Josiane Thethê Andrade - Programa de Pós-Graduação em História ...
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portanto fazia-se necessário manter uma m<strong>em</strong>ória espacial, que conservasse viva<br />
essa dominação. A Região Nor<strong>de</strong>ste surge, assim, como uma invenção discursiva.<br />
Embora o Nor<strong>de</strong>ste, estudado por Albuquerque (2003), tenha sido<br />
resultado da construção discursiva <strong>de</strong> uma elite social, sua concepção <strong>de</strong> região<br />
<strong>de</strong>senvolvida no livro ―A invenção do Nor<strong>de</strong>ste‖ se configura uma realida<strong>de</strong> diferente<br />
daquela na qual o Tabuleiro está inserido. Porém, os conceitos <strong>de</strong> <strong>História</strong> Regional<br />
<strong>de</strong>stacados por Albuquerque (2003), aplicados a essa pesquisa, faz<strong>em</strong> pensar como<br />
o sentimento regionalista não se limita a meras fronteiras geográficas. A região po<strong>de</strong><br />
ser uma criação histórica, um discurso construído <strong>de</strong> uma dada visibilida<strong>de</strong> e<br />
dizibilida<strong>de</strong>.<br />
A existência física <strong>de</strong> um lugar, <strong>de</strong> um espaço, só ganha sentido na<br />
prática cotidiana, nas relações afetivas, nas sensibilida<strong>de</strong>s que se constitu<strong>em</strong> entre<br />
os sujeitos e os lugares por eles frequentados. Neves (2002, p. 45) <strong>de</strong>staca que o<br />
regional e o local não estão <strong>de</strong>svinculados do extrarregional, do nacional, do que<br />
acontece <strong>em</strong> outras localida<strong>de</strong>s.<br />
O Tabuleiro não está à parte <strong>de</strong> acontecimentos macrorregionais. Houve<br />
a preocupação <strong>de</strong> fazer, s<strong>em</strong>pre quando possível, a ponte entre os acontecimentos<br />
não só do lugar como do Brasil e do mundo. Afinal, como aponta Ana Fani Carlos<br />
(1996, p. 28-29),<br />
O lugar aparece como um fragmento do espaço on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong><br />
apreen<strong>de</strong>r o mundo mo<strong>de</strong>rno, uma vez que o mundial não suprime o<br />
local. O lugar se produz na articulação contraditória entre o mundial<br />
que se anuncia e a espacialida<strong>de</strong> histórica do particular.<br />
Como se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r das i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Ana F. Carlos (1996), é nesse<br />
processo <strong>de</strong> interação, entre o particular e o geral, do micro com o macro, que é<br />
possível estabelecer um número maior <strong>de</strong> relações e interpretações nas ações<br />
cotidianas. As especificida<strong>de</strong>s se explicam e ganham significado, possibilitando<br />
atingir as sensibilida<strong>de</strong>s dos homens do passado, revelar como eles representavam<br />
a si próprios e ao mundo. Um mundo simbólico repleto <strong>de</strong> sentidos, por vezes<br />
imperceptíveis, multifacetados e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, mensuráveis <strong>em</strong> certos<br />
aspectos, <strong>em</strong> ações concretas, palpáveis, passíveis <strong>de</strong> medição e comprovação.<br />
O palco <strong>de</strong> atuação dos indivíduos não é o mero espaço <strong>de</strong>limitado por<br />
seus passos inscritos, provisoriamente, no chão que correspon<strong>de</strong> ao território on<strong>de</strong><br />
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