ÉTICA E DEONTOLOGIA - OET - Ordem dos Engenheiros Técnicos
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a uma dada situação mas cada princípio pressupõe uma linha de ação diferente e incompatível. São<br />
os dilemas éticos.<br />
Por exemplo: o que fazer quando se está dividido entre permanecer numa empresa na qual se<br />
trabalhou durante anos e a possibilidade de mudar para uma outra empresa onde se pode participar<br />
no desenvolvimento de novos produtos? Há aqui um conflito entre a lealdade ao empregador e a<br />
obrigação de contribuir para o progresso da engenharia. O mesmo acontece quando se hesita entre<br />
a lealdade ao empregador e a denúncia de um produto defeituoso que ele fabrica -ambas as<br />
obrigações estão normalmente previstas nos códigos deontológicos.<br />
Vejamos algumas questões, a propósito do que temos vindo a referir:<br />
• O que deve o engenheiro fazer quando o empregador, pressionado pelo cumprimento de<br />
prazos, quer construir uma estrada que viola as regras de segurança?<br />
• E como qualificar a atitude de um engenheiro que desenvolveu um programa de computador<br />
para o seu empregador e depois patenteou uma versão melhorada em seu nome pessoal?<br />
Estará a violar a regra ética (e jurídica) que afirma que não se deve roubar?<br />
• E quando o engenheiro percebe que a introdução de um novo componente num produto pode<br />
torná-lo mais barato, mas não permite que este seja reciclável,o que deverá fazer? Qual será<br />
mais importante, a obrigação para com o empregador, o consumidor ou o ambiente?<br />
• E qual deverá ser a sua atitude perante um novo software que pode facilitar a monitorização<br />
da produtividade, mas pode também invadir a privacidade <strong>dos</strong> trabalhadores? Qual o<br />
interesse que o engenheiro deve considerar em primeiro lugar, o da empresa ou o <strong>dos</strong><br />
trabalhadores?<br />
• E se o engenheiro aceitar uma oferta de um fornecedor com um valor elevado? Estará a<br />
aceitar um suborno?<br />
• E quando o engenheiro aceita um trabalho adjudicado por uma entidade pública administrada<br />
por alguém que é seu amigo pessoal? Estará a violar algum princípio ético?<br />
• E será eticamente correto o engenheiro apresentar como inteiramente seu um trabalho que<br />
realizou em colaboração com outros colegas? E se alterar um projeto iniciado por um colega<br />
sem lhe pedir autorização?<br />
• Os conflitos difíceis de resolver não são entre o bem e o mal mas entre dois "bens"<br />
aparentemente com a mesma força e que não podem ser integralmente realiza<strong>dos</strong>. Qual será<br />
a forma de lidar com estes assuntos? Ter-se-á que prescindir totalmente de um deles? Ou<br />
será possível realizar um bocadinho de cada um?<br />
Os autores têm apontado diversas formas de resolver estes conflitos e cabe a cada um escolher a<br />
que considere mais adequada.<br />
A melhor maneira de resolver dilemas éticos é evitá-los. Mas caso o dilema se apresente, o<br />
engenheiro deve estar preparado para, em primeiro lugar, tomar consciência dele e, em segundo<br />
lugar, saber resolvê-lo.<br />
2. Necessidade de um raciocínio ético<br />
Há vários factores que podem contribuir para que as pessoas adoptem comportamentos pouco<br />
éticos. Ao nível da empresa, um estudo realizado por Posner e Schmidt, cita<strong>dos</strong> por Mercier 11 ,<br />
identificou seis factores principais que estão na origem de comportamentos não éticos:<br />
11 Samuel Mercier, A ética nas empresas, 2003.<br />
Ética e Deontologia – Manual de Formação 43