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As jóias da coroa - Biblioteca Digital da PUC-Campinas

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— Como não há criminoso apontado por sérias aparências,<br />

vejamos os primeiros responsáveis... mas... antes disso... o sr. duque<br />

de Bragantina partiu para Anatópolis?...<br />

— Não, senhor, — respondeu o mordomo.<br />

— Não partiu? — perguntou admirado o marquês.<br />

— Não, senhor... O sr. duque resolveu adiar a viagem...<br />

— Então já lhe comunicaram?... — perguntou o chefe de polícia.<br />

—O sr. duque está em casa do sr. marquês de *** e como deve<br />

chegar <strong>da</strong>qui a uma ou duas horas pareceu-me bom não incomodá-lo<br />

com...<br />

— Seria, na ver<strong>da</strong>de, inútil... — concordou o chefe.<br />

— Mas, antes <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> do sr. duque, devemos... — começou o<br />

mordomo.<br />

— Sim, devemos quais são os primeiros culpados de se haver<br />

<strong>da</strong>do o roubo — concluiu pausa<strong>da</strong>mente o chefe de polícia.<br />

O mordomo ofereceu cadeiras ao marquês e ao sr. Louro<br />

Trigueiro e conservou-se respeitosamente de pé.<br />

O marquês sentou-se e cravou os cotovelos nos joelhos,<br />

apertando a cabeça entre as mãos. Nesta posição conservou-se imóvel.<br />

O chefe de polícia, depois de refletir alguns momentos, olhou<br />

para o mordomo, e, com uma toa<strong>da</strong> de inquisidor, perguntou:<br />

— Quem é o encarregado de guar<strong>da</strong>r as <strong>jóias</strong> do sr. duque?<br />

— É o seu particular...<br />

— Onde são guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s as <strong>jóias</strong>?<br />

— <strong>As</strong> <strong>jóias</strong> <strong>da</strong> <strong>coroa</strong> guar<strong>da</strong>m-se numa burra. Quando, porém, o<br />

particular não vai guardá-las, à burra, são deposita<strong>da</strong>s provisoriamente<br />

naquele armário, que é lugar seguro; porque, a não ser em caso<br />

extraordinário, só pessoas de confiança têm estra<strong>da</strong> nesta sala...<br />

— Que pessoas de confiança?...<br />

— O particular, o criado Inácio ou o Joaquim que varrem e<br />

espanam o palácio...<br />

— São estes criados os encarregados do fechamento <strong>da</strong>s<br />

janelas... não é assim?<br />

— Sim, senhor.<br />

— Bem... Agora, diga-me: quem foi que guardou no armário,<br />

ontem à noite, as <strong>jóias</strong> do sr. duque?...<br />

— Foi um criado de muita confiança a quem, por estar com o<br />

amo em casa do sr. marquês de ***, o sr. duque entregou as <strong>jóias</strong> e<br />

mandou...<br />

— Este criado entregou as <strong>jóias</strong> ao particular?<br />

— Não, senhor. O particular tinha saído do palácio, o criado<br />

entrou e depositou, segundo o costume, as <strong>jóias</strong> no armário...<br />

O mordomo não sabia se era exato aquilo que estava dizendo,<br />

mas, como não queria manifestar descuido de suas obrigações,<br />

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