Estudo comparativo entre Humanos e outros Primatas
Estudo comparativo entre Humanos e outros Primatas
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distintiva dos primatas é o tamanho e a complexidade do cérebro”. Este último dado está em<br />
consonância com a sabedoria popular, segundo a qual os primatas em geral são tidos como espertos e<br />
inteligentes. Isso tem grande apelo para a imaginação humana, pois os aproxima de nós e aponta para<br />
um indício de resposta em relação à clássica pergunta “De onde viemos?” A biologia comprova<br />
amplamente esta percepção, ao colocar a espécie humana como um tipo de primata com um lugar<br />
bem definido em sua árvore filogenética.<br />
Segundo Cords (1997, p. 24) “todos os primatas são sociais mas nem todos são gregários. Os<br />
primatas gregários vivem em grupos que persistem além do tempo de vida de seus membros<br />
individuais. Estes são geralmente „fechados‟, na medida em que há resistência à entrada de<br />
estrangeiros”. O fato de viverem em sociedade parece ter levado a uma série de conseqüências<br />
importantes no desenvolvimento das capacidades cognitivas e do modo de viver.<br />
Coolinge (1993, p. 43) afirma que “tem sido sugerido que o viver em sociedade teria dado aos<br />
membros do grupo vantagens em termos de acesso a alimentos, proteção contra predadores, acesso a<br />
parceiros sexuais e assistência na criação dos filhotes”. De acordo com Byrne (1997, p. 292) “tendo<br />
de viver em grupo (por alguma razão não conhecida, talvez uma função da pressão dos predadores),<br />
isto levou, no decorrer de um tempo evolutivamente significante, a uma complexidade social<br />
aumentada, criando um ambiente no qual indivíduos com grandes habilidades sociais tinham<br />
vantagem. Assim, aumentos no cérebro (neocórtex) foram positivamente selecionados.... Os<br />
estrepsirrinos, socialmente mais simples – e não precisando de cérebros grandes – puderam subsistir<br />
numa dieta confiável mas de baixa energia, majoritariamente folívora; em contraste, os haplorrinos,<br />
socialmente mais complexos, requeriam tipicamente dietas altamente energéticas de frutas (ou carne)<br />
para dar conta de seu maior investimento em tecidos cerebrais metabolicamente dispendiosos”.<br />
Diversos autores discutem as peculiaridades da vida social dos primatas, comparando-a com<br />
<strong>outros</strong> animais sociais e enfatizando aspectos de sua complexidade que, por um lado, exigiriam um<br />
desenvolvimento cognitivo como pré-condição e, por outro, determinariam um ambiente que<br />
favoreceria a seleção ainda maior nesse mesmo sentido. Para Cords (1997, p. 24), “as características<br />
que mais distinguem as sociedades de primatas, <strong>entre</strong>tanto, são que seus membros (a) reconhecem e<br />
interagem uns com os <strong>outros</strong> enquanto indivíduos (b) ao longo de uma vida relativamente extensa de<br />
maneira que (c) interações anteriores influenciam as que ocorrem mais tarde”. Isso levaria a<br />
possibilidades múltiplas de interações complexas, demandando capacidades cognitivas<br />
desenvolvidas. Como exemplos existiriam relações de “amizade” <strong>entre</strong> indivíduos não-aparentados,<br />
coalisões e alianças, cooperação marcada por reciprocidade, reconciliações, desempenhos de papéis<br />
sociais como consoladores, mediadores e pacificadores. Uma outra característica que distinguiria os<br />
primatas das demais espécies seria o fato de que “estas relações sociais são cultivadas, protegidas e<br />
usadas” (idem, p. 43), revelando uma ainda maior demanda de capacidades cognitivas para dar conta<br />
desta tarefa. Outros autores também enfatizam a capacidade dos primatas de reconhecerem linhagens<br />
de descendência (Dasser, 1988) e pertinência a grupos, além de saberem localizar a si próprios e os<br />
demais quanto à posição dentro de uma hierarquia de dominância dentro do grupo (Cheney &<br />
Seyfart, 1988). Do mesmo modo, Byrne (1997, p. 291) aponta que “ganhos e perdas em encontros<br />
competitivos são freqüentemente decididos por interações triádicas; indivíduos podem confiar em<br />
apoio de terceiros, e freqüentemente dependem de uma rede de aliados”. Byrne & Whiten (1997, p.<br />
4) comentam que “uma sociedade estruturada é sugerida pela existência de hierarquias de<br />
dominância estáveis, matrilíneas amplas, e padrões regulares e contínuos de pertinência ao grupo e<br />
de transferência <strong>entre</strong> grupos .... Em algumas espécies de macacos, a influência do apoio <strong>entre</strong><br />
parentes é tão profunda que a colocação na ordem de dominância é „herdada‟, e não conquistada por<br />
demonstrações de poder e habilidade”.<br />
1.3 CÉREBROS<br />
O desenvolvimento cognitivo está relacionado ao desenvolvimento de seu substrato orgânico,<br />
o tecido cerebral, em termos quantitativos e qualitativos. Segundo Martin (1990, p. 357), uma das<br />
características que distingue a espécie humana em comparação com os <strong>outros</strong> animais é o tamanho<br />
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