Josiane Thethê Andrade - Programa de Pós-Graduação em História ...
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<strong>de</strong> terreiro (SEBRAE, 1995, p. 60-70). Somado a isso, a <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte Estrada <strong>de</strong> Ferro<br />
Nazaré estava <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sativação, <strong>de</strong>flagrando uma crise econômica na<br />
região, já que os principais fatores <strong>de</strong> progresso alcançado por seus municípios no<br />
início do século XX estavam <strong>em</strong> crise, dando lugar a outras formas <strong>de</strong> produção e<br />
transporte.<br />
Os anos 60 do século XX se configuravam como um período <strong>de</strong> transição,<br />
estavam surgindo novos lugares <strong>de</strong> m<strong>em</strong>ória. A Estrada <strong>de</strong> Ferro <strong>de</strong> Nazaré, cujos<br />
trilhos chegaram a Mutuípe <strong>em</strong> janeiro <strong>de</strong> 1905 7 , interrompeu suas ativida<strong>de</strong>s na<br />
década <strong>de</strong> 1960, na cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido, sobretudo, à ―concorrência s<strong>em</strong>pre crescente do<br />
transporte rodoviário, absorvendo parcelas cada vez maiores do transporte que até<br />
então vinha sendo realizado pela Estrada [<strong>de</strong> ferro]‖ (CARLLETO, 1997, p.79). A<br />
ferrovia perdia sua importância como el<strong>em</strong>ento dinamizador da economia, ce<strong>de</strong>ndo<br />
seu espaço para as rodovias no escoamento da produção. Os trilhos foram<br />
arrancados para dar lugar ao asfalto da BA-420, que veio a ser <strong>de</strong>nominada<br />
posteriormente a ―Gran<strong>de</strong> Avenida do Vale do Jiquiriçá‖, expressando o pensamento<br />
progressista da época (SEBRAE, 1995, p. 60-70).<br />
No Tabuleiro, os melhoramentos nos meios <strong>de</strong> transporte chegaram com<br />
a abertura <strong>de</strong> uma ―estrada <strong>de</strong> rodag<strong>em</strong> a braço‖ 8 , ligando o povoado à se<strong>de</strong> do<br />
município, substituindo o antigo caminho ―cheio <strong>de</strong> <strong>de</strong>grau, dos burros andar‖, como<br />
r<strong>em</strong><strong>em</strong>orou Sr. Carmerino <strong>Thethê</strong>. Essa estrada facilitou o acesso <strong>de</strong> automóveis ao<br />
Tabuleiro e a própria ida dos moradores à cida<strong>de</strong>, resultando <strong>em</strong> duas mudanças<br />
relevantes: a gradativa diminuição do tropismo 9 na região, dada à facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
transporte das mercadorias, ocasionada pela maior circulação <strong>de</strong> automóveis <strong>de</strong><br />
1970 a 1980; e as transformações <strong>de</strong> antigas tradições dos homens do campo,<br />
como o simples costume <strong>de</strong> caminhar <strong>de</strong>scalço nas trilhas para não sujar os sapatos<br />
n<strong>em</strong> as roupas que foi escasseando à medida que carros <strong>de</strong> passageiros facilitaram<br />
a locomoção dos moradores das zonas rurais.<br />
7 Segundo Helena Rebouças, a Estrada <strong>de</strong> Ferro <strong>de</strong> Nazaré chegou a município <strong>de</strong> Mutuípe <strong>em</strong><br />
Janeiro <strong>de</strong> 1905. Cf: Mutuípe, pioneiros e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Salvador: Editora Universitária Americana,<br />
1992, p. 14.<br />
8 Segundo o Sr. José Gonçalves, a abertura <strong>de</strong>ssa estrada se <strong>de</strong>u no final dos anos 60, e a<br />
expressão ―estrada <strong>de</strong> rodag<strong>em</strong> a braço‖ enfatiza que a estrada ligando o Tabuleiro à se<strong>de</strong> do<br />
município <strong>de</strong> Mutuípe foi construída com a força <strong>de</strong> trabalho humano s<strong>em</strong> a utilização <strong>de</strong> maquinário<br />
pesado.<br />
9 Para melhor enten<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência do tropismo na região do Vale do Jiquiriçá Cf:<br />
SANTANA, Maria Lúcia. Tropismo no Vale do Jiquiriçá: trabalho, m<strong>em</strong>ória e cultua – 1950-1960.<br />
(Monografia <strong>de</strong> <strong>Graduação</strong>). Local: UNEB, 2002, p. 5-48.<br />
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