a gestão escolar democrática - Faculdade de Educação - UFRJ
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processo <strong>de</strong> municipalização do ensino fundamental; fenômeno este primordialmente <strong>de</strong><br />
“transferência das matrículas estaduais para as prefeituras” (DAVIES, 2001, p. 27) e não<br />
<strong>de</strong> criação <strong>de</strong> mais vagas para aten<strong>de</strong>r a população. Os municípios se responsabilizaram<br />
pelas matrículas dos estados, incentivados que foram em angariar o repasse automático <strong>de</strong><br />
verbas do Fundo. Para se ter uma idéia, as re<strong>de</strong>s estaduais teriam, como um todo, perdido,<br />
para as re<strong>de</strong>s municipais, cerca <strong>de</strong> 1,5 milhão <strong>de</strong> matrículas no ensino fundamental, <strong>de</strong><br />
1997 para 1999 (I<strong>de</strong>m, 2001, p. 27). O Estado <strong>de</strong> São Paulo, por exemplo, em 1995, tinha<br />
72 municípios com ensino fundamental, o equivalente a 11,3% das matrículas públicas; já<br />
em 2003, pulou para 550 municípios, 39,3% do alunado público (SICCA, 2005, p. 2).<br />
Gomes (2008) nos informa que nos dispositivos legais que regulamentaram o<br />
FUNDEF não aparece, em momento algum, um incentivo à municipalização do ensino<br />
fundamental; mas, aponta que ela, mesmo <strong>de</strong> maneira indireta, era esperada e incentivada<br />
pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral. Para tanto, cita como evidência a <strong>de</strong>claração do então Ministro da<br />
<strong>Educação</strong>, Paulo Renato 21 , no ano <strong>de</strong> 1999, que – ao explicar porque não compensaria<br />
com verba fe<strong>de</strong>ral os municípios que per<strong>de</strong>ram com o Fundo – diz: “não compensamos os<br />
municípios [...] porque queremos municipalizar a educação, não estadualizar” (In<br />
GOMES, 2008, p. 58).<br />
A municipalização era vista como um processo positivo por vários membros da<br />
própria Câmara Nacional que apreciaram o Projeto <strong>de</strong> Emenda Constitucional criador do<br />
Fundo. Segue discurso do Deputado Fe<strong>de</strong>ral Osvaldo Bionchi (PTB/RS) na discussão, em<br />
2º turno do plenário, sobre o FUNDEF:<br />
[...] esta PEC, além <strong>de</strong> tudo isto, quase que obriga a se municipalizar o<br />
ensino, e a municipalização do ensino fundamental é <strong>de</strong> extrema<br />
importância para o país [...]. Por isso senhores <strong>de</strong>putados, é importante o<br />
incentivo a municipalização do ensino, que é uma das conseqüências <strong>de</strong>ssa<br />
PEC. Muito inteligente foi o Sr. Ministro da <strong>Educação</strong>, Paulo Renato <strong>de</strong><br />
Souza, ao obrigar o incentivo à municipalização do ensino. (GOMES,<br />
2008, p.58)<br />
Gomes (2008) reflete também que esse incentivo à municipalização do ensino<br />
fundamental se inscrevia em uma conjuntura maior <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> tornar o Estado “mais<br />
21 Paulo Renato <strong>de</strong> Souza foi ministro da <strong>Educação</strong>, no Governo Fernando Henrique (PSDB), <strong>de</strong> 1995 a<br />
2002.<br />
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