DEUS - Charles Guimarães Filho

escuta não um Baroom! Baruuum!, mas um Ka-Boom! Ta-Bum!,
não a fala do iraniano, mas sim um barulho de uma explosão de
bomba. Tudo sobe desde a pomba branca e a bandeira clara,
inclusive a poeira que escurece e encoberta, todavia, a menos,
exceto a ira dos dois atracados que abaixa.
FORTUNA (temerosos): Como falar em paz depois dessa
violência, dessa guerra? Diz aí ô do araque, isto é, do Iraque.
KA-BOOM! TA-BUM!: Existem, pelo menos, sete tipos: paz
eterna, aquela que é usada como legenda na ilustração de um
túmulo; paz pela lei; paz pela força; paz do terror como essa dos
artefatos bélicos que acabamos de vivenciar; paz social, como a
convivência harmoniosa com as diferenças em uma comunidade;
paz religiosa que não está relacionado ao cessar a guerra, mas,
sim em uma reconciliação do homem com Deus; paz pessoal que
é um estado de espírito isento de ira, desconfiança e de um modo
geral todos os sentimentos negativos, com a saudação “Assalamu
Alaikom”
FORTUNA: Nossa! Como aquele estouro fez bem ao araquiano,
se expressou que foi uma maravilha, só na saudação que eu não
entendi nada.
ZECA (pensando): Wa Alaikumus Salam, ou seja, “Que a paz
esteja contigo também”. No entanto, gostaria de acrescentar
algumas coisas na fala dele, como algumas pessoas registram
conflito também como falta, por exemplo: falta de entendimento
e outras carências de paz, como luta física e verbal presentes em
uma guerra, um crime, numa discussão injuriosa ou ameaçadora.
Outras vêem conflitos, em termos psicológicos, como choque da
oposição vivida pelo indivíduo entre seus impulsos e as
proibições sociais. No íntimo de todo ser humano, há uma luta
constante entre o bem e o mal, onde a paz duradoura só poderá
ser conseguida pela renovação do pensamento.
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