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ÉTICA E DEONTOLOGIA - OET - Ordem dos Engenheiros Técnicos

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elacionadas com a lealdade profissional, o risco e a responsabilidade social. Com efeito e como já<br />

vimos, a engenharia é uma forma de experimentação social e, como qualquer experiência, comporta<br />

riscos, ou seja, a probabilidade de ocorrer um dano. A primeira obrigação <strong>dos</strong> engenheiros é proteger<br />

o bem estar público. Foi a sociedade que lhes deu oportunidade de educação e as condições para o<br />

exercício da profissão. Em troca, os engenheiros têm a responsabilidade de proteger a segurança e<br />

o bem estar do público no exercício da sua profissão. Como afirmam alguns autores, esta é parte do<br />

contrato social implícito com o público que os engenheiros aceitam quando são admiti<strong>dos</strong> num<br />

colégio de engenharia.<br />

Em face <strong>dos</strong> riscos, os engenheiros devem estar prepara<strong>dos</strong> para tomar decisões informadas. Uma<br />

decisão de um engenheiro pode afetar inúmeras vidas. Por isso, é importante lembrar que a primeira<br />

obrigação do engenheiro é para com a segurança das pessoas. O que se torna difícil quando os<br />

engenheiros não são profissionais autónomos, trabalham em ambientes nos quais são determinantes<br />

no processo de decisão fatores como os orçamentos e os prazos de resposta aperta<strong>dos</strong>. O<br />

engenheiro deve definir, avaliar e gerir o risco à luz de obrigações para com o público, o empregador<br />

e a sua profissão. Nestas circunstâncias, o engenheiro deve ser, em primeiro lugar, um profissional<br />

da engenharia. Deve atender, em primeiro lugar, às exigências éticas e às obrigações para com a<br />

segurança pública. O que lhe pode causar sérias dificuldades.<br />

Por outro lado, a situação de trabalhador por conta de outra pessoa ou entidade, na qual se<br />

encontrarão a maioria <strong>dos</strong> engenheiros, é a mais propícia ao surgimento do conflito entre a lealdade<br />

para com o empregador e a obrigação de serviço e/ou de proteção do público. Para o incumprimento<br />

deste último dever também não serve o argumento segundo o qual o engenheiro é apenas um elo<br />

numa cadeia de decisões e de ações, cujos impatos estão distancia<strong>dos</strong> no espaço e no tempo das<br />

ações concretas que praticou. A aceitação deste alibi significaria, pura e simplesmente, renunciar a<br />

toda e qualquer reflexão moral 5 .<br />

Para responder a esta realidade, as associações profissionais elaboraram códigos que representam<br />

o consenso existente num determinado momento relativamente aos valores profissionais a observar,<br />

traduzi<strong>dos</strong> em normas de conduta a que os respetivos membros devem obedecer.<br />

3. Valores profissionais e códigos de ética e deontologia<br />

As associações profissionais de engenharia (e algumas empresas de vários setores) têm optado por<br />

"formalizar" a ética, desenvolvendo códigos de conduta profissional - códigos de ética e códigos<br />

deontológicos. Os códigos de ética são um conjunto de regras que procuram conferir uma identidade<br />

às profissões, orientando e controlando os comportamentos do grupo a fim de manter a sua coesão e<br />

explicitam a forma como o grupo se compromete a realizar os seus objetivos particulares de acordo<br />

com os princípios universais de ética. Muitas vezes têm valor jurídico: são prescrições de<br />

cumprimento obrigatório para os profissionais, sob pena de aplicação de sanções disciplinares. Têm,<br />

assim, como finalidade principal constituir um guia para os comportamentos individuais no exercício<br />

da profissão, evitando a ocorrência de problemas éticos.<br />

Ao formalizar modelos de comportamento, clarificando os valores subjacentes ao exercício da<br />

profissão, os códigos têm uma importante função sociológica, pois conferem uma identidade aos<br />

membros de uma determinada profissão.<br />

Por outro lado, levam os profissionais a desenvolver uma cultura comum de responsabilidade em<br />

relação à sociedade e servem como fonte da avaliação pública de uma profissão, uma vez que<br />

5 Christelle Didier, Arguments et contre-arguments sur la pertinence de l’engineering ethics, 2002.<br />

Ética e Deontologia – Manual de Formação 24

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