Monografia - Faculdade de Comunicação da UFBA - Universidade ...
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an<strong>da</strong> ameaçando fazer revelações capazes <strong>de</strong> <strong>da</strong>r nova dimensão à crise –<br />
e, além do PT, está <strong>de</strong>ixando o PMDB <strong>de</strong> cabelo em pé. (VEJA, edição<br />
1946, 08 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2006)<br />
Na capa, uma tentativa explícita <strong>de</strong> fazer com que o tema volte ao<br />
agen<strong>da</strong>mento: a foto <strong>de</strong> Marcos Valério <strong>de</strong> olhos arregalados em primeiro plano<br />
contrasta com a sombria figura do apresentador <strong>de</strong> TV Carlos Massa, o Ratinho,<br />
que, <strong>de</strong> acordo com a publicação, teria recebido dinheiro do PT para falar bem do<br />
presi<strong>de</strong>nte Lula. Não por acaso, a referi<strong>da</strong> edição aparece <strong>de</strong>z meses <strong>de</strong>pois <strong>da</strong><br />
primeira matéria sobre o escân<strong>da</strong>lo e sete meses antes <strong>da</strong>s eleições presi<strong>de</strong>nciais<br />
<strong>de</strong> 2006, quando já estavam começando a ser firma<strong>da</strong>s as novas alianças.<br />
A <strong>de</strong>núncia não vingou, Marcos Valério não contou o que supostamente<br />
ameaçava, a que<strong>da</strong> <strong>de</strong> populari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Lula não caiu tanto quanto previam os<br />
oposicionistas e, quase um mês <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> tentativa <strong>de</strong> Veja <strong>de</strong> reativar o escân<strong>da</strong>lo,<br />
sem arro<strong>de</strong>ios, Carta Capital usa o pretérito perfeito para encerrar o assunto:<br />
governo e a oposição encenaram um espetáculo <strong>de</strong>stinado a, no fundo,<br />
preservar as coisas como sempre foram, enquanto a maioria <strong>da</strong> população<br />
continua sem enten<strong>de</strong>r na<strong>da</strong> (...) Eis por que, a seis meses <strong>da</strong>s eleições, a<br />
oposição dá mostras <strong>de</strong> que, retirado o último obstáculo, centrará fogo em<br />
Lula (CARTA CAPITAL, edição 387, 05/04/2006).<br />
A escolha <strong>de</strong>sses dois episódios como exemplos se justifica na medi<strong>da</strong><br />
em que ambos aparecem em momentos semelhantes <strong>da</strong> narrativa – aquele em que<br />
o auge aparece ca<strong>da</strong> vez mais distante, conforme <strong>de</strong>monstra o gráfico – e é notória<br />
a forma com que o mesmo enredo é levado para caminhos opostos. Enquanto Veja,<br />
ciente dos jogos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e dos mecanismos pelos quais se dão os conflitos, tenta<br />
explorar ao máximo o potencial <strong>da</strong> narrativa em questão, Carta Capital segue outro<br />
caminho, caracterizando o mensalão como mais uma <strong>da</strong>s barganhas que fazem<br />
parte do jogo político, com a diferença <strong>de</strong> que, ao contrário <strong>da</strong>s outras negociações<br />
que acontecem fora <strong>da</strong> cena, esta foi trazi<strong>da</strong> a público.<br />
3.3. Construção dos personagens<br />
Os personagens representam os pontos mais acessíveis <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação<br />
do leitor com a narrativa. Isso também é possível em outros elementos narrativos,<br />
como a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> uma rua, <strong>de</strong> um cheiro, <strong>de</strong> uma época específica. No entanto, é<br />
a partir do elemento narrativo do personagem que o leitor consegue observar melhor<br />
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