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ÉTICA E DEONTOLOGIA - OET - Ordem dos Engenheiros Técnicos

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1. Problemas Éticos<br />

Capítulo III<br />

DECISÃO <strong>ÉTICA</strong><br />

Os engenheiros encontram inúmeros problemas éticos na sua atividade. Sobretudo a partir do<br />

momento em que deixaram de exercer funções puramente técnicas para passar a desempenhar<br />

igualmente funções de gestão, no âmbito das quais devem ter em conta aspetos de caráter<br />

financeiro, económico e social nas suas decisões. Ora, o exercício dessas funções e essas novas<br />

preocupações agravaram exponencialmente os problemas éticos, o que já levou alguns engenheiros<br />

a "inventar" razões que alegadamente justificam o atropelamento <strong>dos</strong> princípios éticos da engenharia<br />

para salvar boas decisões de negócio.<br />

Um problema ético diz respeito à aplicação de um ou mais princípios éticos.<br />

A propósito <strong>dos</strong> problemas éticos, devemos fazer, desde já, uma chamada de atenção. É necessário<br />

não confundir problemas éticos com outro tipo de situações que são igualmente problemáticas de<br />

resolver mas que não colocam necessariamente questões de ordem ética. Um desses problemas é a<br />

discordância sobre questões de facto, que são verdadeiras ou falsas e que podem ser confirmadas<br />

através da observação empírica. Podem surgir diluídas num dilema ético, por isso é absolutamente<br />

necessário garantir que as questões de facto estão clarificadas. Por exemplo, clarificar se o produto x<br />

produz acidentes. Um outro tipo de problema é a discordância sobre questões conceptuais, ou seja,<br />

sobre o significado de determina<strong>dos</strong> termos. Estas questões podem ser muito importantes nos<br />

dilemas éticos. Um bom exemplo é a discussão sobre se o feto deve ser considerado uma pessoa.<br />

Ou saber se o pagamento de uma determinada quantia pode ser considerado suborno. Mas é<br />

necessário termos presente que, embora estas questões possam ter importância num dilema ético,<br />

não constituem, elas próprias, o cerne da questão ética: esta só se coloca quando somos<br />

confronta<strong>dos</strong> com a necessidade de saber se um dado comportamento é certo ou errado. Por<br />

exemplo, se um engenheiro considerar errado matar civis nos conflitos arma<strong>dos</strong>, pode decidir não<br />

aceitar um contrato relacionado com o desenvolvimento de armamento. Em suma, para discutir<br />

questões de facto, utilizam-se considerações empíricas; para discutir questões conceptuais, utilizamse<br />

argumentos sobre a preferência de uma dada definição em relação a outra; para discutir questões<br />

morais, utilizam-se princípios morais, que estão organiza<strong>dos</strong> nas teorias que já abordámos no<br />

Capítulo II deste Manual.<br />

Os problemas éticos podem ser de dois tipos: problemas de aplicabilidade ou problemas de conflito.<br />

Num problema de aplicabilidade, não se sabe se um determinado princípio ético é ou não aplicável.<br />

Da resolução do problema conceptual (por exemplo, definição de "informação confidencial", definição<br />

de "suborno", definição de "roubo") depende a aplicação (ou não) de um princípio ético (não divulgar<br />

informação confidencial, não subornar para conseguir trabalho, não utilizar informação da empresa<br />

para proveito próprio ou de terceiros).<br />

Uma forma simples e habitualmente eficaz de resolver problemas de aplicabilidade é comparar o<br />

problema com problemas semelhantes que já tenham ocorrido. Procuram-se as semelhanças e as<br />

diferenças, para chegar à aplicação (ou não) do princípio que está em dúvida.<br />

Num problema de conflito, é-se confrontado com dois ou mais princípios que parecem ser aplicáveis<br />

Ética e Deontologia – Manual de Formação 42

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