Estudo comparativo entre Humanos e outros Primatas
Estudo comparativo entre Humanos e outros Primatas
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compreensão (insight). O „truque barato‟ de imitar permitia às espécies não-humanas simular<br />
capacidades intelectuais que elas não possuíam”.<br />
Partindo da definição de Thorndike, de que imitação é “aprender a fazer um ato ao vê-lo sendo<br />
feito” (idem, p. 668), os autores propõem a existência de dois tipos distintos de imitação: aquela feita<br />
ao nível da ação (mais simples, restringindo-se à cópia dos detalhes motores de uma ação); e aquela<br />
feita ao nível de programa (mais complexa, realizada através da assimilação da estrutura<br />
organizacional de um processo). É citado um exemplo, de uma orangotango fêmea (Supinah), onde a<br />
“essência de sua imitação não era a de ações motoras específicas, e sim a organização de grupos de<br />
ações em programas mais amplos” (ibidem, p. 678). Supinah havia demonstrado interesse em<br />
manipular roupa e sabão a partir da observação da lavagem de roupa na beira do rio por humanos.<br />
Como havia um guarda para impedí-la, ela foi a um ponto rio acima, onde havia uma canoa. Ela<br />
desatou o nó que prendia a canoa, retirou a água que havia nela balançando-a, embarcou e desceu o rio,<br />
manobrando de modo a passar pelo guarda e chegar ao local onde a roupa estava sendo lavada. Os<br />
humanos fugiram amedrontados e ela pode divertir-se “lavando” a roupa. Esta ação complexa deixaria<br />
claro que a imitação não teria sido em termos de detalhes motores copiados fielmente, e sim de uma<br />
coordenação de sub-rotinas (liberar a canoa, manobrá-la, manipular roupa e sabão) em uma seqüência<br />
coerente e eficaz.<br />
Fragaszy e Visalberghi (1991, p. 79) chamam a atenção para a possível importância da<br />
convergência emocional como fator determinante do aprendizado social: “Os humanos exibem<br />
responsividade rápida, automática e de fina sensibilidade às expressões de emoção em <strong>outros</strong>, e esta<br />
capacidade está intimamente ligada ao padrão humano de aprendizado social desde bem cedo na vida.<br />
Os humanos respondem inconscientemente às expressões de afeto em <strong>outros</strong> em questão de<br />
milissegundos. O fenômeno foi denominado de „contágio emocional‟ e definido como „a tendência<br />
para mimetizar automaticamente e sincronizar as expressões faciais, vocalizações, posturas e<br />
movimentos com os da outra pessoa e, conseqüentemente, a convergir emocionalmente. Os humanos<br />
diferem em sua sensibilidade às expressões emocionais dos <strong>outros</strong>, e em sua habilidade em dar<br />
respostas apropriadas às expressões dos <strong>outros</strong>. Há uma evidência cada vez maior de que, aqueles que<br />
são mais sensíveis às expressões dos <strong>outros</strong>, são melhores na negociação de questões sociais e<br />
melhores no aprendizado social em geral. Em outras palavras, a convergência emocional parece<br />
resultar numa interpretação mais eficiente do comportamento do outro, talvez servindo como uma<br />
espécie de quinta marcha que permite ao mecanismo cognitivo trabalhar mais eficientemente no campo<br />
do aprendizado social”.<br />
Heyes chama a atenção para a complexidade cognitiva da imitação. Principalmente quando<br />
uma ação provoca estímulos sensoriais muito diferentes no animal quando é realizada por ele, em<br />
comparação a quando este animal observa outro realizando-a. Pergunta ela: “como pode um animal,<br />
que não viu reflexos seus num espelho, mapear a informação visual de um modelo para se adequar à<br />
retroalimentação relativa a estímulos visuais e táteis diversos oriundos de suas próprias ações? Assim,<br />
a análise da tarefa sugere que a imitação constitui uma variedade de comportamento especialmente<br />
demandante de desempenho, que exige o cruzamento de modalidades visuais e táteis, requerendo que o<br />
indivíduo equacione espontaneamente padrões de estimulação sensorial de diferentes modalidades”<br />
(Heyes, 1993, p. 1006).<br />
É feita uma distinção <strong>entre</strong> imitação e outras formas de aprendizado social. Observar a ação de<br />
um indivíduo pode levar à realização de uma ação semelhante por um realçar do estímulo (chamar a<br />
atenção para um objeto manipulado, ou um local, ou para o sucesso atingido) que levaria a uma<br />
facilitação do aprendizado por tentativa e erro (Byrne e Russon, 1998, p. 668-671).<br />
<strong>Estudo</strong>s recentes (por exemplo, Voelkl & Huber, 2000) comprovam a existência de imitação,<br />
em pesquisas que levam em conta os questionamentos metodológicos feitos a <strong>outros</strong> trabalhos.<br />
Também Whiten e Boesch (2001, p. 54) relatam experimento onde “os resultados demonstraram que<br />
chimpanzés com seis anos de idade mostram comportamento imitativo que é marcadamente<br />
semelhante aos vistos em crianças, embora a fidelidade de suas cópias tenda a ser mais pobre”.<br />
Entretanto, parece mais prudente manter, até maiores comprovações, a postura de Byrne & Whiten<br />
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