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Estudo comparativo entre Humanos e outros Primatas

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meses de idade ele começou a usar combinações de dois símbolos, como “HURRY GIME 3 ” e “COME<br />

PERSON”. Aos 29 meses, Loulis usava pelo menos 17 diferentes sinais, e aos 63 meses seu<br />

vocabulário incluía 47 sinais. Este vocabulário incluía diversas categorias de palavras: nomes,<br />

pronomes, substantivos, verbos, advérbios de lugar e <strong>outros</strong>.<br />

Diferentes processos pareceram mediar o aprendizado: “algumas vezes a primeira observação<br />

de um sinal envolveu imitação direta. Por exemplo, Loulis usou pela primeira vez DRINK durante<br />

uma refeição, depois que Washoe usou este sinal em resposta ao tratador humano que havia<br />

perguntado WHAT em relação a uma bebida. Quando Washoe estava sinalizando DRINK, Loulis<br />

olhou-a e sinalizou também DRINK. Washoe também modelava diretamente para Loulis. Por<br />

exemplo, ela sinalizava BRUSH e então escovava Loulis com uma escova de cabelo. Em outra<br />

ocasião, Washoe colocou uma pequena cadeira de plástico em frente a Loulis, e então sinalizou<br />

CHAIR/SIT para ele várias vezes em seguida, observando-o atentamente enquanto fazia isso” (Fouts et<br />

al., 1989, p. 290). Os autores concluem que os resultados do experimento “mostraram que Loulis<br />

adquiriu a capacidade de usar os sinais e outras habilidades a partir do contato com Washoe e os<br />

chimpanzés jovens de sua comunidade. De modo semelhante à aquisição da linguagem em humanos, a<br />

mãe chimpanzé ensinou ativamente seu filhote, e o bebê aprendeu ativamente” (idem, p. 291).<br />

Dunbar (1993) propõe que um dos fatores que tornam o uso da linguagem tão desenvolvida nos<br />

humanos teria sido o tamanho do grupo (ver item 1.3). Segundo ele, quanto maior um grupo, maior<br />

seria a possibilidade de conflitos e tensões, levando à necessidade de mecanismos de pacificação,<br />

coesão e aliança para manutenção do grupo. Segundo Cherney e Seifart (1992, p. 137), “há<br />

freqüentemente uma correlação positiva forte <strong>entre</strong> alianças e <strong>outros</strong> comportamentos cooperativos<br />

como o grooming ou a tolerância em locais de alimentação. Animais que formam alianças em altas<br />

taxas são também aqueles que fazem grooming, se alimentam ou brincam juntos mais<br />

freqüentemente”. Dado que “os grupos de primatas se mantêm unidos pelo grooming social” e que “o<br />

tempo de grooming é uma função linear do tamanho do grupo” (Dunbar, 1993, p. 687), seria de se<br />

esperar que os humanos dedicassem cerca de 41,6% do tempo ao grooming (idem, p 689). Dada a<br />

inviabilidade deste enorme dispêndio de tempo, teria havido uma pressão evolutiva que levou ao<br />

desenvolvimento da linguagem como forma de ligação social. Como apoio a esta hipótese, o autor<br />

afirma que a grande maioria das conversas não está baseada em troca de informações necessárias à<br />

sobrevivência física, sendo, pelo contrário, constituída de fofocas e assuntos triviais, quando não<br />

altamente ritualizadas e seguindo fórmulas sociais convencionais.<br />

2.8 OS NÚMEROS E O VALOR ADAPTATIVO DA SIMBOLIZAÇÃO<br />

<strong>Estudo</strong> de Boysen (1997) mostra que chimpanzés são capazes de desempenhar tarefas<br />

envolvendo contagem, associação de quantidades com os numerais correspondentes e somas simples.<br />

Num dos experimentos, o sujeito deveria escolher <strong>entre</strong> duas bandejas com doces (sabidamente<br />

apreciados por ele), cada uma com quantidades diferentes (de zero a seis), sendo que os doces da<br />

bandeja escolhida seriam dados a um outro sujeito (o observador) e os doces da remanescente<br />

oferecidos ao que fez a escolha. Os resultados para cinco indivíduos testados foi de que escolhiam<br />

(acima do acaso) a bandeja com mais doces, apesar disto significar uma recompensa menor. Quando<br />

ao invés dos doces foram apresentados algarismos arábicos no mesmo desenho experimental (número<br />

de doces correspondente ao algarismo escolhido dados ao observador, número de doces<br />

correspondente ao algarismo remanescente dados ao sujeito que fez a escolha), os resultados se<br />

inverteram, com o sujeito escolhendo sistematicamente (acima do acaso) o número menor.<br />

Segundo a autora, “em nossos estudos, os chimpanzés foram incapazes de selecionar o menor<br />

dos dois conjuntos de comidas de maneira a obter uma recompensa maior, mas foram capazes de fazêlo<br />

se o estímulo de alimento tivesse sido substituído por símbolos de números” (Boysen, 1997, p. 456).<br />

A hipótese levantada para explicar o ocorrido é que “uma disposição, baseada num incentivo direto,<br />

em direção ao conjunto maior de comida, interfere com a disposição oposta oriunda de uma situação<br />

3 Optou-se por deixar no original as palavras descritoras dos sinais usados pelos chimpanzés, pois a sua tradução poderia<br />

prejudicar a compreensão do episódio descrito.<br />

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