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Estudo comparativo entre Humanos e outros Primatas

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Diversas espécies de padrão multi-machos multi-fêmeas acasalam-se no contexto de laços<br />

conjugais: macacos rhesus, macacos japoneses, macacos de cauda de porco (pigtailed), babuínos<br />

(chacma, amarelo, oliva), macacos-de-cheiro, algumas espécies de bugios e langures (Fedigan, 1992,<br />

p. 147).<br />

Uma variante deste tipo de ligação ocorre em chimpanzés, onde às vezes um macho “insiste<br />

com um fêmea para que ela o siga e se separe do grupo no que tem sido chamado de um „safari‟.<br />

Durante este tempo, que tipicamente se estende ao longo do período fértil da fêmea, o macho<br />

acompanhante tenta manter a fêmea distante dos <strong>outros</strong> membros do grupo e, ao fazê-lo, tenta<br />

assegurar que terá a chance de ser pai sem competição por parte dos <strong>outros</strong> machos” (Savage-<br />

Rumbaugh, 1994, p. 41).<br />

Além deste tipo de ligação temporária, podem existir preferências exacerbadas por um parceiro<br />

ou parceira sexual. De Waal relata o caso de duas chimpanzés fêmeas, Amber e Oor que, quando<br />

chegaram à puberdade, “demonstraram preferência por um parceiro de maneira tão decidida que quase<br />

se poderia denominar de paixão cega (infatuation), e elas eram tão insaciáveis que deixavam exaustos<br />

seus parceiros” (de Waal, 1989, p. 159). Segundo ele, “tanto Amber quanto Oor pareciam ter<br />

dificuldade em aceitar o limite da potência de seus parceiros. Se uma fêmea jovem convidou seu<br />

parceiro a se acasalar e foi recusada, ela pode muito bem retornar a ele depois de um tempo curto, abrir<br />

sua pernas e apalpar cuidadosamente seu pênis. Às vezes ele está flácido, mas em geral não há nada<br />

visível, pois os chimpanzés podem retrair o pênis. Se este acariciar insistente de seus genitais é<br />

repetido muito repetidamente, o macho fica aborrecido e se move para longe. A fêmea pode então<br />

jogar-se no solo gritando em desespero e ter um acesso de raiva (tantrum), ou então correr atrás dele<br />

gemendo e uivando até que ele a acalma montando-a brevemente (sem ereção)” (idem, p. 161).<br />

3.9 HOMOSSEXUALIDADE<br />

A questão da homossexualidade humana constitui objeto de inúmeros debates. Muitos ainda<br />

hoje a condenam por ser anti-natural, dado que não leva à geração de descendentes, supondo<br />

ingenuamente que a sexualidade tem por finalidade exclusiva a reprodução. Muitas atrocidades foram<br />

cometidas nos últimos séculos por conta disto. Já foi quase um consenso que o comportamento<br />

homossexual constituía uma doença, recebendo inclusive um código específico nas antigas<br />

classificações de doenças, e sendo relativamente recente sua exclusão desta lista. O estudo dos<br />

primatas revela que este tipo de comportamento não constitui nenhum tipo de aberração, sendo até<br />

relativamente comum em diversas espécies.<br />

Segundo Coolinge (1993, p. 129), “foi observado comportamento homossexual em alguns<br />

primatas, particularmente em fêmeas de três espécies do gênero Macaca e de chimpanzés pigmeus.<br />

Devido à natureza sensível do tema, esses comportamentos foram ignorados pelos primeiros<br />

primatologistas, ou relatados como reações aberrantes às condições estressantes do cativeiro.<br />

Entretanto, primatologistas estudando macacos japoneses e outras espécies do gênero Macaca na<br />

natureza observaram a freqüência da atividade sexual <strong>entre</strong> as fêmeas e concluíram que ela faz parte do<br />

repertório comportamental usual”. Verificou-se que “nenhuma das fêmeas observadas era<br />

exclusivamente homossexual” (idem). Supõe-se que tal comportamento poderia promover o<br />

estreitamento dos vínculos <strong>entre</strong> fêmeas não aparentadas e proporcionar fontes de apoio e aliança.<br />

“A atividade homossexual observada em primatas e outras espécies de mamíferos pode ser<br />

vista como um de seus muitos padrões de comportamento que serve a uma função dentro da vida<br />

grupal. Está claro que comportamentos sexuais são usados tanto pelo macho como pela fêmea primata<br />

por razões outras que não a reprodução. O ato de cópula de um macho dominante por um macho<br />

subordinado parece como um meio de desviar a agressão, enquanto <strong>outros</strong> rituais de cópula podem ser<br />

sinais de excitação, reconciliação, pacificação, auto-afirmação ou de mera amizade” (idem, p. 130).<br />

Concordando, Fedigan (1992, p. 142) afirma que “tem sido observado em muitas espécies de<br />

primatas (e na verdade em muitas espécies de mamíferos) que as fêmeas podem montar e arremeter e<br />

que os machos podem apresentar sua região genital e ficar do modo apropriado a permitir um outro a<br />

montá-lo. Este desempenho, por fêmeas e machos, de comportamentos mais freqüentemente vistos no<br />

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