Monografia - Faculdade de Comunicação da UFBA - Universidade ...
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quesito parciali<strong>da</strong><strong>de</strong> e se coloca “a favor do Brasil”. Por seus posicionamentos<br />
claros, as duas se <strong>de</strong>stacam na cobertura <strong>de</strong> fatos e escân<strong>da</strong>los <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> política<br />
brasileira 7 .<br />
Assim, ao se pensar a produção <strong>da</strong> reportagem investigativa no período<br />
do mensalão, e todo o contexto <strong>de</strong> interesses, é necessário enten<strong>de</strong>r as<br />
características <strong>de</strong> Veja e Carta Capital e, antes disso, enten<strong>de</strong>r quem é o fun<strong>da</strong>dor<br />
<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> revista.<br />
1.1. Carta Capital<br />
Mino Carta era filho <strong>de</strong> Gianinno Carta, que na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 40 começou a<br />
trabalhar no jornal O Estado <strong>de</strong> Sâo Paulo. CONTI (p.366-68), <strong>de</strong>screve Carta como<br />
“diferente do jornalista brasileiro típico. Tinha apuro estético, vestia-se com<br />
elegância, falava com clareza e humor. Seu controle <strong>da</strong> re<strong>da</strong>ção era absoluto. Os<br />
jornalistas <strong>de</strong> quem ficava amigo confiavam nele cegamente. Era o mais velho e o<br />
mais culto.” Carta, atualmente, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> esses seus editoriais semanais, que o<br />
posicionamento político dos veículos <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>clarado e público.<br />
Segundo ele, o pior que se faz para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira é posar <strong>de</strong> isento quando<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> interesses privados.<br />
Mino Carta conheceu Lula em janeiro <strong>de</strong> 1978 em São Bernardo, quando<br />
o primeiro era diretor <strong>de</strong> re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> revista Istoé e o segundo era presi<strong>de</strong>nte do<br />
Sindicato dos Metalúrgicos <strong>de</strong> São Bernardo e Dia<strong>de</strong>ma. Ele <strong>de</strong>screve (2005, p.16)<br />
que “ao encontrar Lula, percebi a personali<strong>da</strong><strong>de</strong> marcante. Pouco importante se<br />
cometia erros <strong>de</strong> sintaxe. Muito elevados, assim me pareceu, o QI, a rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong><br />
reflexos, o carisma”.<br />
Na “Carta ao povo brasileiro”, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002, o então<br />
candi<strong>da</strong>to Lula “tranqüiliza” o - muitas vezes personificado como alguém tenso,<br />
nervoso, atento – mercado financeiro e anuncia que, se eleito, manterá o equilíbrio<br />
fiscal, controle <strong>da</strong> inflação e <strong>da</strong>s contas públicas, manutenção do superávit primário.<br />
7 O posicionamento político dos jornais remete aos tempos <strong>da</strong>s lutas pela Abolição <strong>da</strong> Escravatura e<br />
<strong>da</strong> Proclamação <strong>da</strong> República, quando a veiculação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ais era a essência <strong>da</strong> publicação. SODRÉ<br />
(1966, p.380) lembra que, no início do século XX, auge <strong>da</strong> República Velha, “a linguagem <strong>da</strong><br />
imprensa política era violentíssima”. Os jornais eram como espelhos <strong>da</strong>s visões políticas “pequeno<br />
burguesas” dos proprietários. Eles <strong>de</strong>fendiam o regime, mas atacavam as pessoas públicas. Se<br />
houvesse a substituição <strong>de</strong>las, o regime político estaria a salvo. Por isso, os ataques se tornavam<br />
pessoais com fins políticos.<br />
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