Monografia - Faculdade de Comunicação da UFBA - Universidade ...
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ética parece insensata. É neste espaço que se <strong>de</strong>staca o Jornalismo Investigativo<br />
enquanto prática.<br />
2.1.1.1 Jornalismo Político-Investigativo<br />
Ao estabelecer que “falar em jornalismo é falar em vigilância do po<strong>de</strong>r e,<br />
ao mesmo tempo, prestação <strong>de</strong> informações relevantes para o público, segundo os<br />
direitos e as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do público 34 ” (p.18), o jornalismo impresso tem,<br />
diferentemente dos outros segmentos do jornalismo, por diversas questões (espaço,<br />
diagramação, tradição, tempo, preservação do publicado etc.), a mais favorável<br />
possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer o que há <strong>de</strong> mais essencial no papel do jornalista e somar a<br />
isso a consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> ética e as conseqüências financeiras cita<strong>da</strong>s anteriormente.<br />
A esse exercício se dá o nome <strong>de</strong> jornalismo investigativo.<br />
Alguns autores acham essa <strong>de</strong>finição redun<strong>da</strong>nte, perniciosa, elitista, mas<br />
ela se faz essencial porque aten<strong>de</strong> à uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>: diferenciar as práticas do<br />
jornalismo investigativo <strong>da</strong>quelas empreendi<strong>da</strong>s pela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> diária basea<strong>da</strong> no<br />
factual.<br />
Noblat 35 (p. 80) acredita que sem investigação não há jornalismo e que<br />
todo jornalismo pressupõe uma investigação. Entretanto, essa perspectiva se abre<br />
para outra reflexão: afinal, o que se publica a partir <strong>de</strong> um material produzido por<br />
uma fonte que não partilha dos mesmos valores <strong>de</strong>ontológicos 36 do jornalista po<strong>de</strong><br />
ser consi<strong>de</strong>rado notícia? A busca por essas respostas não cabem a esta pesquisa,<br />
mas a provocação é fun<strong>da</strong>mental para o início <strong>da</strong> construção do conceito <strong>de</strong><br />
jornalismo investigativo com a diferenciação que Lobato (p.8) realiza ao tratar <strong>da</strong><br />
investigação jornalística a partir <strong>de</strong> sua<br />
visão pragmática <strong>de</strong> repórter, o que diferencia a apuração rotineira <strong>da</strong><br />
investigação jornalística é o fato <strong>de</strong> que a segun<strong>da</strong> pressupõe, <strong>de</strong> além <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> apuração, o furo <strong>de</strong> reportagem e a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> fatos<br />
<strong>de</strong> interesse público que estavam ocultos. Não há nessa diferenciação<br />
nenhum juízo <strong>de</strong> valor quanto à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do trabalho jornalístico. Existem<br />
reportagens com apurações brilhantes que não são investigativas. [...] O<br />
que o distingue é a obsessão em <strong>de</strong>scobrir o que os outros não estão<br />
34 ALCÂNTARA, N. A imprensa na berlin<strong>da</strong>, São Paulo: Celebris, 2005, p. 183. Depoimento <strong>de</strong><br />
Fernando Mitre sobre a diferenciação entre o “interesse público” e o “mero interesse popular”.<br />
35 NOBLAT, Ricardo. A arte <strong>de</strong> fazer um jornal diário. Contexto, 2005.<br />
36 LOBATO, Elvira. Instinto <strong>de</strong> Repórter. São Paulo, Publifolha, 2005.<br />
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