Monografia - Faculdade de Comunicação da UFBA - Universidade ...
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5. Publicização <strong>da</strong> transgressão <strong>de</strong>ve, em tese, trazer prejuízos aos<br />
indivíduos responsáveis – Instauração <strong>de</strong> CPI.<br />
A segun<strong>da</strong> razão que justifica a escolha do mensalão resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong><br />
que, além <strong>de</strong> ser um escân<strong>da</strong>lo político, este fenômeno consiste em uma narrativa.<br />
Tanto as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s jornalísticas quanto as publicitárias são feitas <strong>de</strong> forma narrativa<br />
porque as pessoas são, historicamente, consumidoras <strong>de</strong> narrativas. Des<strong>de</strong> sempre,<br />
ouvem e contam histórias e, como formas <strong>de</strong> produzi-las, é que surge a poética. Por<br />
isso, hoje, quando tem um espaço para aparecer, a política o faz <strong>de</strong> modo que<br />
estejam presentes os meios <strong>de</strong> comunicação capazes <strong>de</strong> torná-la palatável porque<br />
ela precisa estar sempre na esfera <strong>de</strong> visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> pública 18 . As máquinas básicas <strong>de</strong><br />
acesso a essa esfera passam pelo consumo <strong>de</strong> entretenimento e, para a política,<br />
resta a<strong>da</strong>ptar-se a eles.<br />
Fatos no formato narrativo precisam passar pelos bloqueadores <strong>da</strong> esfera<br />
<strong>de</strong> visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> pública, para só então se tornarem notícias. Ciente disso, a política<br />
produz, se articula e se enquadra para contar uma história. Quanto mais dramático e<br />
conflituoso, mais irresistível é o escân<strong>da</strong>lo para os jornalistas.<br />
Não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser este, novamente, o caso do mensalão. Antes <strong>de</strong> ser um<br />
escân<strong>da</strong>lo político (leitura que se faz sobre um fato), trata-se <strong>de</strong> um fenômeno (fato<br />
em si mesmo passível <strong>de</strong> observação) em que todos os elementos <strong>de</strong> uma<br />
representação, tais como personagens, expressões, pensamentos, texto e estrutura<br />
visual, se fazem presentes 19 .<br />
Para efeitos <strong>de</strong>ste trabalho, será consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> Brasília como cenário e<br />
como personagens principais Lula, Roberto Jefferson e a oposição. Essas escolhas<br />
se justificam na medi<strong>da</strong> em que:<br />
18 “Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> esfera política, a esfera <strong>de</strong> visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> pública é a forma com que um agente<br />
político ou uma matéria <strong>da</strong> pauta política, por exemplo, po<strong>de</strong>m assegurar o reconhecimento público<br />
<strong>da</strong> sua existência.” (GOMES, 2004, p. 115).<br />
19 São cinco os elementos que compõem a representação ou imitação (mimeses), <strong>de</strong> acordo com<br />
Aristóteles (apud Maria Helena Serôdio in<br />
http://64.233.169.104/search?q=cache:6WhxusSt0nkJ:www.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/D/drama.htm+5+<br />
elementos+narrativa+mimesis+Arist%C3%B3teles&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=10&gl=br): a fábula<br />
(mythos), os caracteres (ethos) e o pensamento (dianoia) como constituindo a sua matéria; a<br />
elocução (lexis) e o canto (melos) configurando o seu meio <strong>de</strong> imitação.<br />
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