Estudo comparativo entre Humanos e outros Primatas
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epresentação imaginal, não-simbólica” (ibidem, p. 102). Ela examina os principais tópicos de<br />
pesquisa e conclui:<br />
A- Imitação: “depois de aproximadamente 100 anos de pesquisa, ainda não há uma evidência<br />
inequívoca de imitação motora em qualquer espécie de primata” (idem, p. 103), e “além disso, a<br />
capacidade de imitar não é um indicador válido de teoria da mente” (ibidem, p. 104). Em outro<br />
trabalho (Heyes, 1993, p. 1007), a autora já havia comentado que “se autoconsciência é vista como<br />
significando meramente a capacidade de distinguir informação sensorial gerada pelo próprio corpo<br />
daquela que se origina em outro lugar, então a imitação realmente implica em autoconsciência”, mas<br />
“se, por outro lado, a autoconsciência é vista como a consciência fenomenológica de um „eu‟<br />
existencial, então não está claro se algum dado comportamental poderia proporcionar uma evidência<br />
convincente de uma tal condição privada, ou do por que a imitação poderia ser destacada como<br />
especialmente sugestiva a este respeito”.<br />
B- Auto-reconhecimento: “não há evidência confiável de que algum primata não-humano possa<br />
usar um espelho para obter informação sobre seus próprios corpos, e mesmo se houvesse tal<br />
capacidade, ela não indicaria a posse de um conceito de si mesmo ou qualquer outro componente da<br />
teoria da mente” (ibidem, p. 104). Afirma que os achados de pesquisa com o uso de espelho por<br />
grandes macacos poderiam ser explicados por teorias não-mentalísticas, citando como exemplo<br />
estudos onde a “demonstração de que o humilde pombo pode aprender a usar um espelho para detectar<br />
pedaços de papel colados em sua penas torna mais fácil apreciar o fato de que uma inspeção do corpo<br />
guiada por um espelho pode não implicar o uso de conceitos sobre o estado mental” (ibidem, p. 105).<br />
C- Relações sociais: se o “conhecimento sobre relações sociais é visto como envolvendo a<br />
atribuição a co-específicos de conhecimento sobre suas interações sociais ou seus estados de<br />
disposição mental tais como lealdade, antipatia ou afeição, sendo adquirido por <strong>outros</strong> meios que não o<br />
aprendizado associativo, então a evidência atual não dá apoio à conclusão de que primatas têm<br />
conhecimento sobre as relações sociais” (ibidem, 105).<br />
D- Desempenho de papéis: cita um estudo de Premack e Woodruff, afirmando que seus<br />
resultados “não estão sujeitos a uma interpretação não-mentalística simples e direta, e quanto a isso<br />
eles são aparentemente únicos na literatura sobre teoria da mente” (ibidem, p. 106).<br />
E- Tapeação: “a proposição de que uma teoria da mente está por trás desta capacidade [de<br />
tapear] dos primatas, de que eles às vezes agem com a intenção de produzir ou manter um estado de<br />
ignorância ou de falsa crença em outro animal, tem pouco suporte. A evidência é quase que<br />
exclusivamente episódica (anecdotal), e o comportamento descrito em cada episódio está sujeito a uma<br />
ou mais interpretações alternativas” (p. 106).<br />
Existem autores que propõem que a parcimônia científica deveria levar à aceitação da<br />
existência de uma teoria da mente em primatas não-humanos, dado que as interpretações alternativas<br />
às evidências seriam mais complexas. Por exemplo, Premack e Woodruff sugeriram que “o ape só<br />
poderia ser um mentalista ... ele não é suficientemente inteligente para ser um behaviorista” (cf. cit. em<br />
Heyes, 1998, p. 109). A autora contesta firmemente tal proposição, afirmando ao final que para<br />
responder à questão sobre a existência ou não de uma teoria da mente em primatas não-humanos<br />
“necessitamos mais experimentos fortes, e não mais argumentos fracos” (Heyes, 1998, p. 112).<br />
2.7 USO DE LINGUAGEM ENTRE PRIMATAS NÃO-HUMANOS<br />
De acordo com Premack (1988, p. 160), “existe um tendência disseminada no sentido de ver a<br />
linguagem como a fonte de virtualmente todas as propriedades „interessantes‟ da mente humana. Não<br />
concordamos com este ponto de vista. Muitas competências importantes, como a atribuição social são,<br />
segundo o que acreditamos, competências por si mesmas, e não propriedades secundárias derivadas de<br />
uma competência lingüística”.<br />
Apesar desta ressalva, “a linguagem é provavelmente o mais significativo produto da evolução<br />
humana – tão significativa e tão impressionante que é difícil estudá-la nos mesmos termos objetivos de<br />
<strong>outros</strong> fenômenos naturais. Entretanto, se a linguagem é um produto da biologia, então ela é uma<br />
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