15.04.2013 Views

As jóias da coroa - Biblioteca Digital da PUC-Campinas

As jóias da coroa - Biblioteca Digital da PUC-Campinas

As jóias da coroa - Biblioteca Digital da PUC-Campinas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

em Santo Cristo antes do meio-dia. À vista disso, julgara inútil<br />

incomo<strong>da</strong>r o amo com a notícia.<br />

O mordomo aprovou a iniciativa do criado, principalmente porque<br />

se achava em Santo Cristo o marquês d’Etu e substituiria perfeitamente<br />

o duque, para resolver conforme o caso exigia.<br />

O portador que fora ter com o sr. d’Etu não pudera informá-lo,<br />

por não saber <strong>da</strong>s <strong>jóias</strong> que faltavam. Um terrível pressentimento,<br />

porém, avisou ao príncipe dos cortiços de que ele também fora vítima<br />

dos ladrões.<br />

Mandou aprontar, com a maior brevi<strong>da</strong>de, o carro, meteu-se<br />

nele, mal disfarçando a meia toillette de manhã, e foi chegar à quinta de<br />

Santo Cristo ao mesmo tempo que o portador que o visitara.<br />

A entra<strong>da</strong> do marquês no palácio do pai foi como a de uma bala<br />

na torre de um couraçado.<br />

Sem encontrar degraus nem dificul<strong>da</strong>des, o marquês chegou à<br />

sala do armário como que de um salto. Os que aí estavam, assustaramse<br />

com a sua entra<strong>da</strong>. Passou-lhes repentinamente pelo cérebro a idéia<br />

de um assalto no palácio.<br />

Não era, felizmente, coisa tão medonha.<br />

Quando, depois de um estrondo, o reposteiro <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> ergueuse<br />

bruscamente, não foi uma hor<strong>da</strong> vandálica que invadiu o salão, foi<br />

simplesmente o filho do duque de Bragantina.<br />

— Roubaram-me alguma jóia? — exclamou ele, caindo sobre o<br />

mordomo como uma onça.<br />

— Sim, sr. marquês — respondeu o mordomo, com a voz tími<strong>da</strong><br />

e recuando instintivamente.<br />

— Que foi?... — rugiu o marquês. — O que me roubaram?<br />

— Um anel de brilhantes!<br />

— Um anel de brilhantes! — explodiu o fi<strong>da</strong>lgo.<br />

— Sr. marquês!... — ponderou o mordomo. — É cedo talvez para<br />

V. Exa. incomo<strong>da</strong>r-se.<br />

— Por quê?... Por quê?... — interrogou furioso o sr. d’Etu.<br />

— Porque eu falo unicamente por suposições.<br />

— Então como tem a ousadia?!...<br />

— Perdão... mas, suposições bem fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s...<br />

— Explique-se! Não me enfureça!<br />

— Perdoe-me, vossa excelência, se o desgosto...<br />

— Diga-me por que são fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s...<br />

— São fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s... porque os srs. duques, quando vão a alguma<br />

festa, tencionando depois seguir para Anatópolis, sem retornar aqui ao<br />

palácio, man<strong>da</strong>m, para guar<strong>da</strong>rmos, as melhores <strong>jóias</strong>.<br />

— E o meu anel?<br />

— O anel de vossa excelência é <strong>da</strong>s melhores <strong>jóias</strong>...<br />

— E o que tem isso?...<br />

39

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!