Monografia - Faculdade de Comunicação da UFBA - Universidade ...

Observada essa perspectiva, um escândalo, enquanto narrativa, é uma
construção coletiva em que não só políticos e jornalistas, mas também articuladores,
mobilizadores, tesoureiros, intelectuais, oradores, assessores e marqueteiros
colaboram com o desenvolvimento do enredo. Assim, a política que aparece em
cena é resultado dos interesses fora de cena.
O espaço, por excelência, em que um fato pode se desenvolver com
tamanha variedade de discursos e personagens e por um período mais longo é
aquele em que ambos têm direito a um lugar de fala maior porque interessa aos três
domínios que eles falem. Nesse espaço, declarações e depoimentos têm um peso
equivalente àquele dos inquéritos policiais porque, semelhante ao que acontece
nesses procedimentos, trabalha-se com a noção de verdade, capaz de construir ou
arruinar reputações e imagens. Como se prolonga por um tempo considerável, para
se desenvolver, o escândalo exige um local em que a regularidade garanta não só
sua permanência na esfera de visibilidade pública, mas em que seja sua meia-vida
tenha potencial para durar mais. Ou seja, é preciso que o escândalo esteja em voga
pelo maior período possível sem, contudo, que a periodicidade diária canse o leitor e
estando assegurada a possibilidade de eventuais flashbacks, opiniões e entrevistas,
recursos que, isolados, exigem um espaço exclusivo, mas que permitem tratar várias
vezes do assunto em uma mesma edição. Este espaço é, pois, o jornalismo
investigativo impresso de revista.
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