ÉTICA E DEONTOLOGIA - OET - Ordem dos Engenheiros Técnicos
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<strong>dos</strong> diversos elementos da situação (consequências e normas) inventaria<strong>dos</strong> na etapa<br />
anterior, eliminando os que não se considerem importantes e valorizando os restantes.<br />
b) Identificar as emoções, para contribuir para a clarificação <strong>dos</strong> valores em presença. Podemos<br />
identificar emoções como a indignação, que nos indica claramente que algo é inadmissível,<br />
ou algo mais subtil, como desconforto. Identificar as emoções permite identificar os valores<br />
espontâneos. Esta reflexão pode partir de questões como "O que é que a situação tem de<br />
perturbador? O que ela faz temer?"<br />
c) Identificar o principal conflito de valores: trata-se de identificar, para cada uma das<br />
possibilidades de ação identificadas na fase I, os valores que podem ser aplica<strong>dos</strong> e os que<br />
não podem. Ao escolher entre praticar ou não uma dada ação, há um conflito potencial entre<br />
diferentes valores. Em seguida, há que identificar, entre os valores visa<strong>dos</strong> em cada<br />
possibilidade de ação, aqueles que constituem o principal conflito de valores, ou seja, os<br />
valores que têm maior peso na decisão final.<br />
Algumas associações profissionais optam por oferecer linhas de orientação para ajudar a<br />
hierarquizar valores conflituantes. Por exemplo, a associação <strong>dos</strong> engenheiros alemães (VDI -The<br />
Association of Engineers), estabelece que, em caso de valores conflituantes, os engenheiros devem<br />
dar prioridade:<br />
• aos valores da humanidade sobre as dinâmicas da natureza<br />
• às questões <strong>dos</strong> direitos humanos sobre a implementação e exploração da tecnologia<br />
• ao bem-estar público sobre os interesses priva<strong>dos</strong> e<br />
• à segurança sobre a funcionalidade e lucro das soluções técnicas.<br />
• Todavia, a mesma associação esclarece, desde logo, que estes critérios devem ser olha<strong>dos</strong><br />
como meros indicadores. E que os engenheiros, em vez de os aplicarem de forma dogmática,<br />
devem procurar o diálogo, a fim de encontrar um equilíbrio e consenso sobre os valores em<br />
conflito.<br />
3.3. Procurar a solução razoável (Fase III)<br />
As fases 1 e 2 permitiram estabelecer qual o conflito de valores subjacente ao dilema ético. Nesta<br />
terceira fase, pretende-se resolver o dilema de forma razoável, através da justificação da escolha de<br />
um dado valor, considerado prioritário. A capacidade de justificar, com motivos claros e razoáveis, as<br />
suas decisões é fundamental para a responsabilização do indivíduo. Mesmo as pessoas que não<br />
concordem com a decisão, devem reconhecer que esta se funda em motivos razoáveis. Na nossa<br />
vida pessoal, utilizamos o raciocínio moral para tomar decisões, à luz do que consideramos ser certo<br />
ou errado. O mesmo processo pode ser utilizado para resolver dilemas éticos na engenharia. Mas<br />
existe uma importante diferença: os engenheiros não são livres para adoptar quaisquer parâmetros<br />
para avaliar as suas decisões. Enquanto profissionais, os engenheiros têm a obrigação de seguir não<br />
só o seu sentido de certo e errado, mas também de viver segundo os parâmetros para a ação<br />
correcta estabeleci<strong>dos</strong> pelos seus pares.<br />
Em consequência, enquanto engenheiro, precisará de dois conjuntos de ferramentas para lidar com<br />
a profissão e com os dilemas que aí surgem. Em primeiro lugar, precisam de compreender as<br />
regras, os parâmetros que os engenheiros utilizam para julgar o que são comportamentos certos e<br />
erra<strong>dos</strong> na prática da engenharia, verti<strong>dos</strong> nos chama<strong>dos</strong> códigos de ética ou códigos<br />
deontológicos. Em segundo lugar, precisa de algumas capacidades básicas de raciocínio moral.<br />
Desta forma, para procurar soluções para as várias opções que se lhe apresentam para resolver os<br />
dilemas, o engenheiro deverá:<br />
1) observar o que está previsto nas leis, as regras organizacionais e os códigos profissionais<br />
Ética e Deontologia – Manual de Formação 48