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DEUS - Charles Guimarães Filho

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FORTUNA: A burguesia chegou ao poder desfraldando a<br />

bandeira ideológica do direito natural, isto é, da ordem justa<br />

acima das leis. Instaurando-se no poder, passou a defender o<br />

direito positivo, não admitindo a existência de Direito senão em<br />

suas leis.<br />

JOSEFINA: Assim vamos voltar aos povos antigos onde a idéia<br />

de justiça está associada à de uma construção harmônica da<br />

Natureza presidida por uma divindade suprema. Ora! Direito é<br />

apenas o que é imposto pela autoridade. O Rei Luiz XIV estava<br />

certo ao afirmar “O Estado sou eu.” Napoleão, meu marido, diria<br />

“Josefina é o Estado”.<br />

FORTUNA: Assim vamos voltar a Antigüidade onde o mal deve<br />

ser retribuído com o mal, a chamada lei de talião que se encontra<br />

no Velho Testamento: olho por olho, dente por dente. (pausa):<br />

No entanto, no decorrer do tempo se teve várias justiças, como a<br />

justiça romana com seu princípio jurídico “dar a cada um o que é<br />

seu”, o que queria dizer “ao escravo se dava a escravidão”, bem<br />

como a justiça cristã antiga com a regra “a cada um segundo o<br />

seu trabalho”, resultante da sentença de São Paulo.<br />

JOSEFINA (debochando): Então, vamos acreditar que justiça é<br />

dar a pena uma função reparadora, uma possibilidade de<br />

integração à sociedade. Ora! Os crimes com requintes de<br />

perversidades não tem causas sociais, eles só são explicados por<br />

motivações psíquico-individual de seus agentes. Aliás, por que<br />

não dá a sugestão de se criar uma Associação contra o Mal, de<br />

modo que até honesto covarde como você possa participar.<br />

ZECA (pensando): O Direito até pouco não contemplava a<br />

igualdade, nem liberdade e nem fraternidade. O povo era apenas<br />

um serviçal sem uso da palavra e sem direitos humanos<br />

respeitados. Ao existirem as regras prescritas por autoridades se<br />

evitou precariamente a violência. Porém elas são constantemente<br />

transgredidas pelos materialistas, egoístas e ingratos. No entanto,<br />

o problema de violação não envolve apenas as pessoas das classes<br />

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