6 VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771
discurso do primeiroministro israelense ‘Bibi’ Netanyahu, aplaudido de pé e ovacionado no Congresso norte-americano foi uma das peças oratórias mais brilhantes nos últimos tempos. Netanyahu não se esqueceu de nada ao se dirigir a ambas as Câmaras e deixou absolutamente claro, o presente, o passado e o futuro do povo judeu e de seu único Estado: Israel. Ele enfatizou a profunda amizade entre israelenses e americanos, com base numa comunhão de valores: liberdade, democracia, paz e luta contra os inimigos destes valores e o terrorismo. Deixou claro que não necessariamente sabemos para onde conduzem as revoltas no mundo árabe e, portanto, não é certo que irá trazer um futuro com mais democracia e liberdade. Alguém tinha que dizer ao mundo que os únicos árabes que gozam dos verdadeiros direitos democráticos são aqueles que vivem em Israel. Referiu-se à ameaça iraniana e ao perigo de seu decidido apoio ao terrorismo. Depois do Holocausto, o povo judeu leva a sério ameaças de aniquilação e não vai renunciar ao direito de autodefesa. Netanyahu mostrou-se disposto a fazer concessões para alcançar a paz, mas permitiu-se recordar à sua audiência que a razão pela qual ainda não foi alcançada é que os palestinos não aceitaram viver com um Estado judeu ao seu lado e rejeitaram todas as ofertas para chegar a um acordo. Enquanto isso, o mundo age como se isso não tivesse acontecido e como se fosse a verdadeira razão para o atual impasse. Netanyahu teve de responder taxativamente às declarações anteriores de Obama que se referiam às fronteiras de 1967, dirigindo um duro golpe à posição de Israel diante do conflito. Obama não disse que essas fronteiras seriam definitivas, mas sofreriam alterações. Mas o que ficou gravado na opinião pública, foi a referência explícita a estas “fronteiras”. Devemos lembrar que a OLP foi fundada em 1964, quando esses territórios ainda estavam sob as administrações jordaniana e egípcia. Os palestinos nunca mencionaram que queriam um Estado independente lá. Muito pelo contrário. Planejavam e executavam ataques contra Israel, porque seu objetivo era o mesmo que agora: destruí-lo. Basta ler a Constituição do Hamas, novo parceiro de Abbas. É definida como meta a aniquilação de Israel. Com esse “parceiro”, o mundo não só nos incentiva a negociar, mas exige que nós devamos ceder às suas pretensões (atuais). É evidente que não iria negociar com um grupo, como foi observado por VISÃO JUDAICA junho de 2011 Sivan / Tamuz 5771 Bibi foi brilhante no Congresso dos EUA Gerardo Stuczynski * Netanyahu foi aplaudido em pé, por 25 vezes, no Congresso norte-americano Netanyahu, que “condenou a morte de Osama Bin Laden e elogiou-o como um guerreiro santo”. Assim, o primeiroministro israelense disse: “Israel é um dos menores países do mundo” e com as linhas de 1967 teria apenas 15 km de largura. Somos um povo que ama e precisa da paz. Mas não queremos que isso nos conduza a uma situação que, em nome da paz, seja o prelúdio para a nossa destruição. As experiências de retiradas dos ex-territórios têm sido desastrosas. Foram interpretadas como o resultado da fraqueza e não por causa do desejo de paz e os territórios abandonados foram utilizados para agressão e lançamento de foguetes contra civis. Netanyahu enunciou, então, mais uma vez, as condições para um acordo definitivo, um Estado palestino desmilitarizado com fronteiras negociadas por acordo mútuo. A opinião pública israelense viu com orgulho, admiração e identificação como seu primeiro-ministro respondeu ao presidente Obama. A popularidade de Bibi disparou. Por isso, é quase engraçado ler seus críticos, que obviamente pertencem a minorias iluminadas que podem ver o que os outros não veem. Shlomo Ben-Ami, ex-ministro das Relações Exteriores e assessor de Ehud Barak em Camp David, apesar de seu desempenho catastrófico, também se encorajou a opinar sobre a “furiosa recusa” de Netanyahu à proposta de Obama, que para ele “reflete não só a pouca habilidade de estadista do primeiroministro israelense, mas também o seu antiquado conceito militar”. “Netanyahu, na realidade, não confia nos gentios”... “filho de um renomado historiador que foi o secretário pessoal de Ze’ev Jabotinsky, o fundador da direita sionista, absorveu desde sua infância da interpretação feita por seu pai da história judaica como uma série de tragédias. A lição era simples: você não pode confiar neles, porque a de Israel é uma história de traição e de extermínio nas mãos deles”. Pena que Ben Ami não esclareça qual é a outra interpretação possível da história judaica. E continua: “como pregou Jabotinsky, a nova nação de Israel deve construir um muro de aço de poder judaico para dissuadir seus inimigos para sempre”. Não só essa ideia foi uma verdadeira profecia sobre o que Israel foi forçado a fazer para sobreviver, mas Ben Ami não leu bem o eterno Jabotinsky, já que não era para sempre necessário erguer esse “muro” (indicando que não se trata de um muro físico), mas até que os árabes aceitassem o fato de que através das armas não conseguiriam nos eliminar. <strong>VJ</strong> INDICA Fogo amigo A. B. Yehoshua Ed. Companhia das Letras Yoel Marcus, do Haaretz, disse: “Netanyahu poderia ter lido a lista telefônica na tribuna do Congresso e receberia a mesma ovação de pé”. Não parece sério argumentar que qualquer pessoa que lesse qualquer coisa fosse ovacionada e aplaudida, muito menos ainda pelos representantes do povo americano. Alberto Mazor sustenta: “Nosso Primeiro-Ministro é um ser tão racional que não lhe cairia mal, às vezes, adotar as ilusões dos iludidos”. Sustento que não somos um povo que vive numa época em que precisemos de um líder que seja sonhador. Mas a democracia é maravilhosa e até permite aos seus adversários tentarem alinhavar ideias para se opor aos sentimentos da maioria do povo, e do grande líder que é Bibi Netanyahu. LIVRO 7 * Gerardo Stuczynski é advogado, foi presidente da Organização Sionista no Uruguai e é atualmente presidente da Confederação Sionista Latino- Americana (Cosla) e também membro da Organização Sionista Mundial. Texto distribuído pelo site Por Israel (www.porisrael.org), parceiro do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. Neste novo livro do autor, a narrativa é pontuada pelo acendimento gradual das velas do candelabro festivo de Chanucá, e acompanha sete dias decisivos na vida de um casal israelense de meia-idade. Yaari, o protagonista, está às voltas com os cuidados exigidos pela doença do pai e as visitas devidas aos filhos e netos, enquanto os uivos lancinantes emitidos pelo poço de elevadores de um edifício ultramoderno recém-construído em Tel Aviv desafiam sua reputação de bem-sucedido engenheiro projetista. Sua esposa Daniela, professora do ensino secundário, aproveita o feriado escolar para viajar até um lugarejo perdido nas savanas da Tanzânia, procurando no silêncio de Yirmiyahu, ex-cunhado decidido a cortar todos os vínculos com Israel, os traços fugidios da presença da irmã morta. Ecoando os guinchos do elevador semiclandestino instalado por seu pai num velho apartamento em Jerusalém, assim como os lamentos das numerosas famílias israelenses dilaceradas pela violência da guerra, os misteriosos ruídos que perturbam a frágil tranquilidade do feriado de Yaari sinalizam a magistral alegorização dos cenários do livro. Nas desoladas paisagens africanas, a ancestralidade arqueológica da espécie humana convive com as sombras do passado da pequena família israelense, perturbada pela morte de um de seus membros pelo “fogo amigo” das forças de ocupação na fronteira da Cisjordânia. Os acontecimentos soterrados na memória de Yaari e Daniela afloram de maneira inusitada, formando uma totalidade apenas resolvida, como numa delicada composição em contraponto, com o esperado reencontro das vozes amorosas do casal.