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As jóias da coroa - Biblioteca Digital da PUC-Campinas

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— Isto é um caso possível, mas não é provável... Quando o<br />

duque está fora... a quinta é pouco freqüenta<strong>da</strong>... Os que lá moram,<br />

recolhem-se todos e abandonam o parque... não é provável... E se não<br />

houver testemunhas, se não se encontrarem vestígios dos objetos<br />

subtraídos, o que se há de fazer?<br />

— É fato...<br />

— Demais, eu estou convencido de que, se, apesar de to<strong>da</strong>s as<br />

minhas precauções, a coisa transparecer, terei por mim o duque, que<br />

não quer perder-me e aprecia-me... A tal duquesa vota-me um ódio de<br />

morte... Talvez se lembre de acusar-me, mas é uma velhinha que não<br />

tem voz ativa na casa... Tem-me ódio, por ter ciúmes do marido.<br />

O guar<strong>da</strong>-livros aplaudiu com a sua risadinha habitual e<br />

observou:<br />

— Na ver<strong>da</strong>de, se o senhor conta com a proteção infalível <strong>da</strong> sua<br />

própria vítima, eu sou o primeiro a responder pelos resultados <strong>da</strong><br />

empresa...<br />

— Deixe a coisa an<strong>da</strong>r..<br />

— Até desejo muito a sua felici<strong>da</strong>de, porque não sei se se lembra<br />

de umas <strong>jóias</strong> que nos levou <strong>da</strong>qui, há dias, para uma nova menina que<br />

an<strong>da</strong>va em vésperas...<br />

— Lembro-me. Ain<strong>da</strong> não as paguei, mas pago. Aí está... Do<br />

dinheiro que o senhor me der, eu desconto...<br />

— É exatamente o que queremos... é o que nos convém...<br />

— Deixe a coisa an<strong>da</strong>r... — brejeirou Pavia.<br />

— E há de an<strong>da</strong>r como um patim, estou certo...<br />

— Mande, pois, uma pessoa de confiança, ou vá pessoalmente,<br />

na noite de 13 para 14, esperar pelo resultado <strong>da</strong> minha campanha e<br />

pelas <strong>jóias</strong>...<br />

— Hei de ir eu mesmo...<br />

— Acho melhor assim... Não devemos envolver muita gente...<br />

nem todos são discretos, e... não há também... tanta riqueza que<br />

chegue para muitos... na<strong>da</strong>!... Se fosse possível irmos só, os dois...<br />

dispensando auxílio de criados...<br />

— Se são imprescindíveis...<br />

— ... não há remédio... — concluiu Pavia, estremecendo o<br />

queixo, segundo o seu frenético costume.<br />

Na loja, ressoavam ain<strong>da</strong> as exclamações dos conversadores.<br />

— Estamos convencionados — disse Aleixo, como para encerrar<br />

os tratos. — Depois d’amanhã vou postar-me onde... Ain<strong>da</strong> não me<br />

disse o lugar, creio...<br />

— É ver<strong>da</strong>de... É preciso determinar um ponto.<br />

— Mas, qualquer...<br />

— No matadouro...<br />

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