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Josiane Thethê Andrade - Programa de Pós-Graduação em História ...

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Marieta <strong>de</strong> M. Ferreira, como disciplina, a <strong>História</strong> Oral dispõe <strong>de</strong> um corpus teórico,<br />

que seus críticos consi<strong>de</strong>ram impreciso e inconsistente. Aqueles que a tomam como<br />

uma metodologia faz<strong>em</strong> uso das suas técnicas <strong>de</strong> recolhimentos das fontes orais e<br />

procedimentos <strong>de</strong> interpretação da <strong>História</strong> Oral, mas não a dispõ<strong>em</strong> como uma<br />

dimensão histórica capaz <strong>de</strong> se sustentar como uma disciplina.<br />

Muitas críticas à <strong>História</strong> Oral se ancoram <strong>em</strong> uma suposta ―não<br />

confiabilida<strong>de</strong>‖, inconsistência das m<strong>em</strong>órias, imprecisões <strong>de</strong> seus objetos <strong>de</strong><br />

estudos. Aí está o plus da <strong>História</strong> Oral, justamente por tratar da subjetivida<strong>de</strong>, da<br />

m<strong>em</strong>ória, das narrativas, <strong>de</strong>para-se com esse complexo mundo dos <strong>de</strong>sejos, das<br />

fantasias, dos sonhos que faz<strong>em</strong> parte <strong>de</strong> cada indivíduo. Ao historiador cabe<br />

analisar como se dão essas subjetivida<strong>de</strong>s, como se constro<strong>em</strong> nas relações<br />

sociais; nesse sentido Thomson (1998) l<strong>em</strong>bra que, no trabalho com as narrativas<br />

orais,<br />

(...) procuramos explorar as relações individuais e coletivas, entre<br />

m<strong>em</strong>ória e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, ou entre entrevistador e entrevistado. De fato,<br />

frequent<strong>em</strong>ente estamos tão interessados na natureza e nos<br />

processos da r<strong>em</strong><strong>em</strong>oração quanto no conteúdo das m<strong>em</strong>órias que<br />

registramos (THOMSON, 1998, p. 69).<br />

Thomson (1998) chama a atenção para a importância <strong>de</strong> como se dão os<br />

processos <strong>de</strong> r<strong>em</strong><strong>em</strong>oração, o que é uma questão <strong>de</strong>licada na <strong>História</strong> Oral. Para<br />

evitar o uso indiscriminado da m<strong>em</strong>ória, a sua manipulação requer um procedimento<br />

ético do historiador na utilização das narrativas, para que não produza uma farsa<br />

histórica, colocando o valor da <strong>História</strong> Oral <strong>em</strong> xeque. Segundo Portelli (1997, p.<br />

13), os historiadores orais têm a ―responsabilida<strong>de</strong> não só <strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer a normas<br />

confiáveis, quando colig<strong>em</strong> informações, como também <strong>de</strong> respeitá-las, quando<br />

chegam a conclusões e faz<strong>em</strong> interpretações.‖<br />

Aliás, o objeto <strong>de</strong> estudo do historiador oral são as histórias <strong>de</strong> vida dos<br />

indivíduos. O ato <strong>de</strong> narrar traz à tona m<strong>em</strong>órias <strong>de</strong> um t<strong>em</strong>po passado que vive no<br />

presente e novas experiências ―ampliam constant<strong>em</strong>ente as imagens antigas e no<br />

final exig<strong>em</strong> e geram novas formas <strong>de</strong> compreensão‖ (THOMSON, 1997, p. 57). Ou<br />

seja, as m<strong>em</strong>órias estão <strong>em</strong> um constante processo <strong>de</strong> ressignificação. Desse<br />

modo, o que é r<strong>em</strong><strong>em</strong>orado, <strong>de</strong> que forma são reconstruídas essas m<strong>em</strong>órias e<br />

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