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ÉTICA E DEONTOLOGIA - OET - Ordem dos Engenheiros Técnicos

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aquela que, uma vez formulado o dilema, tomaria sem mais reflexão e quais as razões que o<br />

levariam a decidir dessa forma.<br />

Trata-se de, sobretudo, de obter fatos e regulações, ou seja, de clarificar os objetivos da decisão,<br />

prestar especial atenção às possíveis consequências (positivas ou negativas) da ação sobre as<br />

pessoas, os grupos ou as instituições e de considerar as normas associadas à decisão (leis,<br />

regulamentos, costumes, consciência pessoal, etc.). Esta fase permite não só identificar as<br />

potenciais consequências da ação como também ficar ciente da distância possível entre a ação e as<br />

normas morais, culturais, sociais, jurídicas ou deontológicas aplicáveis. Permite também identificar<br />

alguns valores que serão clarifica<strong>dos</strong> na fase seguinte. Sem um bom conhecimento das<br />

consequências reais (fatos) e das regulações específicas (standards ou parâmetros) aplicáveis ao<br />

projeto, o engenheiro não está preparado para pensar sobre as suas responsabilidades. Como saber<br />

se as necessidades <strong>dos</strong> interessa<strong>dos</strong> estão satisfeitas? É necessário medir o que o engenheiro<br />

alcançou no seu projeto comparado com parâmetros pré-defini<strong>dos</strong>. À medida que trabalha no projeto,<br />

o engenheiro deve reunir informação sobre os standards que aplica, relativos a materiais ou<br />

componentes, riscos e segurança, impactes ambientais, etc. O objetivo é reunir informação<br />

necessária para pensar seriamente sobre as suas responsabilidades.<br />

Vejamos por partes.<br />

a) Identificar os principais aspetos da situação - os objetivos, as pessoas ou grupos envolvi<strong>dos</strong>,<br />

os desafios, as causas, etc. Destes elementos devem emergir os elementos de tensão que<br />

justificam uma dúvida quanto à decisão. O objetivo último do trabalho de um engenheiro é<br />

desenvolver tecnologias para resolver problemas e satisfazer necessidades humanas. Por<br />

isso, e tendo em conta o que antes referimos sobre o impacto das tecnologias e o "risco<br />

tecnológico", o engenheiro deve interrogar-se sobre o que está a procurar obter. Porque está<br />

a desenvolver novos materiais? Porque está a desenvolver novos sistemas electrónicos?<br />

b) Formular o dilema: os elementos identifica<strong>dos</strong> conduzem a diferentes soluções possíveis,<br />

provocando um dilema. Este dilema é de natureza ética se as ações pretendidas têm<br />

consequências positivas e negativas sobre o decisor, sobre outras pessoas ou sobre o<br />

ambiente. Formular o dilema é identificar as diferentes possibilidades de ação: fazer ou não<br />

fazer uma experiência, aceitar ou não aceitar um projeto, etc. É a partir daqui que poderão ser<br />

identifica<strong>dos</strong> os valores em conflito.<br />

c) Explicitar a decisão espontânea, a decisão que parece ser a mais natural: é importante estar<br />

consciente dela para que, nas etapas posteriores, o decisor evite apenas procurar confirmá-Ia<br />

(caindo no dogmatismo); permite também no final ver se o decisor alterou a sua posição<br />

inicial, como e porquê.<br />

d) Identificar todas as partes interessadas (stakeholders): a identificação das partes interessadas<br />

realiza-se através da análise do projeto e do seu impacto. É necessário identificar quem terá<br />

interesse ou será afetado pelo projeto: o empregador, os clientes, o consumidor, outros<br />

engenheiros, os amigos e a família, o público em geral, o ambiente, as gerações futuras, etc.,<br />

to<strong>dos</strong> eles poderão, integrar a lista de partes interessadas. Depois de identificadas, há que<br />

identificar também as possíveis consequências para cada um e a natureza destas (positivas<br />

ou negativas). Uma das dificuldades da decisão reside no facto de alguns indivíduos sofrerem<br />

consequências positivas e outros consequências negativas; a ética procura alcançar uma<br />

decisão em que as consequências negativas sejam minimizadas ou as medidas tomadas<br />

sejam equitativas para to<strong>dos</strong>. Ao identificar quem ganha e perde, o decisor toma consciência<br />

da tensão existente. É preciso ordenar estas partes interessadas pela ordem da importância<br />

do seu posicionamento face ao desenvolvimento e ao impacto do projeto. O objetivo deste<br />

processo de identificação é poder estabelecer, no momento adequado, um diálogo real com<br />

essas pessoas, apresentar-lhes uma argumentação pertinente que se justifique a tomada de<br />

Ética e Deontologia – Manual de Formação 46

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