

com os olhos nus parece gritar “existo<br />

independentemente”. Na realidade<br />

a única verdadeira realidade é D-us.<br />

O Rabi Schneur Zalmen de Liadi escreve<br />

no seu livro de Tanya que D-us<br />

está constantemente renovando a<br />

criação do mundo a cada instante.<br />

Se cessasse, o mundo reverteria à<br />

nulidade. Apesar de seu falso brilho<br />

o mundo é nada sem a força Divina<br />

que o vitaliza.<br />

É aí que entra Hafrashat Chalá.<br />

Os ingredientes têm sido bem misturados,<br />

a massa cresceu bem bonita.<br />

Um aroma permeia o ambiente. A<br />

mulher faz uma pausa para um momento<br />

de introspecção. Ela separa<br />

um pedacinho, fala uma Brachá, levanta<br />

a massa e diz “Harei zu Chalá”<br />

- “esta é a oferenda de Chalá”. Este<br />

ato consciente reflete a admirável<br />

qualidade feminina de reconhecimento<br />

e agradecimento. Declara<br />

que esta massa e por extensão toda<br />

nossa “massa” tudo que o ganhapão<br />

traz, todo nosso sucesso material<br />

não é simplesmente resultado<br />

do esforço humano, mas, sim uma<br />

dádiva de D-us. Este gesto simples,<br />

ainda grandioso, desvenda as falsas<br />

aparências, revela a Divindade oculta<br />

em nosso universo e nos torna receptáculos<br />

para captarmos cada vez<br />

mais da generosidade e bondade do<br />

nosso Criador.


ministro da Defesa do<br />

Irã, Ahmad Vahidi, visitou<br />

de surpresa a Bolívia,<br />

apesar da ordem<br />

internacional de captura<br />

que há contra ele por<br />

acusações que o vinculam<br />

com os atentados ao centro judaico de<br />

assistência e à Embaixada de Israel em<br />

Buenos Aires, em 1992 e 1994. Vahidi,<br />

que é imputado pela justiça argentina<br />

como um dos responsáveis ideológicos<br />

pelo atentado contra a sede da Associação<br />

Mutual Israelita Argentina<br />

(AMIA) que deixou 85 mortos, teria participado<br />

em Santa Cruz de la Sierra da<br />

inauguração da Escola de Defesa e Segurança<br />

da Alba, que reúne países com<br />

governos de esquerda na América Latina.<br />

Porta-vozes do governo boliviano<br />

não esclareceram se tinham conhecimento<br />

da ordem de captura contra Vahidi,<br />

cuja presença no pais andino e fronteiriço<br />

à Argentina foi considerada uma<br />

provocação por grupos judaicos argentinos.<br />

Várias organizações pediram à Argentina<br />

que “chamasse a atenção” do governo<br />

de La Paz com o qual Buenos Aires<br />

mantém fortes laços políticos e econômicos.<br />

A expulsão que não houve<br />

O governo boliviano reagiu aos protestos<br />

argentinos afirmando no dia 31/<br />

5 ter tomado medidas para garantir que<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

Ministro terrorista do Irã esteve na Bolívia<br />

Ahmad Vahidi é coautor dos atentados à AMIA e à embaixada de Israel<br />

o ministro iraniano da Defesa, que é<br />

acusado de planejar o atentado de 1994,<br />

da AMIA e da Embaixada de Israel em<br />

Buenos Aires, para que ele deixasse o<br />

país imediatamente.<br />

A declaração veio em uma carta do<br />

ministro das Relações Exteriores da<br />

Bolívia para o seu colega na Argentina,<br />

desculpando-se pelo fato de Vahidi ter<br />

sido convidado a ir lá e que não se demoraria<br />

na Bolívia por muito tempo...<br />

“Como resultado desta situação lamentável...<br />

O governo da Bolívia tomou<br />

as medidas correspondentes para fazer<br />

com que Vahidi saísse imediatamente<br />

território boliviano”, consta da carta.<br />

Vahidi é procurado pela Interpol<br />

por conexão com o atentado a bomba<br />

que matou em 1994 um total de 85 pessoas<br />

e deixou feridas outras 300, além<br />

do provável envolvimento com o atentado<br />

à Embaixada de Israel, na mesma<br />

cidade, em 1992, quando foram mortas<br />

29 pessoas e dezenas de feridos.<br />

Alberto Nisman, o promotor que lidera<br />

as investigações do ataque à AMIA,<br />

chegou a contatar o escritório da Interpol<br />

na Bolívia para exigir a prisão de Vahidi<br />

assim que na Argentina se soube que<br />

ele se encontrava na América do Sul.<br />

Mas Vahidi – que fora convidado a<br />

ir à Bolívia por sua Ministra da Defesa<br />

para participar da cerimônia de inauguração<br />

da Escola Militar de Defesa e Se-<br />

gurança na cidade de Santa Cruz de la<br />

Sierra, dia 31/5, pelo presidente Evo<br />

Morales – viajava com passaporte diplomático<br />

e o governo boliviano disse que<br />

lhe garantiria imunidade contra a prisão.<br />

Assim, funcionários bolivianos<br />

quando tomaram conhecimento de que<br />

ele poderia ser preso na Bolívia convenceram-no<br />

a deixar o país, num gesto que<br />

pode ser considerado cumplicidade.<br />

Escárnio, afronta e suspeitas<br />

“É um escárnio e uma afronta a um<br />

país amigo a Bolívia receber um ministro<br />

acusado de planejar um ataque<br />

que deixou 85 pessoas mortas”, disse<br />

Guilherme Borger, presidente da<br />

AMIA. Quando do atentado de Buenos<br />

Aires, Vahidi era o comandante de<br />

uma unidade especial da Guarda Revolucionária<br />

do Irã conhecida como a<br />

Força Quds.<br />

O Irã nega que qualquer um de seus<br />

cidadãos estivesse envolvido no ataque,<br />

mas desde 2007, a Interpol emitiu um<br />

“alerta vermelho” contra Vahidi, informando<br />

seus 187 países membros que a<br />

Argentina está à procura de sua prisão.<br />

Embora a Bolívia tivesse pedido desculpas<br />

à Argentina por seu erro, errou<br />

mais uma vez em não prendê-lo e entregá-lo<br />

à Interpol. As desculpas foram<br />

feitas através da carta que apareceu mais<br />

tarde na Internet na página do Twitter.<br />

A carta culpa o ‘passo em falso’ dado<br />

pelo Ministério da Defesa da Bolívia, afir-<br />

mando que “não<br />

sabia nada sobre<br />

os antecedentes<br />

do caso e não<br />

consultou outras<br />

instâncias do<br />

governo a respeito<br />

disso”.<br />

Vahidi compreendeu<br />

que<br />

devia deixar a<br />

Bolívia na noite<br />

de terça-feira,<br />

31/5, mas não ficou<br />

claro se ele<br />

voltou imediatamente ao Irã.<br />

O incidente é um sério embaraço ao<br />

presidente Morales, que tem laços estreitos<br />

com a presidente argentina, Cristina<br />

Kirchner. Ela, no entanto, é citada como<br />

estar disposta a deixar de lado as investigações<br />

do atentado e sustar a busca de<br />

sua nação pelos responsáveis em troca<br />

da melhoria das relações comerciais com<br />

o Irã. Seu antecessor, Carlos Menem, foi<br />

investigado por obstruir o que na Argentina<br />

é uma investigação incômoda.<br />

A Bolívia anunciou no ano passado<br />

que planejava construir uma usina de<br />

energia nuclear com a ajuda do Irã, o<br />

que levantou a suspeita das autoridades<br />

de segurança de Israel e de outros<br />

países ocidentais que a Bolívia pode<br />

estar fornecendo urânio para o programa<br />

nuclear iraniano.<br />

Jaime Lerner premiado pelo FIT em Leipzig<br />

O arquiteto e urbanista curitibano<br />

Jaime Lerner foi premiado dia 26/5<br />

pelo Fórum Internacional de Transporte<br />

(FIT), uma iniciativa da Organização<br />

para a Cooperação e Desenvolvimento<br />

Econômico (OCDE), em Leipzg,<br />

na Alemanha, por suas ‘visionárias’<br />

reformas urbanas e suas ‘inovações’<br />

no âmbito do transporte público.<br />

Em um ato dentro da<br />

cúpula anual do FIT, que<br />

começou na véspera, o<br />

secretário-geral da organização,<br />

Jack Short, entregou<br />

ao arquiteto brasileiro<br />

o prêmio de Liderança<br />

no Transporte 2011.<br />

“Em carreira extraordinária<br />

de muitas décadas,<br />

Jaime Lerner fez<br />

uma grande diferença<br />

na vida das pessoas<br />

através de suas ideias e<br />

seu trabalho: como arquiteto<br />

e urbanista lendário,<br />

como prefeito de Curitiba,<br />

como governador do Paraná e como<br />

professor e visionário cujas ideias<br />

inspiraram outras pessoas no mun-<br />

Jaime Lerner recebeu o<br />

prêmio do Forum Internacional<br />

de Transportes<br />

do”, elogiou Short.<br />

Concretamente, o secretário-geral<br />

do FIT destacou a ‘particular e profunda’<br />

contribuição de Lerner, o sistema<br />

de ônibus rápidos de Curitiba,<br />

‘uma inovação que abriu um novo caminho<br />

na área do transporte público’<br />

e foi copiada ‘no mundo todo’, proporcionando<br />

a ‘milhões de pessoas’ um<br />

serviço de transporte público<br />

‘acessível e eficiente’.<br />

Trata-se da primeira<br />

ocasião na qual o FIT concede<br />

este prêmio, que pretende<br />

ser um reconhecimento<br />

a figuras públicas<br />

que com sua liderança conquistaram<br />

um ‘impacto positivo<br />

e durável’ e proporcionado<br />

um ‘grande avanço’<br />

ao setor dos transportes.<br />

Jaime Lerner, de 73<br />

anos, foi considerado pela<br />

revista americana Time<br />

como um dos 25 pensadores<br />

mais influentes do ano passado e<br />

foi três vezes prefeito da cidade de<br />

Curitiba, onde implementou programas<br />

sociais, ambientais e de melho-<br />

ras do transporte público. Além, disso<br />

foi duas vezes governador do Estado<br />

do Paraná.<br />

A cúpula anual do FIT, sob o lema<br />

‘Transporte para a sociedade’, foi presidida<br />

nessa edição pela Espanha e<br />

contou com a participação do ex-prefeito<br />

de Bogotá Enrique Peñalosa.<br />

A cúpula anual do FIT, um organismo<br />

da família da OCDE considerado<br />

por sua relevância o ‘Davos do<br />

transporte’, reúne os ministros do setor<br />

de 55 países - entre eles todos os<br />

da União Europeia -, representantes<br />

empresariais do setor e a indústria,<br />

acadêmicos e investigadores.<br />

13<br />

O presidente Evo Morales, da Bolívia, recebeu o<br />

ministro-terrorista iraniano Ahmad Vahidi,<br />

procurado pela Interpol. Entre os dois, a ministra<br />

da Defesa Maria Cecilia Chacon, que o convidou


14<br />

* Moshe<br />

Rosenblatt é<br />

medico e vive em<br />

Hadera, Israel. (email:<br />

mosrosen@<br />

bezeqint.net)<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

Obama, vá para a Disneylândia!<br />

Moshe Rosenblatt *<br />

Prezado Sr. Obama:<br />

Como milhões de outras pessoas<br />

no mundo inteiro, eu também assisti<br />

ao seu discurso no dia 19/5 deste ano.<br />

Fiquei triste vendo o Presidente<br />

dos Estados Unidos dando uma tão<br />

grande demonstração de ignorância.<br />

Ignorância sobre tudo o que o senhor<br />

falou. Ignorância sobre a história,<br />

as decisões internacionais, as<br />

leis internacionais e, principalmente,<br />

sobre o islã.<br />

Se o senhor acredita que pode<br />

mudar o islã e a realidade, através de<br />

um longo discurso no qual o senhor<br />

descreve as suas fantasias de paz —<br />

o senhor deve estar sofrendo de uma<br />

grave psicose.<br />

Se o senhor prefere acreditar em<br />

fantasias, meu único conselho é: vá<br />

para a Disneylândia.<br />

Israel não é uma Disneylândia. Nós<br />

não vivemos em um país de fantasias.<br />

O senhor tem o direito de acreditar<br />

que as revoluções dos povos no<br />

O LEITOR<br />

Leitor há 10 anos<br />

Prezada Equipe <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>:<br />

Informo ter efetuado a renovação da<br />

minha assinatura. Acredito que sou há uns<br />

10 anos leitor do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

Parabéns pelo trabalho e pela excelência<br />

de matérias. É uma leitura altamente<br />

didática.<br />

Cordialmente,<br />

Convite da EIBSG<br />

Fernando Miranda Curitiba – PR<br />

Querida Comunidade:<br />

Nossa escola completa mais um ano de<br />

vida. Por aqui, muitos passaram e, com<br />

certeza, saudades ficaram. Desde o sonho<br />

inicial de nossos pioneiros, concretizado<br />

arduamente, gerações de cidadãos a escola<br />

formou. Estudaram em nossas carteiras:<br />

governadores, prefeitos, vereadores,<br />

deputados, juízes, médicos, engenheiros<br />

e inúmeros profissionais liberais.<br />

O sonho de ontem é a realidade de<br />

hoje. A Escola Israelita Brasileira “Salo-<br />

ESCREVE<br />

Uma carta aberta ao presidente norte-americano<br />

mundo árabe, que começaram há pouco<br />

tempo atrás, trarão democracias,<br />

mas o senhor vai ficar chocado quando<br />

descobrir que essas revoluções<br />

vão só trocar ditaduras cruéis por teocracias<br />

islâmicas ainda mais cruéis,<br />

onde a Sha’ria é a lei, onde mulheres<br />

não têm nenhum direito, a oposição<br />

é simplesmente esmagada e, homossexuais<br />

são enforcados em praça pública<br />

para “servir de lição”...<br />

O senhor endossou o fato de que<br />

“por décadas, o conflito árabe-israelense<br />

pôs uma sombra sobre a região”,<br />

mas, ao que parece, o senhor nunca se<br />

perguntou por quê. Por que há tanta<br />

guerra entre Israel e os países vizinhos?<br />

E por que há tantas guerras no mundo,<br />

a maioria das quais envolvem países<br />

islâmicos, de uma forma ou de outra.<br />

Bem, senhor presidente, a razão<br />

é muito simples: Não existe nenhum<br />

país islâmico que seja democrático.<br />

Todas as guerras do mundo são causadas<br />

por ditadores e é por isso que<br />

todas as guerras do mundo são sempre<br />

entre dois ditadores ou entre uma<br />

ditadura e uma democracia. Duas<br />

mão Guelmann”, excelência em educação,<br />

formadora de cidadãos conscientes,<br />

guardiã de suas tradições, tem como missão-<br />

o amanhã.<br />

Nosso propósito é unir forças e crescer<br />

ainda mais. A continuidade da escola<br />

depende exclusivamente de amigos e<br />

ex-alunos, que acreditam nestes valores<br />

e querem que outras gerações usufruam<br />

desta riqueza: Educação voltada para a<br />

diversidade.<br />

Assim, neste grande evento, a confraternização<br />

torna-se um momento para dar<br />

continuidade a este legado, dando mais<br />

um passo, constituindo a “Associação de<br />

Amigos da EIBSG”. A partir de agora, todos<br />

vocês fazem parte desta jornada, o passado,<br />

o presente e o futuro se unem em<br />

uma só ação – manter esta chama viva!<br />

Convidamos todos a brindarem este aniversário<br />

e muitos outros que virão. “Seja<br />

você a mudança que quer ver no mundo”.<br />

O evento de aniversário da EIBSG será dia<br />

2 de julho de 2011, no CIP – Centro Israelita<br />

do Paraná, às 20h.<br />

Escola Israelita Brasileira “Salomão Guelmann”<br />

Curitiba - PR<br />

Para escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> basta passar um fax pelo<br />

telefone: 0**41 3018-8018 ou e-mail para visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

democracias nunca entram em guerra,<br />

uma contra a outra.<br />

A razão pela qual o senhor nunca<br />

viu um só pais islâmico<br />

democrático é porque o<br />

islã é a antítese completa<br />

da democracia. E<br />

o islã não é apenas uma<br />

religião. É um sistema<br />

social, político e militar<br />

com uma única finalidade:<br />

impor o islã — à força!!!<br />

— no mundo inteiro,<br />

criando um único califado,<br />

regido pelas leis<br />

da Sha’ria.<br />

De acordo com o<br />

Islã, só existem dois lu-<br />

gares no mundo: os que já são islâmicos<br />

(Dar el Islam ou Casa do Islã)<br />

e os que ainda não são (Dar el Harb<br />

ou Casa da Guerra). Ou seja, em todos<br />

os lugares que ainda não são governados<br />

por muçulmanos e onde a<br />

lei ainda não é a da Sha’ria, os muçulmanos<br />

são obrigados a fazer guerra,<br />

conquistar o lugar e implantar o<br />

islã à força. Assim sendo, a Jihad (“a<br />

Guerra Sagrada” dos muçulmanos)<br />

não é só contra Israel, mas também<br />

contra todos os países democráticos<br />

do mundo e, principalmente, contra o<br />

que eles chamam de “o Grande Satã”:<br />

os Estados Unidos da América. Acredite-me,<br />

senhor presidente, eles não<br />

vão parar até eles ou nós estarmos<br />

rendidos à força. É uma guerra tipo<br />

soma-zero contra todos os “infiéis”<br />

(os que não acreditam em Alá).<br />

O senhor deveria também saber<br />

que só existe uma única decisão internacional<br />

que determina a quem<br />

pertencem as terras da Judeia, Samaria<br />

e Gaza: a decisão da Conferência<br />

de San Remo de 1920, que deu todas<br />

essas terras aos judeus e até proibiu<br />

de se dar uma parte dessas terras ao<br />

domínio de outros. Essa decisão foi<br />

reiterada em 1945, quando surgiu a<br />

ONU (item 80 do capitulo 12 da Carta<br />

das Nações Unidas). Todas as outras<br />

decisões tomadas até hoje pela ONU,<br />

foram apenas recomendações, haja<br />

vista que estavam baseadas no capitulo<br />

6 dessa Carta e não no capitulo 7.<br />

Na guerra de 1948, a Jordânia e o<br />

Egito tomaram de nós essas terras,<br />

por força militar.<br />

Em 1967, na Guerra dos Seis Dias,<br />

nós recuperamos as terras que eram<br />

nossas desde o princípio, por decisão<br />

internacional, ou melhor, por duas<br />

decisões internacionais!<br />

Senhor Presidente: “acordo de<br />

paz” é coisa que não existe. A lei internacional<br />

e a Carta da ONU não reconhecem<br />

esse tipo de acordo. Isso,<br />

porque paz é definida como situação<br />

de “Default”, ou seja, opção previamente<br />

selecionada como normal.<br />

Presidente dos EUA Barack<br />

Obama<br />

Guerra é Crime Contra a Humanidade!<br />

Todas as guerras entre Israel e os<br />

países árabes foram causadas pelos<br />

árabes (regimes ditatoriais),<br />

tiveram caráter<br />

genocida (pois queriam<br />

eliminar os judeus e sua<br />

pátria) e assim, de acordo<br />

com a lei internacional,<br />

os árabes cometeram<br />

(e continuam a cometer!)<br />

crimes contra a<br />

humanidade!<br />

Israel sempre foi atacada,<br />

mas conseguiu<br />

sobrepujar todos os<br />

seus inimigos reconquistando<br />

as terras que<br />

lhe pertenciam por decisão internacional<br />

e que foram usurpadas dela à<br />

força, em 1948.<br />

Estas terras têm que continuar<br />

nas mãos de Israel por vários motivos.<br />

Entre eles:<br />

1) Porque foi lá que nasceu e se<br />

constituiu numa nação, o povo judeu;<br />

2) Porque não só no Velho Testamento,<br />

mas também no próprio Corão<br />

está escrito isso várias vezes e,<br />

3) Porque assim foi decidido tanto<br />

na Liga das Nações quanto na ONU.<br />

Cada vez que Israel cedeu e concedeu<br />

terras aos árabes, o resultado<br />

foi sempre o mesmo: mais e mais judeus<br />

foram assassinados. Famílias<br />

inteiras foram massacradas por homens-bombas-suicidas<br />

(muçulmanos,<br />

é claro!), em restaurantes, pizzarias,<br />

ônibus, etc. Desde a assinatura do<br />

famigerado acordo de Oslo em 1995,<br />

cerca de 1500 judeus foram assassinados.<br />

Dezenas de milhares se feriram<br />

e muitos deles ficaram inválidos<br />

para o resto de suas vidas.<br />

Senhor Presidente: se nós tivéssemos<br />

a ousadia de dizer que todos<br />

os árabes devem ser expulsos de Israel,<br />

o senhor diria que somos racistas,<br />

mas quando o líder deles, Abu<br />

Mazen diz que o futuro país palestino<br />

deve ficar “limpo de judeus” o senhor<br />

fica de boca fechada...<br />

O senhor disse que é importante<br />

dizer a verdade.<br />

Sim, senhor Presidente, é verdade.<br />

No entanto, é muito mais importante<br />

saber a verdade!<br />

O senhor não pode dizer a verdade,<br />

sem saber história, leis e decisões<br />

internacionais e, acima de tudo, se<br />

ignora a realidade.<br />

O senhor quer viver num mundo<br />

de fantasia?<br />

Muito bem. Nesse caso, eu lhe<br />

aconselho a ir à Disneylândia e falar<br />

com Mickey Mouse e o pato Donald.<br />

Deixe-nos tomar conta de nós<br />

próprios. Não necessitamos das suas<br />

fantasias.


TV síria divulgou no<br />

domingo, dia 5 de junho<br />

que 23 pessoas<br />

foram mortas e cerca<br />

de 350 teriam sido<br />

feridas ao longo da<br />

fronteira da Síria com Israel<br />

nas Colinas de Golan, perto da<br />

vila de Majdal Shams, supostamente<br />

pelo fogo das Forças de Defesa de<br />

Israel (FDI). Porta-voz das FDI disse<br />

que as únicas informações que tinha<br />

sobre as mortes na fronteira eram as<br />

relatadas pelas fontes sírias e, portanto,<br />

não poderia confirmar o número<br />

de pessoas mortas, se é que houve<br />

alguma morte, pois é provável que<br />

tudo seja parte da propaganda antiisraelense.<br />

Após várias horas de confrontos, as<br />

FDI permitiram o acesso das equipes<br />

da Cruz Vermelha equipes à área da<br />

fronteira com a Síria, a fim de evacuar<br />

os manifestantes feridos, informou o<br />

Canal 10 da televisão israelense.<br />

Dois homens armados foram identificados<br />

perto da cerca na fronteira<br />

em Kuneitra, do lado sírio da fronteira,<br />

declarou o porta-voz das FDI ao<br />

jornal The Jerusalem Post na tarde do<br />

mesmo domingo.<br />

Mas não houve informações oficiais<br />

posteriores sobre as identidades<br />

dos atiradores, ou sobre sua proximidade<br />

em relação à fronteira, mas um<br />

oficial de segurança sugeriu que os<br />

homens poderiam ser policiais ou<br />

membros das forças do exército sírio.<br />

Antes de marcar os dois homens<br />

armados, segundo a porta-voz das FDI,<br />

cerca de 150 pessoas conseguiram<br />

atravessar o lado sírio da cerca, entrando<br />

em uma zona minada entre as duas<br />

cercas na área de Majdal Shams.<br />

“Emitimos alertas por alto-falantes<br />

para que eles parassem de avançar.<br />

Quando constatamos que os alertas<br />

Outra tentativa de invadir Israel<br />

manipulada pela Síria foi frustrada<br />

Agora inventaram mais uma, o Dia da Naksa, novo embuste para enganar os incautos<br />

foram ignorados e eles continuavam<br />

a avançar, disparamos tiros de advertência<br />

para o ar”, explicou a porta-voz<br />

das FDI ao The Jerusalem Post.<br />

Quando os manifestantes-invasores<br />

continuaram se aproximando da<br />

cerca do lado de Israel, disse a portavoz,<br />

tiros foram disparados contra as<br />

pernas deles. “Sabemos de 12 feridos”,<br />

acrescentou.<br />

Mais tarde, outra manifestação<br />

foi observada na fronteira com a Síria<br />

em Kuneitra, onde, desta vez, entre<br />

200 e 300 pessoas se reuniram. O<br />

exército israelense informou que não<br />

houve tentativa de cruzar a fronteira<br />

nesse evento, e nenhuma morte ou<br />

ferido foram registrados.<br />

As advertências do exército de Israel<br />

foram feitas em língua árabe<br />

através de alto-falantes ao longo da<br />

fronteira, alertando para que ninguém<br />

se aproximasse da cerca, pois caso<br />

contrário, seria morto.<br />

A televisão síria — o canal 2 — também<br />

reportou que os manifestantes tentavam<br />

romper a cerca em vários pontos<br />

nas Colinas de Golan, durante seu<br />

noticiário captado em Israel.<br />

Na manhã do domingo, 5/6, data<br />

do começo da Guerra dos Seis Dias<br />

em 1967, o primeiro-ministro Binyamin<br />

Netanyahu alertou que existem<br />

“elementos radicais que estão procurando<br />

violar as fronteiras [de Israel]<br />

para marcar o aniversário do início da<br />

Guerra dos Seis Dias”, falando na reunião<br />

semanal de seu gabinete. “Nós<br />

não permitiremos que eles façam<br />

isso”, frisou.<br />

Netanyahu acrescentou que as<br />

forças de segurança agiriam “com firmeza,<br />

mas com moderação”.<br />

As forças da Polícia e do Exército<br />

permaneceram em alerta máximo e<br />

reforçaram sua presença em vários<br />

pontos das fronteiras de Israel ante-<br />

cipando-se às marchas programadas<br />

pelos sírios para domingo na fronteira<br />

para “recordar” o que denominaram<br />

de Naksa ou “retrocesso” em<br />

1967 na Guerra dos Seis Dias. Uma<br />

ampla campanha na internet inventou<br />

mais essa farsa do Dia da Naksa<br />

para tentar convencer árabes a protestar<br />

na Cisjordânia e em Jerusalém,<br />

e invadir o terreno através das fronteiras<br />

de Israel com a Síria, com Líbano<br />

e com a Jordânia, além de programar<br />

protestos em frente às embaixadas<br />

de Israel no Cairo e em Amã.<br />

Afora o incidente na fronteira em<br />

Golan todas as demais ações planejadas<br />

para obter mártires e exibir a<br />

‘maldade’ de Israel ao mundo ocidental,<br />

numa manipulação orquestrada<br />

pelo governo sírio com apoio dos palestinos,<br />

para desviar as atenções do<br />

ocidente ao massacre do povo sírio<br />

pelo seu governo, redundaram num<br />

fisco total.<br />

Enquanto isso, o regime de Bashar<br />

Assad, o sanguinário ditador de Damasco,<br />

continua a matar o povo sírio,<br />

atacando-o em todas as cidades onde<br />

há protestos a favor da democracia e<br />

da liberdade. O número de mortos sírios,<br />

1.200 em sua grande maioria de<br />

civis, já ultrapassou, inclusive, o total<br />

correto de mortos em Gaza por Israel<br />

durante a Operação Chumbo Derretido<br />

no final de 2008 e início de 2009, que<br />

foi de 1.100, dos quais a esmagadora<br />

maioria era composta de terroristas e<br />

membros das forças de segurança do<br />

Hamas. No entanto, surpreendentemente,<br />

ao contrário do que ocorreu em<br />

Gaza, a mesma gritaria geral testemunhada<br />

quando da ocasião do ataque<br />

defensivo contra oito anos interruptos<br />

de lançamentos por parte do Hamas,<br />

de mísseis e foguetes explosivos contra<br />

a população civil israelense, residente<br />

nas cidades do Sul do país, não<br />

se repetiu desta vez.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

A única manifestação registrada,<br />

sem grandes alardes, foi o fato de um<br />

grupo de países europeus ter apresentado<br />

dia 8/6 ao Conselho de Segurança<br />

da ONU uma nova proposta de resolução<br />

que condena a repressão do<br />

governo da Síria às manifestações<br />

pró-democracia.<br />

O texto, apresentado pelo Reino<br />

Unido, França, Alemanha e Portugal<br />

em uma reunião a portas fechadas,<br />

em Nova York, foi uma nova versão<br />

da proposta anterior que não havia<br />

sido analisada. A proposta de resolução<br />

condena as violações sistemáticas<br />

dos direitos humanos na Síria,<br />

pede o fim imediato da violência e o<br />

fim do cerco das forças de segurança<br />

do governo a diversas cidades do<br />

país, permitindo a entrada de ajuda<br />

humanitária. Diferentemente da posição<br />

adotada em relação à Líbia, porém,<br />

a proposta não autoriza qualquer<br />

tipo de ação concreta contra o governo<br />

sírio. A linguagem da nova versão<br />

apresentada no dia 8/6 foi modificada<br />

para conquistar o apoio de outros<br />

membros do Conselho de Segurança<br />

até então contrários à resolução para<br />

proteger a ditadura síria.<br />

Membros do Reform Party of Syria,<br />

que faz oposição ao regime de Assad<br />

informaram que os manifestantes sírios<br />

dos distúrbios de 5/6 na fronteira<br />

de Israel, eram agricultores de Majdal<br />

Shams, pagos pelo regime de Bashar<br />

Assad. A intenção de Assad, seria desviar<br />

à atenção do massacre que este<br />

promove contra a população na Síria.<br />

Os opositores sírios informaram<br />

que foi prometido a cada agricultor<br />

que aparecesse na tentativa de romper<br />

a cerca o valor de 1.000 dólares,<br />

e caso algum fosse morto a família<br />

receberia 10.000 dólares. Valores bastante<br />

altos, já que os agricultores têm<br />

renda mensal aproximada de 200 dólares,<br />

segundo o site Ynetnews.<br />

Guarda iraniano que virou espião dos EUA diz que Teerã quer atacar Israel<br />

Dudi Cohen *<br />

Um ex-combatente islâmico do Irã, pertencente<br />

ao Corpo da Guarda Revolucionária<br />

(IRGC) e que virou espião dos EUA, ofereceu<br />

um raro olhar sobre um dos países mais<br />

complexos do Oriente Médio.<br />

Durante uma conferência realizada no<br />

Washington Institute for Near East Policy<br />

(Instituto Washington para a Política do<br />

Oriente Próximo) em 9/6, Reza Kahlili (um<br />

pseudônimo) estimou que o Irã termine por<br />

atacar Israel, a Europa e os Estados do Golfo<br />

Pérsico. Ele defende um ataque preventivo<br />

contra o regime de Teerã, mas não sobre o<br />

povo iraniano ou a infra-estrutura do país.<br />

Kahlili acusou a Administração Obama<br />

de ser ingênua. Segundo ele, as aberturas<br />

dos americanos são vistas pelo regime iraniano<br />

como um sinal de fraqueza, enquanto<br />

o povo iraniano considera os esforços para<br />

envolver o regime em um ato de traição contra<br />

a sua luta pela liberdade.<br />

“Este é um regime messiânico. Não deve<br />

haver nenhuma dúvida - eles estão pretendendo<br />

cometer o atentado suicida mais horrível<br />

na história da humanidade. Eles vão atacar<br />

Israel, as capitais europeias, e a região<br />

do Golfo Pérsico, ao mesmo tempo”, disse<br />

Kahlili numa de suas primeiras aparições<br />

públicas para promover seu novo livro “A<br />

Time To Betray: The Astonishing Double Life<br />

of a CIA Agent inside the Revolutionary<br />

Guards of Iran” (“Tempo de Traição: A surpreendente<br />

Vida Dupla de um Agente da CIA<br />

dentro da Guarda Revolucionária do Irã”).<br />

Kahlili disse que se juntou à Guarda Revolucionária<br />

na sequência da revolução islâmica<br />

de 1979, mas que se ofereceu para trabalhar<br />

para a CIA, quando ele se desiludiu com o regime<br />

de Khomeini após ter testemunhado atos<br />

de violação, tortura e assassinato.<br />

* Dudi Cohen é jornalista e escreve para o Yediot Acharonot, em Israel.<br />

15<br />

Kahlili chegou à conferência usando uma<br />

máscara cirúrgica, óculos escuros e um boné<br />

de baseball para esconder sua identidade.<br />

Ainda por causa da preocupação por sua segurança,<br />

bem como da sua família dentro do<br />

Irã, sua voz também foi disfarçada.<br />

Durante 10 anos, sob o codinome<br />

“Wally”, ele transmitiu as operações secretas<br />

da IRGC para a inteligência americana e<br />

acabou por fugir para os Estados Unidos. No<br />

rescaldo do 11/9, entretanto Kahlili restabeleceu<br />

contato com suas fontes no Irã e mais<br />

uma vez começou a prestar informações à<br />

CIA, segundo o Instituto Washington.


16<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

OLHAR<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

HIGH-TECH<br />

○<br />

Pesquisadores usam DNA<br />

no combate ao câncer<br />

Apesar de se saber que o dano a células<br />

normais é causado pelo estresse na<br />

replicação do DNA, quando células cancerosas<br />

o invadem, a base molecular<br />

para este processo não estava clara.<br />

Pesquisadores da Universidade Hebraica<br />

de Jerusalém demonstraram que no<br />

inicio do desenvolvimento do câncer, as<br />

células sofrem de uma quantidade insuficiente<br />

de blocos de construção que<br />

ajuda a replicação de DNA normal. É<br />

possível deter este processo por melo<br />

de alimentação externa de “blocos de<br />

construção”, resultando em danos menores<br />

das células de DNA e uma diminuição<br />

significativa no potencial das<br />

células de desenvolver características<br />

cancerígenas. (Universidade Hebraica<br />

de Jerusalém).<br />

Combate ao câncer - 2<br />

No trabalho realizado pela professora<br />

latsheva Kerem, do Instituto Alexander<br />

Sllverman para Ciências da Vida da<br />

Universidade Hebraica de Jerusalém,<br />

foi demonstrado que a ativação anormal<br />

da proliferação celular que leva a<br />

distintos tipos de câncer conduz a níveis<br />

insuficientes e blocos de construção<br />

de DNA (nucleotídeos) requeridos<br />

para apoiar a replicação do DNA normal.<br />

Usando cultivos de laboratório<br />

nos quais se introduziram células cancerosas,<br />

os pesquisadores puderam<br />

demonstrar que, por meio da alimentação<br />

externa desses blocos de construção<br />

de DNA, é possível reativar a<br />

síntese normal do DNA, anulando,<br />

dessa maneira, o dano causado por<br />

células cancerosas e com potencial<br />

cancerígeno. Até agora, esse processo<br />

não tinha sido demonstrado. (Universidade<br />

Hebraica de Jerusalém).<br />

Toranjas contra o açúcar<br />

A Universidade Hebraica de Jerusalém<br />

e a Universidade de Harvard desenvolveram<br />

um suplemento alimentar para<br />

ser tomado antes das refeições que diminui<br />

a absorção de gorduras e açúcar.<br />

A pesquisa conjunta foi com as moléculas<br />

de naringenin, as responsáveis<br />

pelo gosto amargo do grapefruit (toranja).<br />

O suplemento pode ser usado no<br />

tratamento de diabetes, arteriosclerose<br />

e hiper-metabolismo. A absorção de<br />

naringenin de forma natural é muito<br />

baixa. A engenharia aplicada na molécula<br />

permitiu multiplicar por 11 a capacidade<br />

de absorção pelo corpo. Nos<br />

ratos, uma dose antes de refeições ricas<br />

em açúcar diminuiu o mau colesterol<br />

em 42% e aumentou a sensibilidade<br />

da insulina em 64%. (Universidade<br />

Hebraica de Jerusalém).<br />

Vacina contra o câncer<br />

O laboratório de biomedicina israelense<br />

Vacciguard desenvolveu um sistema<br />

biotecnológico que será capaz de produzir<br />

vacinas contra alguns tipos de<br />

doenças mais letais, como o câncer e a<br />

meningite tipo B. “Nossa tecnologia<br />

consiste de transmissores próprios de<br />

peptídeos (compostos resultantes da<br />

união de dois ou mais aminoácidos) derivados<br />

de um elemento de proteína chamada<br />

Heat Shock Protein 60 (HSP60) que<br />

permite um método muito mais eficaz<br />

de combater bactérias e vírus”, explica<br />

Anat Eitan, CEO do laboratório Vacciguard.<br />

(Jornal Alef).<br />

Vacina contra o câncer 2<br />

A vacina utilizará antígenos específicos<br />

do tumor - proteínas descobertas em<br />

uma célula tumoral. Injetando os antígenos<br />

na área atingida, o sistema imunológico<br />

produzirá uma quantidade elevada<br />

de anticorpos ou de linfócitos T<br />

citotóxicos, para atacar as células do<br />

câncer que carregam esse antígeno específico.<br />

As vantagens são claras: “A<br />

maioria das vacinas atualmente utilizadas<br />

é baseada em um patógeno atenuado<br />

ou numa única proteína inteira de<br />

uma bactéria ou vírus. Em vez de desenvolver<br />

uma vacina específica para cada<br />

linhagem, podemos ter alguns aminoácidos<br />

a partir do patógeno que é comum<br />

em todas as suas cepas e desenvolver<br />

uma vacina única que é eficaz contra<br />

todas as cepas do patógeno”, ressalta<br />

Anat Eitan. (Jornal Alef).<br />

Dispositivo substitui quimioterapia<br />

O tratamento do câncer tem mais um<br />

aliado: um dispositivo portátil que interrompe<br />

a divisão das células cancerígenas<br />

e trava a propagação de tumores<br />

no cérebro. O aparelho, fabricado<br />

em Israel, foi concebido para tratar<br />

adultos com um dos cânceres mais comuns<br />

e que mais resistem aos tratamentos<br />

de quimioterapia e radioterapia,<br />

o glioblastoma multiforme (GBM).<br />

A nova alternativa de tratamento é<br />

composta por um conjunto de elétrodos<br />

implantados no couro cabeludo do<br />

doente que emitem descargas elétricas<br />

de baixa intensidade para “atacar” o<br />

tumor cerebral. Funciona com baterias<br />

ou com energia elétrica e pode ser utilizado<br />

em casa pelos doentes, que conseguem<br />

assim manter as suas atividades<br />

diárias com normalidade. A principal<br />

vantagem da utilização do “NovoT-<br />

TF-100A” consiste na melhoria da qualidade<br />

de vida, além de não provocar<br />

problemas de náuseas, anemia, fadiga,<br />

diarreia e infecções graves, como habitualmente<br />

ocorre com a toxicidade da<br />

quimioterapia. (Jornal Alef).<br />

Os diabólicos judeus e suas<br />

inovações para salvar vidas<br />

Cúpula de Ferro? Não pensávamos<br />

que fosse funcionar. Pode estilhaçar<br />

nossos mísseis no céu? Impossível.<br />

Mas, que os céus nos ajudem, o fizeram.<br />

Esses judeus diabólicos. Estão<br />

tornando tão difícil matá-los.<br />

Tiraram até os últimos pais, mães<br />

e crianças, fora da Faixa de Gaza, onde<br />

podíamos chegar a eles facilmente.<br />

Também tiraram seu exército.<br />

Até o último tanque, até o último<br />

soldado. O único que temos aqui agora<br />

é Gilad Shalit.<br />

Alguns deles pensaram que isto<br />

poderia saciar nossas ambições. Idiotas.<br />

Pensaram que a “comunidade internacional”<br />

nos faria ver o inferno, se<br />

continuávamos tratando de matá-los.<br />

Tontos. É claro que não íamos parar, e<br />

certamente que ninguém ia nos deter.<br />

Não pararemos até que os tenhamos<br />

aterrorizado, até que vão embora da<br />

Palestina. E nem estamos fazendo nenhum<br />

segredo disso; tudo está aí, em<br />

nossa carta.<br />

Entretanto, que os céus nos ajudem,<br />

não cedem facilmente. E realmente valorizam<br />

a vida.<br />

Inclusive a do nosso povo!<br />

Sempre nos asseguramos que nossos<br />

combatentes estejam rodeados de<br />

mulheres e crianças antes de abrir fogo.<br />

Asseguramo-nos de que nossos combatentes<br />

sejam indistinguíveis da população<br />

civil, não usamos uniformes.<br />

E ainda assim os judeus insistem em<br />

conter-se em responder ao fogo, até<br />

que possam estar razoavelmente seguros<br />

de que só vão matar nossos homens.<br />

Incrível: Fazemos todo o possível<br />

para que nossa gente comum morra,<br />

e eles fazem todo o possível para<br />

não matá-los. Que tipo de mundo de<br />

pernas para o ar é este?<br />

Como sabem, sequer, quem são os<br />

nossos combatentes? Pensem nos recursos<br />

que estão gastando para certificarem-se<br />

de não matar as pessoas erradas!<br />

Graças aos céus, o resto do<br />

mundo é muito bôbo ou demasiado estreito<br />

de visão, para entender o que<br />

está ocorrendo; obrigado, valha-me o<br />

Senhor, pois não se deram conta de que<br />

estamos colocando, deliberadamente,<br />

nossa gente em perigo e esses judeus<br />

estão fazendo seu melhor esforço para<br />

não prejudicá-los.<br />

E no que diz respeito às suas vidas?<br />

Como disse, cada vez é mais difícil<br />

matá-los. Têm sistemas de alerta prévio,<br />

alarmes, abrigos antiaéreos, habitações<br />

seguras, cubos de proteção de<br />

concreto, e fantásticos e heroicos serviços<br />

médicos. Imaginem se adotássemos<br />

este tipo de medidas, não teríamos<br />

ninguém do nosso povo morto, e<br />

então, onde estaríamos?<br />

David Horovitz *<br />

Agora, pensando melhor, se só deixássemos<br />

de disparar contra eles, não<br />

teríamos necessidade de adotar nenhuma<br />

destas medidas. Não é que eles disparariam<br />

primeiro. Mas se deixássemos<br />

de disparar, como poderíamos nos queixar<br />

para o mundo acerca desses inimigos<br />

sionistas sem piedade? Como poderíamos<br />

manter a ONU e o resto desses<br />

imbecis do nosso lado? Como poderíamos<br />

manter, furiosamente, em nosso<br />

povo, o ódio aos judeus? Como poderíamos<br />

servir a nossa nobre e sangrenta<br />

causa?<br />

Mas, malditos sejam, eles e suas<br />

inteligentes inovações, não nos detiveram<br />

com os alarmes e os refúgios.<br />

Agora inventaram este artefato, “Cúpula<br />

de Ferro”.<br />

Pensávamos que nem em um milhão<br />

de anos ia funcionar. Lançam foguetes<br />

contra nossos foguetes e os eliminam<br />

no ar?<br />

Sim, claro. Isto não é um Xbox ou<br />

PlayStation. A última vez que olhei, tinha<br />

um céu bem amplo aí.<br />

Mas... Bendita seja minha alma!<br />

Eles conseguiram! Dez dos nossos foguetes<br />

explodiram em pleno ar, só nos<br />

últimos dois dias. Repugnante. Estávamos<br />

certos de que teríamos alguma carne<br />

morta por esses tiros.<br />

Quero dizer, nem sequer se supõe<br />

que funcione corretamente ainda; na<br />

fase experimental, e os meios de comunicação<br />

israelenses riam de seus desenvolvedores,<br />

estavam certos de que<br />

seria inútil.<br />

Às vezes, juro, começo a me perguntar<br />

se D-us está do lado deles. Louco, eu?<br />

Não sei o que está passando dentro de<br />

mim. Mas vejam a evidência: neste fim<br />

de semana tivemos um Grad que caiu<br />

perto do prédio da administração de um<br />

kibutz. Tivemos um ao lado de uma escola<br />

em Ofakim. Nem uma só vítima mortal.<br />

Alguns minutos antes, numa quinta-feira,<br />

poderíamos ter acertado um ônibus<br />

cheio de escolares, perto do Kibutz Sa’ad.<br />

Mas não, desceram justo antes que atingíssemos<br />

esse fácil alvo de cor amarelo<br />

brilhante, e tudo o que conseguimos foi<br />

um adolescente e o motorista.<br />

O quê? O que é que você diz? Deixar<br />

as armas? Internalizar a santidade<br />

da vida humana?<br />

Isso é papo ridículo. Em seguida<br />

você me dirá para que façamos as pazes<br />

com eles. Que reconheçamos que<br />

têm direito de viver aqui. Que construamos<br />

um Estado ao lado do seu. Que<br />

devemos dar a nosso povo um futuro<br />

melhor. Que dirijamos nossa atenção<br />

para longe da guerra, da violência, da<br />

morte e do matar, para algo produtivo.<br />

Nunca, te digo. Nunca.<br />

* David Horovitz é jornalista israelense, editor-chefe do jornal The Jerusalém Post. Publicado em 10/4/11. O<br />

original está em http://www.jpost.com/NationalNews/Article.aspx?id=215881


Universidade Federal<br />

do Paraná (UFPR) está<br />

completando seu centenário<br />

de fundação e<br />

um dos eventos para<br />

marcar o acontecimento<br />

será uma exposição fotográfica<br />

sobre a história da imigração judaica<br />

ao Paraná e de objetos religiosos do judaísmo,<br />

além de um ciclo de palestras. O<br />

evento está sendo organizado pelo Instituto<br />

Cultural Judaico Brasileiro Bernardo<br />

Schulman (ICJBS), em homenagem ao centenário<br />

da universidade, com a participação<br />

de jovens da comunidade.<br />

O programa prevê a abertura da exposição<br />

no dia 22/6 às 19h no prédio histórico<br />

da UFPR na Praça Santos Andrade,<br />

com a presença do reitor Zaki Akel<br />

Sobrinho, autoridades, dirigentes de<br />

instituições judaicas, membros da comunidade,<br />

estudantes e convidados.<br />

O professor Gabriel Schulman, mestre<br />

em Ciências Jurídicas, no dia 27/6, no<br />

mesmo local, fará a abertura do ciclo de<br />

palestras sobre Imigração <strong>Judaica</strong> e a<br />

apresentação dos conferencistas. As<br />

palestras estarão a cargo do professor e<br />

historiador Sérgio Feldman, da Universidade<br />

Federal do Espírito Santo e da<br />

antropóloga e professora Laura Garbini,<br />

da Unibrasil, com o tema “A reconstrução<br />

da identidade cultural no contexto<br />

da imigração”.<br />

Na mesma ocasião ocorrerá o lançamento<br />

oficial do livro “O Teatro na Vida<br />

da Coletividade <strong>Judaica</strong> de Curitiba”, fora<br />

do âmbito da comunidade, de autoria de<br />

Sara Schulman, presidente do ICJBS.<br />

Quem é essa gente? Poucos e<br />

com muita repercussão<br />

Os judeus de Curitiba não escaparam<br />

dos clichês com que os representantes<br />

da cultural judaica são identificados<br />

historicamente em todo mundo.<br />

E acredito que nenhum outro povo tenha<br />

sido até agora objeto de tantos estudos<br />

quanto o judeu.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

Fotografias e palestras sobre imigração judaica<br />

Aroldo Murá G. Haygert *<br />

Na verdade, há estudos e “estudos”<br />

que procuram explicar as peculiaridades<br />

dos filhos de Abraão, Isaac e Jacó.<br />

Os “estudos” embasados em antissemitismo<br />

atribuirão a alquimias e espírito<br />

de autoproteção (“a sinagoga”) o<br />

desempenho exemplar dos judeus ao<br />

longo da História.<br />

Mas a carga de dor e sofrimento, trazida<br />

pelo preconceito, fixada pela sociedade<br />

cristã, pode explicar boa parte do<br />

sucesso judaico em quase todos os campos<br />

da atividade humana.<br />

Com simplismo, diria que se trata<br />

daquela questão do “quem não me destrói<br />

me faz mais forte”. Mas será só isso?<br />

Lembremos da Inquisição católica e<br />

as perseguições em sociedades protestantes.<br />

E dos vetos que por séculos imperaram<br />

à participação plena de judeus<br />

em escolas ditas de “elite”, como nos<br />

Estados Unidos e Inglaterra. Ou das sistemáticos<br />

impedimentos aos judeus de<br />

obterem plenos direitos civis em muitos<br />

países. E será necessário falar do Holocausto,<br />

o Shoá?<br />

A história dos judeus de Curitiba<br />

mostra bem mais do que a encarnação<br />

do “daquilo que não me destrói…”<br />

Aqui, como em toda a diáspora,<br />

identifica-se a ampla visão da família<br />

judaica a levar os filhos ao estudo formal,<br />

à pesquisa e ao questionamento<br />

sistemático, como a base de uma perfeita<br />

engenharia de vida.<br />

E sugiro que se procure, como exemplo,<br />

o rol de descendentes dos imigrantes<br />

judeus presentes na UFPR, desde<br />

1911 até hoje. A proporção foi impressionante,<br />

avaliando-se a população judaica<br />

local em relação ao todo da sociedade<br />

abrangente, num certo período.<br />

E mais que isso: até os anos 1970,<br />

quando os graduados em cursos universitários<br />

circunscreviam-se a uma “elite<br />

meritocrática”, os filhos de Israel eram<br />

dos primeiros entre seus pares em cursos<br />

notoriamente mais exigentes. Assim,<br />

os notáveis judeus médicos, engenhei-<br />

ros, bioquímicos, professores, arquitetos<br />

e urbanistas – dentre outras tantas categorias<br />

universitárias – foram preenchendo<br />

as necessidades da sociedade curitibana.<br />

Quase sempre, de forma exemplar,<br />

prestando serviço de qualidade.<br />

Papa João Paulo II: família<br />

judaica<br />

Acredito, como o papa João Paulo II<br />

um dia disse, que o grande segredo do<br />

povo judeu é a unidade familiar. A família<br />

como base de sustentação de um projeto<br />

comum, a partir de qual se monta uma<br />

madura e ativa sociedade.<br />

O papa polonês disse ainda que o<br />

exemplo do povo de Israel poderia ser<br />

tomado pelo mundo cristão.<br />

Nada mais prova a importância dessa<br />

primeira célula – a família – para os judeus<br />

de Curitiba do que o livro de minha<br />

amiga Sara Schulman, “O Teatro na Vida<br />

da Coletividade <strong>Judaica</strong> de Curitiba”.<br />

No livro de perfil histórico, farta<br />

documentação fotográfica percorrendo<br />

dezenas de anos, o que se percebe é a<br />

família a definir os passos desse povo.<br />

Na vida, nos palcos, nas orações e celebrações<br />

litúrgicas.<br />

Essa gente, que começou aqui no<br />

século XIX localizando-se em Araucária,<br />

por primeiro, foi conquistando espaço.<br />

E mais que isso, foi ajudando a construir<br />

o Estado.<br />

O livro de Sara é o melhor retrato<br />

de quanto a família judaica é uma realidade<br />

forte na vida de cada um de seus<br />

filhos: nas páginas do trabalho, percebem-se<br />

as linhagens desses judeus com<br />

origem europeia na montagem de cada<br />

espetáculo. Ali as famílias de revezam,<br />

os nomes indicam um senso de unidade<br />

invejável.<br />

O ciclo de conferências agora anunciado<br />

é oportunidade para ouvir gente<br />

que é bem mais do que Doutor em História,<br />

como Sérgio Feldman. Será oportunidade<br />

preciosa de fazer um balanço<br />

histórico-cultural que, não tenho dúvi-<br />

das ajudará a derrubar eventuais preconceitos<br />

antissemitas.<br />

Não posso esquecer de nominar o<br />

papel do papa João XXIII que, com o<br />

documento “Nostra Aetate”, começou<br />

a derrubar os anátemas lançados, infelizmente<br />

pela própria Igreja, “mãe” da<br />

civilização ocidental.<br />

Judeus importantes do Brasil<br />

tem Saul, Lerner e “Sig”<br />

Hertz Uderman (hertz@grupotac.<br />

com.br) é um empresário carioca, 77,<br />

engenheiro, homem de negócios muito<br />

bem sucedido.<br />

É um homem de projeção e acatamento<br />

no meio empresarial carioca.<br />

Uderman incursiona agora pelo mundo<br />

editorial. É dele o livro, interessantíssimo,<br />

pelo trabalho de codificação de informações,<br />

centralizado no título da<br />

obra: “Os judeus no Desenvolvimento<br />

Brasileiro”.<br />

O livro é apresentado por Arnaldo<br />

Niskier, da Academia Brasileira de Letras,<br />

também de origem judaica.<br />

Lerner e “Sig”, Saul e Miguel<br />

Krigsner<br />

O livro de Uderman catalogou os<br />

judeus mais expressivos da sociedade<br />

brasileira, aqui nascidos ou para aqui<br />

emigrados.<br />

E também faz um apanhado dos<br />

notáveis judeus, ao longo da História.<br />

Nessa relação não falta Jesus Cristo, que<br />

entra na categoria “Pregador”.<br />

Dois paranaenses estão entre os<br />

judeus mais ilustres da relação de Hertz<br />

Uderman – categoria executivos: Jaime<br />

Lerner e Segismundo Morgenstern, exsecretário<br />

de Estado, presidente da<br />

Universidade do Esporte do Paraná.<br />

Há outros judeus paranaenses nominados<br />

(e nem poderiam faltar), como o<br />

ex-prefeito de Curitiba e empresário<br />

Saul Raiz, assim como o fundador e dono<br />

do grupo O Boticário, Miguel Krisgner.<br />

Museu austríaco devolverá um ‘Klimt’ roubado pelos nazistas<br />

O neto de uma mulher<br />

deportada e assassinada<br />

em 1941 recupera a obra,<br />

avaliada em mais de 20<br />

milhões de euros<br />

Gustav Klimt (1862-1918) pintou<br />

em 1915 uma paisagem que<br />

recebeu o título de Litzlberg am<br />

Attersee que atualmente está<br />

avaliada entre 20 e 30 milhões<br />

de euros. Uma pintura a óleo que<br />

está no Museu de Arte Moderna<br />

de Salzburg, Áustria e que agora<br />

é centro artístico vai devolver ao<br />

neto de sua proprietária original,<br />

uma vítima dos nazistas. A deci-<br />

são foi tomada após estudo do<br />

caso por parte de um grupo de<br />

especialistas.<br />

“Por mais doloroso que seja<br />

devolver esta pintura para a coleção,<br />

a província e toda Áustria,<br />

creio que o governo de Salzburg<br />

deve permanecer no caminho iniciado<br />

em 2002 e não permitir beneficiar-se<br />

de um regime criminoso”,<br />

disse o diretor do Museu,<br />

Wilfried Haslauer. Referia-se ao<br />

acordo firmado neste ano com<br />

várias organizações judaicas<br />

para devolver bens roubados pelos<br />

nazistas. O governo e o parlamento<br />

da província devem<br />

aprovar a restituição da obra.<br />

Os informes periciais encarregados<br />

pelo museu determinaram<br />

que Georges Jorisch é o<br />

dono legítimo do óleo. Jorisch é<br />

neto de Amalie Redlich, deportada<br />

pelos nazistas para a Polônia<br />

em outubro de 1941 e assassinada<br />

ali. A Gestapo — a polícia<br />

secreta nazista — confiscou<br />

a pintura, que havia sido adquirida<br />

por Redlich em 1938. Foi<br />

posteriormente comprada por<br />

um comerciante de arte que trocou<br />

a obra com Museu de Salzburg<br />

por outra pintura. Segundo<br />

disse o advogado de Jorisch a<br />

uma emissora de rádio austríaca,<br />

seu cliente ajudará a criar<br />

uma expansão do museu como<br />

gesto de gratidão.<br />

Em janeiro de 2009, o museu<br />

anunciou que entre seu<br />

acervo se contavam de 10 a 15<br />

obras de “origem suspeita”. Entre<br />

as peças sobre as quais há<br />

dúvidas em que circunstâncias<br />

foram adquiridas há peças de artistas<br />

como Egon Schiele ou<br />

Oskar Kokoschka. Essa foi a conclusão<br />

da comissão criada pelo<br />

museu para esclarecer a origem<br />

das obras e que analisou 1.100<br />

desenhos, 100 gravuras e 200<br />

pinturas anteriores a 1945 e que<br />

chegaram ao museu mediante<br />

doações ou compras.<br />

17<br />

* Aroldo Murá G.<br />

Haygert é<br />

professor e<br />

jornalista, tendo<br />

trabalhado e<br />

dirigido<br />

importantes<br />

veículos de<br />

comunicação. O<br />

presente texto foi<br />

publicado em sua<br />

coluna no jornal<br />

Indústria &<br />

Comércio do dia<br />

10.06.2011. O<br />

original pode ser<br />

lido em (http://<br />

www.icnews.com.br/<br />

2011.06.10/<br />

colunistas/aroldomura/fotografiase-palestras-sobreimigracao-judaica)<br />

Imagem fornecida pelo Museu de Arte Moderna<br />

de Salzburgo (Áustria) da obra 'Litzlberg am<br />

Attersee', de Gustav Klimt


18<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

O primeiro volume do Talmud em português<br />

vai ser lançado em Curitiba, no<br />

Beit Chabad dia 28 de junho (terça-feira),<br />

às 19h30 durante um evento no<br />

qual haverá a palestra “Desvendando<br />

os Mistérios do Talmud”, com o Rabino<br />

Shamai Ende, que traduziu para o<br />

português o primeiro livro do Talmud e<br />

vem a Curitiba especialmente para isso.<br />

A ideia do evento é que nossos avós<br />

estudaram o Talmud... e nós continuamos<br />

a estudar! Por isso haverá também<br />

homenagens á memória dos senhores<br />

Nathan Yalom z”l, Shmil Troib z”l, e Menachem<br />

Mendel Knopfholz z”l. Também<br />

será exibida uma exposição com<br />

alguns de seus objetos pessoais.<br />

O Beit Chabad, que está completando<br />

30 anos em Curitiba está convidando<br />

toda a comunidade para participar.<br />

Estando ou morando no Rio você não pode<br />

deixar de assistir ao musical Um Violinista no<br />

Telhado, baseado num conto de Sholem Aleichem<br />

e tendo como inspiração para seu título a<br />

pintura de Marc Chagall intitulada O Violinista.<br />

José Mayer interpretando Tevye o leiteiro, Soraya<br />

Ravenle como Golda, Karin Dreyer, Giulia<br />

Nadruz, Julia Bernat, Malu Rodrigues, Rachel<br />

Renhack, Sofia Viamonte e Hannah Zeitune fazendo<br />

o papel das filhas do casal são aqueles<br />

que levarão todos os espectadores ao mundo<br />

de Sholem Aleichem que condensou todo o drama<br />

da existência judaica na diáspora, na pequena<br />

aldeia ucraniana de Anatevka.<br />

Sob a direção de Charles Möeller, a versão brasileira<br />

ao cargo de Cláudio Botelho e a orquestra<br />

sob a regência de Marcelo Castro, a saga do<br />

povo judeu ao longo da história apresenta um<br />

desafio para qualquer sociólogo: como esse<br />

povo se mantém há tanto tempo, conservando<br />

suas tradições, seus ideais e seus valores?<br />

No último mês, uma delegação brasileira participou<br />

da celebração dos 60 anos da organização Amigos<br />

de Israel, juntamente com integrantes e líderes comunitários<br />

da América Latina e da Europa. Entre as<br />

várias cerimônias e homenagens, vale destacar a<br />

inauguração de uma via em Jerusalém, que recebeu<br />

o nome da entidade.<br />

O presidente de Israel, Shimon Peres, em discurso<br />

solene em Jerusalém, no Hotel King David - local onde<br />

foi fundada a instituição em 1951 -, relembrou a visão<br />

histórica de David Ben-Gurion, primeiro-ministro do<br />

Estado de Israel na época, e destacou a importância<br />

da organização no desenvolvimento do país.<br />

A delegação brasileira, juntamente com a direção<br />

da entidade, também foi recebida no Ministério das<br />

Relações Exteriores.<br />

Da esquerda para a direita,<br />

sra. Rosa Goldfarb, sr. David<br />

Bar-On, presidente do IBI,<br />

sr. Yuli Edelstein, ministro<br />

israelense da Diplomacia<br />

Pública e de Relações com a<br />

Diáspora; sra. Denise<br />

Terpins e sr. Jack Terpins,<br />

presidente do Congresso<br />

Judaico Latino-Americano<br />

Entre os dias 19 e 21 de junho, aconteceu<br />

em Jerusalém, Israel, um dos mais importantes<br />

encontros do mundo judeu,<br />

o Board of Governors do World Jewish<br />

Congress (Congresso Judaico Mundial-<br />

CJM), sob a Presidência de Ronald Lauder,<br />

e que reuniu todos os líderes das<br />

comunidades judaicas do mundo .<br />

A delegação latino-americana foi encabeçada<br />

pelo brasileiro Jack Terpins, presidente<br />

do Congresso Judaico Latino-<br />

Americano (CJL). Na pauta, debates e<br />

análises sobre a situação do Oriente<br />

Médio e as repercussões na região e nas<br />

comunidades judaicas do mundo. Para<br />

isso, especialistas nos referidos temas<br />

foram convidados a falar, e também,<br />

houve pronunciamentos do presidente<br />

Shimon Peres, e dos ex-presidentes<br />

Alejandro Toledo e Luis Alberto Lacalle,<br />

do Peru e Uruguai.<br />

Na ocasião, também foram brindados<br />

os 75 anos de existência do Congresso<br />

Judaico Mundial (CJM).<br />

A revista Mercado Digital em sua edição de abril deste<br />

ano traz reportagem de capa intitulada “As estrelas<br />

brasileiras do Vale do Silício”, apresentando a história<br />

de alguns empreendedores que deixaram o País<br />

em busca de sucesso no berço da tecnologia nos Estados<br />

Unidos. Um deles é Michel Krieger, criador do Instagram,<br />

um programa para iPhone que é fenômeno<br />

mundial. Michel é filho de Paulo Krieger e neto de Sophia<br />

z”l e Simão z”l Krieger, daqui de Curitiba e certamente<br />

ficariam muito orgulhosos do neto.<br />

O aplicativo Instagram, que permite a qualquer usuário<br />

de iPhone inserir efeitos visuais em fotos digitais e<br />

compartilhá-las na internet, foi lançado em outubro<br />

de 2010, nos Estados Unidos. O sucesso foi instantâneo.<br />

Em uma semana, ele já contava com 100 mil usuários,<br />

marca que o microblog Twitter levou dois anos para alcançar.<br />

Hoje, mais de três milhões de pessoas em todo o<br />

mundo utilizam o programa, o que também é uma façanha:<br />

o poderoso Facebook, a maior rede social do mundo,<br />

demorou um ano para chegar a essa marca.<br />

Após virar febre na internet, o Instagram foi tema de reportagens<br />

da badalada revista de tecnologia Wired e de<br />

diários, como o inglês The Guardian e o americano The<br />

New York Times. O que confere um sabor especial a essa<br />

história é que por trás do mais novo fenômeno mundial<br />

da internet está o brasileiro Michel Krieger, de 24 anos. Ele<br />

criou o Instagram junto com o americano Kevin Systrom<br />

no Vale do Silício, o polo tecnológico situado ao sul da Baía<br />

de São Francisco, na Califórnia, de onde nascem as inovações<br />

que determinam os rumos do mercado internacional<br />

Dia 1º de junho foi lançado em S. Paulo<br />

o livro O direito no divã – Ética da emoção,<br />

coletânea de textos, manifestações<br />

e intervenções do advogado e notório<br />

doutor em psicologia Jacob Pinheiro<br />

Goldberg, organizado por Flavio<br />

Goldberg, e prefaciado pelo vice-presidente<br />

da República Michel Temer. Foi<br />

no Shopping Higienópolis.<br />

A Wizo Paraná e a Wizo Aviv Sara Zugman em<br />

homenagem ao Dia dos Pais vão promover um<br />

espetáculo musical com Luciana Melamed, dia 30<br />

de julho, às 20h, na capela Santa Maria.<br />

Luciana é diplomada em Performance<br />

pela Universidade de Indiana<br />

(EUA) e é graduada em canto<br />

pela Universidade Mozarteum Salzburgo.<br />

Nasceu em Curitiba e possui<br />

aptidão nata nas cordas vocais<br />

que atrai centenas de fãs por sua<br />

leveza e seu estilo clássico.<br />

Ela virá do Canadá para apresentar-se<br />

em Curitiba no recital com<br />

canções judaicas e outras canções de compositores<br />

variados além de árias de óperas mais conhecidas.<br />

Ela vem motivada para brindar o evento,<br />

ajudando imensamente desta forma as instituições<br />

mantidas e apoiadas pela Wizo.<br />

O evento é beneficente e a renda será revertida<br />

em parte às benfeitorias na Escola Israelita Brasileira<br />

Salomão Guelmann e instituições que a Wizo<br />

mantêm e apoia em Curitiba.<br />

Michel Krieger criou em 2010 a<br />

empresa Instagram, hoje<br />

avaliada em 70 milhões de<br />

dólares<br />

A Universidade Federal do Paraná<br />

(UFPR) está completando<br />

seu centenário de fundação e<br />

um dos eventos para marcar o<br />

acontecimento será uma exposição<br />

fotográfica sobre a história<br />

da imigração judaica ao Paraná<br />

e de objetos religiosos do<br />

judaísmo, além de um ciclo de<br />

palestras. O evento está sendo<br />

organizado pelo Instituto<br />

Cultural Judaico Brasileiro Bernardo<br />

Schulman (ICJBS), em<br />

homenagem à universidade,<br />

com a participação de jovens<br />

da comunidade.<br />

O programa prevê a abertura<br />

da exposição no dia 22/6 às 19h<br />

no prédio histórico da UFPR na<br />

Praça Santos Andrade, com a<br />

presença do reitor Zaki Akel Sobrinho,<br />

autoridades, dirigentes<br />

de instituições judaicas,<br />

membros da comunidade, estudantes<br />

e convidados<br />

de tecnologia. Ter o próprio negócio<br />

faz parte da cultura do Vale<br />

do Silício, disse Krieger em entrevista<br />

à revista Dinheiro.<br />

O Instagram recebeu em fevereiro<br />

um investimento de US$ 7 milhões,<br />

liderado por nomes como<br />

Marc Andreensen, criador do<br />

Netscape, o primeiro navegador<br />

da internet, Matt Cohler, conselheiro<br />

do Facebook e sócio do<br />

fundo Benchmark Capital, e Jack<br />

Dorsey, fundador e presidente<br />

do conselho de administração do<br />

Twitter. Com o aporte, o Instagram está avaliado hoje em<br />

US$ 70 milhões.<br />

O sucesso de Michel Krieger, que ao se mudar para os EUA<br />

adotou como seu primeiro nome Mike, é o mais comentado<br />

caso de brasileiro que está bombando no Vale do Silício,<br />

mas não é o único. Movidos pelo sonho de brilhar no<br />

berço da tecnologia mundial e quem sabe se tornar o próximo<br />

Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, outros<br />

empreendedores nascidos no Brasil desenvolvem projetos<br />

lá. Os negócios ligados à internet, como redes sociais,<br />

jogos virtuais e mobilidade, estão entre as áreas nas quais<br />

eles mais empreendem. Alguns, como Krieger, trocaram o<br />

Brasil por São Francisco com o objetivo de estudar e acabaram<br />

se envolvendo em projetos de startups, o modo<br />

como são chamadas as empresas iniciantes geridas por<br />

pequenos empresários.<br />

Lançamento<br />

do livro O<br />

Direito no<br />

Divã, de<br />

Jacob<br />

Pinheiro<br />

Goldberg<br />

dia 1º/6<br />

Chorinho novo na nossa<br />

comunidade. Nasceu na<br />

sexta-feira, 3 de junho com<br />

a graça de D-us, Doba Guita<br />

filha do casal Rabino<br />

Mendi e Eidi Labkowski, do<br />

Beit Chabad de Curitiba.<br />

Mazal Tov e muitas naches<br />

para toda a família!<br />

Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br


A cantora Nicole Borger<br />

No domingo 12/6, a cantora e compositora<br />

Nicole Borger, diretora executiva<br />

do Instituto da Música <strong>Judaica</strong>-Brasil,<br />

apresentou-se no Projeto<br />

‘Hebraica Meio Dia’, com o show ‘Marias’,<br />

fruto de uma intensa pesquisa<br />

da artista que buscou um repertório<br />

que faz jus ao título.<br />

O próximo passo de Nicole é dar continuidade<br />

às atividades do IMJ-Brasil,<br />

com a abertura das inscrições para<br />

o Kleztival 2011, e cujas informações<br />

brevemente serão divulgadas.<br />

Gavriel Queenann *<br />

m relatório recentemente<br />

publicado pela Escritório<br />

Central de estatísticas<br />

da Autoridade Palestina<br />

mostra que os árabes<br />

de Jerusalém Oriental, da<br />

Judeia e da Samaria têm colhido os<br />

benefícios da soberania israelense.<br />

Segundo o documento, o controle<br />

israelense sobre a Judeia e Samaria<br />

teve um enorme impacto positivo sobre<br />

a infraestrutura civil e um melhor<br />

acesso aos recursos básicos como<br />

água e eletricidade, bem como a abertura<br />

da região ao mercado de trabalho<br />

israelense, que trouxe um aumento<br />

significativo no PIB – Produto Interno<br />

Bruto.<br />

Qualidade de vida<br />

A situação dos palestinos hoje é<br />

melhor do que os cidadãos árabes de<br />

outros países, sob várias formas, in-<br />

cluindo: O percentual dos gastos com<br />

alimentação, o percentual de despesas<br />

com a habitação, a propriedade<br />

privada das casas, a posse de telefones<br />

celulares, acessibilidade à Internet,<br />

população, taxa de alfabetização<br />

e índice de longevidade.<br />

PIB<br />

A ‘ocupação’ israelense entre<br />

1967 e 1993, após a qual a Autoridade<br />

Palestina começou a administrar<br />

partes da Judeia e Samaria pelos Acordos<br />

de Oslo, resultaram em um aumento<br />

do PIB per capita de 904 a<br />

3.392 NIS (New Israeli shekels. – a<br />

atual moeda corrente israelense) Sob<br />

a administração da Autoridade Palestina<br />

esse número caiu para 2.293 NIS.<br />

Água<br />

Israel fornece água a quase todas<br />

as comunidades árabes na Judeia e<br />

na Samaria, com tubulações aquíferas<br />

entre 1967 e 1993, elevando o<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

COLABORADORES DE VISÃO<br />

ARI ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

ARTUR GRYNBAUM<br />

AVRAM FISELOVICI E FAMÍLIA<br />

BORIS E GENY AISENBERG<br />

BUNIA FINKEL<br />

GAL CZERNY E FAMÍLIA<br />

HAROLDO JACOBOVICZ E FAMÍLIA<br />

HELCIO KRONBERG E FAMÍLIA<br />

IDA LERNER E FAMÍLIA<br />

ISMAR STRACHMAN E FAMÍLIA<br />

JAIME ARON TEIG E FAMÍLIA<br />

JAIME GUELMANN E FAMÍLIA<br />

JAIME INGBERMAN E FAMÍLIA<br />

JAYME NUDELMAN E FAMÍLIA<br />

JAYME ZLOTNIK E FAMÍLIA<br />

JOSÉ SCHWEIDSON E FAMÍLIA<br />

JULIO ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

LEILA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />

LINA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />

MAURÍCIO SCHULMAN E FAMÍLIA<br />

MAURÍCIO FRISCHMANN E FAMÍLIA<br />

MIGUEL KRIGSNER E FAMÍLIA<br />

RUBENS JACOB TEIG E FAMÍLIA<br />

RUBENS LICHTENSTEIN E FAMÍLIA<br />

SABINE WAHRHAFTIG<br />

Como Israel beneficia os árabes<br />

número de domicílios abastecidos<br />

com água encanada para 90%. A oferta<br />

total de água duplicou, passando<br />

de 64 milhões de metros cúbicos por<br />

ano para 120 milhões como resultado<br />

do acesso à expansão da rede<br />

água tratada.<br />

Expectativa de vida<br />

Os árabes na Judeia e na Samaria,<br />

verificaram um aumento constante<br />

na expectativa de vida de 54 para<br />

74 anos desde 1967, índice muito próximo<br />

ao dos israelenses, e superior à<br />

expectativa de vida média de 65 na<br />

maioria dos países árabes.<br />

Taxas de alfabetização<br />

92% dos árabes da Judeia e da Samaria<br />

são alfabetizadas, em comparação<br />

com uma média de 67% no<br />

mundo árabe como um todo.<br />

Alcance da Internet<br />

55% dos árabes na Judeia e na Sa-<br />

maria beneficiaram-se da infraestrutura<br />

high-tech de Israel, e têm acesso<br />

à Internet — um número significativamente<br />

maior do que quase todas<br />

as nações árabes atualmente.<br />

Preferência por Israel<br />

58% dos árabes residentes em<br />

Jerusalém Oriental preferem continuar<br />

vivendo sob a soberania de Israel<br />

ao invés de viverem em território<br />

anexado ao controle da Autoridade<br />

Palestina.<br />

19<br />

SALIM IBRAHIM BELACIANO<br />

SAMUEL GRYNBAUM E FAMÍLIA<br />

SARA BURSTEIN<br />

SAUL ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

SULAMITA P. MACIORO E FAMÍLIA<br />

SULAMITA PACIORNIK E FAMÍLIA<br />

TÂNIA MARIA BAIBICH-FARIA<br />

VERGIL TRIFAN E FAMÍLIA<br />

VICTOR RICARDO HERTZ E FAMÍLIA<br />

VITCIA E BETY ITZCOVICH<br />

ZALMEN CHAMECKI E FAMÍLIA<br />

ANÔNIMOS<br />

* Gavriel Queenann é jornalista e consultor eventual de internet,<br />

trabalhou como mergulhador, cozinheiro, investigador particular,<br />

recuperador de bens locados e não pagos e como um guru de banco<br />

de dados da Microsoft. Autodidata com aspirações à cultura<br />

acadêmica, Gavriel tem um profundo amor profundo pelos textos<br />

básicos do judaísmo, e gosta da epistemologia, da teoria jurídica, do<br />

textualismo, dos jogos de estratégia, da ficção noir, e de escrever<br />

contos. Convertido ao judaísmo e iniciante haredi, ele fez aliá com a<br />

esposa e duas filhas em 2004, adotando uma abordagem firme,<br />

racionalista e moderna ao judaísmo. Reside em Beit El, é gerente da<br />

Rádio Nacional de Israel (Israel National Radio). Publicado no site do<br />

Israel National News (http://www.israelnationalnews.com/News/<br />

News.aspx/144681).


20<br />

* Antônio Carlos<br />

Coelho é professor<br />

universitário,<br />

escritor, diretor do<br />

Instituto de Ciência<br />

e Fé e colaborador<br />

do jornal <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong>.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

empre nos orgulhamos<br />

por ser Israel a única<br />

democracia da região.<br />

Orgulhamo-mos com<br />

boas razões. Israel nasceu<br />

democrático. Antes<br />

mesmo da sua independência<br />

grupos de diferentes orientações<br />

políticas já debatiam fortemente ao<br />

moldar o futuro estado. Isto fez de<br />

Israel um país diferente de todos os<br />

seus vizinhos e, foi possivelmente por<br />

essa diferença, que despertou a ira<br />

dos seus vizinhos governados por ditadores<br />

implacáveis.<br />

Repetidas vezes escrevi lamentando,<br />

nesta coluna, a inexistência de<br />

democracia nos países árabes e, até<br />

mesmo, atribuindo a falta dela como<br />

um dos empecilhos para a paz. Continuo<br />

afirmando que com a democracia<br />

os acordos entre Israel e palestinos<br />

teriam maior chance de se concretizarem.<br />

Pensava numa democracia ao estilo<br />

de Israel e dos países ocidentais.<br />

Não fui só eu que pensou assim. Ao<br />

eclodirem as manifestações populares<br />

nos países árabes o Ocidente vi-<br />

Colheremos flores da Primavera Árabe?<br />

Antônio Carlos Coelho *<br />

brou na expectativa de uma revolução<br />

que pusesse fim nas tiranias. Passaram<br />

os dias. Alguns países derrubaram<br />

seus déspotas e são, agora,<br />

governados provisoriamente até a<br />

realização das prometidas eleições.<br />

Outros países, como Líbia e Síria, continuam<br />

no calor das revoluções.<br />

Estamos arriscando prognósticos.<br />

Loucos para fechar o balanço e ver o<br />

que dará dessa “Primavera Árabe”.<br />

Aliás, o nome dado à revolução em<br />

alguns países árabes – Primavera Árabe<br />

– é muito otimista. A primavera é<br />

a estação das flores, dos pássaros,<br />

do nascimento do novo. Mas, não sabemos<br />

qual será o novo, se ele realmente<br />

representará um renascimento<br />

naquelas nações.<br />

O que vimos até agora, desde as<br />

primeiras manifestações na Praça<br />

Tahir, não foi alvissareiro. Israel perdeu<br />

seu aliado Hosni Mubarak. O Egito,<br />

pós-Mubarak, permitiu que navios<br />

iranianos carregados de armas chegassem<br />

ao Mediterrâneo, e abriu a<br />

fronteira com Gaza, prenunciando suas<br />

tendências futuras. O Irã venceu os<br />

opositores que manifestaram publicamente<br />

contra o regime. A Jordânia sofrerá<br />

mudanças internas atendendo<br />

Carta de Hitler adquirida pelo<br />

Centro Simon Wiesenthal pregava<br />

antissemitismo em 1919<br />

“É o documento histórico<br />

mais significativo do<br />

CSW”, disse o rabino<br />

Marvin Hier<br />

Em 7/6 o Centro Simon Wiesenthal<br />

anunciou ter adquiriu o documento<br />

mais importante de sua história<br />

de 34 anos, uma carta de<br />

quatro páginas, datilografada e<br />

assinada por Adolf Hitler, datada<br />

de 16 de setembro de 1919, seis<br />

anos antes da publicação de Mein<br />

Kampf. O documento, já com as<br />

folhas amareladas pelo tempo,<br />

descreve o seu ódio aos judeus traçando<br />

seus planos do que viria a<br />

ser mais tarde o Holocausto.<br />

À época com 30 anos, o ainda<br />

soldado fazia seus primeiros comentários<br />

sobre a aniquilação dos<br />

judeus e seus ideais antissemitas.<br />

A carta, comprada pelo Centro por<br />

US$ 150 mil, havia pertencido a um<br />

cidadão do Kansas, que a adquiriu<br />

do soldado americano William<br />

F. Ziegler. O militar encontrou as<br />

quatro páginas em um arquivo<br />

nazista na região de Nuremberg,<br />

na Alemanha, nos últimos meses<br />

da 2ª Guerra Mundial.<br />

No texto, Hitler afirma: “O perigo<br />

representado pelos judeus é<br />

expresso na aversão inegável de<br />

grandes camadas do nosso povo.<br />

A causa dessa aversão surge, principalmente,<br />

do contato e da impressão<br />

pessoal que deixam os judeus<br />

como indivíduos, que quase<br />

sempre são desfavoráveis”.<br />

Em outro trecho, Hitler diz que<br />

um governo forte poderia lidar<br />

com a “ameaça judia” e que o “objetivo<br />

final deveria ser a remoção<br />

inabalável de todos os judeus”. O<br />

documento, conhecido como a<br />

“Carta Gemlich”, foi certificado<br />

como autêntico em 1988 pelo especialista<br />

em caligrafia Charles<br />

Hamilton, o mesmo que revelou<br />

que os “Diários de Hitler” eram<br />

falsos. Adolf Gemlich criava propagandas<br />

para o exército alemão<br />

e Hitler lhe escreveu a carta por<br />

uma sugestão do capitão Ulrich<br />

Mayr, com o intuito de popularizar<br />

a ideia de que havia responsáveis<br />

pela derrota da Alemanha<br />

na 1ª Guerra Mundial.<br />

Em julho, o Centro Simon Wiesenthal<br />

planeja exibir a carta no<br />

Museu da Tolerância, em Los Angeles,<br />

na entrada para a seção do<br />

Holocausto, com abertura em 11<br />

de julho de 2011. “O que começou<br />

como uma carta particular, a<br />

opinião de um homem, mais tarde<br />

se tornou a ‘Magna Carta’ de<br />

toda uma nação e levou à extinção<br />

quase total do povo judeu. Esta<br />

é uma lição importante para as<br />

gerações futuras”, disse o rabino<br />

Marvin Hier, decano e fundador<br />

Wiesenthal Center.<br />

O arquivo do Centro Wiesenthal<br />

é uma das maiores coleções<br />

do Holocausto, possuindo mais<br />

de 50.000 artefatos e objetos, incluindo<br />

fotografias, milhares de<br />

documentos, diários, cartas arte,<br />

e livros raros. Estes incluem cartas<br />

originais de Anne Frank, uma<br />

recriação do escritório de Simon<br />

Wiesenthal, em Viena, uma carta<br />

original escrita por Albert Einstein,<br />

um telefone do escritório do<br />

comandante em Auschwitz, e uma<br />

bandeira artesanal americano<br />

apresentado por detentos do<br />

campo de concentração Mauthausen<br />

aos seus libertadores<br />

norte-americanos. Muitos desses<br />

arquivos estão atualmente em<br />

exibição no Museu da Tolerância<br />

em Los Angeles<br />

reivindicações populares. Da Síria e da<br />

Líbia pouco se pode esperar.<br />

Estados Unidos e Europa estão<br />

longe de uma atuação efetiva na região.<br />

Parece claro que a “Primavera<br />

Árabe” não conta e não aceita a interferência<br />

das tradicionais potências<br />

ocidentais e as alianças, antes eficazes,<br />

vêm se deteriorando a cada dia.<br />

Também não se sabe o quanto ainda<br />

interessa à Arábia Saudita manter-se<br />

alinhada ao Ocidente, com base na<br />

troca de petróleo por segurança.<br />

O fato da Autoridade Palestina<br />

buscar o reconhecimento do Estado<br />

na ONU mostra que os palestinos já<br />

não acreditam que os Estados Unidos<br />

possam garantir um diálogo positivo<br />

com Israel. Buscam antes, o apoio de<br />

países emergentes da África e América<br />

Latina. Washington reconhece<br />

que perdeu influência e que pouco<br />

pode atuar em favor do futuro da região.<br />

O discurso de Obama, reforçando<br />

a necessidade de Israel retornar<br />

às fronteiras de 1967, anteriores à<br />

Guerra dos Seis Dias, foi o atestado<br />

da sua impotência na questão entre<br />

israelenses e palestinos. Obama fez<br />

o discurso medíocre, mas era o que<br />

tinha para o momento. Em resposta,<br />

Trecho da carta Gemlich, escrita e assinada por<br />

Adolf Hitler em 16 de setembro de 1919<br />

ouviu o tom firme de Netanyahu.<br />

Desejar a democratização dos países<br />

árabes faz parte das nossas esperanças.<br />

Mas, cabe perguntar, que<br />

tipo de democracia pode se esperar<br />

de povos que jamais a experimentaram.<br />

A influência dos movimentos populares,<br />

muitos deles de caráter fundamentalista,<br />

fortemente financiados<br />

pelo Irã, que, por sua vez, reivindica<br />

o direito de ordenar, ao seu modo, o<br />

Oriente Médio, indicam que não assistiremos<br />

ao florescer da primavera.<br />

A “explosão democrática” é uma<br />

incógnita para todos. Nem sabemos<br />

se é democrática. Não sei se houve<br />

alguma vez na história democracia<br />

construída a partir de movimentos<br />

populares. Só se pode constatar que<br />

nada será como antes no Oriente<br />

Médio. Que o acordo de paz com os<br />

palestinos ficou para lá de longe, e<br />

não se sabe se a queda de governos,<br />

mesmo aqueles antipáticos a Israel,<br />

darão a Israel a segurança para firmar<br />

acordos — pelo menos num tempo<br />

breve. Mas, parece-nos claro de<br />

que a mão amiga estendida por Obama<br />

a Natanyahu já não tem a mesma<br />

força e que Israel terá que encontrar<br />

outros caminhos para a paz.


Origem Origem da da semana<br />

semana<br />

LATIM DEUS DEUS IDEOGRAMA<br />

ROMANO SAXÃO CHINÊS<br />

Solis dies Sol Sol Sol<br />

Lunae dies Lua Lua Lua<br />

Martis dies Marte Tyr Fogo<br />

Mercuri dies Mercúrio Odin Água<br />

Jovis dies Júpiter Thor Madeira<br />

Veneris dies Vênus Freya Metal<br />

Saturni dies Saturno Saturno Terra<br />

O diretor de cinema dinamarquês Lars<br />

Von Trier foi expulso do Festival de Cannes<br />

em maio depois de comentários feitos durante<br />

uma coletiva de imprensa, aparentemente<br />

de brincadeira, em que declarava ser<br />

um nazista e um simpatizante de Hitler.<br />

“O conselho dirigente do festival lamenta<br />

profundamente que o evento tenha<br />

sido usado por Lars Von Trier para expressar<br />

comentários que são inaceitáveis, intoleráveis,<br />

e contrários aos ideais de humanidade<br />

e generosidade que presidem sobre<br />

a existência do festival”, disse na ocasião<br />

a organização num comunicado, em<br />

que condenou os comentários e declarou o<br />

diretor dinamarquês pessoa “non grata”.<br />

VISÃO JUDAICA<br />

Semana judaica?<br />

junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

Jane Bichmacher de Glasman *<br />

O hábito de agrupar os dias em períodos de sete unidades,<br />

que hoje chamamos semana, é originário dos<br />

babilônios e foi adotado pelos gregos e pelos romanos,<br />

que deram nome a estes períodos sobre a base do nú-<br />

Portugal foi o único país que adotou os dias<br />

da semana derivados do latim eclesiástico. Os<br />

nomes antigos dos dias da semana, usados por<br />

povos pagãos, não foram seguidos na língua<br />

formar. Os dias da semana têm seus nomes na<br />

língua portuguesa devido à liturgia católica por<br />

iniciativa de Martinho de Dume, que denominava<br />

os dias da semana da Páscoa com dias<br />

santos em que não se deveria trabalhar, origimero<br />

sete. Os gregos denominaram hebdomadás, de<br />

hepta, sete, palavra que perdura até hoje entre nós em<br />

hebdomadário, que significa semanal, semanário. Em<br />

portuguesa, última das línguas romanas a se nando os nomes litúrgicos:<br />

Roma, adotou-se o nome septimana, que chegou ao<br />

português como semana. Mas foram os judeus, respeitando<br />

o relato bíblico que deram à semana (em<br />

LATIM PAGÃO<br />

dies Solis<br />

LATIM VULGAR<br />

Solis dies<br />

SIGNIFICADO<br />

Dia do sol<br />

LATIM LITÚRGICO I<br />

Prima Feria<br />

LATIM LITÚRGICO II<br />

Dominica dies<br />

PORTUGUÊS<br />

Domingo<br />

HEBRAICO<br />

Iom Echad / Rishon Dia Um (1º)<br />

hebraico shavúa, de shéva = sete [dias]) o sentido da<br />

mesma como uma unidade, a partir da unicidade no<br />

divino. Tendo sido o mundo criado por D-us em seis<br />

dias e no sétimo descansado, apresentou-se um mo-<br />

dies Lunae<br />

dies Martis<br />

dies Mercurii<br />

Lunae dies<br />

Martis dies<br />

Mercurii dies<br />

Dia da lua<br />

Dia de Marte<br />

Dia de Mercúrio<br />

Secunda Feria<br />

Tertia Feria<br />

Quarta Feria<br />

Secunda Feria<br />

Tertia Feria<br />

Quarta Feria<br />

Segunda-feira<br />

Terça-feira<br />

Quarta-feira<br />

Iom Sheni / 2º dia<br />

Iom Shlishi/ 3º dia<br />

Iom Revií / 4º dia<br />

delo inédito de concepção da divindade para os ho- dies Iovis Iovis dies Dia de Júpiter Quinta Feria Quinta Feria Quinta-feira Iom Hamishi / 5º dia<br />

mens: um ser único, sem imagem física, onipotente e<br />

onipresente, que ensina um caminho e, antes de qualquer<br />

coisa, dá seu exemplo para ser seguido.<br />

dies Veneris<br />

dies Saturni<br />

Veneris dies<br />

Saturni dies<br />

Dia de Vênus<br />

Dia de Saturno<br />

Sexta Feria<br />

Sabbatum<br />

Sexta Feria<br />

Sabbatum<br />

Sexta-feira<br />

Sábado<br />

Iom Shishi / 6º dia<br />

Iom Shvii/Shabat 7º dia / Shabat<br />

Nomes Nomes antigos<br />

antigos<br />

Na nomenclatura pagã, cada dia era dedicado a um<br />

astro ou a um deus que variava de acordo com a mitologia<br />

local de cada cultura e que foram conservados<br />

em outros idiomas.<br />

Do início da era cristã até o período medieval, vigoravam<br />

no mundo ocidental as propostas do filósofo grego<br />

Aristóteles (384 – 322 aec) e do astrônomo egípcio<br />

Cláudio Ptolomeu (100 – 170 ec), mescladas com a interpretação<br />

dada pela Igreja Católica. Acreditava-se que<br />

D-us criara o Universo em movimento circular perfeito e<br />

eterno. No centro encontrava-se a Terra com os quatro<br />

elementos: terra, ar, água e fogo; a seguir, oito esferas<br />

concêntricas contendo o “éter” e sustentando os astros.<br />

Este conjunto comporia o céu. Uma dessas esferas conteria<br />

o Sol. Outra, a Lua. Cinco delas conteriam os planetas<br />

conhecidos na época: Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus<br />

e Saturno. A oitava esfera conteria as estrelas.<br />

Dias Dias da da semana semana em em português português<br />

português<br />

O Sabbatum originou diretamente<br />

do hebraico Shabat, de conotação religiosa,<br />

em uma época em que os judeus<br />

e cristãos formavam um só povo<br />

e uma só cultura.<br />

O Shabat, último dia de seu calendário<br />

semanal, é o dia de descanso<br />

para os judeus.<br />

No início da era cristã, cristãos primitivos<br />

e judeus compartilhavam o sábado<br />

para suas reuniões em fé, porém<br />

em 189 ec, o Papa Vítor I mudou o dia<br />

de descanso dos cristãos para o domingo,<br />

em homenagem à ressurreição<br />

de Jesus. Em 325 ec, as orientações<br />

do Primeiro Concílio de Niceia confirmaram<br />

a decisão de Vítor I, mudando<br />

o nome de Solis Dies, que significa Dia<br />

do Sol - forma como os pagãos se referiam<br />

ao domingo - para Dominica<br />

Dies, que evoluiu para Dominus Dei<br />

(que em português quer dizer “dia do<br />

senhor”) mudando-o para domingo.<br />

Prima Feria (que hoje é o domingo, dia<br />

de descanso para os cristãos) era o dia<br />

em que cristãos passaram a se unir<br />

para fazer sua reunião de fé e de mercado,<br />

em dia seguinte ao dos judeus.<br />

Por que os dias da semana acabam<br />

com feira?<br />

O termo “feira” surgiu em português<br />

porque, na semana de Páscoa,<br />

todos os dias eram feriados - férias ou<br />

feiras - e, além disso, os mercados funcionavam<br />

ao ar livre. Com o tempo, a<br />

Igreja baniu das liturgias os nomes pagãos<br />

dos dias, oficializando as “feiras”.<br />

O domingo, que seria a primeira<br />

feira, conservou o mesmo nome por<br />

ser dedicado a D-us, fazendo a contagem<br />

iniciar-se na secunda feira, a<br />

segunda-feira.<br />

O sábado foi mantido em respeito<br />

à antiga tradição hebraica. Apesar da<br />

oposição da Igreja, as designações pagãs<br />

sobreviveram em todo o mundo<br />

cristão, menos no que viria a ser Portugal,<br />

graças ao apostolado de São<br />

Martinho de Braga (século VI), que<br />

combatia o costume de “dar nomes de<br />

demônios aos dias que D-us criou”.<br />

21<br />

Por que os dias da semana em português<br />

não são como em francês ou<br />

italiano?<br />

A resposta é simples. Como disse no<br />

início, sua origem remonta ao Antigo<br />

Testamento, à Torá, como o hebraico<br />

moderno: dia primeiro, segundo, etc.,<br />

conforme o relato da Criação, em Gênesis<br />

1. Em outras palavras, os dias da semana<br />

sobreviveram ao ataque do latim!<br />

Convém lembrar que a vinda dos<br />

portugueses para o Brasil trouxe consigo<br />

todos os empréstimos culturais<br />

e linguísticos que já haviam sido incorporados<br />

ao cotidiano ibérico, desde<br />

uma época anterior à Inquisição;<br />

assim, muitas palavras e expressões<br />

de origem hebraica foram incorporadas<br />

ao léxico da língua portuguesa<br />

mesmo antes de os portugueses chegarem<br />

ao Brasil. Elas encontram-se<br />

tão arraigadas em nosso idioma que<br />

muitas vezes têm sua origem confundida<br />

como sendo árabe ou grega.<br />

Em suma: a semana é judaica!<br />

* Jane Bichmacher de Glasman é escritora, doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura <strong>Judaica</strong> (USP), fundou e coordenou o Setor de Hebraico e o<br />

Programa de Estudos Judaicos da UERJ, professora adjunta e coordenadora do Setor de Hebraico da UFRJ (aposentada).<br />

Lars Von Trier expulso de Cannes<br />

O cineasta dinamarquês Lars von Trier,<br />

conhecido pelas frases e filmes polêmicos,<br />

ficou abalado com o banimento e considerou<br />

que, desta vez, foi longe demais. Pediu<br />

desculpas e disse que fizera uma brincadeira<br />

estúpida. Disse ainda que se sentiu<br />

muito mal pelo fato de "ter magoado<br />

algumas pessoas".<br />

Durante a entrevista à imprensa sobre<br />

o filme “Melancholia”, o diretor, em tom<br />

jocoso, se disse nazista e revelou ter certa<br />

simpatia por Hitler. Trier é conhecido na<br />

Europa por suas provocações e ainda por<br />

atacar grosseiramente Israel e seu povo.<br />

Só que desta vez ele se deu mal. Horas depois<br />

a direção do festival desclassificou<br />

seu filme e o expulsou do evento.<br />

Depois de afirmar que entendia Hitler<br />

e sentia compaixão por ele, sob o olhar<br />

incrédulo dos repórteres, aparentemente<br />

ainda não satisfeito, o cineasta concluiu<br />

sua fala com uma crítica a Israel e um elogio<br />

a Albert Speer, arquiteto oficial do Terceiro<br />

Reich.<br />

“É claro que gosto muito dos judeus -<br />

mas nem tanto, porque Israel é um pé no<br />

saco. Mesmo assim - como é que eu termino<br />

esta frase? - eu apenas gostaria de<br />

dizer, sobre a arte, que gosto muito de<br />

Speer”, indicou, destacando o “talento” do<br />

arquiteto nazista, condenado por crimes<br />

contra a humanidade.<br />

“O.K., então, sou um nazista”, disse<br />

Von Trier, dando de ombros.<br />

Ele passou dias seguidos se explicando<br />

em entrevistas e dizendo que se arrependeu<br />

do que disse, tentando justificar<br />

seu comportamento repreensível e declarando<br />

que não é e nunca foi nazista. Indagado<br />

por um repórter se iria assistir à cerimônia<br />

de encerramento, o cineasta ainda<br />

disse, fazendo troça: “Não, não poderei<br />

ir. Pelo que entendi, a decisão significa<br />

que eu estou proibido de chegar a 100<br />

metros do Palais. Mas acho que posso tomar<br />

sorvete ali por perto e olhar à distância<br />

(...) O que ouvi é que quando a gente<br />

vira persona non grata é para sempre.”


22<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

VISÃO<br />

‘Varinha mágica’ contra Katiusha<br />

Foguete interceptador Varinha Mágica<br />

panorâmica<br />

Contra a ameaça a Israel dos foguetes<br />

Katiusha do Hezbolá, Pini Yungman, diretor<br />

da empresa Rafael disse que “em<br />

breve será realizada o teste completo do<br />

sistema e determinado se o ‘Varinha<br />

Mágica’ tem condições operacionais em<br />

futuro próximo”. O sistema de defesa<br />

antimísseis de alcance médio ‘Varinha<br />

Mágica’ (Sharvit Ksamim), também chamado<br />

Funda de David (Kela David), pode<br />

operar antes do previsto. Yungman disse<br />

que o projeto avança mais rápido que o<br />

previsto. O dispositivo, disse ele, pode<br />

ser integrado à defesa no início de 2013<br />

e neutralizar os Katiusha. “O objetivo é<br />

neutralizar todos os mísseis de curto alcance,<br />

os mísseis cruzeiro e os outros que<br />

o sistema de defesa antimísseis Jetz poderia<br />

ignorar”. O sistema de defesa tem<br />

a opção de mudar o curso do míssil em<br />

pleno voo. O ‘Varinha Mágica’ completará<br />

o sistema de defesa antimísseis Cúpula<br />

de Ferro (Iron Dome ou Kipat Barzel)<br />

e os sistemas Jetz e Patriot, protegendo<br />

totalmente o espaço aéreo de Israel<br />

contra qualquer ameaça de ataques<br />

com mísseis pelo Hezbolá. (Aurora).<br />

Legalizada no Egito a Irmandade<br />

Muçulmana<br />

Os membros da Irmandade Muçulmana<br />

já contam com uma agremiação política<br />

legalizada no Egito, o Partido Justiça e<br />

Liberdade (PJL), segundo informou a<br />

agência de noticias oficial, Mena. A Irmandade<br />

Muçulmana era oficialmente<br />

ilegal, ainda que fundamentalmente tolerada<br />

sob o governo do derrubado presidente<br />

Hosni Mubarak. Considerado<br />

como o grupo mais bem organizado da<br />

oposição a Mubarak, havia anunciado em<br />

abril a fundação do PJL, partido “não teocrático”<br />

que contaria com 9.000 membros<br />

inicialmente. A Irmandade Muçulmana<br />

desde o seu surgimento não aceita<br />

a existência de Israel e seus seguidores<br />

fundaram entre outros grupos terroristas<br />

o Hamas e a Al Qaida. (Aurora).<br />

Israel terá recorde de<br />

crescimento em 2011<br />

O presidente do Banco de Israel, Stanley<br />

Fischer, atualizou para 5,2 % a pre-<br />

(com informações das agências AP, Reuters, AFP,<br />

EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem Post,<br />

Haaretz, Notícias da Rua Judaíca e IG)<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

• Yossi Groisseoign •<br />

visão do crescimento do PIB para 2011,<br />

e a taxa de desemprego para 5,8 %, percentuais<br />

que representam nos dois casos<br />

recordes históricos para a economia<br />

israelense. É a primeira vez que um presidente<br />

de Banco Central situa em 5,2<br />

% a perspectiva de crescimento devido<br />

aos resultados do primeiro trimestre que<br />

mostram uma clara aceleração da atividade<br />

no mercado. A previsão anterior de<br />

Fischer para 2011 era de 4,7 %, e sua<br />

correção segue à publicada uma semana<br />

antes pela OCDE (Organização para<br />

a Cooperação e Desenvolvimento Econômico),<br />

que fixou para Israel uma previsão<br />

de crescimento de 5,4 %. Quanto<br />

ao desemprego, atualmente de 6 %, Fischer<br />

prevê que baixará este ano para 5,8<br />

%, mantendo-se assim durante 2012 se<br />

não houver nenhuma mudança dramática.<br />

A taxa mais baixa registrada pelo Escritório<br />

Central de Estatísticas é de 5,9<br />

% há três anos, antes de estourar a crise<br />

econômica mundial. (EFE).<br />

Medida cautelar contra o Google por<br />

antissemitismo<br />

Em Buenos Aires, em entrevista exclusiva<br />

para a Rádio Chai, o vice-presidente<br />

da Delegação das Associações Israelitas<br />

Argentinas, Ángel Schindel, informou<br />

que a DAIA entrou na Justiça contra<br />

o Google e assegurou que o fato se<br />

deu por causa da “proliferação de sites<br />

de buscas que induzem o internauta a<br />

páginas com conteúdo antissemita, de<br />

negação do Holocausto ou semelhantes<br />

espalhados pela internet. Além disso, na<br />

internet, sites como o Google vendem<br />

espaço publicitário que fazem propaganda<br />

e dão visibilidade ao antissemtismo”.<br />

A decisão da Justiça obriga o Google a<br />

desindexar 76 sites, eliminar de suas<br />

buscas 13 sites e de abster-se de colocar<br />

publicidade em outros 22 sites, todos<br />

eles contendo linguagem antissemita<br />

e promovendo a negação do Holocausto.<br />

Jack Terpins, presidente do Congresso<br />

Judaico Latino-americano, expressou<br />

que a resolução do juiz representa<br />

um importante passo para “limpar”<br />

da internet, sites que promovem o<br />

ódio e a intolerância. (Rádio Chai/CJL).<br />

“Protocolos” na radio estatal<br />

venezuelana<br />

A Confederação das Comunidades <strong>Judaica</strong>s<br />

da Venezuela (CAIV) apresentou protesto<br />

formal ao procurador geral do país<br />

denunciando a divulgação dos “Protocolos<br />

dos Sábios de Sion” por uma emissora<br />

de rádio de propriedade do governo<br />

Chávez. Durante o programa ‘La no-<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

ticia final’, a Rádio Nacional de Venezuela<br />

apresentado por Cristina González,<br />

recomendou altamente seus ouvintes<br />

a lerem o texto antissemita, que circulou<br />

na Rússia pela primeira vez em<br />

1903, procurando criar a ilusão de uma<br />

conspiração judaica para a dominação<br />

mundial. A grosseira falsificação foi produzida<br />

por extremistas de direita na<br />

Rússia e depois utilizada por Adolf Hitler<br />

para seus propósitos contra os judeus.<br />

Na denúncia, a CAIV ressalta que<br />

a atitude teve como objetivo promover<br />

o antissemtismo, gerando ódio e discriminação<br />

contra os judeus venezuelanos<br />

violando assim a Constituição da República<br />

Bolivariana da Venezuela e pediu<br />

a abertura de inquérito para apurar as<br />

responsabilidades, recordando que o<br />

presidente Hugo Chávez, publicamente<br />

havia declarado anteriormente que não<br />

toleraria situações discriminatórias. O<br />

presidente da CAIV, Salomon Cohen Botbol<br />

expressou sua confiança numa punição<br />

a González por parte das autoridades.<br />

(CAIV).<br />

Advogado de Sakineh condenado a 11 anos<br />

O advogado da iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani,<br />

sentenciada à morte<br />

por apedrejamento, foi condenado a<br />

uma sentença de onze anos de prisão.<br />

Javid Houtan Kian foi preso sob a acusação<br />

de pôr em risco a segurança nacional<br />

iraniana por difundir propaganda<br />

contra o regime. Ele enfrenta ainda outra<br />

acusação, de espionagem, que está<br />

sendo analisada pela promotoria. Kian<br />

é o terceiro advogado a representar<br />

Sakineh, condenada à morte por adultério<br />

e por ter tramado a morte do marido.<br />

Em uma carta que conseguiu contrabandear<br />

para fora da cadeia, em março<br />

deste ano, Kian disse ter sido torturado,<br />

queimado com cigarros em suas<br />

pernas, pés e testículos e recebeu golpes<br />

aplicados em seu rosto fizeram com<br />

que ele perdesse 12 dentes. O advogado<br />

foi preso em outubro do ano passado,<br />

juntamente com um dos filhos de<br />

Sakineh, Saijad Ghaderzadeh, e com dois<br />

repórteres alemães do jornal Bild am<br />

Sonntag, que mais tarde foram soltos,<br />

mas não Kian. A situação de Sakineh<br />

permanece incerta. Ativistas de direitos<br />

humanos no Irã disseram que ela teria<br />

tentado cometer suicídio, mas que ela<br />

teria sobrevivido. A iraniana já cumpriu<br />

cinco anos de prisão. (BBC).<br />

Irã executa mulher judia<br />

Uma ONG de direitos humanos disse<br />

que Adiva Soleyman Kalimia, judia nascida<br />

em Jerusalém, Israel, e o seu marido,<br />

o cristão armênio Varjan Petrosian,<br />

foram enforcados numa prisão do Irã sob<br />

a acusação e adultério, dia 14 de março.<br />

A organização mencionou que parentes<br />

da mulher disseram não saber os<br />

reais motivos das execuções. Soleyman<br />

Kalimia pertencia a uma família judaica<br />

proveniente do Irã. Ela havia se muda-<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

do para Miami e recebeu a cidadania<br />

norte-americana. De acordo com a família,<br />

ela tinha também passaporte<br />

americano. Nos últimos cinco anos, por<br />

razões desconhecidas da família Soleyman<br />

começou a visitar o Irã. Ela teve a<br />

possibilidade de entrar e sair do país por<br />

três vezes, mas após isso foi presa e enviada<br />

à prisão. Michael Posner, assistente<br />

do Secretário de Estado para os<br />

Direitos Humanos nos EUA, falando recentemente<br />

no Comitê de Relações Exteriores<br />

do Senado, declarou que a situação<br />

dos direitos humanos no Irã se<br />

deteriorou muito, especialmente após a<br />

repressão aos protestos populares em<br />

fevereiro deste ano. Até maio, 135 pessoas<br />

foram executadas no Irã, muitas<br />

deles sem que seus familiares soubessem.<br />

(Ynetnews).<br />

Netanyahu: Abbas falsifica a história<br />

O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu,<br />

criticou com veemência artigo<br />

assinado pelo presidente da Autoridade<br />

Palestina, Mahmoud Abbas, no New<br />

York Times, ressaltando que se trata de<br />

uma “falsificação cruel dos fatos históricos”.<br />

Abbas afirmou que após a Partilha<br />

da Palestina nas Nações Unidas, em<br />

1947, “as forças sionistas expulsaram<br />

os árabes palestinos para assegurar<br />

uma maioria judaica”. Netanyahu manifestou<br />

que as declarações de Abbas são<br />

“uma cruel falsificação dos fatos históricos<br />

conhecidos e bem documentados”.<br />

“Os palestinos”, acrescentou o primeiro-ministro,<br />

“foram os que rejeitaram a<br />

Partilha em dois estados ao passo que<br />

os judeus aceitaram”. “Os exércitos árabes<br />

com a ajuda dos palestinos foram<br />

os que atacaram o Estado judeu com o<br />

objetivo de destrui-lo, algo que não<br />

menciona no artigo”, enfatizou Netanyahu.<br />

Alguém poderia deduzir do artigo<br />

de Abbas que “a liderança palestina<br />

considera que a criação de um Estado<br />

palestino é a continuação do conflito<br />

ao invés do seu final”, observou o<br />

chefe do Governo. (Aurora).<br />

Brasil quer ser membro de organização<br />

islâmica<br />

O Itamaraty solicitou autorização à OCI<br />

(Organização da Conferência Islâmica)<br />

para fazer parte do organismo com o status<br />

de membro observador. O objetivo,<br />

segundo diplomatas, é aprofundar as<br />

relações do Brasil com o mundo muçulmano.<br />

Desde o governo Lula, o Itamaraty<br />

faz esforços para aumentar sua área<br />

de influência no Oriente Médio. Entre<br />

os principais esforços estão intermediações<br />

junto ao Irã de um acordo nuclear<br />

e outro de libertação de prisioneiros<br />

dos EUA, a participação de uma missão<br />

de paz da ONU no Líbano e o reconhecimento<br />

do Estado palestino com as<br />

fronteiras de 1967. De acordo com um<br />

comunicado da OCI, a solicitação foi<br />

feita pelo embaixador brasileiro na Arábia<br />

Saudita e no Iêmen, Sérgio Luiz Canaes,<br />

ao secretário geral do órgão Ekmeledin<br />

Ihsan Oglo, em Riad. Ele disse<br />

que a OCI ajudará o Brasil a se adaptar<br />

e cumprir os requisitos necessários para


ser aceito como observador. A OCI é<br />

uma organização intergovernamental<br />

de países do Oriente Médio, África e<br />

Ásia criada em 1969. Ela tem 57 membros,<br />

e nenhum deles é da América Latina.<br />

(Folha de S.Paulo).<br />

Curitiba: Chanucá agora faz parte do<br />

calendário oficial<br />

Leon Knopfholz, da B'nai B'rith; o vereador Emerson<br />

Prado e a presidente da Kehilá, Ester Proveller<br />

Em sessão na Câmara Municipal de Curitiba,<br />

os vereadores que passaram a<br />

conhecer a história e cultura judaicas,<br />

aprovaram o projeto de lei que instituiu<br />

no Calendário Oficial da Cidade, Chanucá,<br />

a Festa das Luzes. A proposição<br />

foi do vereador Emerson Prado, cuja<br />

aproximação com a Federação Israelita<br />

do Paraná, a Kehilá e a B’nai B’rith<br />

tem sido muito produtiva. Na ocasião,<br />

estiveram presentes Ester Proveller,<br />

presidente da Comunidade e Leon<br />

Knopfholz, presidente da B’nai B’rith. O<br />

vereador Emerson Prado preside a Comissão<br />

Especial de Direitos Humanos<br />

para Estudo e Aplicação dos 8 Objetivos<br />

do Milênio na Cidade de Curitiba,<br />

entre outras Comissões. (B’nai B’rith).<br />

Audiências em feriado judaico podem<br />

ser remarcadas<br />

Decisão liminar do ministro Marco Aurélio,<br />

do Supremo Tribunal Federal<br />

(STF), restabeleceu recomendação do<br />

Conselho da Magistratura do Tribunal<br />

de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ)<br />

para que sejam acolhidos pedidos de<br />

adiamento ou de designação de nova<br />

data para as audiências que recaiam<br />

no feriado judaico do Iom Kipur, “Dia<br />

do Perdão”, considerado sagrado do<br />

calendário judaico, sendo vedada qualquer<br />

atividade na data, inclusive a alimentação.<br />

A decisão foi tomada no<br />

Mandado de Segurança (MS) 30491,<br />

impetrado no STF pela Federação<br />

Israelita do Estado do Rio de Janeiro<br />

(FIERJ) e pela Associação Nacional de<br />

Advogados Juristas Brasil-Israel contra<br />

ato do Conselho Nacional de Justiça<br />

(CNJ), que declarou a nulidade da<br />

recomendação, por entender que se<br />

tratava de matéria relacionada à competência<br />

do Poder Legislativo. Para o<br />

ministro Marco Aurélio, “o fato de o<br />

Brasil ser um estado laico não é obstáculo<br />

à compreensão, presente a vida<br />

em sociedade, presente o respeito que<br />

a Carta da República encerra, como<br />

princípio básico, a crença religiosa”. A<br />

sugestão aos juízes do TJ-RJ estabele-<br />

ce que o requerimento de advogados<br />

da fé judaica seja feito com antecedência<br />

e sem prejuízo para as partes<br />

processuais. (STF).<br />

Empresa de Israel só contrata<br />

deficientes<br />

Para se candidatar a uma vaga de emprego<br />

na empresa de call center Call<br />

Yachol, do israelense Gil Wich, sediada<br />

em Rishon Lezion, é preciso ter um<br />

pré-requisito: ser deficiente físico ou<br />

mental. Pode ser judeu ou árabe. Call<br />

Yachol – que significa apto a falar e a<br />

fazer algo – tem 180 trabalhadores e<br />

pretende expandir seu quadro em breve<br />

com uma filial em Jerusalém. Com<br />

um modelo de gestão familiar, Winch<br />

comanda seus funcionários com atenção<br />

e afeto e prioriza o tempo de diversão<br />

durante o trabalho. Para o psicólogo<br />

e empresário, as limitações de seus<br />

funcionários não afetam a produtividade<br />

de sua empresa. “O maior problema<br />

é que a sociedade discrimina essas<br />

pessoas, que às vezes ficam 20 anos<br />

desempregadas, perdendo completamente<br />

a autoestima e autoconfiança”.<br />

(Jornal Alef).<br />

Pepinos: FDI ajudam palestinos<br />

A Administração Civil israelense da Judeia<br />

e Samaria está garantindo o mercado<br />

de compra para 18 mil toneladas<br />

de pepinos produzidos por 3.000 famílias<br />

palestinas na região norte da<br />

Cisjordânia. O valor da safra atual<br />

atinge US$ 25 milhões. Cerca de 60%<br />

dos pepinos consumidos em Israel vêm<br />

de Jenin e ainda há quem publique que<br />

Israel quis destruir a cidade de Jenin e<br />

sua população. Para poder escoar essa<br />

enorme produção de pepinos, os agricultores<br />

palestinos necessitavam de<br />

uma extensão no horário de abertura<br />

dos postos de controle operados pelo<br />

Exército de Israel, durante os 70 dias<br />

que duram a colheita. O pleito palestino<br />

foi aprovado pelo Ministério da<br />

Defesa. O próprio posto de controle israelense<br />

de Gilboa por onde passam<br />

os pepinos é equipado com scanners<br />

de raios-x para verificar rapidamente<br />

os caminhões sem precisar abrir as<br />

cargas. (FDI).<br />

Exército israelense nomeia<br />

mulher general<br />

O Exército israelense outorgou pela primeira<br />

vez em sua história a categoria<br />

de general a uma mulher, Orna Barbivay,<br />

de 49 anos. A militar, que dirigirá<br />

o departamento de Recursos Humanos<br />

das Forças Armadas, desempenhava<br />

até agora a função de gerente desse departamento<br />

no Estado-Maior. Casada e<br />

mãe de três filhos, Orna se alistou em<br />

1981 no Corpo de Recursos Humanos,<br />

onde serviu em diferentes categorias<br />

até se tornar a gerente do Comando do<br />

A general israelense Orna<br />

Barbivay, primeira mulher a<br />

assumir este posto militar<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

Corpo de Infantaria.<br />

A<br />

categoria de<br />

general é a<br />

segunda<br />

mais importante<br />

na hierarquiamilitar<br />

israelense<br />

e a mais elevada<br />

a que<br />

pode aspirar<br />

um soldado<br />

antes de ser<br />

designado<br />

chefe do Estado-Maior<br />

ou do Exército. A promoção<br />

de Orna, decidida pelo chefe do Exército,<br />

Benny Gantz, e pelo ministro da<br />

Defesa Ehud Barak, foi recebida com<br />

entusiasmo por políticas e deputadas<br />

israelenses. (EFE).<br />

Yale fechará seu Centro<br />

de Estudos do Antissemitismo<br />

23<br />

A Universidade americana de Yale vai<br />

fechar o seu Centro de Estudos do Antissemitismo.<br />

A decisão da universidade<br />

provocou grande revolta na comunidade<br />

judaica-americana pois os estudos<br />

produzidos em Yale eram utilizados em<br />

todo mundo como base de informação<br />

sobre um preconceito muito presente em<br />

nossos dias. Fontes judaicas apontaram<br />

motivos políticos para a decisão que<br />

visa contemplar interesses da universidade<br />

no mundo islâmico. Fato curioso é<br />

que o lema da Yale desde a sua fundação<br />

em 1702, “Luz e verdade”, que consta<br />

das bandeiras de todas as escolas que<br />

compõem a universidade está escrito<br />

com letras e palavras hebraicas: “Or<br />

veemet”. (B’nai B’rith/AM).<br />

Curiosidades várias<br />

As barbaridades ditas por Rosa Regàs contra Israel poderiam<br />

encher um livro inteiro de intolerância<br />

Pilar Rahola *<br />

Massacre brutal da família Fogel em Itamar. Os terroristas chegaram de noite<br />

à casa. Primeiro degolaram as crianças: Hadas, de três meses, Elad de quatro<br />

anos e Yoav de onze. Depois esfaquearam os pais, Udi e Ruth. Desde o dia 13,<br />

quando o corroeu a matança da família, têm caído em Ashdod, Ashkelon, Beer-<br />

Sheva mais de cinquenta mísseis, somados aos sete morteiros em Eshkol, todos<br />

disparados de Gaza. E ontem uma bomba no Centro de Convenções de Convenção<br />

de Jerusalém matou uma mulher e causando 39 feridos, alguns com prognósticos<br />

graves, incluindo duas mulheres grávidas.<br />

É claro que toda essa escalada de grave violência não tocou ninguém, e nem<br />

um só dos ruidosos porta-vozes da causa palestina consideraram necessário lamentar<br />

esses atos de terrorismo, como se os israelenses fossem culpados pelo<br />

mero fato de nascerem e seu destino natural fosse morrer em atentado Já disse<br />

Yusuf Al-Qadarawi, o guru da Fundação Qatar, essa que inspira a publicidade do<br />

Barça: qualquer israelense, incluindo mulheres grávidas, deve ser morto, não em<br />

vão, “seus filhos por nascer crescerão...” E assim vai sendo escrita a crônica de<br />

uma escalada de violência que terminará mal, porque sempre acaba com alguma<br />

ação militar israelense para neutralizar essas ações terroristas e, em seguida<br />

levantar a indignação do mundo.<br />

Já é sabido que Israel nunca tem direito à defesa. Dia destes, alguns libertários<br />

de meia tigela montaram uma flotilha — com dinheiro de quem? — e tentaram<br />

penetrar na zona de segurança que Israel, endossada pela ONU, para impedir<br />

a entrada de armas. E nem se perguntarão se o Hamas tem alguma culpa, se<br />

a sua lógica é de paz ou de guerra permanente, se outros países os estão armando<br />

até os dentes, se é lícito, em nome de uma causa, degolar uma criança três<br />

meses, se isso é assumido pelo estômago do libertador e se no final, este maldito<br />

conflito é muito mais complicado do que o simplismo que outorgam. E sobre<br />

estes maniqueísmos da verdade venderão seu radicalismo ideológico como um<br />

ato de solidariedade. Aqueles que atacam Israel unilateralmente sempre têm bula.<br />

Aqueles que tentam lembrar que isto não é preto e branco e os fundamentalistas<br />

do Hamas são os verdadeiros inimigos de seu próprio povo são rotulados<br />

de qualquer coisa e todo dia temos que pedir perdão por não militar apenas nesse<br />

pensamento único. Pense em tudo isso, em função da incorporação da Rosa<br />

Regas na lista de Hereu. As barbaridades que chegou a dizer contra Israel poderia<br />

encher um livro inteiro de intolerância. Mas dizer barbaridades contra Israel é<br />

gratuito. Por isso continua sendo uma bela progressista que enfeita qualquer<br />

lista eleitoral necessitada<br />

Por que é solidariedade? Não, porque odiar Israel, é um plus no currículo do<br />

liberalismo mais reacionário.<br />

* Pilar Rahola é conhecido jornalista, escritora espanhola. Tem programa na televisão e escreve para vários<br />

jornais na Espanha. Foi vice-prefeita de Barcelona, deputada no Parlamento Europeu e deputada no<br />

Parlamento espanhol. Publicado no jornal La Vanguardia em 25/3/2011.


24<br />

* Bernard-Henri<br />

Lévy é conhecido<br />

filósofo e<br />

jornalista francês.<br />

Considerado um<br />

dos principais<br />

escritores<br />

franceses da<br />

atualidade, é<br />

autor de obras<br />

como “Quem<br />

Matou Daniel<br />

Pearl?” e<br />

“American<br />

Vertigo”. Escreveu<br />

este artigo, que foi<br />

publicado no<br />

jornal The New<br />

York Times, por<br />

ocasião dos<br />

quatro do<br />

sequestro de Gilad<br />

Shalit, em 2010.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771<br />

orque tanta comoção em<br />

torno do soldado Shalit?<br />

Por acaso todos os conflitos<br />

armados não produzem<br />

prisioneiros de<br />

guerra, e Gilad Shalit, o jovem<br />

cabo israelense sequestrado<br />

em junho de 2006, não é apenas<br />

um prisioneiro como os outros? Bem,<br />

na verdade, não. Em primeiro lugar, há<br />

convenções internacionais que governam<br />

a situação dos prisioneiros de guerra,<br />

e o mero fato de que ele tenha sido<br />

sequestrado durante quatro anos, e que<br />

a Cruz Vermelha, que visita regularmente<br />

os palestinos em prisões israelenses,<br />

nunca tenha tido acesso a ele, é uma<br />

violação flagrante das leis de guerra.<br />

Além disso, e mais do que tudo,<br />

nunca nos cansaremos de repetir: Shalit<br />

não foi capturado no auge do combate,<br />

mas sim durante uma incursão em<br />

Israel, quando o país, depois de ter evacuado<br />

Gaza, estava declaradamente em<br />

paz com seu vizinho. Chamá-lo de prisioneiro<br />

de guerra, em outras palavras,<br />

é o equivalente a afirmar que se Israel<br />

ocupa ou não um território nada muda<br />

em termos do ódio que alguém acredita<br />

que o país merece. Significa aceitar a<br />

ideia de que Israel está em guerra até<br />

mesmo quando está em paz, ou que devemos<br />

fazer a guerra contra Israel simplesmente<br />

porque Israel é Israel.<br />

Se recusarmos esta lógica que é, de<br />

fato, a do Hamas e – se as palavras significam<br />

alguma coisa – a lógica da guerra<br />

total, devemos começar a mudar totalmente<br />

a retórica e o léxico. Shalit não<br />

é um prisioneiro de guerra, mas um refém.<br />

Seu destino não é comparável ao<br />

Gilad Shalit nasceu em Nahariya,<br />

Israel, em 28 de agosto de 1986. É um jovem<br />

soldado que foi sequestrado em Kerem<br />

Shalom, na fronteira com a Faixa de<br />

Gaza por terroristas palestinos em 25 de<br />

junho de 2006, tendo sido feito refém incomunicável<br />

pelo Hamas. Shalit, cujo posto<br />

militar é o de cabo, estava a serviço das<br />

Forças Armadas de Israel, no momento em<br />

que terroristas vindos de um túnel escavado<br />

por baixo da fronteira o agarraram.<br />

Tornou-se então o primeiro soldado israelense<br />

raptado por terroristas palestinos.<br />

Depois dele, houve também outro sequestro<br />

na fronteira com o Líbano, desta vez dos<br />

soldados Ehud Goldwasser e Eldad Regev,<br />

devolvidos mortos em troca de um terrorista<br />

assassino que estava preso em Israel.<br />

Shalit possui cidadania francesa, pois<br />

seus pais têm origem na França, fato que<br />

motivou a França e a União Europeia a se<br />

envolverem de alguma forma nos esforços<br />

para libertá-lo. Entretanto, contrariando<br />

todas as leis internacionais e as Conven-<br />

Gilad Shalit, refém ou prisioneiro de guerra?<br />

Bernard Henri Levy *<br />

de um prisioneiro palestino, mas sim<br />

ao de uma vítima de sequestro pela<br />

qual se pede resgate. E deve ser defendido<br />

como defendemos os reféns das<br />

Farc ou dos sírios ou iranianos – devemos<br />

defendê-lo com a mesma energia<br />

dedicada à defesa de, digamos, Clotilde<br />

Reiss ou Ingrid Betancourt.<br />

Refém ou prisioneiro, não importa<br />

– porque tanto escândalo por causa de<br />

um homem? Por que este enfoque num<br />

indivíduo de nenhuma importância<br />

para a comunidade? Um homem “feito<br />

de todos os homens e tão bom como<br />

todos eles e não melhor do que nenhum”<br />

(Jean-Paul Sartre)?<br />

Bem, é porque Shalit não é exatamente<br />

qualquer um, e ele está passando<br />

pelo pior que podem passar, em<br />

tempos de tensão extrema na história,<br />

os indivíduos que não estão dispostos<br />

de nenhuma forma a tomar parte disso,<br />

mas que subitamente acabam cativos<br />

desta tensão – aqueles que atraem<br />

o relâmpago, os pontos de impacto das<br />

forças que, numa situação dada, convergem<br />

e se chocam. Os dissidentes da<br />

era do comunismo foram exemplos disso,<br />

assim como os perseguidos na China<br />

ou em Mianmar hoje em dia.<br />

Isso ocorre com Gilad Shalit. É assim<br />

como este homem, cujo rosto ainda<br />

é o de uma criança, encarna muito<br />

involuntariamente a violência interminável<br />

do Hamas; a ânsia irracional de<br />

seus partidários por exterminar; o cinismo<br />

dos “humanitários” que, como os<br />

da frota Libertem Gaza, recusaram levar<br />

uma carta a Shalit de sua família; ou,<br />

uma vez mais, o duplo padrão pelo qual<br />

ele não é beneficiado pela abundância<br />

de simpatia que Betancourt recebeu.<br />

ções de Genebra a respeito de prisioneiros<br />

de guerra os terroristas do Hamas, não<br />

o libertam, — querem trocá-lo por cerca<br />

de mil prisioneiros, muitos dos quais com<br />

sangue nas mãos — nem permitem visitas<br />

da família, de agentes da Cruz Vermelha<br />

ou de qualquer outra instituição.<br />

O cativeiro do Hamas, em algum lugar<br />

da Faixa de Gaza, onde Shalit está encarcerado<br />

é desconhecido. Cinco anos é mui-<br />

Um franco-israelense vale menos do<br />

que uma franco-colombiana? O nome de<br />

Israel é suficiente para degradar Shalit?<br />

Por que não colocaram seu retrato<br />

ao lado da heroica colombiana na fachada<br />

do Hotel de Ville de Paris? E como<br />

é possível explicar por que sua foto, finalmente<br />

colocada no pequeno parque<br />

de 12º Arrondissement de Paris, tenha<br />

sido alvo de vândalos com tanta frequência,<br />

e com tal impunidade? Shalit<br />

o símbolo. Shalit o espelho.<br />

Uma última pergunta: qual é o preço<br />

que os israelenses estão dispostos a<br />

pagar pela libertação deste cativo, e<br />

também a pergunta relacionada às centenas<br />

– alguns mencionam milhares –<br />

de assassinos potenciais que então serão<br />

libertados em troca. Esta não é a<br />

primeira vez que esse problema acontece.<br />

Em 1983, Israel libertou 4.700 combatentes<br />

no campo Ansar do Líbano em<br />

troca de seis de seus soldados.<br />

Em 1985, Israel libertou 1.150 combatentes<br />

(incluindo o futuro fundador<br />

do Hamas, Ahmed Yassin) em troca do<br />

retorno de três israelenses. E isso sem<br />

mencionar os corpos, só os corpos, de<br />

Eldad Regev e Ehud Goldwasser, mortos<br />

no início da última guerra no Líbano,<br />

e trocados, em 2000, por vários líderes<br />

do Hezbolá, alguns dos quais sentenciados<br />

por crimes graves.<br />

A ideia é simples, e o crédito corresponde<br />

a Israel. Contra a crueldade,<br />

antes de mais nada, das famosas razões<br />

de Estado, contra as obras dos frios<br />

monstros e sua terrível preguiça; e na<br />

oposição à intransigência glacial que o<br />

escritor italiano Leonardo Sciascia não<br />

temeu condenar, a raiz do sequestro do<br />

ex-primeiro-ministro Aldo Moro pelas<br />

to tempo para uma mãe e um pai, que<br />

passaram os últimos 1825 dias num pesadelo<br />

inimaginável, se encontrando com<br />

meio mundo, principalmente com líderes<br />

locais e estrangeiros, na esperança de que<br />

um deles ajudasse o filho sequestrado a<br />

ver novamente a luz do dia.<br />

Por pelo menos duas vezes, pareceu<br />

que a troca de prisioneiros com o Hamas<br />

estava prestes a ocorrer. Mas nada aconteceu.<br />

Depois, os pais do soldado, Aviva e<br />

Noam Shalit, decidiram criar um novo<br />

momentum: uma longa caminhada de<br />

Mitzpé Hilá, no Norte de Israel, onde moram,<br />

até Jerusalém, onde montaram uma<br />

tenda em frente à casa do atual premiê,<br />

Benjamin Netanyahu. Os principais jornais<br />

de Israel aderiram à campanha sem meias<br />

palavras. Noam Shalit afirmou que não<br />

voltaria para casa enquanto Netanyahu<br />

não trouxesse seu filho de volta a Israel.<br />

Quando se completaram quatro anos<br />

de cativeiro, além da caminhada em Israel,<br />

outras manifestações aconteceram em<br />

Brigadas Vermelhas, a forma como Moro<br />

foi abandonado por seus “amigos”, qualificando-o<br />

como outro rosto do terrorismo,<br />

este imperativo categórico e irrefutável:<br />

entre o indivíduo e o Estado,<br />

escolhe-se sempre o indivíduo. Entre o<br />

sofrimento de um homem e a agitação<br />

da sociedade em geral, o que está só<br />

deve prevalecer.<br />

Um homem pode não valer nada,<br />

mas nada – principalmente o orgulho arrogante<br />

de sua nação – vale o sacrifício<br />

de um homem. E então, contra um pseudo<br />

“sentido do trágico” que serve como<br />

um álibi para tantos casos de covardia. E<br />

contra os dialéticos da quinquilharia que<br />

repetem ad infinitum os efeitos perversos<br />

possíveis que uma ação (digamos, o<br />

possível resgate de um Daniel Pearl)<br />

pode provocar num futuro distante,<br />

quando estamos enfrentando uma situação<br />

da qual nada sabemos, é necessário<br />

retornar a este princípio de incerteza que<br />

está no coração da própria sabedoria judaica,<br />

admiravelmente resumido em<br />

Eclesiastes: não te inquietes pelo que<br />

está além de suas obras; em sua ignorância<br />

do domínio dos finais, dos propósitos<br />

e de seus enganos, simplesmente<br />

salvem Gilad Shalit.<br />

Quem é Shalit há cinco anos refém dos terroristas do Hamas<br />

Brasileiros residentes em Israel, junto aos pais de<br />

Gilad Shalit, Aviva (primeira à esquedra) e Noam<br />

(ao seu lado), tentaram em 2010 pedir ajuda ao<br />

então presidente Lula para que intercedesse, mas<br />

nem resposta obtiveram dele<br />

Gilad Shalit, sequestrado e mantido refém<br />

incomunicável há cinco anos, na última foto<br />

dele, quando o Hamas liberou um vídeo, dois<br />

anos atrás, para provar que estava vivo<br />

Nova York, Paris e em Roma, com a participação<br />

de milhares de pessoas.<br />

Mas, apesar de todo o apoio da imprensa<br />

e do público, ainda não foi possível<br />

trazer Shalit de volta. Israel tem o dever<br />

de resgatar todo e qualquer cidadão<br />

(principalmente se for um soldado) que<br />

estiver no cativeiro. Muitos especialistas<br />

são contra a troca com o Hamas, por razões<br />

óbvias. O grupo terrorista quer mais<br />

de mil presos palestinos envolvidos diretamente<br />

com a morte de milhares de israelenses<br />

em atentados, sejam libertados<br />

em troca de um soldado israelense.<br />

Seria um presente político para o Hamas<br />

e um golpe contra a luta ao terrorismo,<br />

além de um perigo real para Israel. Afinal,<br />

boa parte dos presos por terrorismo<br />

volta a se envolver com atentados depois<br />

de libertados.<br />

Esse é um dilema difícil de desatar. As<br />

alegações contra e a favor da troca de prisioneiros<br />

são justas. Cabe a Israel decidir<br />

o que fazer.

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