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As jóias da coroa - Biblioteca Digital da PUC-Campinas

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— A sra. duquesa, tendo o levado, necessariamente mandou-o<br />

entre as <strong>jóias</strong> que vieram ontem.<br />

— Entre as <strong>jóias</strong> rouba<strong>da</strong>s!... — bradou o marquês,<br />

dolorosamente.<br />

Os criados continuavam enchendo a sala, como que esperando<br />

ordens.<br />

O marquês, como se notasse repentinamente a presença deles,<br />

voltou-se ex-abrupto e gritou:<br />

— O que querem vocês aqui?<br />

Os criados, movidos por uma só mola, baixaram um<br />

cumprimento e, com a sua serie<strong>da</strong>de obediente e servil, afastaram-se<br />

de costas alguns passos, saindo depois todos por um dos lados <strong>da</strong> sala.<br />

O particular do duque, que estivera inertemente encostado a<br />

uma janela, fugiu para o seu aposento.<br />

O marquês ficou só com o mordomo, que já completara o<br />

vestuário, deixando o robe de chambre.<br />

O fi<strong>da</strong>lgo teve, então, um acesso de furor. Começou a trocar<br />

largas passa<strong>da</strong>s pelo soalho como um an<strong>da</strong>rilho mecânico a que se<br />

tivesse <strong>da</strong>do cor<strong>da</strong>.<br />

— Roubado! — repetia. — Roubado!<br />

Quando passou-lhe o acesso de raiva ambulante, o marquês<br />

assumiu um ar de desconsolação:<br />

— Uma jóia de tal preço!... É possível?!<br />

Depois de ter respeitado por algum tempo o desespero do<br />

marquês, o mordomo perguntou receosamente:<br />

— Que acha V. Exa., que eu devo fazer?<br />

O marquês não deu resposta imediatamente. Esteve abstrato<br />

alguns segundos e depois perguntou:<br />

— O que está dizendo?<br />

— V. Exa. ordena que se chame a polícia?<br />

— Ah! Pois ain<strong>da</strong> não chamou?<br />

— Queria antes aconselhar-me...<br />

— Ora, aconselhar-se!...<br />

— Vou man<strong>da</strong>r chamar o chefe de polícia...<br />

— Mande!... Mande!... Mande!...<br />

O mordomo retirou-se. O marquês foi até uma <strong>da</strong>s janelas <strong>da</strong><br />

sala.<br />

O sol acabava de levantar-se e trespassava o arvoredo do parque<br />

com largas lâminas de luz vermelha. Na espaçosa sombra que projetava<br />

o palácio, estava muita gente olhando para cima, na direção <strong>da</strong> cor<strong>da</strong><br />

pendura<strong>da</strong> ao gancho <strong>da</strong> janela.<br />

O marquês olhou na mesma direção e descobriu a cor<strong>da</strong>.<br />

— Ah! — disse consigo. — Por ali subiram os miseráveis!<br />

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