Josiane Thethê Andrade - Programa de Pós-Graduação em História ...
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ladainha, fazia sala <strong>de</strong> dança. Nunca registrou briga. Tudo naquela<br />
amiza<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>. Naquele t<strong>em</strong>po existia <strong>de</strong>voção. O pessoal tinha um<br />
tal preceito, esse pessoal mais velho, rezava a quaresma toda. O<br />
pessoal daquela região, toda noite ia pra aquela casa. Ouvir aquela<br />
reza, uma ladainha, um Santo Ofício. Quando era sábado <strong>de</strong> páscoa<br />
tinha festa pra se dançar. No mês <strong>de</strong> junho começava as novena,<br />
trezena, pro quando terminar aquela novena, trezena, ter sala <strong>de</strong><br />
dança pro povo dançar (Pedro <strong>Andra<strong>de</strong></strong>, 75 anos, entrevista <strong>em</strong><br />
06/07/2003).<br />
Po<strong>de</strong>-se perceber nas m<strong>em</strong>órias do Sr. Pedro que havia ―uma forte<br />
sincronia entre as festas, ativida<strong>de</strong>s produtivas e o meio ambiente‖ (SANTANA,<br />
1998, p.59). O trabalho árduo e pesado era atenuado <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong> diversão<br />
como nos adjutórios e reuniões para pilar café, manocar fumo ou raspar mandioca.<br />
Até mesmo as manifestações religiosas, como as rezas <strong>de</strong> ladainha, incorporavam<br />
el<strong>em</strong>entos da cultura popular. Ao término das orações e das refeições (caruru,<br />
bolachas, bolos, café, etc.) a sala da casa <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> estivesse oferecendo a reza era<br />
tomada pelos participantes e dava-se início ao samba, às cantorias <strong>de</strong> coco e tirana,<br />
até altas horas da noite, s<strong>em</strong>pre acompanhadas <strong>de</strong> muita cachaça, vinhos e licores.<br />
A tirana e o coco eram danças bastante praticadas no Tabuleiro, mas elas<br />
se fundiam às músicas entoadas durantes os festejos. Tanto que muitos<br />
entrevistados referiram-se a esses bailados como ―cantoria‖, por não diferenciar<strong>em</strong> a<br />
dança da música. Segundo o dicionário online, ―Tesauro <strong>de</strong> Folclore e Cultura<br />
Popular Brasileira‖, o coco,<br />
é dança <strong>de</strong> conjunto e <strong>de</strong> umbigada conhecida <strong>em</strong> todo o Norte e<br />
Nor<strong>de</strong>ste do Brasil, <strong>em</strong> cuja coreografia básica os participantes<br />
formam filas ou rodas e executam o sapateado característico,<br />
respon<strong>de</strong>m o coco, trocam umbigadas entre si e com os pares<br />
vizinhos, e bat<strong>em</strong> palmas, marcando o ritmo. É comum também a<br />
presença do mestre, que puxa os cantos já conhecidos dos<br />
participantes ou <strong>de</strong> improviso. Sua ausência, entretanto, não impe<strong>de</strong><br />
a formação da roda <strong>de</strong> coco, para o que bastam as palmas ritmadas<br />
dos participantes. Com o aparecimento do baião, o coco sofreu<br />
algumas alterações. Hoje os dançadores não trocam umbigadas,<br />
dançam um sapateado forte, como se estivess<strong>em</strong> pisoteando o solo<br />
ou <strong>em</strong> uma aposta <strong>de</strong> resistência. (TESAURO..., Consulta <strong>em</strong><br />
14/12/09).<br />
Já a tirana, assim como o coco, também era classificada como ―cantoria‖,<br />
porém se diferencia do coco por ser uma dança <strong>de</strong> pares com formação <strong>em</strong> fileiras<br />
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